Bolsonaro e Lula vão ignorar candidatos da 3ª via

Publicado em coluna Brasília-DF

Nas reuniões políticas mais reservadas desta semana, um grupo seleto de senadores alertou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, da necessidade de se dar uma resposta aos críticos do poder que o Congresso exerce sobre o Orçamento, leia-se, a instituição das emendas de relator, batizadas de “orçamento secreto”. Assim que acabar a eleição, a ordem é tornar tudo mais transparente, de forma a evitar que qualquer que seja o vencedor do pleito deste ano tente tirar dos parlamentares a prerrogativa de definir para onde vão os recursos.

A avaliação — que permeia todos os partidos e não apenas os do Centrão — é que ninguém é melhor do que o deputado ou o senador, que conhece os municípios e a população de perto, para indicar as obras e necessidades de cada região. Se tiver alguém desviando dinheiro dessas emendas, que seja punido. Mas, avaliam, a definição de onde aplicar os recursos públicos deve permanecer nas mãos dos congressistas.

Pode ficar pior

Se a maioria do Supremo Tribunal Federal (STF) contrária à retroatividade da Lei de Improbidade deixou alguns candidatos frustrados, outros casos pendentes na Corte aumentarão a tristeza de muitos. Está pendente de julgamento a constitucionalidade de dez artigos, requerida pelo Instituto Não Aceito Corrupção.

Santos de casa
A depender dos aliados do PT de Lula e do MDB de Simone Tebet, os presidenciáveis que apontam entre as promessas o fim do orçamento secreto vão ficar falando sozinhos. Nem o MDB e nem os aliados do PT querem devolver o poder ao Executivo.

Esqueçam eles
Lula e Bolsonaro vão permanecer atacando um ao outro. Nenhum dos dois quer chamar os nomes da terceira via para o debate. Aliás, no caso de Lula, a ordem é continuar jogando para tentar fechar a eleição em primeiro turno, conforme o leitor da coluna já sabe. Esta semana, por exemplo, ele relatou a integrantes do MDB que está muito preocupado com um possível segundo turno.

Você, para mim…
…é problema seu. A contar pelas andanças e conversas de Simone Tebet e de Ciro Gomes, esse discurso de preocupação com o segundo turno não passa de “esperteza” de Lula, que quer se colocar como a única alternativa para o país e desprezar as demais.

Começou cedo/ O incidente em que um youtuber foi empurrado na porta do Alvorada, local onde o presidente Jair Bolsonaro costuma conversar com apoiadores, e que viralizou nas redes sociais, fará com que a segurança do Planalto tome cuidado redobrado com o chamado “cercadinho”. Antes de ser candidato à reeleição, Bolsonaro é presidente da República, e não pode se pôr em risco.

Caiu na rede/ O apelido que o youtuber deu ao presidente, “Tchuchuca do Centrão”, correu o mundo nas redes sociais.

Esse santo quer reza/ Em plena largada da corrida eleitoral, o ex-presidente Michel Temer postou em seu Instagram um tbt com a imagem da recepção ao time de basquete Universo, no Palácio do Planalto, e a inscrição “Saudades do Planalto”.

Reajuste do Judiciário vai virar dor de cabeça

Publicado em coluna Brasília-DF

O reajuste salarial de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e servidores dos Judiciário vai virar uma dor de cabeça para os demais Poderes. Executivo e Legislativo não têm hoje orçamento para promover grandes reajustes salariais. No caso dos deputados, as apostas são as de que, depois das eleições, as excelências voltarão a Brasília prontas para votar o próprio reajuste salarial, a vigorar na próxima Legislatura, conforme a legislação em vigor.

Com tantas pressões por reajustes e tanto efeito cascata e, ainda, o pagamento dos auxílios, o governo, seja quem for o presidente eleito, será pressionado a ampliar os limites de recursos dos demais Poderes na hora de votar o Orçamento do ano que vem. Vale lembrar que as associações de classe do Judiciário haviam pedido um percentual maior para correção dos salários, mas o STF não aceitou por causa dos limites orçamentários. A solicitação dos magistrados indica que, para o próximo ano, a mobilização por aumento de limites orçamentários será forte.

Que sirva de exemplo

Depois de dois dias, o Exército decidiu defender o coronel Ricardo Sant’Anna, aquele expulso da comissão especial de transparência eleitoral. Embora os generais discordem da ideia de um coronel da ativa se expor nas redes sociais, a maioria deles concluiu que não seria possível aceitar que o TSE soltasse uma nota tão dura sem sequer telefonar aos militares para tratar do caso. A nota do Exército é para deixar registrado que não gostou da forma como um dos seus foi tratado e sem qualquer comunicação aos generais.

