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Terminado o segundo turno e passado o aniversário de 79 anos do presidente Lula, a esquerda terá que repensar seu jogo se quiser chegar ao Planalto em 2026. O bolsonarismo, porém, também terá que se refazer. Isso porque o centro já percebeu que, se jogar direitinho, pode dispensar os extremos. Neste segundo turno, Fortaleza salvou a imagem do PT, com a vitória de Evandro Leitão. Da mesma forma, Cuiabá (MT) e Aracaju (SE) limparam a barra do bolsonarismo. Porém, em vários locais onde Lula e Bolsonaro jogaram todas as suas fichas, eles perderam. Em São Paulo, por exemplo, Lula faz campanha para Guilherme Boulos (PSol) desde antes das eleições. Não deu. Em Fortaleza, Goiânia, Imperatriz (MA), os candidatos que receberam o apoio de Jair Bolsonaro terminaram derrotados.
Os partidos de centro que vão se enfrentar pela disputa da Presidência da Câmara saem desta eleição municipal fortalecidos e com a certeza de que, se jogarem juntos em 2026, com um candidato capaz de puxar votos, é possível ficar longe, seja de Jair Bolsonaro, seja de Lula. No fundo, esses partidos sempre foram aliados do PT e do bolsonarismo por uma questão de sobrevivência e não de afinidade ideológica. Agora, restará ao PT e ao PL bolsonarista encontrar meios de dizer ao centro que eles ainda têm força para liderar o processo. O centro, entretanto, quer provas desse favoritismo de ambos em seus respectivos campos., afinal, outros personagens estão entrando em campo. E muitos chegaram para ficar.
Blog da Denise publicada em 25 de outubro de 2024, por Denise Rothenburg
Muitos aliados do presidente Lula recorrem ao velho ditado popular “há males que vêm pra bem”, ao se referir ao fato de o presidente ficar afastado dos palanques nesta reta final de segundo turno. Nas cidades em que o PT disputa o segundo turno ou tem um candidato apadrinhado por Lula, o risco de derrota é maior do que as chances de vitória apontadas nas pesquisas. E, em São Bernardo do Campo, berço do partido onde o presidente vota, o candidato petista não foi sequer ao segundo turno.
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Em tempo: No caso de Guilherme Boulos, Lula já fez live, carreata, ato de campanha, comício. Agora, na reta final, Boulos, porém, trabalha para atrair pelo menos parte daqueles que votaram em Pablo Marçal. E desfilar ao lado do presidente da República não ajudará a convencer esse público marçalista que Boulos está atento ao que eles desejam. Por isso, a avaliação de muitos é a de que o presidente pode descansar em paz e se preparar para o pós-eleitoral, que exigirá muita saúde e paciência do atual ocupante do Planalto.
Gleisi no ministério
O presidente Lula tem dito a amigos que, quando a deputada Gleisi Hoffmann (PR) deixar a presidência do PT, ela irá direto para o governo. Esses amigos garantem que Lula não deixará sem um lugar de destaque quem mais lutou ao lado dele nos tempos difíceis. O presidente tem dois cargos em vista e ainda não fechou qual: a Secretaria-Geral da Presidência, onde está Márcio Macedo; e o Desenvolvimento Social, ocupado por Wellington Dias.
“Zero Um” culpa a esquerda…
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o filho mais velho do ex-presidente Bolsonaro, culpou a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como “APDF das Favelas”, pela tragédia ocorrida no Complexo de Israel, no Rio. Em 2022, o plenário do Supremo Tribunal Federal respaldou uma decisão liminar do ministro Edson Fachin que determinava a elaboração de um plano para reduzir a letalidade das operações policiais no Rio.
…E leva a ação para o palanque
Flávio Bolsonaro também responsabiliza a esquerda pela violência na Avenida Brasil. “Nefastos efeitos da APDF 635, ajuizada no STF por partido de esquerda e relatada pelo Ministro Edson Fachin. O Rio se tornou um ‘bunker’ de todas as facções criminosas do Brasil e das FARC, pois as decisões do ministro praticamente inviabilizaram o trabalho dos nossos policiais, que estão mais preocupados com o juiz do que com os criminosos armados de fuzis”, declarou o senador.
