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A última conversa entre o presidente Lula e o ministro de Defesa, José Mucio Monteiro, terminou com a permanência do ex-deputado pernambucano no cargo. A seara militar ainda é considerada delicada. E, na avaliação de Lula e de quase toda a Esplanada, José Mucio dispõe do talento, da capacidade de ouvir e de construir os consensos que a função precisa. Por mais que alguns queiram fazer intrigas entre o ministro e os petistas, Mucio fica e não sai tão cedo.
Ao abrir a reunião ministerial, o presidente Lula deu as indicações de que estará voltado mais ao mercado interno do que à agenda internacional. O momento é de dar visibilidade ao governo, por isso , inclusive, a inclusão do novo ministro da Comunicação Social, Sidônio Palmeira, entre os primeiros a falar no encontro que ocorre neste momento na Granja do Torto. Ao que tudo indica e pelas conversas que este blog teve antes desta reunião, da mesma forma que Trump já deu todos os sinais de que terá uma relação pragmática como Brasil, Lula seguirá por esse caminho. Afinal, ambos têm outros problemas a resolver neste momento.
No caso de Lula, o que mais preocupa neste momento, como ele bem deixou claro em seu discurso, é a inflação de alimentos. Sem resolver esse problema, ele sabe que não tem 2026. Por isso, citou que o momento ;e de “reconstrução, união e comida barata na mesa do trabalhador”. Tudo estará voltado para este ponto, dentro do governo, em termos econômicos. E para isso, lembrou o presidente, é preciso estar atento ao que a população anseia nesses anos 2020., muito diferente dos 1980. Há uma parcela expressiva que não deseja mais a carteira de trabalho assinada numa fábrica e sim o empreendedorismo, Quanto à política, os ministros indicados pelos partidos foram chamados a conversar com suas respectivas legendas para saber “se querem continuar trabalhando conosco ou não. é uma grande tarefa”, afirmou o presidente.
Ficou muito claro ainda que a questão relacionada à portaria da Receita Federal, que causou muita polêmica neste mês de janeiro e terminou revogada, não pode se repetir. Por isso, tudo agora terá que passar pela Casa Civil. A centralização das decisões, conforme avaliaram técnicos, políticos e a turma da comunicação de Lula, é necessária para evitar maiores tropeços no futuro. Afinal, se houver uma confusão por mês, o governo passará 2025 na defensiva. E, conforme Lula afirmou, este é o ano “da grande colheita”, de terminar os projetos e entregar serviços ao povo brasileiro. Lula não disse, mas sabe que, se falhar, a oposição mais radical voltará ao poder. E ele quer “eleger um governo para continuar o processo democrático, privilegiando educação e não os algorítimos”. Quanto à agenda internacional, Lula está mais voltado à reunião dos BRICs, em julho, e à COP30, em Belém. Momentos de dar pitaco na geopolítica , mostrar o país aos estrangeiros e atrair investimentos. Vamos aguardar o final deste encontro na Granja do Torto, que, a contar pelo desejo de exposição dos ministros, vai longe.
O presidente Lula começou a sua reforma ministerial pela comunicação do governo e não foi à toa. A partir de agora, ele entrega nas mãos de Sidônio Palmeira, seu marqueteiro, a responsabilidade de mapear, em cada Ministério, o que tem de bom para mostrar. Sob a ótica da comunicação direta com o eleitor. O quase ex-ministro, Paulo Pimenta, por ser do PT, não tinha equidistância partidária para essa função. E esse mapeamento, avisam alguns, será fundamental para dar ao presidente a certeza do que está funcionando a contento sob os olhos do marketing, e o que precisa ser trocado antes mesmo daquela conversa com os partidos para bater o martelo sobre as mudanças em outras pastas.
Quanto ao deputado gaúcho, Paulo Pimenta, que sempre esteve ao lado de Lula, o momento agora é de tirar umas férias, até que o presidente consiga mover novas peças, a fim de encaixá-lo novamente na equipe. Pimenta não será abandonado, nem tampouco largado. Afinal, a preços de hoje, é o nome do partido para um cargo majoritário no Rio Grande do Sul, seja o governo estadual, seja uma das vagas ao Senado. E, em solo gaúcho, Lula precisará de alguém que promova o bom combate na hora de concorrer à reeleição. E não pode se dar ao luxo de dispensar ninguém, ainda mais num estado conservador. Vejamos os próximos passos.