Geraldo, o curinga
Os petistas consideravam que o ex-governador Geraldo Alckmin seria crucial para auxiliar na conquista de eleitores no interior de São Paulo. Porém, desde que ele entrou no PSB e se juntou às fileiras de Lula, mais tarefas lhe são entregues. Até aqui, os aliados de Geraldo já listaram a igreja, o empresariado, o agro e por aí vai.

Nem Geraldo resolve
A contar pelo discurso do presidente da Confederação Nacional de Agricultura, João Martins, no Encontro do Agro, vai ser difícil. Ele disse, com todas as letras, que “não há espaço para uma equipe corrupta e incompetente”. Nem o “retorno de um candidato processado e preso como ladrão”, mencionou.

Discretíssima
Não contem com gestos bruscos e espalhafatosos da presidente eleita do STF, ministra Rosa Weber. Mas isso não significa que será um mandato cor-de-rosa. A fala pausada e calma servirá para discursos firmes e enfáticos em defesa da democracia, se for necessário, ao longo do processo eleitoral.

CURTIDAS

Xandão, o relator/Os aliados do presidente Jair Bolsonaro ficaram estarrecidos ao ver que será Alexandre de Moraes o relator do pedido de registro da candidatura à reeleição. “com tantos ministros, tinha que sair logo o Xandão?”, comentou um amigo de Bolsonaro.

O discurso de Lyvia I/ O lançamento do Caixa para Elas, em São Paulo, com a presença do presidente Jair Bolsonaro e da primeira-dama Michelle, foi marcado por um depoimento emocionante e duro sobre a realidade nua e crua do abuso sexual infantil no Brasil. Lyvia Montezano, esposa de Gustavo Montezano, foi ao palco e alertou para o problema, que o país desconhece o tamanho.

O discurso de Lyvia II/ Lyvia foi vítima de abuso aos 5 anos. Ela hoje é uma ativista em defesa das crianças. “Os dados são alarmantes. Hoje, 60% das vítimas de estupro no Brasil são menores de 13 anos. Estima-se que apenas 10% dos casos são notificados”. Lyvia contou que, em viagem ao Amazonas, num abrigo, conheceu uma criança de 12 anos, que brincava com a própria filha de 3 anos. “Foi abusada por tantos que não sabia quem era o pai”, contou.

O discurso de Lyvia III/ Numa das laterais do palco, a presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, e a modelo Ana Hickmann mal contiveram as lágrimas, assim como boa parte da plateia de autoridades. “O relato que fiz aqui não é uma história de superação, nem de entretenimento. É um apelo para que este tema seja tratado com a gravidade com que merece. Grandes líderes, pensem no que podem fazer. Se a gente não começar hoje, vai ser quando? Se não formos nós, quem será?”, perguntou Lyvia.

Saída de coronel do grupo de fiscalização é prova da falta de diálogo

Publicado em coluna Brasília-DF

A substituição do coronel Ricardo Sant’Anna do grupo das Forças Armadas que fiscalizará as eleições é vista no meio político como a prova mais bem acabada da falta de diálogo entre as instituições. Os generais, em conversas reservadas, dizem que a troca já estava decidida e eles aguardavam apenas a escolha do substituto para fazer o anúncio. O ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), porém, foi mais rápido e, por meio de uma nota, comunicou que o coronel estava fora. A turma do Exército ficou surpresa a atitude e considerou a nota, “no mínimo indelicada”. Dizem que Fachin perdeu uma boa chance de dialogar com as Forças Armadas, pedindo que trocassem o coronel. E, assim, saberia que a mudança já estava “em andamento”.

Da parte do TSE, porém, há quem diga que os militares poderiam ter avisado ao TSE que Sant’Anna seria substituído. O coronel agora deve responder a um processo administrativo, porque militares da ativa não podem se manifestar politicamente nas redes sociais. Falta, porém, definir como será a comunicação com o comando do TSE, uma vez que os militares foram chamados a participar e conhecer tudo mais de perto.

Pow e paft!

Quem leu a entrevista do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, no Correio de domingo, não estranhou nem um pouco as referências do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao petista Luiz Inácio Lula da Silva, durante o encontro com banqueiros na Febraban. Daqui para frente, será esse o caminho.

