Nem um, nem outro

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Coluna Brasília-DF publicada na quarta-feira, 6 de agosto de 2025, por Luana Patriolino com Eduarda Esposito

Mesmo vivendo o auge da tensão política no país, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva acreditam que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de decretar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, nem ajuda nem atrapalha as negociações do governo com os Estados Unidos sobre a tarifa de 50% para produtos brasileiros. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) admitiu, ontem, em entrevista, que não é possível prever o que o presidente Donald Trump decidirá sobre o tarifaço — mesmo em caso de uma eventual aprovação da lei da anistia no Brasil para livrar os golpistas. Por outro lado, há quem acredite que a decisão de Moraes criará uma série de complicações na relação com os EUA, pois a Casa Branca está interessada no alinhamento político e econômico, e não em mesuras diplomáticas.

Crédito: Kleber Sales

No Legislativo

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), agendou para hoje uma reunião de líderes para discutir a pauta da semana, especialmente a crise com os Estados Unidos. Conforme vem dizendo a interlocutores, o Congresso deve ser a ponte para o entendimento comercial entre as nações. “Determinei o encerramento da sessão e chamarei reunião de líderes para tratar da pauta, que sempre será definida com base no diálogo e no respeito institucional. O Parlamento deve ser a ponte para o entendimento”, disse.

Nova rota

A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro redesenha a estratégia da direita para as eleições de 2026. Como o segmento enfrenta dificuldades em encontrar um nome forte para a disputa do pleito no próximo ano, que não seja o ex-presidente — por causa da inelegibilidade —, decidiu adotar o discurso de perseguição aos conservadores. As mobilizações dos apoiadores no último fim de semana, que vinham minguando desde 2023, retomaram o fôlego — mesmo sem a presença de Bolsonaro e de outras lideranças políticas, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Na mira

Faltam três assinaturas para que o protocolo de impeachment do ministro Alexandre de Moraes seja apresentado no Senado. Durante todo o dia de ontem, a oposição correu contra o tempo para conseguir os nomes restantes antes que o sistema on-line fechasse, às 18h30.

Tem que ser os dois

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse à coluna que só vai encerrar a obstrução aos trabalhos na Casa quando conversar, ao mesmo tempo, com os presidentes Hugo Motta e Davi Alcolumbre, do Senado. Assegurou que a oposição não deixará a Câmara reabrir os trabalhos do segundo semestre “enquanto não houver um diálogo sério” para o Brasil. Traduzindo: para os bolsonaristas, tem que haver a aprovação do “pacote da paz” — que anistia os golpistas e os livra de serem punidos pela Justiça, inclusive o ex-presidente — e do impeachment do ministro Moraes.

Crédito: Reprodução/Redes sociais

Virou piada

O protesto do deputado federal Bibo Nunes (PL-RS, foto) de colocar esparadrapos nos olhos, na boca e nos ouvidos, viralizou nas redes sociais e não passou em branco entre os pares. Alguns deputados que estavam no plenário brincaram que o congressista estava fazendo “o seu melhor discurso” desde que assumiu o mandato. O parlamentar se manifestou na Câmara contra a prisão de Bolsonaro e pela anistia dos golpistas do 8 de janeiro de 2023.

Debate no Paraná

A seccional paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acredita que o STF pode estar ultrapassando os limites constitucionais por assumir o papel central nas decisões sobre os ataques do 8 de Janeiro. Para discutir o tema, a entidade organizou um seminário, hoje e amanhã, em Curitiba. “É importante deixar claro que não é um ato contra o Supremo, e sim visando promover o debate sobre o papel da Corte, inclusive, para questionarmos as medidas aplicadas contra os ministros do STF e em defesa da soberania nacional”, afirma o presidente da OAB-PR, Luiz Fernando Pereira.

Adiantado

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), marcou para 16 de agosto o lançamento de sua pré-candidatura à Presidência da República. Será no Amcham Business Center, em São Paulo, com capacidade para 1,2 mil pessoas. Tem até venda de ingressos a R$ 100. Empresário do setor varejista, Zema foi eleito para o governo mineiro em 2018 e reeleito em 2022, no primeiro turno.

Geraldo Alckmin confirma bom momento político na TV

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Coluna Brasília-DF publicada na sexta-feira, 1º de agosto de 2025, por Luana Patriolino com Eduarda Esposito

A participação do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) no programa Mais Você, de Ana Maria Braga, na TV Globo, coroou o bom momento do ex-governador paulista no Executivo. A apresentadora se derramou em elogios ao “Dr. Geraldo”, que também é médico anestesista, lembrou de encontros anteriores, inclusive, que cozinhou com a vice-primeira-dama Dona Lu, no Palácio dos Bandeirantes. Na avaliação de interlocutores do governo, ele soube explicar com dinamismo o tarifaço e o impacto da crise comercial com os Estados Unidos numa linguagem acessível e popular.

Crédito: Caio Gomez

Inicialmente, visto com desconfiança, Alckmin ocupa o protagonismo nas negociações, pois acumula a função de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Quem não gostou muito da popularidade de Alckmin foi a oposição. Procurados pela coluna, senadores e deputados desdenharam. Uns responderam não terem assistido à entrevista, outros disseram que o pouco que acompanharam foi o suficiente para vê-lo como um “artista” e não um negociador hábil.

Foco nas redes

O PT tem trabalhado para investir em marketing e gerar memes na internet. A participação de Alckmin em um programa de entretenimento é vista como “uma grande sacada” da equipe, pois expõe as várias faces da Presidência para gerar engajamento nas redes sociais — principal território do bolsonarismo e termômetro para as eleições de 2026.

