Em busca de apoio, Caiado participa de jantar de aniversário de Lira

Publicado em coluna Brasília-DF

DENISE ROTHENBURG — Pré-candidato à Presidência da República, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, fez questão de participar do jantar em comemoração ao aniversário do presidente da Câmara, Arthur Lira, em Lisboa. “O senhor quer o apoio de todo mundo aqui?”, perguntou o deputado Danilo Forte (União-CE). Diante de um “quero” em alto e bom som de Caiado, Forte completou: “Assuma a bandeira do semipresidencialismo. Vai ganhar.
todos desta mesa!”.

A gargalhada foi geral, mas era a pura verdade. Os parlamentares defendem o semipresidencialismo, que, aliás, foi abordado no encerramento do XII Fórum de Lisboa pelo ex-presidente Michel Temer. Ele considera que o Brasil caminha para isso de forma natural. Outros juristas acreditam que, na prática, estamos vivendo esse sistema.

Nunca fomos tão felizes

Deputados que foram para a bateria de eventos em Lisboa receberam lá a notícia de que o governo liberou a maioria das emendas obrigatórias esta semana. O prazo final é 30 de junho. O que não for processado até este domingo só poderá ser liberado em novembro, 30 dias depois da eleição. É o “defeso eleitoral”. Os cálculos serão fechados na segunda-feira, mas os parlamentares acreditam que o que ficou para depois da eleição é residual. Com as emendas liberadas, ficará mais fácil promover o esforço concentrado nas próximas duas semanas, após as festas juninas e a série de fóruns internacionais.

Vem por aí

Espectador do XII Fórum de Lisboa, o economista Felipe Salto, ex-secretário de Fazenda de São Paulo, fez as contas e acredita que o governo terá de contingenciar pelo menos R$ 45 bilhões para não comprometer o arcabouço fiscal. O valor é superior ao que havia sido previsto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em conversa com representantes do mercado financeiro em São Paulo. “O grande teste de Haddad será o contingenciamento. Ele não pode quebrar o arcabouço fiscal”, disse Salto à coluna.

Resumo da ópera

Com o Brasil a praticamente três meses das eleições municipais, os debates do XII Fórum de Lisboa serviram também de alerta a quem pretende usar os algorítimos para angariar votos.

O BC e o PT

Os ataques do presidente Lula ao comandante do Banco Central, Roberto Campos Neto, começam a incomodar parte dos petistas. A estratégia do “bater de frente”, avaliam alguns, deveria ser substituída, pois não está funcionando. Seria preciso anunciar as boas-novas do governo, sem xingar o presidente do BC, e, sim, tratá-lo com toda a educação e constrangê-lo a promover a política monetária mais flexível.

Marcação homem a homem: No almoço oferecido em homenagem ao ex-presidente Michel Temer (foto), em Lisboa, os deputados Antonio Brito (PSD-BA), Elmar Nascimento (União-BA) e Marcus Pereira (Republicanos-SP) ocuparam a mesma mesa. Assim, um não passa à frente do outro na hora de buscar votos nesta pré-campanha à Presidência da Câmara.

Fique calmo: O presidente da Câmara, Arthur Lira, ficou à mesa com o ex-presidente Michel Temer. Do alto de quem ocupou a Presidência da Câmara em três mandatos e a Presidência da República, ele tem muito a ensinar em termos de paciência para conduzir a sucessão.

André abriu a adega: O banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, patrocinou pelo menos dois eventos paralelos ao XII Fórum de Lisboa. Aos convidados do rooftop SUD, onde um hambúrguer sai por 50 euros, ofereceu um vinho de sua Quinta da Romaneira, em Portugal, na região do Douro. André ainda fez questão de receber todos os convidados na entrada.

*Com Mariana Niederauer e Aline Gouveia

2026 em 2024: senadores querem fortalecer campanha para governador

Ilustração de olho em 2026
Publicado em Política

Pelo menos dois senadores se afastaram do mandato, neste mês, a fim de aproveitar a campanha municipal para fortalecer a posição rumo a uma candidatura de governador daqui a dois anos. Rogério Marinho, do PL, no Rio Grande do Norte; e Efraim Filho, do União Brasil, na Paraíba. A presença ao longo das campanhas municipais, percorrendo dezenas de cidades diariamente, é a forma de ampliar a visibilidade, e é isso que será trabalhado agora. E, de quebra, fazer um afago àqueles que ajudaram na caminhada. Os suplentes que ocuparam as vagas de Marinho e Efraim Filho, respectivamente, Flávio Azevedo e André Amaral, são empresários com atuação no setor da construção civil, tecnologia e agro.