Receita antiga
Os ataques a Lula e ao PT serão cada vez mais recorrentes, com a intenção de resgatar o sentimento anti-PT que deu a vitória a Bolsonaro, em 2018. Naquele período, depois da prisão do ex-presidente, os petistas insistiram em lançar candidato considerando que a população não teria coragem de guindar o polêmico deputado ao Planalto.

O tripé do empresariado
Na rodada de conversas com os presidenciáveis, os empresários têm colocado três linhas gerais que desejam ver seguidas no país: segurança jurídica, livre mercado e democracia. Era isso que esperavam ouvir de Bolsonaro no encontro da Febraban.

Nacionalizou
A contar pelas citações a Lula e a Bolsonaro na primeira rodada de debates entre postulantes aos governos estaduais, muitos candidatos país afora vão usar essa estratégia. No DF, por exemplo, Keka Bagno (PSol) a toda resposta citava Lula. Nem Leandro Grass, o candidato apoiado pelo PT, chegou a tanto. O governador Ibaneis Rocha não esqueceu de Bolsonaro.

Contas paulistas/ A contar pela conversa nos bastidores durante o debate dos candidatos a governador de São Paulo, o PT de Fernando Haddad e o Republicanos de Tarcísio de Freitas vão tentar esquecer o tucano Rodrigo Garcia. É que tanto Haddad quanto Tarcísio sonham com a repetição da polarização nacional, e torcem para não ter de enfrentar o atual governador num segundo turno.

Contas mineiras/ Com 10 partidos na coligação, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), espera encerrar a campanha pela reeleição no primeiro turno. Só tem um probleminha: se Bolsonaro subir em Minas e arrastar o senador Carlos Viana (PL), o segundo turno virá.

Eleições na avenida/ Depois do ex-governador Paulo Octávio, candidato a governador do DF pelo PSD, o CB.Poder recebe hoje o líder tucano no Senado, Izalci Lucas, candidato da Federação PSDB-Cidadania.

Enquanto isso, no STF…/ Os tributaristas Daniel Szelbracikowski e Hugo Funaro autografam, hoje, a partir das 18h, na Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal, no Supremo Tribunal Federal, o livro ICMS e Guerra Fiscal: da LC 24/1975 à LC 160/2017, prefaciado pelo ministro Gilmar Mendes. O evento é aberto ao público. Para entrar no prédio do STF, é preciso apresentar cartão de vacinação contra a covid-19 ou teste RT-PCR, além de usar máscara de proteção facial.

Governo prepara terreno para auxílio de R$ 600 permanente

Publicado em coluna Brasília-DF

Enquanto os políticos se dedicam à campanha eleitoral, uma reunião ministerial no Palácio do Planalto, esta semana, deflagrou a discussão sobre o resgate da proposta de reajuste do Imposto de Renda, já aprovada na Câmara, para garantir os recursos necessários para que o Auxílio Brasil de R$ 600 se torne permanente. O projeto, considerado a fase dois da reforma tributária, corrige as tabelas de IR e prevê a taxação de lucros e dividendos para os 60 mil mais ricos do país.

“Muitos se esqueceram dessa proposta, mas eu não me esqueci”, disse ao Correio o ministro da Economia, Paulo Guedes, que já discute com a área política — leia-se Casa Civil e Secretaria de Governo — a estratégia para tentar votar essa reforma assim que terminar o processo eleitoral.

Sem escapatória
Propostas de taxação de lucros e dividendos não são privilégio do atual governo. O economista Guilherme Mello, que integra a equipe dedicada a elaborar os projetos econômicos do PT, tem defendido esse caminho em palestras pelo país afora.

Apostas palacianas
No coração do governo, espera-se que os números do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas melhorem a partir da segunda quinzena de agosto, depois que a população receber a parcela do Auxílio Brasil de R$ 600 e os outros benefícios da PEC das Bondades.

Falta garantir o cascalho

A estratégia de José Antonio Reguffe, do União Brasil, de ir às redes sociais para dar um ultimato contra a ameaça de ele não ser candidato a nada, caso a legenda não cumprisse o acordo de dar-lhe passe-livre para uma candidatura ao GDF, deu certo em parte. O partido aceitou a candidatura, mas daí a garantir o financiamento, será outra novela.

6 x 5
É esse o placar que alguns políticos projetam para a votação do Supremo Tribunal Federal (STF) para a retroatividade da Lei de Improbidade. E segundo alguns, será no sentido do que apresentou Alexandre Moraes — ou seja, não retroagir a lei para os casos que já foram julgados.