Embora esteja deslocado para o Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Flávio Dino é citado nos bastidores do Parlamento como um nome potencial para 2026, caso Lula não consiga ser candidato. Fora do PT, mas na base de centro-esquerda que apoia o presidente da República, muitos dizem que, se os petistas quiserem vencer daqui a menos de dois anos, terão que apresentar alguém capaz de gerar expectativas positivas na população. E a forma como o ministro relator das ações relacionadas às emendas tenta dar uma basta na farra com o dinheiro público, exigindo e cobrando transparência na aplicação dos recursos, tem gerado simpatias.
Até aqui, o governo federal demonstrou uma certa impotência ao lidar com a questão das emendas. Para aprovar o pacote fiscal, precisou irrigar o roçado do Congresso com farta liberação de recursos durante as votações. Um ofício assinado por líderes fez o papel de comissões técnicas para chancelar os pedidos de verbas. Dino, com base em ações levadas ao STF pelos próprios congressistas, fechou a porta a esse toma-lá-dá-cá. Nem tudo foi retido, mas os R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão, conforme o leitor da coluna Brasília-DF já sabe, tendem ao cancelamento da despesa. A firmeza do relator, baseada nos princípios constitucionais de transparência na aplicação dos recursos públicos, é vista como o gesto político mais forte de 2024 rumo à posse de prefeitos eleitos este ano. E o conjunto de decisões de Dino, avaliam alguns, é o que vai separar gestores e parlamentares relacionados a malfeitos daqueles que utilizam as verbas das emendas de forma correta e transparente.
Obviamente, o PT tem outras opções que não o ministro do Supremo Tribunal Federal. Nem Dino se sente hoje tão à vontade para retornar à política. Muitos vêem o exemplo de Sérgio Moro, que deixou a magistratura para ingressar na política, chegou a se lançar candidato a presidente da República e hoje é senador pelo Paraná. Porém, a trajetória de Dino é diferente. Ele já estava na política e foi para o STF porque Lula o escolheu para ocupar a vaga. Se o destino lhe levar a uma candidatura ao Planalto não será um “marinheiro de primeira viagem” na política, como foi o caso de Moro. Discurso, avisam alguns, o ministro já tem. E, a 22 meses do pleito, já é muita coisa.
Inelegível e indiciado, Bolsonaro pressiona o PL para ser candidato a presidente em 2026
Coluna Brasília/DF, publicada em 24 de novembro de 2024, por Denise Rothenburg
O ex-presidente Jair Bolsonaro comentou com integrantes do PL que vai até o fim numa candidatura presidencial. Ainda que esteja inelegível e indiciado na tentativa de golpe de Estado, continuará percorrendo o país em eventos partidários, independentemente dos inquéritos a que responde. Se for preso, pretende fazer tal e qual Lula, em 2018: lançar um nome que possa representá-lo nessa empreitada. A ideia é manter ocupada a cadeira de pré-candidato do PL e seu eleitorado unido. Assim, se for o caso, na última hora, poderá sacar o nome de Eduardo Bolsonaro para concorrer ao Planalto. O filho 03, pré-candidato ao Senado por São Paulo, é o que tem menos arestas para essa disputa e faz política no maior colégio eleitoral do país. É também o que tem mais ligações com o futuro governo de Donald Trump, nos Estados Unidos.
Gratidão & lealdade
Com o ex-presidente insistindo em ser candidato, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), volta-se ao projeto da reeleição. Enquanto Bolsonaro não abrir mão dessa candidatura, nem ele e nem outros potenciais concorrentes citados como opções do bolsonarismo arriscam carreira-solo. Está nesse rol a senadora Tereza Cristina (PP-MT). Da mesma forma que Lula tentou sufocar nomes da esquerda em 2022 e juntou todos sob o seu comando, Bolsonaro se manterá candidato para tentar fazer o mesmo com os candidatos que podem surgir no seu campo e tirar um filho do coldre. Esses são os planos A e B e já estão em curso.