Sem investir, não vai
Enquanto a política cuida das eleições municipais, a ministra em exercício de Portos e Aeroportos, Mariana Pescatori, alerta para a necessidade de se preparar os portos brasileiros para abastecimento com diversos tipos de combustíveis, do biodiesel ao hidrogênio verde. “Temos o desafio de preparar a infraestrutura para ampliação intensiva do uso de contêineres no Brasil decorrente do crescimento da economia. Cada vez mais, o setor precisará de investimentos adicionais”, afirmou, ao participar do 11 Encontro da Associação de Terminais Privados (ATP).
Antes tarde do que nunca
O setor produtivo comemorou a inclusão dos fundos de compensação de benefícios fiscais na sequência de audiências públicas detalhadas pelo plano de trabalho do senador Eduardo Braga (MDB/AM). As empresas estão preocupadas com o impacto que as medidas em discussão podem ter para a saúde financeira dos estados. O requerimento é do senador Laércio Oliveira (PP-SE).
A que ponto chegamos/ Em Fortaleza, a violência na política é explícita. Em vídeo, o vereador Inspetor Alberto (PL) ameaçou Evandro Leitão (PT). “Leitão f** da p**, tu vai pra churrasqueira, prepara teu caixão, vagabundo”, afirmou durante evento de André Fernandes (PL). Leitão registrou ocorrência a delegacia contra o vereador e estuda outras medidas possíveis.
Diploma falso…/ Na capital goiana, chamou atenção a confirmação da PUC de Goiás, de que o candidato do PL, Fred Rodrigues, não é bacharel em Direito. Nas redes sociais, o candidato se defendeu: “Nunca afirmei que era bacharel. Concluí e me formei em todas as matérias do curso. Não colei grau, pois não pretendia trabalhar na área”. E ainda ironizou: “Essa é a grande preocupação deles?”. No sistema do TSE, entretanto, consta que Fred tem superior completo. De acordo com o Código Eleitoral, isso é crime passível de até 5 anos de pena.
… e palanque vazio/ Depois do imbróglio, a cúpula do PL quer Bolsonaro fora dessa campanha goiana. Fred Rodrigues foi nomeado diretor de promoção de mídias sociais na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, em janeiro deste ano. O cargo exige curso superior completo. Ele alegou ter informado na ficha “estar cursando direito”.
Coluna publicada em 3 deoutubro de 2024, por Denise Rothenburg
Com a aprovação do governo oscilando para baixo, conforme registrou a última pesquisa Quaest, a avaliação de setores do PT é a de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá que refazer toda a estratégia de comunicação dos atos governamentais e dobrar o cuidado com os aliados. Se não houver uma recuperação rápida, a tendência é a turma zarpar em busca de outras alianças rumo a 2026.
O União Brasil, por exemplo, é aliado, tem ministros, mas concorre contra o PT e a esquerda em várias cidades. Além disso, já se sabe que o partido tem no governador de Goiás, Ronaldo Caiado, um pré-candidato ao Palácio do Planalto. Nesse sentido, ou o governo recupera popularidade a fim de mostrar-se mais competitivo do que os adversários, ou os ministros terminarão por deixar o governo.
Em tempo: os petistas sabem que, com uma pauta econômica pesada no Parlamento, não dá para prescindir de aliados nesse momento. Tudo será feito para que as questões eleitorais de 2026 fiquem restritas ao ano eleitoral, de forma a manter uma base capaz de sustentar os projetos governamentais.
E tem mais
As investigações sobre desvio de recursos de emendas ao Orçamento, por enquanto, está focada no Maranhão e em Sergipe. Se a lupa ampliar o alcance, vai atrapalhar os planos do governo de manter uma base no Parlamento e a eleição para a Presidência da Câmara entrará no imponderável.
O centro reina
A avaliação dos políticos é de que o centro da política sairá vitorioso da eleição, no próximo domingo. Significa que quem quiser ter sucesso em 2026, terá que lhe render homenagens daqui para frente.
Racha prejudica
A disputa pela Presidência da Câmara ameaça tirar do centro esse poder todo. Divididos e magoados, eles não conseguirão chegar a 2026 tão fortes quanto pretendiam, ainda que saiam das urnas com um maior número de prefeituras.