Vale lembrar: com essas posses, sobe para 13 o número de suplentes no exercício do mandato. Há muito tempo não se vê uma bancada tão grande de quem praticamente não apareceu na campanha de 2022.

Daqui para frente…

Se, em 2023, o presidente Lula deixou correr frouxo a eleição para presidentes da Câmara e do Senado, agora, o governo vai prestar mais atenção nos movimentos. Há quem diga que não dá para ficar refém, por exemplo, de atrasos deliberados na análise de medidas provisórias, que sequer têm as comissões instaladas.

… tudo vai ser diferente

Isso não significa que o governo apoiará abertamente candidatos ao comando do Parlamento, mas quer, pelo menos, o cumprimento do devido processo legislativo.

Segurança de olho

O governo federal vai acompanhar de perto as mudanças no Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), aprovado na última quarta-feira. Afinal, o setor de clubes, por exemplo, especialmente nas proximidades dos Palácios da Alvorada e do Jaburu, residências oficiais do presidente da República e do vice, tem uma extensa área de segurança, que não pode sofrer alterações sem passar por um olhar criterioso de quem trabalha nesse setor.

Estado de atenção

O mesmo vale para o Setor de Embaixadas. A segurança das autoridades estrangeiras não pode ser afetada por mudanças na destinação de áreas que hoje abrigam escritórios e residências de embaixadores. Brasília é uma cidade tombada e não é possível jogar fora o projeto de Lucio Costa. No governo, há quem diga que a legislação aprovada precisará de um olhar criterioso do governo federal para ver o que está ferindo esse projeto.

Lula vai a Sarney/ O presidente Lula aproveitou a passagem por São Luís para fazer uma visita ao ex-presidente José Sarney (foto) e conversar sobre o cenário político e a saúde. Lula e Sarney não dispensam os gestos mútuos de amizade e respeito. Quando Lula deixou o cargo, em 1º de janeiro de 2011, Sarney fez questão de acompanhá-lo no voo até São Paulo, enquanto a República estava dedicada aos primeiros acordes do governo Dilma Rousseff.

Recorde de público…/ O XII Fórum Jurídico de Lisboa, que este ano está com a programação bastante ampliada, teve 2,3 mil inscrições para o evento. Nunca tantos brasileiros e portugueses se registraram para acompanhar os debates.

… e de movimento/ O Fórum promete agitar a cidade, com jantares, almoços e até um show de Toquinho, promovido por um escritório de advocacia de Brasília no restaurante Zazah, de brasileiros.

Minas também tem paella/ Acostumado a promover jantares em Brasília para centenas de pessoas, mesmo depois de terminar o mandato, o ex-deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) comemora o São João em seu sítio, na cidade de Malacacheta, onde já foi prefeito. Fez questão de fazer uma enorme paella mineira para a população que compareceu à festa deste fim de semana.

Bom São João a todos!

 

Entrevistas para mudar a pauta

Ilustração Lula
Publicado em Política

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será aconselhado a incluir em suas entrevistas e outras falas, Brasil afora, o discurso de que o país, apesar dos pesares, passa longe das previsões do ex-ministro da Economia Paulo Guedes. Em um ano e meio de governo, o país não virou nem uma Venezuela, tampouco uma Argentina. O Brasil tem reservas internacionais invejáveis. De quebra, retomou todos os programas sociais que haviam sido reduzidos e o emprego de carteira assinada subiu.

Porém, desde a aprovação da emenda constitucional da reforma tributária, o debate desses temas saiu do palco principal e a população terminou direcionada para discussões que não são prioritários para o país — tal como aborto legal, drogas e jogos de azar. É hora de mudar essa toada. Só tem um probleminha: ficar falando mal do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, não ajudará Lula a promover as boas notícias de seu governo.