Gato escaldado…
Muitos esquerdistas reclamaram da atitude do procurador-geral da República, Paulo Gonet, de deixar a apresentação da denúncia contra Bolsonaro para o ano que vem. Em conversas reservadas, quem o conhece garante que a ideia é evitar o que houve com a Operação Lava-Jato. Muitos acusados e condenados em outras instâncias se livraram por falhas processuais. Não dá para repetir isso.
Diferenças
Os advogados dos réus da Operação Contragolpe têm mais problemas do que os da Lava-Jato. Isso porque, lá atrás, os processos começaram na primeira instância e seguiram até o Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, está tudo na Corte. Ou seja, menos chances de recursos.
A guerra será o Senado
Embora o eleitor esteja mais preocupado com o Natal, os políticos estão com a atenção voltada ao período eleitoral de 2026. Tudo o que for feito daqui para frente, estará diretamente relacionado à preparação de terreno, em especial, na disputa para duas vagas ao Senado. Os bolsonaristas já mapearam os potenciais candidatos para tentar garantir maioria e, assim, cavar um impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Em alguns estados, Bolsonaro pretende exigir indicação para as duas vagas.
O cálculo deles
Os bolsonaristas não estão sozinhos nessa conta. Em encontros políticos, ministros do STF também discutem esse tema. Lula e governadores aliados, idem. Na política, existe a certeza de que, se o bolsonarismo eleger 27 senadores (um por estado e o DF), terá condições de juntar votos contra o Supremo. Por isso, a ideia de Lula é que seu partido apoie nomes de outras legendas que estejam fortes, de forma a evitar uma avalanche de senadores que podem flertar com processos de impeachment. O problema é que o PT ainda não se convenceu. E pretende concorrer em todos os estados.
Por falar em Lula…
Não é apenas a insistência de Bolsonaro em ser candidato que tira o governador de São Paulo da eleição presidencial. Se Lula estiver forte em 2026, Tarcísio de Freitas se preservará para a temporada seguinte, calculam seus aliados, sem Lula e sem Bolsonaro.
Juros na roda
Nos bastidores da festa de 60 anos do Sinduscon, um dos assuntos mais comentados foi a necessidade de baixar os juros. Mas, a avaliação geral é a de que não dá para baixar sem segurança técnica. O setor da construção civil prefere um pouso suave quando for seguro, do que baixar demais e, depois, ter que subir além do que seria necessário.
Bia e Nikolas
O bolsonarismo considera seriamente lançar a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) ao Senado, em vez de apoiar o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Isso porque o governador, até aqui, não entrou na defesa do ex-presidente. E Bia está rouca de tanto dizer que Jair Bolsonaro é vítima de Alexandre de Moraes. Em Minas Gerais, Nikolas Ferreira é considerado o nome mais forte.
2025 de embates
O PT deflagrou uma campanha virtual pelo arquivamento do projeto de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro. Ainda não recorreu a manifestações de rua. Vai, primeiro, medir o apoio na população conectada. Como o leitor da coluna já sabe, parte do governo não quer saber de convocar manifestações para não atiçar seus opositores e garantir tranquilidade para o processo judicial.
O Novo cresce
Com as eleições deste ano, o partido Novo teve um aumento de 1600% em número de mandatários. Para auxiliar esses prefeitos e vereadores eleitos, o Diretório Nacional fará um “Encontro de lideranças Novo 2024”, para treinamento em gestão e legislação. “Alcançamos um outro patamar. Até hoje, o Novo era um partido de alguns poucos mandatários, agora são quase 300. Esse encontro é essencial para que todos possam se conhecer, trocar experiências e cultivar a nossa cultura institucional”, comenta o presidente da legenda, Eduardo Ribeiro.
Terminado o segundo turno e passado o aniversário de 79 anos do presidente Lula, a esquerda terá que repensar seu jogo se quiser chegar ao Planalto em 2026. O bolsonarismo, porém, também terá que se refazer. Isso porque o centro já percebeu que, se jogar direitinho, pode dispensar os extremos. Neste segundo turno, Fortaleza salvou a imagem do PT, com a vitória de Evandro Leitão. Da mesma forma, Cuiabá (MT) e Aracaju (SE) limparam a barra do bolsonarismo. Porém, em vários locais onde Lula e Bolsonaro jogaram todas as suas fichas, eles perderam. Em São Paulo, por exemplo, Lula faz campanha para Guilherme Boulos (PSol) desde antes das eleições. Não deu. Em Fortaleza, Goiânia, Imperatriz (MA), os candidatos que receberam o apoio de Jair Bolsonaro terminaram derrotados.