Lula em fúria/ O presidente ficou irado ao descobrir que a internet do avião presidencial não funcionava. Em meio a palavrões, comentava que qualquer avião “mequetrefe” tem internet e ali não funcionava. Não dá para um chefe de Estado ficar incomunicável por horas.
Tem motivos/ Aliados de Lula dizem que, desde o 8 de janeiro, quando estava fora de Brasília e quase sofreu um golpe de Estado, o presidente não fica sem comunicação com o Planalto — onde a avaliação é na linha do “orai e vigiai”.
Campanha não tem fim/ Com o término do horário eleitoral gratuito de rádio e tevê nos municípios, restará o pugilato na internet. Território preferido de Pablo Marçal, em São Paulo, e dos bolsonaristas que apoiam Alexandre Ramagem, no Rio de Janeiro. Marçal, por exemplo, promete partir para o tudo ou nada.
Fafá é patrimônio/ A cantora Fafá de Belém (foto), uma das joias do Pará, teve seu trabalho transformado em patrimônio cultural de natureza imaterial do estado. A lei foi sancionada, esta semana, pelo governador Hélder Barbalho (MDB). Viva Fafá!
Coluna publicada em 21 de setembro de 2024, por Luana Patriolino
Os recentes jantares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não são uma surpresa para os aliados. Em uma estratégia para estabelecer um estreito diálogo com o Judiciário, ele tem promovido diversos encontros com os magistrados, postura bem diferente dos primeiros mandatos do petista. À época, ele delegava a função a Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça entre 2003 e 2007, seu principal conselheiro para essas questões.
Outro lado
O gabinete do ministro Nunes Marques negou a informação, publicada nesta coluna, de que “tenha parado de colocar força” no apoio ao desembargador Carlos Brandão para o STJ. O magistrado disse que a escolha é do presidente da República e que não cabe a ele opinar sobre o tema, mas que, por ter trabalhado com Brandão no TRF-1, considera que o desembargador atua com seriedade e correção em suas funções.
Mansinho até quando?
Quem viu o debate transmitido pelo SBT e o portal Terra, com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, ontem, notou Pablo Marçal (PRTB) muito mais dócil do que costuma se mostrar em público. O motivo é que ele está preocupado com a imagem ruim entre os eleitores. Afinal, a pesquisa Datafolha mostrou que o influenciador tem a maior rejeição do eleitorado — com 47%. Esse percentual praticamente inviabiliza a vitória nas urnas.
Logo ele?
Na saída do encontro, o candidato do PRTB negou que esteja mudando a postura em razão da altíssima rejeição, mas se comparou — pasmem! — a Jesus Cristo. Segundo ele, a “rejeição faz parte de um processo” para ser amado. “Como se faz para ser muito amado sem ser muito rejeitado? Olha para Cristo: ele foi rejeitado por todo mundo e, hoje, é uma das figuras mais amadas do mundo. Ou seja: a rejeição faz parte do processo no qual as pessoas começam a te dar atenção”, disse.
Malandro demais…
…se atrapalha, diz o ditado popular. Marçal admitiu que a cena da ambulância, que correu suas redes sociais, pouco depois da cadeirada que levou no debate da TV Cultura, no domingo passado, foi armação. Muita gente notou estranhezas — como socorristas vestidos de preto, um deles com o boné da campanha do candidato (aquele que tem o M) e outro fazendo sinal a uma picape para ultrapassar a ambulância. Episódios assim apenas ajudam para a alta rejeição.
Estranho no ninho
Juízes do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) relatam incômodo com o fato de o desembargador Baltazar Miranda ocupar a presidência da Sociedade Amigos da Marinha de Salvador (Soamar), uma associação privada integrada por empresários e profissionais liberais interessados em negócios portuários e em processos judiciais.
O que diz a lei?
Segundo a Lei Orgânica da Magistratura, juízes e desembargadores são proibidos de “exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, e sem remuneração”. A Soamar não é associação de classe, mas, sim, uma espécie de clube que coloca em contato pessoas de setores diversos com interesses nas atividades ligadas à operação portuária na capital da Bahia.
Situação incômoda
A situação tem gerado críticas por parte de outros juízes e até por pessoas do meio naval, que se incomodam com o fato de a Marinha ter conhecimento da situação do desembargador. Em abril deste ano, por exemplo, o vice-almirante e comandante do 2º Distrito Naval, Antônio Carlos Cambra, participou e discursou na sessão feita pela Câmara de Vereadores de Salvador em homenagem aos 50 anos da Soamar.