A avaliação geral dos aliados do presidente, colocada de forma reservada por senadores e nas rodas de conversas em eventos sociais de Brasília, é de que os oposicionistas não têm como se contrapor aos programas sociais apresentados pelo governo. Por isso, viraram o leme para as pautas de costumes, com o aval dos partidos do centro. Cabe a Lula e a seus ministros baterem bumbo para repor a agenda ambiental e social de forma mais forte, tirando de cena as cascas de banana que a oposição joga a fim de tentar dominar o debate pré-eleitoral.

Giro de 180 graus

O gesto de apoio de Lula ao ministro das Comunicações, Juscelino Filho, é o padrão que ele vai adotar sempre que houver algum ministro enroscado num processo ou denúncia que precise de investigação. É o inverso do que era feito em governos anteriores, quando ministros eram afastados em caso de
qualquer suspeita.

O estresse de Gilvan

Pelo menos sete deputados, entre eles Gilvan Máximo (Republicanos-DF), estão sob tensão desde a noite de ontem, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para redistribuição das sobras eleitorais. E devem continuar assim por um bom tempo, porque o caso agora sai do plenário virtual e vai para o plenário, onde cada ministro terá que votar novamente. Além de Gilvan, estão nesse imbróglio Doutor Pupio (MDB-AP), Lázaro Botelho (PP-TO), Lebrão (União-TO), Professora Goreth (PDT-AP), Sílvia Waiãpi (PL-AP) e Sonise
Barbosa (PL-AP).

E a alegria de Rodrigo?

No Distrito Federal, quem também está na expectativa é o ex-governador e ex-deputado Rodrigo Rollemberg, do PSB. Ele ganhará um mandato se Gilvan tiver a eleição anulada.

Network

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez questão de comparecer às festas de São João na Paraíba e vai também a Pernambuco. Lira tem feito questão de manter seu grupo unido e num bom astral. Afinal, se todos estiverem prestigiados, aumentam as chances de Lira continuar no comando da própria sucessão.

Amor, Justiça e… / Com tantas autoridades presentes, os bastidores do casamento do advogado criminalista Michel Saliba com a chefe de Gabinete da Secretaria Executiva do Ministério da Justiça, Angelita Rosa, transformou-se num debate, na última quinta-feira (foto). Lá estavam o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, com a mulher Yara; o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira; e o ex-ministro José Dirceu.

… política/ Ganhou destaque o fato de tanto o Parlamento quanto o Judiciário estarem se dedicando a assuntos já legislados, vide a discussão sobre o aborto e saidinhas de presos. O momento tem que ser aproveitado no sentido de sedimentar o ambiente democrático e acertar o passo na economia.

O Ethan Hunt da Esplanada/ O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é visto entre os colegas como aquele que tem hoje uma missão impossível, bem ao estilo do personagem vivido por Tom Cruise nas telas de cinema: escolher uma saída que agrade a todos e ainda represente a própria sobrevivência. Haddad precisa agradar a Lula, ao mercado e ao Parlamento.

Colaborou Rosana Hessel*

 

Taxação das compras internacionais: salvem os acordos e o discurso

Publicado em Política

Por Denise Rothenburg — Ao voltar atrás e apoiar a taxação das compras de até US$ 50 em sites estrangeiros, o governo tenta recuperar o sentimento de “parceria” com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e a capacidade de negociação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Há quem diga que se o Poder Executivo tivesse deixado esse tema de lado, atendendo ao pedido da primeira-dama Janja, o governo perderia espaço de negociação na Câmara e o discurso de que precisa de recursos. Em nome do diálogo, dos acordos e do discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionará o texto que sair do Congresso. Pelo menos, é isso que se diz no Palácio do Planalto.

E por falar em recursos, a ideia colocada no CB.Forum desta semana, de taxar armas e apostas esportivas na internet dentro do imposto seletivo, foi anotada por parlamentares que acompanharam o evento. Virá alguma emenda nesse sentido.

Vai fazer água

O setor produtivo reagiu mal à Medida Provisória (MP) 1.127, que pretendia compensar a desoneração da folha de pagamentos, mas terminou por mexer no planejamento das empresas relacionado à utilização de crédito presumido de PIS-Cofins para abater débitos de outros impostos. Além dos 17 setores atendidos com a desoneração da folha, outros vão entrar na pressão contra a MP.

Preocupação geral

O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) é um dos que se soma ao rol de preocupados com a alteração, com a bola rolando, das regras de crédito do PIS-Cofins. A essa altura do ano, todo o setor produtivo está colocando seu planejamento em prática e a MP trará insegurança jurídica e corre o risco de travar investimentos.

