WhatsApp Image 2023-06-29 at 18.25.38 (1) Crédito: Su Maestri/Divulgação

Primeira edição do Wine Jazz Piri valoriza o vinho do cerrado

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O evento contou com a participação de cerca de 20 vinícolas do Distrito Federal e do Goiás

Pirenópolis – O mercado do vinho brasileiro vem sendo tomado por uma série de novidades. A que mais surpreende, no entanto, é o vinho do cerrado que no último fim de semana ganhou um evento para chamar de seu. Foi o Wine Jazz Piri, cujo slogan trouxe o convite “descubra o terroir do cerrado”, o que pode ser feito durante dois dias de degustação de rótulos exclusivos de Goiás e do Distrito Federal, realizada no Largo da Matriz de Pirenópolis.

Cerca de 20 vinícolas participaram da primeira edição do evento, organizado por Ricardo Trick (também responsável pelo PiriBier), com apoio da Secretaria de Turismo, propagadora da Rota dos Pirineus – Queijos e Vinhos de Goiás, que abrange três municípios: Pirenópolis, Cocalzinho e Corumbá.

Marcelo Sousa, autor do primeiro vinho de Goiás o Intrépido ao lado do Marcelo Copello, jornalista é especialista em vinhos do Rio de Janeiro. Crédito: Su Maestri/Divulgação

“É um evento que chegou para somar ao propósito de valorizar o terroir do cerrado, especialmente, a Rota dos Pireneus Queijos e Vinhos de Goiás”, define Vanessa Leal, secretária de Turismo de Pirenópolis. “A cidade que já possui inúmeros encantos, também quer se consolidar como destino de enoturismo e turismo gastronômico. A qualidade de nossos produtos e empreendimentos diz muito sobre o quão zelosos e cuidados são nossos produtores e empresários”, completa.

A vitivinicultura nessa região é tão recente que há pouco mais de 10 anos – em agosto de 2012 – eu registrava aqui, neste espaço, o nascimento pelas mãos do médico Marcelo de Sousa e Silva do Intrépido, um Syrah, e do Bandeiras, de uva Barbera, tidos como os primeiros vinhos de Goiás. “Fui tachado de louco, mas Goiás tem condições de sobra para produzir vinhos melhores que Chile, França e Argentina”, disse o médico goiano que não teme polêmicas.

Melhores rótulos

Vinhos da competição. Crédito: Su Maestri/Divulgação

Ele não quis inscrever seus rótulos premiados nacionalmente no concurso que avaliou às cegas os vinhos do cerrado e concedeu a nota máxima 91,50 pontos a três exemplares candangos: Seu Claudino, primeiro vinho brasiliense produzido pela Villa Triaca; Mana Syrah da Ercoara e Vernaculo da Oma Sena. Também receberam medalha de ouro mais quatro, o Syrah Dona Irani da Villa Triacca e o Sauvignon Blanc da Marchese, todas do Distrito Federal e ainda o vinho Cauré da São Patricio, de Rianápolis, e um tinto seco Premium da vinícola Serra das Galés, localizada no município de Paraúna.

No total, 27 vinhos foram avaliados por um júri de especialistas no qual tomaram parte o jornalista Marcelo Copello, do Rio de Janeiro, o enólogo gaúcho Marcos Vian, o presidente da ABS- Brasília Sergio Pires e a professora Rachel Nariyoshi, da confraria Amigas do Vinho, seção Brasília. Para Sérgio Pires, os rosés lhe pareceram “mais prontos porque alguns ainda são típicos das experimentações que as vinícolas iniciantes precisam fazer até dominarem o seu terroir”.

Conheça os vencedores

Almoço incrível

Nathalia Assunção da vinícola Assunção e chef Fernando Souza na vinícola Assunção. Crédito: Liana Sabo/CB/D.A Press

Lenda viva do empreendedorismo da região, o empresário maranhense Washington Luís Assunção quando transferiu o negócio para Goiânia e se deu muito bem no ramo de alumínio, comprou uma fazenda em 2013 com parreiras de uvas de mesa e passou a produzir suco de uva. Em 2020 começou a trabalhar com vinhos finos. Distante 18 quilômetros do centro de Piri, sendo sete de estrada de chão, a Vinícola Assunção se vale do clima seco, quente de dia e frio à noite, propício à produção da bebida, para produzir 36 mil litros/ano de vinho provenientes de cinco tintas: Sirah, Pinot Noir, Tempranillo, Grenache e Marselan e duas brancas Chenin Blanc e Viognier.

Foi uma grata surpresa encontrar na bela paisagem da serra dos Pirineus em meio aos vinhedos uma operação gastronômica de alto nível comandada pela herdeira Nathalia Assunção, que convocou o chef Fernando Souza (ex Loca como tu Madre, Empório Árabe e Villa Triacca) para executar o menu autoral, “que tem como base o DNA italiano em uma fusão com o melhor da culinária goiana”, explica o chef.

Ravióli de tomate com pesto de cebolinha e conduta de queijos goianos; e risoto com linguiça caipira, couve, tomate e gema de ovo. Crédito: Liana Sabo/CB/D.A Press

Picanha suína com farofa de pequi, vinagrete fermentado e quiabo com bacon (R$ 78); ravióli de tomate com queijo cremoso da região, salteado na manteiga de sálvia com pesto de cebolinha (R$ 82) e risoto com linguiça caipira, couve, tomate e gema de ovo (R$ 64), que tem o sugestivo nome Dois filhos de Francisco são alguns dos deliciosos pratos do restaurante Vem de Vinho, que funciona na vinícola aberta à visitação guiada com degustação e piquenique. Reservas (62) 98501-3677.

A colunista viajou a convite do Wine Jazz Piri