Os partidos de centro que vão se enfrentar pela disputa da Presidência da Câmara saem desta eleição municipal fortalecidos e com a certeza de que, se jogarem juntos em 2026, com um candidato capaz de puxar votos, é possível ficar longe, seja de Jair Bolsonaro, seja de Lula. No fundo, esses partidos sempre foram aliados do PT e do bolsonarismo por uma questão de sobrevivência e não de afinidade ideológica. Agora, restará ao PT e ao PL bolsonarista encontrar meios de dizer ao centro que eles ainda têm força para liderar o processo. O centro, entretanto, quer provas desse favoritismo de ambos em seus respectivos campos., afinal, outros personagens estão entrando em campo. E muitos chegaram para ficar.
Blog da Denise publicada em 25 de outubro de 2024, por Denise Rothenburg
Muitos aliados do presidente Lula recorrem ao velho ditado popular “há males que vêm pra bem”, ao se referir ao fato de o presidente ficar afastado dos palanques nesta reta final de segundo turno. Nas cidades em que o PT disputa o segundo turno ou tem um candidato apadrinhado por Lula, o risco de derrota é maior do que as chances de vitória apontadas nas pesquisas. E, em São Bernardo do Campo, berço do partido onde o presidente vota, o candidato petista não foi sequer ao segundo turno.
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Em tempo: No caso de Guilherme Boulos, Lula já fez live, carreata, ato de campanha, comício. Agora, na reta final, Boulos, porém, trabalha para atrair pelo menos parte daqueles que votaram em Pablo Marçal. E desfilar ao lado do presidente da República não ajudará a convencer esse público marçalista que Boulos está atento ao que eles desejam. Por isso, a avaliação de muitos é a de que o presidente pode descansar em paz e se preparar para o pós-eleitoral, que exigirá muita saúde e paciência do atual ocupante do Planalto.
Gleisi no ministério
O presidente Lula tem dito a amigos que, quando a deputada Gleisi Hoffmann (PR) deixar a presidência do PT, ela irá direto para o governo. Esses amigos garantem que Lula não deixará sem um lugar de destaque quem mais lutou ao lado dele nos tempos difíceis. O presidente tem dois cargos em vista e ainda não fechou qual: a Secretaria-Geral da Presidência, onde está Márcio Macedo; e o Desenvolvimento Social, ocupado por Wellington Dias.
“Zero Um” culpa a esquerda…
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o filho mais velho do ex-presidente Bolsonaro, culpou a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como “APDF das Favelas”, pela tragédia ocorrida no Complexo de Israel, no Rio. Em 2022, o plenário do Supremo Tribunal Federal respaldou uma decisão liminar do ministro Edson Fachin que determinava a elaboração de um plano para reduzir a letalidade das operações policiais no Rio.
…E leva a ação para o palanque
Flávio Bolsonaro também responsabiliza a esquerda pela violência na Avenida Brasil. “Nefastos efeitos da APDF 635, ajuizada no STF por partido de esquerda e relatada pelo Ministro Edson Fachin. O Rio se tornou um ‘bunker’ de todas as facções criminosas do Brasil e das FARC, pois as decisões do ministro praticamente inviabilizaram o trabalho dos nossos policiais, que estão mais preocupados com o juiz do que com os criminosos armados de fuzis”, declarou o senador.
Sem investir, não vai
Enquanto a política cuida das eleições municipais, a ministra em exercício de Portos e Aeroportos, Mariana Pescatori, alerta para a necessidade de se preparar os portos brasileiros para abastecimento com diversos tipos de combustíveis, do biodiesel ao hidrogênio verde. “Temos o desafio de preparar a infraestrutura para ampliação intensiva do uso de contêineres no Brasil decorrente do crescimento da economia. Cada vez mais, o setor precisará de investimentos adicionais”, afirmou, ao participar do 11 Encontro da Associação de Terminais Privados (ATP).