Ele entende de contas/ O ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, passou esta semana em Brasília, em contatos com parlamentares da direita à esquerda. Nesses encontros, a maioria deles no rooftop do B Hotel, projetou a vitória de Bolsonaro.

A missão de André Janones…/ Ao anunciar o apoio ao ex-presidente Lula, o deputado federal recebeu dos petistas um pedido para que ajude a alavancar a campanha presidencial nas redes sociais.

… e dos artistas/ Artistas aliados a Lula, como Chico Buarque, Daniela Mercury, Anitta, entre outros, também serão chamados a ajudar. A ideia é deixar a coordenação dessa turma a cargo de Janja, a mulher do ex-presidente.

Esforço diluído/ O Congresso bem que tentou fazer um “esforço concentrado” para votações, esta semana, mas, no geral, a turma preferiu distribuir o foco entre compromissos de campanha e sessões virtuais. É que, a menos de 60 dias das eleições, ninguém quer perder tempo.

Sem tempo e informações, Lula pode deixar as propostas para a economia em segundo plano

Publicado em coluna Brasília-DF

Com o curto período de campanha e o presidente Jair Bolsonaro voltando mais uma vez ao discurso de ataque a ministros do Supremo Tribunal Federal e às urnas eletrônicas, o PT considera que o ex-presidente Lula pode prescindir de detalhar o projeto econômico que levará adiante caso seja eleito. Primeiro, Lula ainda não sabe o tamanho do buraco nas contas públicas. Em segundo lugar, a divulgação pode levar a narrativas que terminem por tirar votos do ex-presidente.

Assim, caberá aos representantes do mercado decidirem o voto sem essa variável. Até aqui, sabe-se apenas que, seja quem for o próximo presidente, as contas a pagar serão imensas. A expectativa dos economistas é de que 2023 será o ano de aperto nas contas públicas, sem espaço para novos projetos ou aumentos salariais.

Segura o dinheiro

Deputados que vieram a Brasília para o esforço concentrado reclamam que o governo não está sequer empenhando as emendas de relator neste período. No Poder Executivo, técnicos alegam que é preciso segurar recursos para pagamento dos auxílios até o final
deste ano.

Por falar em auxílios…
O PT terá pesquisas para acompanhar de perto o humor do eleitorado com o pagamento do Auxílio Brasil e todos os demais estabelecidos pela PEC das Bondades. Até aqui, a avaliação de alguns é a de que a melhoria de Bolsonaro em algumas pesquisas se deu por causa da redução do preço dos combustíveis.

Para a Justiça ver
Com a obrigatoriedade de gastar parte do fundo com candidaturas femininas, União Brasil, MDB e PSDB garantiram o cumprimento da legislação ao lançarem respectivamente as candidaturas presidenciais de Soraia Tronicke e de Simone Tebet, que terá como vice Mara Gabrilli. Agora, os partidos avaliam que poderão dedicar mais uma parcela do fundo para candidaturas masculinas à Câmara dos Deputados,
por exemplo.

E por falar em Justiça…
As atenções dos políticos estarão voltadas ao Supremo Tribunal Federal e à possibilidade de retroatividade da nova Lei de Improbidade. As apostas no STF são as de que, se a retroatividade for descartada, será por um placar apertado.

Ganha-ganha/ Assim como Soraia Thronicke (UB-MT), Mara Gabrilli (PSDB-SP) também não tem nada a perder ao concorrer à vice-presidência na chapa de Simone Tebet. Soraia e Mara têm mais quatro anos de mandato.

Ele tem a força, mas…/ O presidente da Câmara, Arthur Lira, deixou a oposição revoltada ao manter a votação por sistema remoto nesta semana de esforço concentrado. Esse gesto irritou o PT, que esperava aprovar a prorrogação da Lei de Cotas, que terminou retirada de pauta, e a pedido da própria oposição, diante da falta de quórum presencial.

Enquanto isso, no Itamaraty…/ O governo brasileiro observa atentamente a visita da presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan e a reação da China. Com a guerra da Ucrânia, esse é mais um tema explosivo no cenário internacional.

A força do comércio/ Este é o tema do Correio Talks em parceria com a Confederação Nacional do Comércio (CNC) nesta quinta-feira, 15h30. A abertura estará a cargo do presidente em exercício do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas.

O racismo que une Brasil e Portugal

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, repudiou publicamente atos de racismo e xenofobia no país europeu. Foi uma resposta à injúria racial cometida por uma cidadã portuguesa contra os filhos dos atores brasileiros Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, em uma praia nos arredores de Lisboa. “Infelizmente, há setores racistas entre nós”, escreveu Rebelo. Mas “não se pode, nem deve, generalizar”, ponderou.

