DEM articula para comandar a Câmara e o Senado

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Publicado em Política

Rodrigo Maia (RJ) no comando da Câmara, e Davi Alcolumbre (AP), do Senado. Se colar, colou. É nesse sentido que o DEM jogará suas fichas a partir desta semana. Presidente da Câmara, Rodrigo Maia já está com a campanha pela reeleição em pleno movimento nos bastidores. O senador Davi Alcolumbre vai percorrer o pais a partir da semana que vem e pretende manter um forte ritmo de contatos até 20 de janeiro. Se houver espaço, vai se lançar. As candidaturas de Alcolumbre e de Maia foram lançadas em alto e bom som na festa de fim de ano do partido, que varou a madrugada de hoje.

A candidatura de Rodrigo já era esperada. A de Alcolumbre foi lançada há três semanas, quase como uma brincadeira. O partido, porém, ao perceber as dificuldades do senador Tasso Jereissati de juntar um grupo expressivo à sua volta, passou a apostar “no gordinho”, conforme comentaram os próprios parlamentares do DEM em conversas reservadas durante o jantar. E Alcolumbre se empolgou. É querido entre os colegas e está disposto a colocar, de fato, o bloco na rua. É no gabinete dele que trabalha Denise, a esposa do futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

 

Aposta do DEM pode desequilibrar base de Bolsonaro

O comando das duas Casas é visto pelo DEM hoje como uma possibilidade concreta. Para o partido, nada melhor do que o poder de comando sobre todo o Congresso. Para o presidente Jair Bolsonaro, entretanto, pode representar um desequilíbrio na base do governo e “muito lastro” para o ministro Onyx Lorenzoni.

O DEM tende hoje a fechar o apoio a Bolsonaro, uma vez que o projeto do futuro governo caminha na direção do liberalismo econômico pregado pelo partido. Ocorre que os demais partidos não ficarão muito felizes em dar todo esse poder ao DEM, muto menos o MDB, que tem hoje 12 senadores e pretende caminhar para, no mínimo, 14.

O DEM, todavia, vai jogar. Tem seis senadores, número nada desprezível numa Casa pulverizada, onde o maior partido, o MDB, tem 12. Os demistas não perdem nada no momento tendo candidatos para o comando das duas casas. No mínimo, dizem alguns, Alcolumbre pode servir de uma peça importante para, se for o caso, ter a candidatura retirada mais à frente, a fim de facilitar a vida de Rodrigo em fevereiro. E segue o baile.

Senado deve ser a “Casa da resistência” a Jair Bolsonaro

senado
Publicado em coluna Brasília-DF

Senadores já fizeram as contas e concluíram que a Casa será um ponto de preocupação para o futuro governo. Ali, Jair Bolsonaro não terá maioria. As contas indicam, pelo menos, 39 independentes, 24 de tendência mais oposicionista e apenas 18 mais afinados com o governo. No quesito “pau para toda obra” só mesmo os quatro do PSL.

As dificuldades do governo no Senado, ao que tudo indica, não serão resolvidas pelo esquema tático em gestação na Casa Civil, onde só há ex-deputados. A esperança, comentam alguns muito atentos à formação da área política do governo, está na Secretaria de Governo, onde o general Santos Cruz deverá construir a ponte com o Senado.

Até aqui, entretanto, nada foi feito. E, sem essa interlocução, os adversários e independentes vão organizando o jogo longe do Poder Executivo. Vale lembrar que foi ali, entre os senadores, que o governo Lula, em 13 de dezembro de 2007, perdeu a CPMF, o imposto do cheque.

A novela Coaf está só começando

A movimentação financeira de Fabrício de Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro, é vista na transição como o maior ponto de desgaste que o presidente eleito enfrenta antes da posse. Se vai estancar ou não, depende das explicações do ex-assessor, que, até agora, não deu entrevistas.

Fio da meada

Uma das linhas de investigação sobre a movimentação de depósitos na conta de Fabrício Queiroz se refere a descontos nos salários dos servidores. Até aqui, entretanto, nada está provado. A única explicação, aliás, quem deu foi o presidente eleito, que mencionou um empréstimo a Queiroz, no valor de R$ 40 mil, que o ex-assessor do filho pagou em parcelas.

Visões dos fatos

O vazamento do relatório, aliás, foi lido por alguns mais próximos do presidente eleito como uma retaliação pelo fato de Bolsonaro ter dito que mudaria tudo por ali.

Chá de camomila nele

A irritação de Onyx Lorenzoni ontem, em São Paulo, durante entrevista que encerrou depois de discutir com um repórter, causou certa preocupação a alguns integrantes da transição. Já tem gente dizendo que, ou Onyx desliga o modo bélico, ou vai
ficar difícil.