Antes tarde do que nunca
O setor produtivo comemorou a inclusão dos fundos de compensação de benefícios fiscais na sequência de audiências públicas detalhadas pelo plano de trabalho do senador Eduardo Braga (MDB/AM). As empresas estão preocupadas com o impacto que as medidas em discussão podem ter para a saúde financeira dos estados. O requerimento é do senador Laércio Oliveira (PP-SE).
A que ponto chegamos/ Em Fortaleza, a violência na política é explícita. Em vídeo, o vereador Inspetor Alberto (PL) ameaçou Evandro Leitão (PT). “Leitão f** da p**, tu vai pra churrasqueira, prepara teu caixão, vagabundo”, afirmou durante evento de André Fernandes (PL). Leitão registrou ocorrência a delegacia contra o vereador e estuda outras medidas possíveis.
Diploma falso…/ Na capital goiana, chamou atenção a confirmação da PUC de Goiás, de que o candidato do PL, Fred Rodrigues, não é bacharel em Direito. Nas redes sociais, o candidato se defendeu: “Nunca afirmei que era bacharel. Concluí e me formei em todas as matérias do curso. Não colei grau, pois não pretendia trabalhar na área”. E ainda ironizou: “Essa é a grande preocupação deles?”. No sistema do TSE, entretanto, consta que Fred tem superior completo. De acordo com o Código Eleitoral, isso é crime passível de até 5 anos de pena.
… e palanque vazio/ Depois do imbróglio, a cúpula do PL quer Bolsonaro fora dessa campanha goiana. Fred Rodrigues foi nomeado diretor de promoção de mídias sociais na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, em janeiro deste ano. O cargo exige curso superior completo. Ele alegou ter informado na ficha “estar cursando direito”.
Coluna publicada em 3 deoutubro de 2024, por Denise Rothenburg
Com a aprovação do governo oscilando para baixo, conforme registrou a última pesquisa Quaest, a avaliação de setores do PT é a de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá que refazer toda a estratégia de comunicação dos atos governamentais e dobrar o cuidado com os aliados. Se não houver uma recuperação rápida, a tendência é a turma zarpar em busca de outras alianças rumo a 2026.
O União Brasil, por exemplo, é aliado, tem ministros, mas concorre contra o PT e a esquerda em várias cidades. Além disso, já se sabe que o partido tem no governador de Goiás, Ronaldo Caiado, um pré-candidato ao Palácio do Planalto. Nesse sentido, ou o governo recupera popularidade a fim de mostrar-se mais competitivo do que os adversários, ou os ministros terminarão por deixar o governo.
Em tempo: os petistas sabem que, com uma pauta econômica pesada no Parlamento, não dá para prescindir de aliados nesse momento. Tudo será feito para que as questões eleitorais de 2026 fiquem restritas ao ano eleitoral, de forma a manter uma base capaz de sustentar os projetos governamentais.
E tem mais
As investigações sobre desvio de recursos de emendas ao Orçamento, por enquanto, está focada no Maranhão e em Sergipe. Se a lupa ampliar o alcance, vai atrapalhar os planos do governo de manter uma base no Parlamento e a eleição para a Presidência da Câmara entrará no imponderável.
O centro reina
A avaliação dos políticos é de que o centro da política sairá vitorioso da eleição, no próximo domingo. Significa que quem quiser ter sucesso em 2026, terá que lhe render homenagens daqui para frente.
Racha prejudica
A disputa pela Presidência da Câmara ameaça tirar do centro esse poder todo. Divididos e magoados, eles não conseguirão chegar a 2026 tão fortes quanto pretendiam, ainda que saiam das urnas com um maior número de prefeituras.
Lula em fúria/ O presidente ficou irado ao descobrir que a internet do avião presidencial não funcionava. Em meio a palavrões, comentava que qualquer avião “mequetrefe” tem internet e ali não funcionava. Não dá para um chefe de Estado ficar incomunicável por horas.
Tem motivos/ Aliados de Lula dizem que, desde o 8 de janeiro, quando estava fora de Brasília e quase sofreu um golpe de Estado, o presidente não fica sem comunicação com o Planalto — onde a avaliação é na linha do “orai e vigiai”.