Bom humor acima de tudo

Conhecido por suas meias temáticas, Alckmin escolheu grãozinhos de café para estampar a peça usada ontem. Óbvio que a atenta Ana Maria Braga aproveitou para brincar com o vice-presidente e presenteá-lo com uma novidade com desenhos de cubo mágico em alusão ao desafio que ele enfrenta diante da sobretaxa norte-americana. O costume das meias temáticas conquistou até o presidente Lula, que ganhou do prefeito do Recife, João Campos (PSB), dois pares, um deles com carinhas de capivara. Nos tribunais superiores, também há a mesma tendência entre circunspectos ministros.

Há quem critique…

Líder da oposição na Câmara, tenente-coronel Zucco (PL-RS) criticou a brincadeira das meias temáticas do vice-presidente. Para ele, o momento não é de piada nem de fazer graça. “Alckmin prefere a coxinha do estúdio e a selfie com o Louro a enfrentar a realidade”, disse à coluna. “O resultado está aí: tarifas altíssimas sobre nossas exportações, queda de confiança internacional e um vice-presidente apresentando meias coloridas na TV”, acrescentou.

Cadeia de custódia em foco

A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) consolidou um levantamento técnico sobre a cadeia de custódia de vestígios no Brasil. O relatório, baseado em material elaborado pelo Ministério da Justiça com apoio de peritos criminais dos órgãos de polícia científica federal, dos Estados e do Distrito Federal tem como objetivo apresentar às autoridades as diferentes etapas do processo e propõe medidas para garantir a integridade das provas, como padronização nacional, capacitação contínua e investimentos em estrutura e tecnologia.

Democratas em ação

Na contramão da Casa Branca, os senadores democratas norte-americanos Tim Kaine ( Virgínia), o líder da minoria, Chuck Schumer (Nova York), Jeanne Shaheen (New Hampshire) e Ron Wyden (Oregon) anunciaram, ontem, o projeto para contestar as tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros. “Ele (Trump) não tem interesse em reduzir custos para o povo americano. Se tivesse, não estaria impondo tarifas e iniciando guerras comerciais sem sentido”, disseram os congressistas no documento apresentado.

Solidariedade a Moraes

A Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep) manifestou, ontem, preocupação e repúdio à decisão do governo norteamericano na imposição de sanções aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e, principalmente, a Alexandre de Moraes. Em nota, a entidade diz que há um ataque à jurisdição constitucional, um dos pilares da democracia brasileira e, portanto, é uma afronta ao Estado Democrático de Direito. “A medida, sem precedentes nas relações entre as duas nações democráticas, configura ingerência externa indevida nos assuntos internos do Estado brasileiro e agride frontalmente a soberania nacional e a independência entre os Poderes”, afirmou o documento.

Nova configuração

O ex-governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg (PSB) comemorou o retorno à Câmara dos Deputados após a decisão do STF sobre a regra de distribuição das chamadas sobras eleitorais. “A justiça está sendo feita, embora tenha demorado muito, perdemos muito tempo de mandato, terão que ser quatro anos em um”, disse à coluna. Ele afirmou que o foco de seu mandato será a implementação de projetos ligados à sustentabilidade.

Atingidos

Rollemberg e outros seis parlamentares devem ser empossados hoje, de forma virtual. Para que eles assumissem os cargos, os deputados Dr. Pupio (MDB-AP), Sonize Barbosa (PL-AP), Professora Goreth (PDT-AP) e Silvia Waiãpi (PL-AP), Lebrão (União Brasil-RO), Lázaro Botelho (PP-TO) e Gilvan Máximo (Republicanos-DF) tiveram que deixar as cadeiras na Câmara.

Lula em alerta com o tarifaço

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Coluna Brasília-DF publicada na quinta-feira, 31 de julho de 2025, por Luana Patriolino com Eduarda Esposito

O que indicava a recuperação da popularidade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se uma preocupação para os aliados do petista. O dia de ações impostas ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demonstrou o caráter político por trás do tarifaço às importações brasileiras.

Crédito: Kleber Sales

Neste cenário, o Planalto elabora um plano de resposta que possa influenciar a opinião pública e os produtores impactados. Há dúvidas se a Lei da Reciprocidade é a melhor saída para a crise diplomática e comercial, pois poderia esticar ainda mais polarização política. O decreto que impõe uma tarifa adicional de 40% sobre produtos, elevando o total para 50%, começa a valer em 6 de agosto — dois dias após a volta dos trabalhos do Congresso Nacional.

Morde e assopra

Há um certo alívio com a exclusão do papel celulose, do suco de laranja e dos aviões da Embraer da lista do tarifaço dos Estados Unidos entre os mais de 700 produtos preservados do tarifaço de Trump. Empresários paulistas comemoram, sobretudo em relação aos últimos dois itens. O recuo deve atenuar os danos inicialmente estimados pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de que haveria queda de até 2,7% no PIB e perda estimada de 120 mil empregos em decorrência da sobretaxação.

Interesse escuso

Ao assinar o tarifaço, Trump acusou o STF e o ministro Alexandre de Moraes de perseguirem Jair Bolsonaro. No entanto, especialistas acreditam que o pedido de anistia ao ex-presidente é um pretexto para atender aos interesses das big techs, insatisfeitas com a regulamentação das plataformas no Brasil.