Por falar em MP…

A MP 1.127 é vista como o maior desafio de Lula no comando da articulação política do governo. O tema deve esquentar o mês de julho, em Brasília.

Agosto de lançamentos

A contar pelas conversas de Arthur Lira, durante a festa de aniversário do presidente da Frente Parlamentar do Agro, Pedro Lupion (PP-PR), o candidato de centro à Presidência da Casa será conhecido em agosto. Em meio à campanha eleitoral, porém, difícil manter esse calendário. A tendência é ficar para outubro.

Relação truncada/ O fato de Eduardo Leite (foto) trazer o rascunho de uma medida provisória foi lido no Planalto como a intenção do governador do Rio Grande do Sul de desenhar um discurso do tipo: “Eu sugeri, o governo federal é que não quis”.

Hora de acertar o passo/ Qualquer desconfiança será conversada hoje, no trajeto de Brasília à Base Aérea de Canoas, no avião presidencial.

Todos vão ao Papa/ Depois do encontro entre o Papa Francisco e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, no início de maio, agora é a vez do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, visitar hoje o Vaticano. A presidente do banco dos Brics, Dilma Rousseff, esteve com o sumo pontífice no fim de abril.

Cada um com um discurso/ Haddad deve abordar a taxação das grandes fortunas com Francisco. Já Alexandre Silveira conversou com o Papa sobre as políticas públicas de combate à pobreza e transição energética, em implantação no Brasil. Dilma, que havia sido a primeira chefe de Estado e de governo a receber o sumo pontífice, na Marcha da Juventude, no Rio de Janeiro, em 2013, tratou dos temas mais diversos — de combate à fome a estratégias para atenuar as mudanças climáticas.

 

Reforma tributária: dois pontos ainda geram desconfiança nos empresários

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DENISE ROTHENBURG — Empresários levantam dois pontos que prometem causar polêmica na discussão dos projetos de regulamentação da Reforma Tributária: o fundo de compensação dos benefícios fiscais do ICMS e os créditos tributários após implantação do novo modelo. As indústrias querem que tudo seja feito de forma célere e simples. Mas desconfiam que o texto, da forma como o governo mandou, ainda não dá essa garantia, especialmente no período de transição. As preocupações serão levadas, esta semana, às frentes parlamentares, que patrocinaram as propostas paralelas àquelas enviadas pelo Poder Executivo. São nelas que o empresariado aposta as fichas na hora de emplacar reivindicações.

Em tempo: quem produz e sustenta o PIB brasileiro não acredita que será possível resolver todas as dúvidas dos projetos antes das eleições. Apesar da vontade do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), o tempo é curto e não há consenso.

Agora é com Lula

Até aqui, o governo aprovou tudo o que era importante na área econômica. Porém, os próximos meses indicam uma pedreira pela frente. E se o Palácio do Planalto fracassar nas articulações, não vai adiantar colocar a culpa no ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Depois das conversas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o chefe do Executivo chamou o jogo para si.

Lira faz jogo quádruplo

As incertezas sobre as candidaturas para a Presidência da Câmara fizeram Lira buscar mais proximidade com todos os potenciais candidatos. Assim, além de manter ao seu lado o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), reforçou-se com Marcos Pereira (Republicanos-SP), Antonio Brito (PSD-BA) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL).

Novos fatores

O crescimento do PSD e a manutenção do MDB com grande número de prefeituras, na última janela partidária, coloca Brito e Bulhões com mais força no jogo. Se mantiverem essa força nas prefeituras no pós-eleição, chegam fortes ao grid de largada para a Presidência da Câmara. É que, com as emendas impositivas, os prefeitos têm influência e parceria direta com os parlamentares.

PAC replay

Quando lançou o Novo PAC, no ano passado, o governo anunciou R$ 15,3 bilhões de investimentos em prevenção a desastres naturais para retomada e conclusão de obras paralisadas. Do total de recursos, R$ 10,9 bilhões seriam aplicados de 2023 a 2026 — outros R$ 4,4 bilhões ficaram para depois de 2026. Ali, apenas duas obras no Rio Grande do Sul, uma em Porto Alegre e outra em Rio Grande. Agora, o governo pretende lançar um novo PAC encostas. E nem terminou o primeiro.