Rebelo de Sousa tem se esforçado em estreitar laços históricos entre Brasil e Portugal, especialmente no bicentenário da Independência da ex-colônia. Mas nem sempre obtém sucesso. Em visita recente ao Brasil, Rebelo encontrou-se com três ex-ocupantes do Planalto e testemunhou, in loco, a homenagem a Portugal na Bienal do Livro em São Paulo. O português sofreu, entretanto, uma desfeita com o atual mandatário brasileiro. Ao saber que o visitante se encontraria com Lula, o presidente Jair Bolsonaro desmarcou um almoço agendado com antecedência.

Apesar dos desencontros, Rebelo de Sousa deve voltar ao Brasil para as festividades do Sete de Setembro — evento que será utilizado por Bolsonaro para tumultuar as eleições. No plano ideal, Brasil e Portugal poderiam aproveitar a ocasião para unir esforços contra mazelas comuns aos dois países, como o racismo. Casos de injúria racial são recorrentes aqui e lá. O episódio ocorrido com duas celebridades brasileiras apenas deu mais visibilidade a essa prática intolerável. Como alertou o ator branco Bruno Gagliasso, com expressivos olhos azuis: “Essa luta é de todo mundo”.

Assédio institucional

A pedido da Frente Parlamentar do Serviço Público (Servir), a Comissão de Assuntos Sociais promove, hoje, às 14h, audiência pública para debater o assédio institucional. Integrantes da Servir denunciam, por exemplo, o caso de servidor do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) processado pelo MEC após publicar artigo e até o assassinato do indigenista Bruno Pereira — morto após se licenciar da Funai.

Data venia
Ao reiterar o arquivamento do inquérito sobre o suposto vazamento cometido pelo presidente Bolsonaro de uma investigação sigilosa da PF a respeito das urnas eletrônicas, a vice-procuradora Lindora Araújo, criticou o ministro do Supremo Alexandre Moraes. “O eminente Ministro Relator, data venia, acabou por violar o sistema processual acusatório”, escreveu, no parecer encaminhado ao Supremo. A ver a resposta do magistrado.

No Supremo
Na semana passada, a vice-procuradora recomendou o arquivamento de vários pedidos de investigação apresentados pela CPI da Covid contra o presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro Eduardo Pazuello e outros citados no relatório final. Em resposta às conclusões de Araújo, sete integrantes da extinta comissão pediram, no Supremo, a abertura de inquérito para averiguar suposta prevaricação cometida por Araújo.

Campo minado
A exemplo do chefe, Augusto Aras, a vice-procuradora não se furta de andar em campo minado.

Combatentes
Conhecida no Brasil como “capitã cloroquina”, a médica e pré-candidata a deputada federal Mayra Pinheiro (PL-CE) receberá do presidente Jair Bolsonaro a Ordem do Mérito Médico, concedida a profissionais que se destacaram pelos serviços à saúde. “Honrei o meu país”, escreveu Mayra Pinheiro nas redes sociais. Em julho, o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), aquele que obteve indulto presidencial, foi agraciado com a Ordem do Mérito do Livro.

Diferenças e riquezas
Os candidatos do Partido Republicano da Ordem Social (Pros), Pablo Marçal, e do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Sofia Manzano, foram os primeiros a registrar as candidaturas à presidência da República junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ambas as chapas são ‘puro sangue’, sem coligações com outros partidos. As diferenças entre Marçal e Manzano não se limitam ao campo ideológico. Aos 35 anos, o empresário e influenciador digital, estreante na corrida eleitoral, declarou um patrimônio de R$ 16,9 milhões ao TSE. Professora, Manzano informou um total de R$ 498 mil.

Indigestão
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) está apreensiva com a votação, hoje, da MP que faculta às empresas pagar vales-refeição e vales-alimentação em dinheiro. A proposta tem como relator o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP). Segundo ele, boa parte dos trabalhadores já adota essa prática: troca os tíquetes por dinheiro, com deságio. A Abrasel, por sua vez, diz que a mudança trará enormes prejuízos a restaurantes.