Campanha não tem fim/ Com o término do horário eleitoral gratuito de rádio e tevê nos municípios, restará o pugilato na internet. Território preferido de Pablo Marçal, em São Paulo, e dos bolsonaristas que apoiam Alexandre Ramagem, no Rio de Janeiro. Marçal, por exemplo, promete partir para o tudo ou nada.
Fafá é patrimônio/ A cantora Fafá de Belém (foto), uma das joias do Pará, teve seu trabalho transformado em patrimônio cultural de natureza imaterial do estado. A lei foi sancionada, esta semana, pelo governador Hélder Barbalho (MDB). Viva Fafá!
Coluna publicada em 21 de setembro de 2024, por Luana Patriolino
Os recentes jantares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não são uma surpresa para os aliados. Em uma estratégia para estabelecer um estreito diálogo com o Judiciário, ele tem promovido diversos encontros com os magistrados, postura bem diferente dos primeiros mandatos do petista. À época, ele delegava a função a Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça entre 2003 e 2007, seu principal conselheiro para essas questões.
Outro lado
O gabinete do ministro Nunes Marques negou a informação, publicada nesta coluna, de que “tenha parado de colocar força” no apoio ao desembargador Carlos Brandão para o STJ. O magistrado disse que a escolha é do presidente da República e que não cabe a ele opinar sobre o tema, mas que, por ter trabalhado com Brandão no TRF-1, considera que o desembargador atua com seriedade e correção em suas funções.
Mansinho até quando?
Quem viu o debate transmitido pelo SBT e o portal Terra, com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, ontem, notou Pablo Marçal (PRTB) muito mais dócil do que costuma se mostrar em público. O motivo é que ele está preocupado com a imagem ruim entre os eleitores. Afinal, a pesquisa Datafolha mostrou que o influenciador tem a maior rejeição do eleitorado — com 47%. Esse percentual praticamente inviabiliza a vitória nas urnas.
Logo ele?
Na saída do encontro, o candidato do PRTB negou que esteja mudando a postura em razão da altíssima rejeição, mas se comparou — pasmem! — a Jesus Cristo. Segundo ele, a “rejeição faz parte de um processo” para ser amado. “Como se faz para ser muito amado sem ser muito rejeitado? Olha para Cristo: ele foi rejeitado por todo mundo e, hoje, é uma das figuras mais amadas do mundo. Ou seja: a rejeição faz parte do processo no qual as pessoas começam a te dar atenção”, disse.
Malandro demais…
…se atrapalha, diz o ditado popular. Marçal admitiu que a cena da ambulância, que correu suas redes sociais, pouco depois da cadeirada que levou no debate da TV Cultura, no domingo passado, foi armação. Muita gente notou estranhezas — como socorristas vestidos de preto, um deles com o boné da campanha do candidato (aquele que tem o M) e outro fazendo sinal a uma picape para ultrapassar a ambulância. Episódios assim apenas ajudam para a alta rejeição.
Estranho no ninho
Juízes do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) relatam incômodo com o fato de o desembargador Baltazar Miranda ocupar a presidência da Sociedade Amigos da Marinha de Salvador (Soamar), uma associação privada integrada por empresários e profissionais liberais interessados em negócios portuários e em processos judiciais.
O que diz a lei?
Segundo a Lei Orgânica da Magistratura, juízes e desembargadores são proibidos de “exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, e sem remuneração”. A Soamar não é associação de classe, mas, sim, uma espécie de clube que coloca em contato pessoas de setores diversos com interesses nas atividades ligadas à operação portuária na capital da Bahia.
Situação incômoda
A situação tem gerado críticas por parte de outros juízes e até por pessoas do meio naval, que se incomodam com o fato de a Marinha ter conhecimento da situação do desembargador. Em abril deste ano, por exemplo, o vice-almirante e comandante do 2º Distrito Naval, Antônio Carlos Cambra, participou e discursou na sessão feita pela Câmara de Vereadores de Salvador em homenagem aos 50 anos da Soamar.