CURTIDAS

Inteligência artificial… /Ao participar do debate sobre o tema no Forum de Integração Brasil Europa, em Madri, a senadora Tereza Cristina (PP-MS) alertou para o perigo à democracia que a tecnologia mal gerida representa: “Um dos desafios mais presentes que enfrentamos é a influência dos algoritmos — e hoje ouvimos falar muito aqui sobre isso e sobre fake news, principalmente nos processos eleitorais”, disse a senadora.

… e as “bolhas”/ Tereza foi incisiva: “Os algoritmos que impulsionam as plataformas das mídias sociais e os mecanismos de busca têm poder de moldar a percepção pública, influenciando o que vemos e consumimos on-line. Quando esses algoritmos são projetados para maximizar o engajamento a todo o custo, corremos o risco de cair em bolhas de filtro, onde somos expostos apenas a informações que confirmam preconceitos e visões de mundo, criando divisões profundas na sociedade”, alertou. Tudo isso, somado às fake news, representa uma grave ameaça à integridade do processo democrático. É preciso que o Congresso se debruce sobre a nova realidade.

A tragédia da política/ É lamentável ver deputados reclamando de A ou de B, nas redes sociais, e não se dedicarem a ideias que possam resolver os problemas provocados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Triste ver essa turma se atacando com uma frase aqui, outra ali; um vídeo gravado cá, outro lá, enquanto tantos brasileiros precisam de ajuda. Por essas e outras, estão cada vez mais distantes da realidade.

Exemplos/ O centroavante do Grêmio, Diego Costa, pegou o jet ski e arrumou outros três emprestados para o resgate de pessoas ilhadas no Rio Grande do Sul. Rochet, o goleiro do Internacional, serviu refeições aos desabrigados. Enquanto houver atitudes assim, há esperança na humanidade.

Líderes partidários ainda não chegaram a decisão sobre vetos de Lula

Publicado em Política

DENISE ROTHENBURG — Líderes partidários acertaram a derrubada do veto aos R$ 3,6 bilhões do Orçamento, mas ainda está longe de se conseguir um entendimento para os vetos das “saidinhas” de presos e o que fixa o calendário para liberação das emendas. O governo considera esses vetos inegociáveis, mas nem a avalanche de emendas liberadas nos últimos dias serviu para que as bancadas aceitassem mantê-los. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não tem mais argumentos para adiar essas votações. Afinal, a próxima semana será uma das poucas de muito movimento, antes das festas juninas e das campanhas.

Sintonia com o eleitor

A vontade do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em vincular parte das emendas para mitigar as consequências de desastres naturais não terá tanta dificuldade na Câmara. É que, diante das mudanças climáticas, a maioria dos estados brasileiros passou por catástrofes como a que assola, atualmente, o Rio Grande do Sul. Quem discordar, corre o risco de ser “cancelado” na base eleitoral

O pulo do gato

Há um outro “incentivo” para que deputados e senadores aceitem essa ideia: esses recursos emergenciais, geralmente, são liberados de forma automática, tipo “emendas Pix”.

Desgaste contido

Três horas antes de o governo anunciar o adiamento do concurso unificado, a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no sul pressionava, no sentido de se conectar com as pessoas: “Como que a gente não está sendo sensível o suficiente para entender que é um momento de calamidade? Isso fala muito do distanciamento de realidade que estamos tendo agora”, comentou a deputada Daiana Santos (PCdoB-RS), na reunião da bancada gaúcha.

Postura correta

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, preferiu manter distância das críticas do PSDB ao governo Lula sobre a demora do presidente a ir ao estado. O governador comentou com amigos que está ocupado demais para entrar em briga política nesse momento. Lula idem. Os presidentes dos partidos que duelem nas redes.

CURTIDAS

O périplo de Vagner/ Um dos féis escudeiros de Lula, o presidente do Sesi, Vagner Freitas, percorre os estados para conhecer os projetos das prefeituras que podem ser apoiados pela instituição. Dia desses, esteve com o prefeito do Recife, João Campos. Foi a primeira reunião para conhecer programas que possam convergir em parcerias junto aos trabalhadores da cidade.

Reza forte/ Depois da presidente do banco do BRICS, Dilma Rousseff, foi a vez de o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, visitar o Papa Francisco, junto com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, para tratar justamente de mudanças climáticas e transição energética.