Há quem diga…

… Que a única coisa que poderia preocupar Alexandre de Moraes, ontem, era o jogo do Corinthians contra o Palmeiras. Com o visto vencido há dois anos, o magistrado não sinaliza intenção de obter o documento, não tem bens nem investimentos nos Estados Unidos. O ministro é a primeira autoridade brasileira punida pela Lei Magnitsky — criada em 2016 para penalizar russos envolvidos em violações dos direitos humanos e corrupção.

Ansiosos para 2026

Em solenidade em Cidade de Goiás, nesta semana, o governador Ronaldo Caiado (União) vestiu uma faixa do governo do estado que se assemelhava à da Presidência da República. O gesto foi motivo de brincadeira de um dos homenageados: “Haverá sinais”. O público presente riu e aplaudiu. Na ocasião, o vice-governador, Daniel Vilela, sinalizou que pretende concorrer ao cargo de Caiado em 2026, claro, com a bênção do incumbente.

#Chateada

Presa em Roma, na Itália, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) disse, em entrevista ao jornal La Repubblica, que esperava mais apoio da extrema-direita italiana. “Esperava algo mais. De Salvini (Matteo Salvini, vice-primeiro ministro e dirigente do partido Liga Norte), mas também de Giorgia Meloni (primeira-ministra da Itália), que é amiga de Trump. E Trump sabe o que está acontecendo no Brasil”, disse.

Brasiliano

A deputada federal Sâmia Bomfim (PSol-SP) protocolou, ontem, um pedido na Câmara dos Deputados para que o deputado italiano Angelo Bonelli seja reconhecido com o título de cidadão honorário da República Federativa do Brasil.

Grazie

Um dos primeiros a protestar contra a ida de Zambelli à Itália, Bonelli afirma ter repassado o endereço da deputada à polícia. Ele tem fortes ligações com o Brasil e com o governo Lula. É um defensor da Amazônia e postou fotos ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, de quem diz ser um admirador.

Satisfeitos, mas nem tanto

Um levantamento do Ranking dos Políticos mostra que a maioria dos parlamentares está “satisfeita” com as orientações partidárias em seus mandatos. No Senado, a aprovação está em 85,8%. Na Câmara dos Deputados, 75,4%. Porém, na mesma pesquisa, 29% manifestou incerteza ou intenção de mudança de sigla em breve.

Homenagem

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) será homenageada, na próxima quarta-feira, em sessão solene na Câmara dos Deputados pelos seus 20 anos de atuação. “Temos um futuro promissor e a atuação da agência será cada vez mais decisiva para impulsionar a inovação, promover a sustentabilidade e a competitividade do setor industrial do país”, afirmou o presidente da entidade, Ricardo Capelli, à coluna.

Fuga complica situação de Zambelli

Publicado em Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Congresso, Crise diplomática, Economia, EUA, GOVERNO LULA, Política, Politica Externa, STF

Coluna Brasília-DF publicada na quarta-feira, 30 de julho de 2025, por Luana Patriolino com Eduarda Esposito

Condenada pelo Supremo Tribunal Federal por invasão de sistemas e pela adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), portanto crimes que não têm conotação política, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), agora capturada em Roma, na Itália, será levada para uma prisão. Atrás das grades, terá de aguardar por pelo menos 20 dias, prazo que deve durar para a Justiça italiana definir sobre a extradição. Constitucionalistas ouvidos pela coluna afirmaram que a estratégia de fuga e o comportamento da ainda parlamentar pesarão no seu julgamento, embora ela tenha direito a vários recursos para protelar a vinda para o Brasil.

Crédito: Caio Gomez

Não adiantou

A cidadania italiana de Zambelli não impedirá uma possível extradição da parlamentar — processo oficial pelo qual um Estado solicita e obtém a entrega de uma pessoa condenada ou suspeita de cometer um crime. Os parlamentares conservadores da Itália também não deram tanta importância para o caso, pois a direita italiana usa essas situações para restringir o acesso de descendentes à nacionalidade, uma das principais bandeiras do grupo.

Repercussão

A prisão de Zambelli foi destaque nos principais jornais italianos. O Corriere de la Sera trouxe na capa que a brasileira cruzou a fronteira com a Argentina e foi para os Estados Unidos com a intenção de se mudar para a Itália e continuar a carreira política no país. O jornal La Stampa destacou que ela integra o partido de Jair Bolsonaro; e o La Repubblica ressaltou que é foragida no Brasil.

Línguas diferentes

O impasse sobre a negociação do tarifaço do presidente Donald Trump divide as muitas correntes internas do PT, abrindo uma crise entre os principais caciques sobre como contornar o imbróglio. Os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda) têm entendimentos divergentes sobre como dialogar com os Estados Unidos.

Então tá

Na visão de Costa, o governo deve conversar com os EUA para encontrar um meio-termo para a questão. Já Haddad entende que é importante a gestão norteamericana reconhecer excessos no tratamento ao Brasil. Nessa quebra de braço ministerial, não há vencedores. É que, segundo interlocutores, o presidente da República não pretende ouvir nenhum deles. Discurso pronto Aliados de Lula acreditam que a crise tem ajudado na popularidade do petista. O chefe do Planalto tem um discurso pronto para sexta-feira, após as sanções dos EUA se confirmarem — e deve usar esse momento para fortalecer suas pretensões políticas para o ano que vem.