CURTIDAS

Pregação no deserto/ O fato de o PSL ter nomeado um porta-voz não vai apaziguar a bancada. Há quem diga que, depois do “barraco” no WhatsApp, o partido vai ficar “pequeno demais” para Joice Hasselmann e Eduardo Bolsonaro. Já tem gente apostando que Joice seguirá para o PSDB, se o governador eleito de São Paulo, João Dória, conseguir dominar o partido.

WhatsApp e Tancredo Neves/ Depois do “barraco” no grupo do PSL entre Joice e Eduardo Bolsonaro, os mais experientes recorrem a Tancredo Neves para aconselhar mais parcimônia no uso das palavras na rede social. Dizia Tancredo: “Telefone serve no máximo para marcar encontro. De preferência no lugar errado”.

O jovem Alckmin/ O presidente do PSDB, Geraldo Alckmin (foto), gasta a maior parte do tempo, hoje, preparando-se para voltar a dar aulas na área de anestesiologia. Também pretende se dedicar à acupuntura. Dizem que parece um adolescente entrando para a faculdade.

O velho Alckmin/ Aficcionado pelo cafezinho na padaria, ele tem repetido o ritual diariamente em São Paulo, até mesmo nos postos de gasolina. Não são poucas as pessoas que param para falar com ele. Já tem gente apostando que o ex-governador não vai largar a política.

Grupo de oposição a Renan Calheiros na presidência do Senado fica dividido

Renan Calheiros
Publicado em coluna Brasília-DF

O grupo de 12 senadores que se reuniu, há duas semanas, para traçar uma candidatura alternativa ao MDB do senador Renan Calheiros começa a minguar. No jantar mais recente, foram apenas sete. Nem todos fechados com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Alguns consideram que não será surpresa, por exemplo, se a senadora Kátia Abreu (PDT-TO), como já disse a coluna há alguns dias, manifestar preferência por Renan. Ex-ministra de Dilma Rousseff, Kátia não esquece que Renan trabalhou e votou para que a ex-presidente mantivesse os direitos políticos, quando da votação do processo de impeachment.

Meio Ambiente vira isca tucana

O presidente eleito começa a olhar com mais atenção para o PSDB. Para atrair tucanos, fez chegar aos ouvidos de alguns deles que planeja nomear
o ex-secretário do Meio Ambiente de São Paulo Ricardo Salles para o último ministério a
ser anunciado.

PSL queima a largada

O governo nem começou, e o PSL, partido do presidente eleito, Jair Bolsonaro, larga rachado e sob o signo da desconfiança interna e externa. Tudo por causa do vazamento do “barraco”, no grupo de WhatsApp do partido, entre os dois deputados mais votados da legenda, Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann, divulgado, ontem à tarde, no site do jornal O Globo.

Ninguém ficou bem I

O teor dos diálogos esfarela o discurso de que Bolsonaro não pretendia influir na escolha do futuro presidente da Câmara. A turma do DEM, ligada ao atual comandante da Casa, Rodrigo Maia, está uma arara. Tudo porque, em resposta a Joice, Eduardo diz que, por ordem do pai, trabalha nos bastidores para interferir na escolha do futuro presidente da Câmara e afirma que faz tudo na surdina para não irritar Rodrigo.

Ninguém ficou bem II

A conversa deixou o PSL em pé de guerra, num clima de desconfiança interna. Estão todos se perguntando quem vazou o “barraco”. E as apostas são as de que, se Joice continuar nessa queda de braço com Eduardo, terminará isolada na bancada e no parlamento.

Incertezas na economia

Economistas do mercado estão cada vez mais sem entender exatamente qual será a verdadeira política econômica do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, devido aos sinais trocados dele e do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Além da reforma da Previdência, que Guedes pretendia mandar de uma vez, e Bolsonaro menciona o fatiamento, fala-se ainda no resgate da CPMF. O imposto do cheque cresce na mesa de apostas dos especialistas após a confirmação de Marcos Cintra na equipe econômica. Bolsonaro, entretanto, repete diuturnamente que não terá novo imposto.

O que une Moro e Lula/ O futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, divide uma paixão com o ex-presidente Lula. Ambos são loucos por fettuccine a carbonara. Lula costumava preparar essa delícia da culinária italiana para os petistas. Moro, idem.

O que une Moro a Lula/ Em Brasília, o ex-juiz costuma frequentar os restaurantes italianos e não perde a oportunidade de degustar um bom carbonara.

A força da esposa/ Há quem diga que a futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro, tem tido peso na escolha de alguns ministros, como a pastora Damares para ministra da Família e Direitos Humanos.

Por falar em Direitos Humanos…/ Em tempos de questionamento dos valores humanitários, a Esplanada foi tomada por enormes painéis afixados no alto de seus prédios, com cada um dos 30 artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que completa 70 anos em 10 de dezembro. De todos os pontos da larga avenida, pode-se avistar os princípios que reafirmam as condições da dignidade humana.

Colaboraram Leonardo Cavalcanti, Liana Sabo e Rosana Hessel