Em Brasília, Lula corre atrás do voto útil

Publicado em coluna Brasília-DF

Em conversas com emedebistas e empresários durante a passagem por Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou claro que, ao longo do período de campanha oficial, correrá atrás daqueles que resistem à polarização e querem dar chances a outros nomes. O alvo principal é o MDB, de Simone Tebet, e o PSD, que ficará neutro na eleição presidencial — e em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, selou parceria com o ex-ministro de Infraestrutura Tarcísio de Freitas, do Republicanos, o candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A investida do PT vem calcada em três palavras: “credibilidade”, porque Lula já foi presidente; “estabilidade”, porque ele se mostra disposto ao diálogo com todas as forças políticas; e “previsibilidade”, pois não pretende flertar com tentativas de golpe.

Só tem um probleminha: os empresários que conversaram de forma mais alentada com Lula não receberam do ex-presidente qualquer vislumbre de projeto econômico. E enquanto o petista não apresentar um projeto que garanta menos intervencionismo do Estado na economia, não fecharão com o PT.

O recado da PEC

O placar do primeiro turno da PEC 15, que aumenta o valor do Auxílio Brasil e cria o voucher caminhoneiro, deixou claro que o PP de Arthur Lira (AL) e o próprio Bolsonaro, aos poucos, aprenderam a jogar num campo no qual, até aqui, o PT reinava sozinho: o dos benefícios sociais.

Vai tudo para…
Ao longo do dia, no Plenário, vários discursos contrários. Mas, no painel, 393 votos a favor da concessão dos auxílios foi um sinal de que o governo deixou o PT em xeque no campo onde o partido de Lula sempre reinou praticamente sozinho.

… o horário eleitoral
Os bolsonaristas registraram vários discursos para pinçar as partes em que criticavam a concessão dos benefícios em ano eleitoral.

Com 5G e acontece isso?!
O sistema de votação ficar fora do ar justamente na hora da análise da PEC das Bondades, ou Kamikaze, foi considerado estranho pelos líderes aliados ao governo. Especialmente porque, em Brasília, o 5G já está funcionando. A informação era de que, pelo menos, 60 deputados não conseguiram votar pelo aplicativo. Esta quarta-feira será de pura confusão.

Moraes para contê-los/ Ao manter em aberto o inquérito das milícias digitais por mais 90 dias, a ideia do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é evitar que essa turma ultrapasse os limites no período eleitoral.

Sai daí rapidinho/ Ao fazer chamada de vídeo para parentes de Marcelo Arruda, o petista assassinado no dia do aniversário de 50 anos, em Foz do Iguaçu, Bolsonaro cumpre conselhos daqueles que torcem para vê-lo mais calmo e evitando radicalizações na campanha. Afinal, se quiser vencer em outubro, terá que conquistar votos ao centro.

Tá vendo aí/ Na abertura do Fórum do Leite, uma voz rouca tentou ecoar um “Bolsonaro 2022”. Ouviu poucas palmas no auditório lotado do Sebrae, em Brasília. A surpresa, porém veio no segundo painel, quando o mestre de cerimônia chamou o presidente do Banco do Brasil, Fausto de Andrade Ribeiro, de “presidente do Brasil”. Foram tantos aplausos e assobios, que Ribeiro não descartou “um dia”, quem sabe, concorrer ao Planalto.

Assim não dá/ A deputada Celina Leão (PP-DF) ficou tão estarrecida que colocou em suas redes sociais o aumento do número de seguidores do “tarado da sala cirúrgica”, o médico Giovanni Quintella Bezerra, preso depois de ser flagrado estuprando uma mulher durante o parto. “Depois do ocorrido, o anestesista ganhou mais de 10 mil seguidores. São essas pessoas que queremos seguir como exemplo?”, pergunta Celina.

Gilberto Amaral/ Um ícone da cidade se foi, ontem. Ficam aqui nossas condolências à mulher, Mara, e aos filhos, Rodrigo, Bernadete e Marcelo.

Colaborou Rosana Hessel

Oposição muda estratégia e perde o relator da PEC das Bondades

Publicado em coluna Brasília-DF

Ao perceber que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) das Bondades, ou do “desespero”, pode beneficiar o presidente Jair Bolsonaro, a oposição mudou a estratégia. Em vez de simplesmente votar a favor, para aprovação do projeto ainda esta semana, a ordem é cobrar do comando da Câmara mais tempo para debater o texto. Assim, avaliam alguns, não dará tempo para surtir efeitos eleitorais que, embora pequenos, podem ajudar o governo.