Hora delicada

“Essa confusão acabou por ser uma oportunidade de sair das cordas que estava o seu governo e criar uma situação política favorável. A questão, agora, é como reagir. Parece que ele continua sem ter muito rumo, com o Executivo dividido (Haddad e Rui Costa) e o apoio à economia brasileira ainda claudicante”, avalia o analista político Melillo Dinis. Fica para depois A reunião extraordinária do Fórum Nacional de Governadores, em Brasília, marcada para hoje, foi cancelada. O encontro havia sido organizado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), após um pedido do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União). Em pauta, os representantes estaduais tratariam sobre a iminência do início do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos às exportações brasileiras.

Brasil conservador

Uma pesquisa da Ipsos-Ipec mostrou que 49% dos entrevistados se enquadra em um perfil com “alto” grau de conservadorismo no que diz respeito ao posicionamento em pautas como legalização do aborto, pena de morte, redução da maioridade penal, casamento entre homossexuais e prisão perpétua para crimes hediondos. O levantamento revelou que 44% se consideram médio e inexpressivos e 8% são tidos como progressistas.

E a esquerda

Por outro lado, uma agenda mais liberal e progressista, característica dos partidos de centro-esquerda e esquerda, enfrenta novos obstáculos. Questões de gênero, por exemplo, perdem espaço na atual legislatura — e pouco se avançou no debate de proposições com esse perfil. Os números evidenciam que a sociedade brasileira segue polarizada, com o governo Lula “assombrado” pelo bolsonarismo.

Mineração em debate

O Grupo Lide promove, hoje, em São Paulo, seminário sobre mineração. O evento reúne autoridades e outras lideranças do setor e pauta a transição energética e o papel do Brasil na geopolítica mineral. Estarão presentes Alexandre D’Ambrósio (ex-vice-presidente da Vale); Mauricio Metz (vice-presidente da Aços Brasil da Gerdau); Leonardo Resende (da B3); e Fernando Azevedo e Silva, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

Direita dividida entre cinco para a presidência

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Coluna Brasília-DF publicada na terça-feira 29 de julho por Luana Patriolino com Eduarda Esposito

Com Jair Bolsonaro inelegível, a direita busca alternativas politicamente viáveis para as eleições do ano que vem. Em tese, há opções, mas nenhum nome que empolgue o eleitorado desta corrente política. A principal disputa se dará no Senado, com 54 cadeiras em jogo. A pesquisa Pulso Brasil/Ipespe mostrou que 46% dos eleitores ainda consideram o ex-presidente como principal representante. Muito atrás, estão os governadores Tarcísio de Freitas (14%), Ronaldo Caiado, Ratinho Júnior e Romeu Zema (Novo), todos com 3%, cada.

Crédito: Caio Gomez

Com calma

Os setores conservadores tentam se afastar dos grupos mais radicais, vinculados ao bolsonarismo. Buscar um nome totalmente fora do radar não pode e não deve ser descartado. Aliás, os duros ataques de Eduardo Bolsonaro a integrantes do grupo indicam que um racha pode estar se materializando. O deputado licenciado não perdoa antigos aliados, como Tarcísio, que, segundo ele, não se empenha na defesa da anistia ao ex-presidente.

Sem rumo

Diante das críticas do ex-presidente Jair Bolsonaro e do filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, ambos do PL, Tarcísio baixou o tom dos discursos sobre o tarifaço. Ele evita acirrar os ânimos dos simpatizantes da ala extremada. Porém, vive um dilema: ao moderar o discurso, pode desapontar os eleitores mais radicais.

Contagem regressiva

Passando pela semana decisiva que define o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta outro dilema: como o Congresso reagirá, caso as sanções se concretizem? As Casas Legislativas voltam ao trabalho em 4 de agosto, com uma pauta fiscal intensa e complicada para o Executivo. Entre os assuntos não encerrados antes do recesso, estão os vetos ao projeto de regulamentação da reforma tributária, a reforma do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) e as propostas de limitação de benefícios fiscais.

Ao mesmo tempo…

Uma ala do governo Lula acredita que a crise tem ajudado na popularidade do presidente. Ele já tem um discurso pronto para as sanções dos EUA — e vai usar isso para atacar Bolsonaro, de olho nas eleições de 2026. Além das pesquisas, o presidente tem ganhado apoio das redes sociais. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desembarcou em Nova York e está pronto para ir a Washington negociar um fim para a crise. Só aguarda sinalização para dialogar.

Insatisfeitos

A bancada do Novo na Câmara, integrada por cinco parlamentares, não gostou nada da retirada do Brasil da International Holocaust Remembrance Alliance (IHRA) — entidade internacional criada há 27 anos, formada por 34 países e mais sete observadores, cujo intuito é o de estabelecer um movimento mundial em defesa das ações antissemitas — e do apoio à Corte Internacional de Justiça (CIJ). Os parlamentares apresentaram um requerimento de informação exigindo explicações detalhadas do Itamaraty, além de uma moção de repúdio.

CURTIDAS

Crédito: Marina Ramos / Câmara dos Deputados

Homenagem/ Uma escultura da vereadora Marielle Franco foi inaugurada, ontem, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). A obra, criada em 2021 pelo artista Paulo Nazareth para a 34ª Bienal de São Paulo, é feita de madeira, metal e alumínio, e tem cerca de 11 metros de altura. Nas redes sociais, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco (foto), afirmou que se emocionou “ao ver escultura que homenageia a trajetória da minha irmã e tudo o que ela representa em um espaço como a UERJ, que marcou a história da minha família”.