Pouca coisa mudou
A lei de importunação sexual completou seis anos em setembro com um cenário cada vez mais crítico para as mulheres. Nesta semana, a comediante Tatá Mendonça, conhecida como Cega na Comédia, denunciou ter sido vítima do crime durante uma apresentação em São Paulo. No vídeo, publicado nas redes sociais, é possível observar que o homem está ao lado da mulher, que tem deficiência visual e, durante um discurso, começa a passar a mão no corpo dela.
Mas há esperança
A autora do projeto que deu origem à lei, deputada federal Renata Abreu (Podemos-SP, foto), acredita que o impacto desta lei vai muito além da punição atrás das grades. “As mulheres, hoje, têm confiança e coragem de denunciar seus molestadores, sabendo que serão ouvidas e que a Justiça está ao seu lado. E o melhor: a sociedade está reagindo com elas”, disse a parlamentar à coluna.
Galípolo mostra firmeza no BC e sinaliza independência do governo
Coluna Brasília/DF, publicada em 19 de setembro de 2024, por Denise Rothenburg
A decisão unânime da diretoria do Banco Central sobre o aumento da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual foi lida por parte dos apoiadores do governo como uma boa largada para Gabriel Galípolo como futuro presidente do Banco Central. Mostra, na opinião de alguns, que ele não entrará lá para fazer o jogo do governo e, sim, da proteção da economia contra as dúvidas sobre a capacidade do governo de manter suas contas em equilíbrio e a pressão inflacionária. Embora Lula não tenha gostado, o voto do futuro presidente do BC ajudará na sabatina do Senado, uma vez que indica uma postura de independência perante a vontade do presidente da República de ver o Banco Central baixar os juros.
Veja bem
O governo hoje não tem maioria firme no Senado para aprovar a indicação de Galípolo. Porém, ao se mostrar equilibrado, fica mais fácil conquistar votos conservadores, que aprovaram a independência do BC em relação ao governo. A sabatina está marcada para 8 de outubro. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, entretanto, deixou claro não ver motivos para isso. “Não temos inflação que justifique isso”, comentou em suas redes sociais.
PT dividido
A bancada do PT tem reunião marcada para outubro a fim de debater a disputa pela Presidência da Câmara. Até aqui, não há consenso sobre quem apoiar. A tendência é de que a primeira reunião sobre o tema seja apenas a largada da discussão.
Um peso pró-Brito/Elmar
A proposta de a bancada petista indicar o vice-presidente da Casa, feita pela dupla de líderes candidatos Antonio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União Brasil), está pesando nessa divisão do PT e a resistência em apoiar o líder do Republicanos, Hugo Motta.
Depois da segurança…
Escaldado pela crise na segurança pública, que terminou por jogar no colo do governo federal as mazelas do país provocadas pelo crime organizado, o presidente Lula sai da foto que irá discutir as queimadas para se preservar das chamas. Afinal, no grupo de convidados estão vários adversários do governo, inclusive o futuro candidato a presidente da República em 2026, Ronaldo Caiado.
…é se proteger das queimadas
Lula não quer ficar exposto a ouvir cobranças diretas do futuro adversário. Principalmente, diante da ideia de transmissão da reunião de hoje pelos canais do Planalto. Caiado, por exemplo, tem sido um ferrenho adversário de Lula, mas a maioria reclama da falta de apoio federal para o combate aos incêndios. Não houve prevenção.
Preservem a Justiça…
A presidente da seção de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil, Patrícia Vanzolini, e o presidente da Comissão de Advocacia Trabalhista, Gustavo Granadeiro, passaram por Brasília esta semana num movimento em defesa da Justiça do Trabalho. Eles entregaram vários documentos ao ministro Flávio Dino.
… do Trabalho
O périplo de Patrícia e Gustavo é no sentido de sensibilizar os ministros do Supremo Tribunal Federal sobre a importância de preservação da competência da Justiça do Trabalho para aferir a natureza jurídica das relações trabalhistas e alertar sobre os prejuízos fiscais causados pela pejotização. Os ministros Luiz Fux, Edson Fachin, Cristiano Zanin e André Mendonça já receberam o mesmo pacote de informações sobre a Justiça Trabalhista.
