WhatsApp Image 2020-10-09 at 22.04.17 (2) Crédito: Su Maestri/Divulgação. Mezze, sequência de petiscos compartilhados, como homus (pasta de grão-de-bico), babaganuche (pasta de berinjela), quibe cru, coalhada seca e o pão com azeite

Conheça cozinha de tradição árabe com pratos que agradavam os sultões

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Esplendorosa cidade às margens do estreito do Bósforo, que divide o mundo entre a Europa e a Ásia e reúne a arte bizantina, ruínas romanas e obeliscos egípcios, além de já ter tido dois nomes antes — Bizâncio e Constantinopla — empresta agora o nome Istambul a uma nova operação gastronômica, fincada na esquina de cima da 215 Sul, Bloco A, justamente onde funcionou o Empório Árabe. É como se o endereço fosse cativo da boa cozinha que diversas etnias do Oriente Médio nos legaram.

O empresário Nader Nadi é o chef Edilson Oliveira. Crédito: Su Maestri/Divulgação

No caso, os palestinos, como Nader Nadi, o irmão Abdel Nadi e o primo Issan Karaja. Oriundos do comércio de roupas e móveis infantis (eles têm uma loja na Ceilândia, Gama e Asa Sul, fechada em janeiro), os três frequentavam o antigo restaurante, que tinha um camelo empalhado na porta, logo se interessaram pelo espaço quando souberam que Lidia Nasser iria levar a grife para o Sudoeste. Alugaram o imóvel, daí veio a pandemia que atrapalhou os planos, mas serviu para tocarem a reforma e “aprender um pouco sobre o negócio que a gente não conhecia”, acrescenta Nader.

“Nossa primeira ideia foi a de abrir um bar de narguilé”, informa o empresário, adepto do hábito, que segundo ele, “relaxa, descansa e libera o estresse”. Segundo dados do Ministério da Saúde, o narguilé é consumido por ao menos 212 mil brasileiros acima de 18 anos, aponta pesquisa do IBGE, que localizou a maioria dos adeptos (63%) na faixa entre 18 a 29 anos. Outros 37% estão entre 30 a 39 anos.

Espécie de cachimbo de água, o narguilé é usado em todo o Oriente para fumar tabaco e ervas aromatizantes e ocasionalmente maconha ou ópio. Na versão família, o hábito não foi herdado do pai, “que odiava fumo”. “A gente fumava narguilé quando ia passar férias na Palestina”, onde se encontra hoje o patriarca Nadi Abdel, de 83 completados em novembro. Ele e a mulher moram numa cidade a 10 quilômetros de Jerusalém.

Em 1959, Nadi Abdel era soldado muçulmano na Jordânia, quando ficou sabendo que no Brasil havia chance de trabalho numa cidade que estava sendo construída. Emigrou e se estabeleceu na Cidade Livre (hoje Núcleo Bandeirante) como mascate e percorria os canteiros de obras oferecendo artigos do Oriente.

Aprovação pelo doce

Para estrear aos 42 no setor de alimentação fora do lar, o filho de Abdel, Nader Nadi, foi buscar um chefe de cozinha experiente capaz de reproduzir os sabores típicos do mundo árabe com o uso de ingredientes, alguns nada convencionais, como açafrão, cardamomo, gergelim, noz-moscada e hortelã entre outros para perfumar a carne de cordeiro, os frutos secos (amêndoas, tâmara, damasco, figo) mel, limão, hortaliças (tomate, berinjela, pimentão, pepino, alho, cebola) e cereais (grão de bico, lentilha, arroz), além de coalhada.

Filho de mãe piauiense e pai do Rio Grande do Norte, o brasiliense Edilson Oliveira, de 41 anos, passou no teste. Ele próprio quem conta: “Os patrões chegaram a se emocionar quando provaram a qualidade da massa do pão sírio assado na pedra”, revela Edilson, que aos nove anos já começava a trabalhar na Ceilândia Sul … numa padaria. Outro elogio, o ex-menino padeiro recebeu pelo knafa, doce sírio feito com macarrão cabelinho de anjo, calda de água de rosas, queijo de cabra que ele adaptou para a muçarela de búfala e finalizado com pistache crocante. Tem no menu por R$ 22,90.

Knafa. Crédito: Su Maestri/Divulgação

Coelho ao vinho

O cardápio do Istambul Cozinha Bar Mediterrânea é bastante extenso e contém diversos itens. Para o chef-consultor da casa, porém, “é até enxuto porque um elemento liga a outro”, o que facilita apresentar os pratos sem muita demora. Seguindo a boa tradição, o ideal é começar pelo que os árabes denominam mezze, sequência de petiscos compartilhados, como homus (pasta de grão-de-bico), babaganuche (pasta de berinjela), quibe cru, coalhada seca e o pão com azeite. No principal, há risotos, filés, arroz de pato (R$ 69,90) e de rabada com agrião baby (R$ R$ 64,90), de polvo e até de coelho ao vinho (R$ 74,90). Destaque para o ragu de rabada com polenta cremoso por R$ 59,90.

No universo oceânico, também há muito boas opções, desde os peixes, como salmão ao molho de camarão e risoto de pera com gorgonzola e a pescada amarela ao molho de queijo com musseline de batata baroa e arroz com brócolis, ambos por R$ 74,90 cada, até o bacalhau à portuguesa e à espanhola (R$ 109,90) passando pelo delicioso camarão grelhado com risoto de queijo brie e castanha (R$ 79,90).

Peixe Mediterrâneo. Crédito: Su Maestri/Divulgação

A casa também tem massas (nhoque, ravióli, espaguete, fettuccine e tagliatelle), mas a aposta mais gourmetizada
fica por conta do cordeiro, abatido segundo sistema islâmico, cujo carré marinado no vinho tinto e assado vem com arroz de lentilha e cebola crocante por R$ 69,90. Um dos pratos mais pedidos é o popular arroz com lentilha, com porções a partir de R$ 8,90. Funciona de terça a sexta, das 17h à 1h; sábado, das 12h às 2h e domingo, das 12h às 17h. Reservas pelo telefone 3223-5892.