Cadastro do Alzheimer/ O líder do Solidariedade na Câmara dos Deputados, Aureo Ribeiro (RJ/foto), quer aproveitar a retomada dos trabalhos legislativos, na próxima semana, para agilizar a aprovação de seu projeto de lei que cria o Cadastro Nacional das Pessoas com Alzheimer e outras demências. A proposta define um banco de dados, instituído e mantido pelo Executivo federal, a partir da integração dos sistemas de informação. A proposta é cooperar com os órgãos públicos na localização de desaparecidos que simplesmente deixam suas famílias, casas de repouso, clínicas e hospitais porque não sabem quem são nem onde estão. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) identifica cerca de 1,76 milhão de brasileiros acima de 60 anos, que têm algum tipo de demência.

Sustentabilidade/ A AdvocaciaGeral da União (AGU) e o Instituto Global ESG promovem, hoje, em Brasília, o Global Meeting Circuito COP 30: Simpósio de Instrumentos Fiscais e Tributários para a sustentabilidade. O advogado-geral Jorge Messias falará sobre justiça fiscal e sustentabilidade na governança tributária brasileira. A expectativa é de que ele também comente sobre o tarifaço de Donald Trump.

Ataques ao STF miram desestabilizar a democracia e politizar decisões da Corte

Publicado em Política

Coluna Brasília-DF, publicada no domingo (27/7), por Carlos Alexandre de Souza com Alícia Bernardes —  Boa parte dos ataques ao Supremo Tribunal Federal e, em particular, ao ministro Alexandre de Moraes evidenciam a estratégia de desestabilizar um dos Poderes da República, em nome de um projeto político.

Trata-se de uma linha de combate perigosa, pois afeta diretamente a democracia brasileira. Os detratores das decisões do STF buscam não apenas contestar os ministros, mas alimentar na opinião pública um sentimento de revolta, quando não de ódio, contra um dos pilares de qualquer regime democrático. Os episódios de 8 de janeiro mostram o que pode acontecer quando essa trama prospera.

Articular impeachment de ministros; atirar bombas no prédio do STF; incitar uma turba a invadir e quebrar um edifício público; colocar em dúvida a urna eletrônica e o nosso sistema eleitoral; utilizar armas políticas para atingir um Poder cuja atribuição é assegurar o cumprimento da Constituição.

Os ataques direcionados ao Supremo têm a finalidade de intimidá-lo, sequestrando sua independência e sujeitando-o à politização. Ocorre que enfraquecer o Supremo é deixá-lo vulnerável às paixões políticas, que não obedecem a racionalidade.

Aos que alegam que o problema seria o ministro Alexandre de Moraes, ressalte-se que a maior parte das decisões do magistrado foram referendadas por seus pares. Não dá para separar, portanto, os homens da instituição.

Samba soberano

As ministras Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas) se juntaram à ex-colega de Esplanada Cida Gonçalves (Mulheres) para entoar um samba em defesa da soberania brasileira (foto). Em um clima de batuque, celebração e militância, elas repudiaram o tarifaço de Donald Trump e criticaram a família Bolsonaro no tradicional Samba da Tia Zélia, realizado na Vila Planalto.

“Engulam o choro”

“Não vamos aceitar chantagem de quem perdeu a eleição. Eles que engulam o choro. Esse país tem um governo, e ele se chama Luiz Inácio Lula da Silva. Quem matou 750 mil pessoas com negacionismo tem que responder por isso”, declarou Cida Gonçalves. Cida também falou sobre a importância da cultura como trincheira política: “O samba é feito por quem trabalha de sol a sol, por quem sustenta esse país. E nós queremos um Brasil soberano, democrático e justo.”

Cabeça erguida

A ministra Macaé Evaristo homenageou a anfitriã da roda, a sambista Tia Zélia. “Esse espaço aqui é símbolo de resistência. O Brasil é nosso, plural e feito pela luta. Não vamos abaixar a cabeça para ninguém”, afirmou, sob aplausos.

Música do povo

Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, também defendeu o samba como ferramenta de democratização. “A Tia Zélia democratiza a festa, e aqui a gente também democratiza a luta. O samba é negro, é popular, é do povo”, disse.

Preta

Diversas organizações que defendem os direitos das mulheres negras promoveram, nos últimos dias, manifestações nas capitais brasileiras. Hoje, haverá caminhada no Rio de Janeiro, dois dias depois da homenagem a Preta Gil na capital carioca. Este ano, o tema das mobilizações é “Mulheres negras rumo a Brasília: contra o racismo, por justiça e o bem viver”. O ato na capital federal está previsto para 25 de novembro.

Acreditando

Em meio ao iminente tarifaço de Donald Trump, o presidente Lula sanciona amanhã o projeto de lei que cria o Programa Acredita Exportação. A iniciativa busca incentivar micro e pequenas empresas a ingressarem no mercado exterior. O incentivo viria por meio da devolução de tributos pagos ao longo da cadeia produtiva de exportação.

Parte importante

Em 2024, essas empresas contribuíram com US$ 2,6 bilhões nas exportações brasileiras. Elas representam 40% das companhias que produzem bens e serviços para o mercado externo.

Alerta no trabalho

Este domingo marca o Dia Nacional da Prevenção de Acidentes de Trabalho. E serve de alerta: No primeiro semestre deste ano, o Ministério do Trabalho registrou 1.689 mortes por acidente de trabalho — alta de 5,63% em relação ao mesmo período de 2024. O número de acidentes também cresceu — variação de 9% — com mais de 380 mil ocorrências.

Tarifaço de Trump é visto como pressão política e causa reação nacional

Publicado em Política

Coluna Brasília-DF, publicada no sábado (26/7), por Carlos Alexandre de Souza com Eduarda Esposito —  À medida que se aproxima o tarifaço do governo Donald Trump, acumulam-se as manifestações de que a ofensiva norte-americana baseia-se tão e somente em razões políticas e carece de justificativas econômicas.