Só tem um probleminha/ Agenda com o Papa, marcada com antecedência, não se recusa, mas com milhares de pessoas sem energia no Rio Grande do Sul, Silveira correu o risco de ouvir um “Vada a bordo, cazzo” — tal como o comandante Francesco Schettino ouviu, em 13 de janeiro de 2002, quando o Costa Concordia adernou no mar Mediterrâneo. O governo federal montou uma força-tarefa para atendimento às pessoas e uma das áreas prioritárias é energia.

Antenado/ O ministro, apesar de distante fisicamente, estava atento aos problemas que afetam o Rio Grande do Sul. Hoje, com a tecnologia, ninguém fica alheio. De lá, coordenou, por exemplo, as conversas para garantir o fornecimento de energia do Uruguai para o Rio Grande do Sul.

O que moveu Arthur Lira

Crédito: Kleber Sales
Publicado em Política

A ira do presidente da Câmara, Arthur Lira, em relação ao ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, passa pelo fato de o petista ter influência direta no Ministério da Saúde, que, inclusive, aprovou a indicação de Nísia Trindade para o cargo. O deputado ainda ouviu do ministro que Nísia não sairia do ministério. E, aos poucos, viu Padilha tomar espaço que era do PP naquela pasta. Agora, diante da guerra aberta por Lira ao criticar o ministro palaciano, Lula empoderou Padilha e Nísia. Se depender do presidente, ambos ficam no governo até quando desejarem.

Em tempo: Lula sabe que sua atitude terá um efeito colateral. E não será nos vetos do projeto das saidinhas de presos, que já estava no pacote de propostas que fatalmente seriam derrubadas pelo Legislativo. Os problemas virão nos projetos relacionados aos recursos públicos.

Vai sobrar para Haddad

Considerado um dos ministros mais pacientes do governo, Fernando Haddad pode se preparar para administrar essa crise entre Lira e Padilha. É que os temas escolhidos pelos aliados do deputado para impor derrotas ao governo virão da seara econômica.

Tributária em debate

Já está meio precificado entre os congressistas que a regulamentação da reforma tributária terá de ser feita sem aumento da carga de impostos.

Elmar que se cuide

Não são poucos os aliados de Lula que veem prejuízos para o líder do União Brasil, Elmar Nascimento, e sua pré-campanha para a Presidência da Câmara. Se ele, assim como Arthur Lira, brigar com ministros do governo, outros atores ganharão apoios no bloco governista.

Cálculos políticos

À primeira vista, quem sobe nessa bolsa de apostas é o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira, do Republicanos. Oriundo de um partido conservador, ele leva entre evangélicos e tem como atrair um grupo do PL de Jair Bolsonaro.

Sem X/ A Petrobras apresentou, ontem, sua nova campanha publicitária, com o tema “transição energética justa”. As peças estarão em todas as mídias, tevês, rádios, mídias digitais no Brasil e no exterior, exceto… no X, do bilionário Elon Musk, que desafiou a Justiça e as autoridades brasileiras.

Veja bem/ A empresa mostrará ao público todo o trabalho que vem desenvolvendo em plataformas 100% eletrificadas, energia eólica em alto-mar e produção de derivados sustentáveis. A ideia é mostrar como a Petrobras já atua na transição energética, de forma gradual e inclusiva.

A visão deles/ Do ângulo político, a nova campanha faz um contraponto aos críticos das pesquisas de petróleo na Margem Equatorial, assunto que colocou a área do meio ambiente e o setor de minas e energia em campos opostos dentro do governo.

Estreia/ Pela primeira vez, uma empresa pública vai desdobrar o slogan do governo federal: “Isso é bom pra todo mundo”. Alguns políticos disseram à coluna que isso é um sinal de que Jean Paul Prates (foto) continua alinhado com o governo.

“Transição energética justa”: Petrobras apresenta nova campanha publicitária

Prates - Crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil
Publicado em Política

Sem X/ A Petrobras apresentou, ontem, sua nova campanha publicitária, com o tema “transição energética justa”. As peças estarão em todas as mídias, tevês, rádios, mídias digitais no Brasil e no exterior, exceto… no X, do bilionário Elon Musk, que desafiou a Justiça e as autoridades brasileiras.