» » »

A obstrução dos oposicionistas levou o relator, Danilo Forte (União Brasil-CE), a fechar com o governo. Seu relatório será pela manutenção do texto aprovado no Senado, de forma a não permitir alterações que levem a proposta a uma nova rodada de análise pelos senadores. Ele vai na linha de que, quem tem fome, tem pressa. O desafio para o governo agora é conseguir segurar os deputados em Brasília para votação da PEC na quinta-feira em plenário. A tendência é de aprovação.

Onde mora o diabo

A ida do ex-presidente Lula a um almoço na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) abre o diálogo, mas ainda não sela compromissos. O empresariado quer saber do petista detalhes sobre o projeto econômico, algo que Lula ainda não abriu. O que se sabe até agora foi dito pelo economista Guilherme Melo, que defende abertamente a taxação de lucros e dividendos.

Destravou
Ao aceitar retirar a candidatura do senador Fabiano Contarato (PT-ES) ao governo do Espírito Santo para apoiar a campanha pela reeleição de Renato Casagrande (PSB), o PT dá a senha para o ex-governador de São Paulo Márcio França retirar sua pré-candidatura para apoiar Fernando Haddad (PT). O anúncio será feito neste sábado.

Caminho fechado
Os estrategistas do Senado consideram que, ao ler hoje o pedido de criação da CPI do MEC em plenário, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, impede que o Supremo Tribunal Federal mande instalar a CPI, uma vez que o colegiado estará oficialmente criado. O raciocínio dos senadores é o de que o resto, data e melhor momento para instalação, é direito da maioria escolher.

Muito além do Planalto
A posse prestigiada por parlamentares, como a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, foi uma demonstração de que a presidente da Caixa, Daniella Marques, chega com lastro ao cargo. Ela é considerada uma das auxiliares de Paulo Guedes que mais têm trânsito no Parlamento.

O “Serra” da Câmara/ O deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) avisa que votará contra a PEC das Bondades. “Voto com o Serra. Essa PEC é um absurdo. O abandono da Lei de Responsabilidade Fiscal”, diz ele à coluna.

Lá, ficou sozinho/ Para quem não se lembra, José Serra foi o único voto contrário à PEC das Bondades no Senado, semana passada.

Revolta geral/ A PEC das Bondades, aliás, fez com que muitos deputados fossem obrigados a mudar os planos para julho. Esta semana, os parlamentares pretendiam que fosse a última antes do recesso que, diz a lei, começa em 17 de julho. Ocorre que a Presidência da Câmara, por enquanto, não liberou o sistema de votação remoto. “Vamos ter que vir aqui só apertar botão!”, reclamava um deputado.

Livro novo na praça/ O cientista político Alberto Carlos Almeida e o geógrafo Tiago Garrido autografam hoje em Brasília, o livro A Mão e a luva, o que elege um presidente. A obra traz uma análise das eleições presidenciais desde o processo de redemocratização, com foco no padrão de comportamento da opinião pública no processo eleitoral. O bate-papo com os autores está marcado para esta quarta-feira, das 15h às 17h, no Plenário 3 da ala das comissões da Câmara dos Deputados.

O “pulo do gato” para segurar a CPI do MEC

Publicado em ELEIÇÕES 2022

Ao deixar a CPI do MEC para depois das eleições, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e a maioria dos líderes da Casa tiram de cena um palco de embates num processo eleitoral que promete ser bastante tenso. Embora o cronograma não esteja tão fechadinho como deseja o governo e a oposição ameace ir ao Supremo Tribunal Federal, vem aí um “pulo do gato”. A intenção dos líderes é fazer a leitura do pedido de CPI em plenário, apontando para a sua instalação. Porém, feito isso, entra a fase dois, onde vem a manobra dos governistas. Com a campanha em curso, eles planejam adiar a indicação dos integrantes da CPI para outubro.

A decisão dos senadores, desta vez, é diferente daquela tomada lá atrás, na época da CPI da Pandemia. Na época da CPI da Pandemia, o pedido simplesmente não foi lido em plenário e o STF mandou criar a Comissão Parlamentar de Inquérito. Agora, o pedido de criação CPI está previsto para ser lido amanha, em plenário. A expectativa dos líderes aliados ao governo é a de que a leitura do pedido em plenário seja suficiente para evitar que o Supremo Tribunal Federal (STF) interceda e mande instalar a Comissão. Esses senadores acreditam que, da mesma forma que Pacheco e mitos senadores líderes procuram distensionar o ambiente deixando a investigação no Legislativo para depois das eleições,  o STF também terá a chance de considerar o andamento dos trabalhos, o “pós-leitura”, seja tratado como a prerrogativa da maioria dos senadores fixar a velocidade dos trabalhos.