Pouca coisa mudou
A lei de importunação sexual completou seis anos em setembro com um cenário cada vez mais crítico para as mulheres. Nesta semana, a comediante Tatá Mendonça, conhecida como Cega na Comédia, denunciou ter sido vítima do crime durante uma apresentação em São Paulo. No vídeo, publicado nas redes sociais, é possível observar que o homem está ao lado da mulher, que tem deficiência visual e, durante um discurso, começa a passar a mão no corpo dela.
Mas há esperança
A autora do projeto que deu origem à lei, deputada federal Renata Abreu (Podemos-SP, foto), acredita que o impacto desta lei vai muito além da punição atrás das grades. “As mulheres, hoje, têm confiança e coragem de denunciar seus molestadores, sabendo que serão ouvidas e que a Justiça está ao seu lado. E o melhor: a sociedade está reagindo com elas”, disse a parlamentar à coluna.
Galípolo mostra firmeza no BC e sinaliza independência do governo
Coluna Brasília/DF, publicada em 19 de setembro de 2024, por Denise Rothenburg
A decisão unânime da diretoria do Banco Central sobre o aumento da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual foi lida por parte dos apoiadores do governo como uma boa largada para Gabriel Galípolo como futuro presidente do Banco Central. Mostra, na opinião de alguns, que ele não entrará lá para fazer o jogo do governo e, sim, da proteção da economia contra as dúvidas sobre a capacidade do governo de manter suas contas em equilíbrio e a pressão inflacionária. Embora Lula não tenha gostado, o voto do futuro presidente do BC ajudará na sabatina do Senado, uma vez que indica uma postura de independência perante a vontade do presidente da República de ver o Banco Central baixar os juros.
Veja bem
O governo hoje não tem maioria firme no Senado para aprovar a indicação de Galípolo. Porém, ao se mostrar equilibrado, fica mais fácil conquistar votos conservadores, que aprovaram a independência do BC em relação ao governo. A sabatina está marcada para 8 de outubro. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, entretanto, deixou claro não ver motivos para isso. “Não temos inflação que justifique isso”, comentou em suas redes sociais.
PT dividido
A bancada do PT tem reunião marcada para outubro a fim de debater a disputa pela Presidência da Câmara. Até aqui, não há consenso sobre quem apoiar. A tendência é de que a primeira reunião sobre o tema seja apenas a largada da discussão.
Um peso pró-Brito/Elmar
A proposta de a bancada petista indicar o vice-presidente da Casa, feita pela dupla de líderes candidatos Antonio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União Brasil), está pesando nessa divisão do PT e a resistência em apoiar o líder do Republicanos, Hugo Motta.
Depois da segurança…
Escaldado pela crise na segurança pública, que terminou por jogar no colo do governo federal as mazelas do país provocadas pelo crime organizado, o presidente Lula sai da foto que irá discutir as queimadas para se preservar das chamas. Afinal, no grupo de convidados estão vários adversários do governo, inclusive o futuro candidato a presidente da República em 2026, Ronaldo Caiado.
…é se proteger das queimadas
Lula não quer ficar exposto a ouvir cobranças diretas do futuro adversário. Principalmente, diante da ideia de transmissão da reunião de hoje pelos canais do Planalto. Caiado, por exemplo, tem sido um ferrenho adversário de Lula, mas a maioria reclama da falta de apoio federal para o combate aos incêndios. Não houve prevenção.
Preservem a Justiça…
A presidente da seção de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil, Patrícia Vanzolini, e o presidente da Comissão de Advocacia Trabalhista, Gustavo Granadeiro, passaram por Brasília esta semana num movimento em defesa da Justiça do Trabalho. Eles entregaram vários documentos ao ministro Flávio Dino.
… do Trabalho
O périplo de Patrícia e Gustavo é no sentido de sensibilizar os ministros do Supremo Tribunal Federal sobre a importância de preservação da competência da Justiça do Trabalho para aferir a natureza jurídica das relações trabalhistas e alertar sobre os prejuízos fiscais causados pela pejotização. Os ministros Luiz Fux, Edson Fachin, Cristiano Zanin e André Mendonça já receberam o mesmo pacote de informações sobre a Justiça Trabalhista.
Uma pausa
Com o Congresso em recesso eleitoral, vou ali recarregar as baterias e volto para acompanhar de perto a eleição. Até lá, a coluna ficará a cargo do nosso editor Carlos Alexandre de Souza.