Veja bem/ A empresa mostrará ao público todo o trabalho que vem desenvolvendo em plataformas 100% eletrificadas, energia eólica em alto-mar e produção de derivados sustentáveis. A ideia é mostrar como a Petrobras já atua na transição energética, de forma gradual e inclusiva.

A visão deles/ Do ângulo político, a nova campanha faz um contraponto aos críticos das pesquisas de petróleo na Margem Equatorial, assunto que colocou a área do meio ambiente e o setor de minas e energia em campos opostos dentro do governo.

Estreia/ Pela primeira vez, uma empresa pública vai desdobrar o slogan do governo federal: “Isso é bom pra todo mundo”. Alguns políticos disseram à coluna que isso é um sinal de que Jean Paul Prates (foto) continua alinhado com o governo.

Democracia, uma conquista em risco

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Carlos Alexandre de Souza — Na próxima quinta-feira, o instituto sueco V-Dem, da Universidade de Gotemburgo, lança o relatório anual de 2024, batizado de Variedades da Democracia, nome por extenso do grupo. Trata-se de um dos indicadores mais respeitados sobre a qualidade dos regimes democráticos pelo mundo. No relatório anterior, o V-Dem já assinalava o recuo das democracias em 2022 e um aumento de países autocráticos — nada menos que 72% da população mundial estava sob governos que, em maior ou menor grau, violam princípios democráticos como eleições livres e liberdade de expressão.

As investigações em curso sobre a trama golpista urdida em 2022 mostram como o Brasil correu risco de mergulhar em um retrocesso. O levante antidemocrático culminou no 8 de janeiro, uma das páginas mais sombrias desde a redemocratização brasileira. Passados 14 meses do ato golpista, mais de 100 pessoas foram condenadas, outras dezenas estão na mira da Polícia Federal.

No último relatório do V-Dem, o Brasil ocupava a 58ª posição, de um total de 179 países avaliados. A eleição de Lula foi considerada um avanço. Mas, em 2023, ainda há desafios a corroer a democracia, como a polarização e a desigualdade de gênero.

Perdas à nação

Na sentença que condenou mais 15 réus do 8 de janeiro, na última sexta-feira, o ministro relator Alexandre de Moraes afirmou que o golpe desferido contra a democracia não causou apenas danos materiais; atingiu o sentimento de uma nação. “Os atos criminosos, golpistas e atentatórios das instituições republicanas desbordaram para depredação e vandalismo que ocasionaram prejuízos de ordem financeira que alcançam cifras nas dezenas de milhões, para além das perdas de viés social, político, histórico — alguns, inclusive, irreparáveis —, a serem suportados por toda a sociedade brasileira”, escreveu o integrante do STF na sexta-feira.

Companheiro Maduro

Ao se encontrar com o presidente Lula, Nicolás Maduro prometeu a realização de eleições no segundo semestre deste ano. Mas não mencionou uma palavra sobre os opositores, vítimas de perseguição e prisão — tampouco Lula. Eleições não garantem democracia se não houver disputa justa e transparente.

Ajuda ao crime

A fuga dos dois detentos da penitenciária de Mossoró na quarta-feira de cinzas está próxima de completar três semanas. Os indícios recolhidos até aqui reforçam a suspeita de que os bandidos receberam ajuda dentro e fora da unidade prisional.

Senado engajado

Igualdade de gênero e combate à violência contra a mulher serão alguns dos temas debatidos na semana que inicia no Senado. Nesta segunda-feira, será lançado o Plano de Equidade de Gênero e Raça do Senado para o biênio 2024-2025, com uma lista de ações voltadas para assegurar mais direitos a mulheres e negros. Na quarta-feira, a ministra das Mulheres, Aparecida Gonçalves, participa de uma audiência que debaterá o papel do legislativo no enfrentamento da
violência doméstica.

Dever de casa

O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney (foto), teceu loas ao governo Lula um dia após a divulgação do PIB de 2023. Para o dirigente, o aumento de 2,9% no Produto Interno Bruto mostrou que “fazer o dever de casa sempre traz resultados positivos”. Na avaliação de Sidney, “o Brasil foi capaz de reduzir as incertezas que permeavam o cenário pessimista do início do ano passado, a partir do avanço da pauta econômica e da estabilidade política”.