O presidente Lula deu um diagnóstico do atual momento, ao referir-se ao trabalho do vice, Geraldo Alckmin. “Todo dia, ele liga para alguém e ninguém quer conversar com ele”, disse Lula, em São Paulo. Equilibrando-se entre ataques a bolsonaristas e disposição para negociar, o presidente confia em seu vice para conduzir as tratativas econômicas. O problema é que o impasse criado por Trump está calcado por razões ideológicas, portanto mais difíceis de contornar.

Em protesto realizado ontem na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, mais de 200 entidades repudiaram, em carta, a maneira “vil e indecorosa” como a soberania nacional foi atacada. Na mesma linha, o Superior Tribunal de Justiça condenou o ataque à Suprema Corte. Considerou que “são injustificáveis, sob qualquer ângulo, tentativas de interferência política, nacional ou internacional, no seu funcionamento e na atuação independente dos seus integrantes”.

Do outro lado do impasse diplomático, bolsonaristas insistem em soluções políticas para resolver problemas econômicos. Entram na lista de proposições a anistia generalizada a bolsonaristas e o impeachment de ministros do STF.

Chocados

O ataque trumpista ao Brasil amplia o alerta na comunidade internacional. A carta de senadores democratas, denunciando um “grave abuso de poder”, e uma reportagem da The Economist sobre a “chocante agressão” desferida pela Casa Branca revelam o ineditismo e a imprevisibilidade do maior desafio diplomático do Brasil nos últimos anos.

Empregos, nada mais

Integrante da comitiva brasileira que negociará com os Estados Unidos na próxima semana, o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), pretende fazer uso de muito diálogo para alcançar o objetivo que considera primordial: “Preservar empregos. Este é o nosso norte”, disse Trad.

Perigo iminente

A preocupação é grande: com o tarifaço, o Brasil perde em setores essenciais como o agronegócio. Caso a tarifa de 50% seja realmente aplicada, carnes e aves sofreriam uma queda de 11,3% nas exportações e um impacto de 4,2% na produção nacional. Além deles, tratores e máquinas agrícolas teriam um recuo estimado de 23,6% nas exportações e retração de 1,86% na produção. A produção de aeronaves nacionais também será comprometida, podendo cair em 9,2% e sofrer 22,3% de perdas nas exportações.

Efeito interno

Especialistas calculam que os Estados Unidos também sentirão os efeitos do tarifaço de Trump. Estados como Califórnia, Flórida e Texas, grandes importadores de bens brasileiros, devem ser diretamente afetados. Estima-se ainda que o PIB norte-americano pode cair 1,6% em três anos e haverá um aumento no custo de vida, escassez de insumos e perda de competitividade industrial.

Volta volver

Pelo menos três integrantes da bancada brasiliense no Congresso Nacional pediram a revogação de pedidos de emendas parlamentares em favor da Associação Moriá, após suspeitas de irregularidades. Os deputados Fred Linhares, Bia Kicis e o senador Izalci Lucas recuaram após o ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino intimar a Câmara dos Deputados e a Advocacia-Geral da União a esclarecer se a Moriá está em apta a receber recursos federais.

Na ponta do lápis

Entre 2023 e 2024, a bancada brasiliense destinou R$ 53 milhões à entidade, para cursos de esportes eletrônicos. As emendas de maior valor partiram exatamente de Fred Linhares (R$ 27 milhões), Izalci Lucas (R$ 15 milhões) e Bia Kicis (R$ 1,5 milhão). Ao Correio, a Associação Moriá informou ter recebido pouco mais de R$ 18 milhões no período.

Subiu o tom

Ao atacar os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicano-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) provocou mais reações negativas dos seus pares. Aumenta a probabilidade de parlamentares entrarem com pedido de sanções no Conselho de Ética da Casa.

Mineração em debate

Na próxima quarta-feira (30) o grupo LIDE receberá a Gerdau, B3 e o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) para debater a mineração no Brasil. O evento em São Paulo terá a participação de representantes do setor, como Alexandre D’Ambrósio, ex-vice-presidente da Vale, e Fernando Azevedo e Silva, vice-presidente do Ibram. O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) também está confirmado.

Transportes no centro

No próximo dia 6, Brasília sediará o 2º Summit Connect Infra — Conectando transportes. O evento é organizado pela Frente Parlamentar Mista de Portos e Aeroportos (FPPA), em parceria com o Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI). O encontro pretende gerar conhecimento técnico e político, fortalecer a infraestrutura logística do país e construir um ambiente regulatório mais eficiente e moderno.

Bets seguem faturando e o governo também

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Coluna Brasília-DF publicada na sexa-feira, 25 de julho de 2025, por Carlos Alexandre de Souza com Eduarda Esposito

Segundo cálculos da Receita Federal, o governo arrecadou R$ 3,8 bilhões, em apenas seis meses, com a tributação sobre as casas de apostas. O mês de maio registou o pico de arrecadação, com R$ 814 milhões. “Para a manutenção da evolução de recolhimento de tributos, também é fundamental o acompanhamento e banimento das operações ilegais, de maneira mais firme e efetiva, para impedir que esses recursos se percam no mercado clandestino”, pontua Igor Sá, executivo da HiperBet.