Uma pausa
Com o Congresso em recesso eleitoral, vou ali recarregar as baterias e volto para acompanhar de perto a eleição. Até lá, a coluna ficará a cargo do nosso editor Carlos Alexandre de Souza.
Lula vai tratar preservação da Amazônia como prioridade absoluta na ONU
Coluna Brasília/DF, publicada em 18 de setembro de 2024, por Denise Rothenburg
A reunião dos Três Poderes para tratar das mudanças climáticas antecede a abertura da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, na semana que vem, quando o presidente Lula transformará este tema em prioridade absoluta em seu discurso, em apelos ao mundo para preservação da Amazônia. Porém, conforme diplomatas já ouviram de algumas autoridades estrangeiras, o fato de serem incêndios criminosos significa que, acima de tudo, o país terá que fazer o seu dever de casa antes de pedir aos países mais ricos do mundo que mandem recursos para auxiliar no combate aos incêndios.
Serviço não falta
Enquanto não der o exemplo, ampliando as penas para esses crimes ambientais e colocando esses bandidos na cadeia, vai ser difícil convencer o mundo de que o Brasil está tratando essa questão com atenção máxima. A reunião foi primeiro passo, mas agora é partir para a prática.
Muito além do clima
Lula tenta transformar o limão das queimadas em mais um movimento para mostrar a civilidade da relação entre os Poderes e a capacidade de resolução de conflitos entre as instituições com diálogo, em vez de atos políticos que pedem, por exemplo, o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Vem que dá
As falas das autoridades dos Três Poderes na reunião indicam que ninguém ficará contra retirar do arcabouço fiscal os recursos destinados à emergência climática. Porém, falta combinar com o mercado financeiro.
Plano A do PSB
De olho nos movimentos para 2026, o PSB de Geraldo Alckmin trata de marcar o território da vice de Lula, caso se confirme uma recandidatura do atual presidente. “A tendência é irmos com Lula. E não há razão para o Alckmin não ser vice. Leal, competente e trabalhador”, responde o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande.
E o MDB, hein?
No MDB, há planos de fazer do governador Helder Barbalho o companheiro de chapa de Lula. Mas, no governo, muitos dizem que a prioridade hoje é manter Geraldo Alckmin na chapa.
Se aconteceu lá…
Desde que Kamala Harris assumiu a vaga de candidata à Presidência dos Estados Unidos, tem muita gente na política com receio de que haja um “etarismo” para cima do presidente Lula, em 2026.
… melhor prevenir aqui
Lula, sempre que pode, lembra que tem mais energia do que muitos jovens por aí. Uma forma de, desde já, rebater esse preconceito com um senhor de 78 anos. Alckmin tem 71.
Por falar em Alckmin…
No evento da Apex, aquele em que o presidente cobrou que Fernando Haddad seja mais animado e emendou com “até o Alckmin está animado”, soou mais como uma crítica. Uma forma de animar o ministro é o PT e o governo lhe darem respaldo total ao controle do gasto. O grande teste virá depois das eleições municipais, quando o Congresso vai debater o Orçamento.
Eles não vão mudar
O que se viu no debate do UOL entre os candidatos a prefeito de São Paulo indica que não haverá mudanças de tratamento, especialmente, por parte do ex-coach Pablo Marçal. O país repleto de problemas a resolver e os candidatos a prefeito da maior cidade dedicando os debates a agressões é um sinal de que, dali, não sairão soluções para os problemas do cidadão que paga pelos serviços públicos.
Bolsonaristas pretendem politizar queimadas na disputa presidencial de 2026
Coluna Brasília/DF, publicada em 17 de setembro de 2024, por Denise Rothenburg,
Enquanto Pablo Marçal se dedica a replicar a imagem da “cadeirada” em suas redes e medir o humor do eleitorado depois da agressão do debate de domingo, os bolsonaristas preferem colecionar as imagens exibidas na TV aberta sobre as queimadas em todo o país. A ideia é catalogar tudo para usar lá na frente, em 2026. O objetivo é usar esse material para dizer que o PT reclamou tanto das queimadas nos tempos de Jair Bolsonaro, mas está vendo a floresta queimando tal e qual ocorreu no passado. No Distrito Federal, por exemplo, a situação nunca foi tão crítica.