Aquele abraço

Não é comum o presidente de um partido ir à convenção de outro. Mas, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) fez questão de passar rapidamente na sede do União Brasil em Brasília para dar um abraço em Antonio Rueda, eleito novo presidente da sigla. A visita chamou a atenção dos integrantes da executiva recém-eleita. Ciro foi recebido com muitos aplausos.

Quem sabe?

O gesto vai além da antiga amizade de Ciro com Rueda. Pode ser visto como o início do diálogo para criar ua federação entre União Brasil e PP. Juntas, as duas siglas representariam a maior força no Congresso, com 109 deputados federais e 13 Senadores. Há dificuldades e divergências internas, mas é para criar consensos que serve a política.

Os desafios à frente após o Pibão de Lula

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Carlos Alexandre de Souza — O aumento de 2,9% no PIB em 2023, graças ao desempenho extraordinário do agro, reforçou a vocação do Brasil como uma potência global na produção de alimentos. Essa posição revela-se estratégica para a política comercial do país, particularmente em um contexto que inclui mudanças climáticas, negociações complexas entre o Mercosul e a União Europeia e conflitos localizados, com efeitos econômicos de maior ou menor alcance.

Como era de se esperar, o governo Lula comemorou o resultado da atividade econômica. Mas os índices registrados nos serviços e particularmente na indústria tornam ainda mais relevante a missão do ministro Fernando Haddad (Fazenda) e do presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Equilíbrio fiscal, melhores condições de investimento e reabilitação da indústria serão fatores críticos para o país obter um crescimento econômico de maior qualidade e menos dependente do agronegócio.

Madrilenhas

O presidente da Espanha, Pedro Sánchez, tem agenda em Brasília na próxima semana. Na quarta-feira, ele se encontrará com o colega Lula da Silva. É certo que os dois chefes de governo tratarão das negociações entre Mercosul e União Europeia, que se encontram em estágio delicado. O governo de Sánchez é favorável ao acordo, mas enfrenta protestos dos produtores rurais espanhóis.

No Parlamento

Ainda na quarta-feira, Sánchez se encontra com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Plantão médico

Em Manaus, o presidente em exercício Geraldo Alckmin retomou o ofício de médico. Ele acudiu um integrante da equipe da Empresa Brasil de Comunicação que passou mal durante evento sobre a Zona Franca de Manaus. Alckmin mediu a pulsação do paciente e, após fazer um sinal de “ok”, ajudou o homem a se levantar.

Comida e sangue

Em mais um protesto contra a ação militar de Israel em Gaza, a primeira-dama Janja da Silva comentou o drama dos civis palestinos. “A população não tem nem 1% da comida que precisa e, no meio da guerra, morre com tiros enquanto luta para não morrer de fome. A alimentação é um direito básico, assim como o direito à vida”, escreveu.

Reconhecimento

O decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes , foi às redes sociais para render homenagem ao servidor Jacob Barreto, que se aposentou após 32 anos dedicados ao STF. “Jacob exerceu cargos importantes na Secretaria de Controle Interno e encerrou sua trajetória como servidor em meu gabinete, tendo sempre prestado um trabalho diligente e irretocável. Registro meus sinceros agradecimentos e desejo que essa nova etapa seja repleta de alegria, saúde e vida”, escreveu o ministro.

Julgamento marcado

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, marcou para a próxima quarta-feira a continuidade do julgamento sobre a ação que trata da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal. Até agora, há cinco votos para afastar a criminalização, com a fixação de parâmetros para diferenciar usuários de possíveis traficantes.

Contra a reeleição

Os governadores Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul; Romeu Zema (Novo), de Minas; e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, demonstraram apoio à proposta discutida no Senado que prevê acabar com a reeleição para cargos de presidente, governador e prefeito e ampliar o mandato para cinco anos. Todos os três foram reeleitos em 2022. A medida é defendida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Plano Real, 30 anos

Há 30 anos, em 1º de março, o Brasil iniciava um ciclo virtuoso na economia. A adoção da Unidade Real de Valor (URV) foi o primeiro passo para a adoção do Plano Real, em julho de 1994. Graças ao empenho de homens públicos como Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, além de uma geração excepcional de economistas, o país se libertou da hiperinflação e encontrou a estabilidade monetária. Que esse episódio histórico inspire os rumos econômicos do país em 2024.