Estima-se que o Brasil perca R$ 10,8 bilhões por ano ao não combater o mercado ilegal de bets, de acordo com estudo da LCA Consultores e apoiado pelo Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), realizado entre abril e maio deste ano. A pesquisa ainda aponta que 61% dos entrevistados admitiram ter feito apostas em plataformas irregulares neste ano, 78% consideram difícil distinguir sites legais dos ilegais, e 72% afirmam que nem sempre conseguem verificar a regularidade das plataformas. Além disso, 73% dos apostadores afirmam ter utilizado pelo menos uma das plataformas ilegais mapeadas em 2025.

As bets legalizadas defendem que as clandestinas deixem de operar no país. Especialistas afirmam que uma medida seria fazer com que os meios de pagamento impeçam operações para sites clandestinos, o que obrigaria esses apostadores a abrirem contas fora do Brasil.

União contra a tarifa

O deputado Fausto Pinato (PP-SP) publicou um manifesto em defesa da união dos brasileiros a fim de evitar o tarifaço de Donald Trump aos produtos brasileiros. “Se não nos unirmos agora, todos perderão. Perderemos a democracia, a liberdade e a dignidade nacional. E a responsabilidade será de todos nós. Não podemos permitir que falsos profetas e falsos patriotas, que querem o poder a qualquer custo, destruam as bases do Estado Democrático de Direito”, afirmou o parlamentar.

Pelo veto integral

Nota técnica do Observatório do Clima (OC) defende o veto integral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Licenciamento Ambiental. De acordo com a análise, a sanção das novas regras criará um “caos regulatório” que ameaça a proteção ambiental, a saúde pública, os povos e comunidades tradicionais, o patrimônio histórico-cultural e os sítios arqueológicos.

Contaminado

Dos 66 artigos, o Observatório do Clima identificou retrocessos graves em pelo menos 42 deles. Os restantes, segundo a nota, têm caráter acessório ou limitam-se a repetir resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Medo do Pix

Na visão de Hugo Garbe, professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), os ataques estrangeiros contra o Pix ocorrem por causa do potencial da ferramenta tecnológica. “Por trás da crítica está o impacto direto que ele gera sobre as receitas de gigantes americanos, principalmente as bandeiras de cartão de crédito e as big techs que lucram com intermediação financeira”, avalia.

Concorrência

“O sucesso brasileiro inspirou outros países a criarem soluções similares, aumentando o temor americano de uma descentralização das infraestruturas financeiras globais muito vinculadas ao dólar e ao sistema de pagamentos norte- americano”, acrescenta o especialista.

Contratos na mira

O deputado federal Luiz Lima (Novo-RJ) apresentou uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) na qual reivindica a apuração de possíveis irregularidades na renovação de contratos entre a Administração Pública Federal e a empresa AC Segurança Ltda. O pedido ocorreu após o impedimento de contratação de serviços da empresa devido a Operação Dissímulo, da Polícia Federal, sob suspeita de integrar organização criminosa especializada em fraudes licitatórias e simulação de concorrência em contratos públicos que somam valores bilionários.

Punição ignorada

O parlamentar alega que, mesmo após a punição, quatro ministérios — Agricultura, Pesca, Desenvolvimento Social e Ciência e Tecnologia — renovaram contratos com a empresa. “É inadmissível que uma empresa proibida de manter contratos com o governo continue sendo contratada por órgãos federais, com recursos públicos, mesmo após sanção formal”, afirmou o parlamentar.

Devoto

Com restrições para levar adiante a agenda política, o ex-presidente Jair Bolsonaro mantém a devoção religiosa. Ontem, foi a um culto na Catedral da Bênção, em Taguatinga. Na segunda- feira, antes de mostrar a tornozeleira eletrônica, participou de oração junto com parlamentares apoiadores nas dependências do Congresso. No dia 17, discursou no plenário do Senado durante sessão em homenagem póstuma ao pastor Gedelti Victalino Gueiros, cofundador da igreja evangélica Maranata.

Aviso

“Peço orações a vocês. Por muitas vezes o óbvio está na sua frente. As pessoas poderosas dessa nação, algumas dessa Casa, quando se conscientizar do óbvio, que um dia ele vai embora, ele muda”, disse Bolsonaro. No dia seguinte, o ex-presidente passou a usar tornozeleira eletrônica.

Comunicação

A especialista em comunicação organizacional Julia Scheibel lança, no próximo dia 29, o livro As novas competências para a Gestão da Comunicação no Ambiente Organizacional Contemporâneo: um Estudo com os gestores de comunicação do setor industrial. A obra aborda as competências necessárias para atuar no complexo e dinâmico ambiente das organizações, públicas ou privadas. O lançamento será na Livraria da Vila do shopping Iguatemi, às 19h.

Brasil profundo

A diáspora dos povos originários no Brasil e os ciclos da natureza são temas da exposição Andanças, de Adriane Kariú e Rômulo Barros, em cartaz até dia 27. Adriana é descendente do povo Kariú Kariri, originário do Vale do Cariri (CE) e considerado extinto pela Funai. A mostra está aberta ao público, gratuitamente, no Memorial dos Povos Indígenas.

Brasil se move para evitar o tarifaço de Trump

Publicado em Política

Coluna Brasília-DF publicada na quinta-feira 24 de julho, por Carlos Alexandre de Souza com Eduarda Esposito

Enfim, começam a ganhar relevo as movimentações diplomáticas do Brasil em resposta à ofensiva do governo de Donald Trump. Paralelamente ao protesto formal na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra medidas protecionistas “arbitrárias”, com apoio de dezenas de países-membros do organismo multilateral, o Executivo busca aproximações bilaterais. Um exemplo foi o telefonema do presidente Lula à presidente do México, Claudia Sheinbaum, para discutir as relações econômicas e comerciais entre os dois países.