Pacheco tem dito que pode juntar as duas CPIs do MEC, uma que pede a investigação de obras com recursos da educação nos tempos do governo petista, e esta, pedida recentemente, para investigar privilégios a pastora evangélicos no MEC e se houve algum malfeito pro parte do ex-ministro Milton Ribeiro. Mas tudo caminhará apenas depois das eleições, conforme desejo da maioria dos líderes. Se os senadores aliados ao governo conseguiram jogar a CPI para escanteio, os próximos dias dirão. Afinal, o jogo do Senado está traçado, mas falta combinar com os outros atores.

PEC das Bondades terá custo altíssimo a ser pago por todos nós

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza

O trator legislativo que se transformou a PEC das Bondades carrega um custo altíssimo para a sociedade brasileira, particularmente para o próximo presidente da República, independentemente de quem sair vitorioso das urnas. A lista de benefícios ultrapassa os R$ 50 bilhões e pode aumentar, pois não há sinal de que os partidos de oposição ou independentes resistirão ao consenso de estender benefícios à população mais vulnerável e a categorias profissionais diretamente afetadas pela alta de combustíveis.

A lógica expansionista e eleitoreira que conduz a PEC das Bondades deixa para o futuro, no entanto, um remédio amargo para conter tanta generosidade com o dinheiro público. Até aqui, as estimativas do Banco Central consideravam uma possível redução na taxa básica de juros a partir de 2023. Com a bomba fiscal em gestação no Congresso, prevista até o fim de 2022, não resta outra alternativa à autoridade monetária do que rever os cálculos. E aos brasileiros, apertar o cinto. O preço a ser pago por tanta benevolência virá alto.

Pela Educação

A Frente Parlamentar da Educação estima uma perda de R$ 26,5 bilhões por ano em recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) com o veto do presidente Jair Bolsonaro (PL) a um dispositivo da lei do teto de ICMS que garantia os repasses. “É mais um ataque do presidente à educação brasileira. Vamos lutar para derrubar o veto de Bolsonaro e garantir a recomposição integral dos recursos para a Educação”, disse o deputado professor Israel Batista (PSB-DF), que preside a Frente.

A verdade digital
Frances Haugen, ex-gerente que revelou a leniência do Facebook na disseminação de conteúdo tóxico e informações falsas em suas plataformas, participa de audiência hoje na Câmara dos Deputados. Em sessão conjunta das Comissões de Legislação Participativa e de Ciência e Tecnologia, a engenheira norte-americana falará sobre fake news e os acordos firmados entre as big techs e a Justiça Eleitoral.

O certo e o torto
O almoço cancelado pelo presidente Jair Bolsonaro em nada diminuiu a satisfação de Marcelo Rebelo de Sousa na visita ao Brasil. O chefe de Estado português encontrou-se com três ex-presidentes, viu seu país ser o grande homenageado na Bienal Internacional do Livro de São Paulo e recebeu a simpatia de — quase — todos os brasileiros, anônimos ou famosos.

Em alta
A embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti é um dos nomes cotados para comandar o Ministério das Relações Exteriores caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença a corrida ao Planalto. Economista e diplomata de carreira, Viotti é da confiança do ex-ministro e embaixador Celso Amorim, principal conselheiro de Lula em política externa.

STF de plantão
O Supremo Tribunal Federal manterá um ritmo de trabalho diferenciado no recesso de julho. O presidente da Corte, ministro Luiz Fux, e a vice-presidente, Rosa Weber, dividirão o expediente durante o mês. Dos dias 2 a 15, Rosa responderá pela presidência do tribunal. Entre 16 e 31 de julho, caberá a Fux analisar questões urgentes que se apresentarem ao colegiado. Cinco ministros, contudo, continuarão trabalhando. São eles: Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes e André Mendonça.

Transparência
O Tribunal Superior do Trabalho incrementou o atendimento à imprensa. Em uma página virtual, jornalistas poderão entrar em contato com a Coordenadoria de Editoria e Imprensa, cadastrar-se na lista de transmissão, enviar pedidos de informações para pautas, acessar estatísticas do TST e da Justiça do Trabalho.

Saudade
Amigos e familiares promovem, neste sábado, uma cerimônia em memória do fotógrafo Sergio Amaral. A homenagem começa às 10h30, na Chácara Leão da Serra, no Taquari. As cinzas serão depositadas nas raízes de uma muda de ipê rosa, plantada no dia, ao som da música de Sergio Duboc e Renato Matos.