Crédito: Caio Gomez

O diálogo com o país vizinho aos Estados Unidos, fortemente impactado pela economia e pela política anti-imigratória do governo Trump, pode ser interpretado como um movimento ousado no xadrez tarifário. Recentemente, a Casa Branca ameaçou impor uma tarifa de 30% sobre o vizinho latino.

Os Estados Unidos também se movimentam. Depois de fechar um acordo bilateral com o Japão, considerado “gigantesco” por Trump, o governo norte-americano mantém as tratativas com a União Europeia. Para o Brasil, a questão principal é quando iniciará o diálogo direto com a administração Trump. Afinal, faltam oito dias para o tarifaço entrar em vigor.

Pontes minerais

O encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, se reuniu ontem com o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, e o vice-presidente, Fernando Azevedo. O encontro, realizado a pedido do representante diplomático norte-americano, tratou do envio de uma missão comercial de mineradoras que atuam no Brasil aos EUA, além de um possível acordo sobre minerais críticos e estratégicos entre os dois países.

Sem privatização

Sindicatos de Minas Gerais têm se movimentado para tentar impedir a privatização das estatais mineiras Companhia Energética Minas Gerais (Cemig) e Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Os sindicatos dos setores de água e elétrico promoverão ações entre julho e agosto contra a proposta, apresentada pelo governador Romeu Zema na assembleia legislativa de Minas Gerais.

Luz para todos

O Ministério de Minas e Energia lançou a quarta chamada pública para o programa Procel, que auxilia municípios brasileiros a trocarem pontos de luz para lâmpadas de LED. Em 25 anos, o programa trocou 3 milhões de pontos em mais de 1,5 mil municípios. Com o aporte da União, as prefeituras conseguem economizar no serviço e direcionam o orçamento para outras prioridades.

Guia para todos

Junto com a chamada, o MME publicou o “Guia para Eficiência Energética em Edifícios Públicos: Boas Práticas para Gestão de Energia”. A publicação, disponível gratuitamente no site da pasta, visa ajudar estados e municípios que desejam aumentar a eficiência energética em prédios públicos e realizar uma transição energética de acordo com a realidade local.

Agenda cheia

O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, tem marcado presença em praticamente todos os eventos da Esplanada — e também fora dela. Nas últimas semanas, compareceu ao lançamento do livro do presidente da ABDI, Ricardo Cappelli. Ontem, estava no lançamento da agenda sobre transformação digital do governo federal.

É com ela

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não falou no evento. Nos bastidores, comentou-se que ele quis dar visibilidade à ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck.

Água e óleo

Discordantes em relação às mudanças do IOF, os Poderes Executivo e Legislativo parecem alinhados em outros temas. Ambos unem esforços na reforma administrativa e na defesa do Brasil contra o tarifaço do Trump. A ministra do MGI, Esther Dweck, deu crédito à Câmara na busca da eficiência na máquina pública. Em relação à ofensiva norte-americana, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu com os senadores integrantes da comitiva que negociará com o governo norte-americano.

Crédito: Caio Gomez

Mais um

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está colecionando pedidos de cassação de seu mandato por sua atuação nos Estados Unidos. A Uneafro Brasil e o Instituto de Referência Negra Peregum lançaram um abaixo-assinado exigindo a perda de mandato. As organizações do movimento negro brasileiro alegam que o deputado tem atuado com a extrema-direita internacioal e feito declarações prejudiciais aos interesses do Brasil.

Negociadoras

O Ministério das Mulheres e a Universidade de Brasília (UnB) organizaram um curso de formação sobre diplomacia popular e emergência climática. A ideia é preparar lideranças que atuem em espaços estratégicos de incidência e negociação climática, incluindo a participação na COP 30. O curso será lançado amanhã, às 15h, no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. A pasta das mulheres investiu R$ 200 mil para formar representantes de povos e comunidades tradicionais, incluindo reserva de vagas inicial para mulheres negras, jovens e representantes do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT).

“Humilhação”, diz Caiado sobre tornozeleira em Bolsonaro

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Por Eduarda Esposito — O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para Caiado, as medidas impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e a investigação da Polícia Federal (PF) são uma vingança contra o ex-presidente.

Crédito: Secom/Goiás

“Não condizem com o regime democrático. Respeito decisões judiciais, mas há limites. Julgar é papel da Justiça, vingar não. O Supremo julga, não vinga. Não se pode impor esse tipo de humilhação a quem sequer foi condenado”, afirma o governador.

Segundo o governador, a medida foi desproporcional. “Colocar tornozeleira em um ex-presidente que não tem condenação, não responde criminalmente e sempre se colocou à disposição da Justiça? Isso é um absurdo”, critica.

“Ele está presente nos processos. Para quê essa atitude? Por que esse tipo de espetáculo? Isso não combina com um país democrático”, questiona o governador goiano.

A culpa é do Lula

Caiado também defendeu Bolsonaro quanto ao tarifaço aos produtos brasileiros ameaçado pelo presidente dos Estados Unudos, Donald Trump. Para o governador, o culpado pela sanção é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — mesmo que o deputado licenciado, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), tenha admitido a articulação nos EUA para que Trump defenda seu pai e aplique sanções ao ministro do STF Alexandre de Moraes.

“Querer imputar a ele a responsabilidade por isso é forçar uma narrativa. O culpado pelo tarifaço é o governo Lula”, acusa.