Veja bem
O governo age para tentar marcar a diferença de tratamento nesse campo, sobrevoando as áreas atingidas, fazendo reuniões de emergência e mobilizando recursos. Lula fez várias reuniões sobre esse tema, levará o assunto ao discurso nas Nações Unidas semana que vem e pretende lançar um pacote de medidas.
Objeto do desejo
Com o PL mais próximo do líder do Republicanos, Hugo Motta, o PT está tentado a aceitar a proposta dos líderes do PSD, Antonio Brito, e Elmar Nascimento, e ocupar a vice-presidência da Câmara. Porém, nada será definido em meio à corrida eleitoral. O partido de Lula não vai precipitar nada.
Quem avisa…
O governo quer aprovar, pelo menos, a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025 ainda em outubro, tão logo seja conhecido o resultado do primeiro turno das eleições municipais. A avaliação de muitos políticos, porém, é a de que a turma do Planalto pode esperar sentada. A perspectiva é ficar para mais à frente um pouquinho.
… amigo é
Antes de qualquer deliberação sobre a lei que vai nortear a análise do Orçamento de 2025, será preciso que o governo aceite a reforma que os deputados e senadores planejam promover para continuar no comando das emendas. Essa, aliás, será a primeira briga da temporada pós-eleitoral.
Longe de Gilson
Com o prefeito de Recife, João Campos, apontado como vitorioso já no primeiro turno, o ex-presidente Jair Bolsonaro não pretende passar por lá nesta reta final da eleição. Vai priorizar onde as chances de vitória são mais palpáveis e, obviamente, no Rio de Janeiro, base eleitoral dos filhos Flávio e Carlos Bolsonaro.
Sumiram
Os candidatos Guilherme Boulos, do PSol, e Ricardo Nunes, do MDB, queriam aproveitar o debate de domingo para reforçar a polarização entre eles, mas, depois da “cadeirada”, ficaram em segundo plano. Agora, é tentar recuperar terreno no debate do UOL, hoje.
Exagerou, perdeu
O candidato Pablo Marçal valorizou tanto a cadeirada que levou de Luiz Datena (PSDB). Seus assessores falavam em “costela quebrada”, porém, o boletim médico menciona “traumatismo no tórax”, “sem complicações associadas”.
Por falar em cadeirada
Quando você pensa que o fundo chegou, os políticos cavam mais
um pouquinho. Agora, com as cadeiras parafusadas, vejamos o que eles vão inventar, se a temperatura continuar subindo nos debates paulistanos.
Enquanto a turma aposta na campanha municipal…
O Lide, do ex-governador João Doria, debate nesta quarta-feira, 18 de setembro, a conjuntura atual, o cenário global e o Brasil nesse contexto. À mesa de debates, na Casa Lide, em São Paulo, nomes como o de Ilan Goldfajn, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, e de dois ex-ministros da Fazenda, Henrique Meirelles e Joaquim Levy.
Blog da Denise publicado em 7 de setembro de 2024, por Denise Rothenburg
O fato de a área de direitos humanos e respeito, de um modo geral, serem temas caros e inegociáveis no governo Lula, leva a bancada feminina a pressionar para que o Poder Executivo não coloque as investigações em banho-maria ou sob os tapetes luxuosos do Palácio do Planalto. A avaliação por lá é de que ninguém vai sossegar enquanto não houver uma apuração rigorosa sobre o caso que envolve o ex-ministro Silvio Almeida.
Em tempo: a investigação contará com o apoio total do grupo Prerrogativas, que passou o dia em polvorosa com comentários sobre esse assunto. O fato de a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, ter confirmado as denúncias de assédio sexual, fez com que o Prerrô entrasse em campo em favor dela. O grupo de advogados progressistas tem a participação de Anielle e da fundadora do MeToo Brasil, Marina Ganzarolli. O Prerrô, aliás, foi informado em tempo real sobre as decisões palacianas.
Mensagem de Lula
Os partidos entenderam como um “recuo” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao favoritismo do líder do Republicanos, Hugo Motta
(PB), quando disse, em entrevista, que “presidente da República não tem candidato a presidente da Câmara”. A avaliação de alguns é de que Motta pode até vir a ser, mas não é, a preços de hoje, o candidato de consenso.
“Comigo, não”
O líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), foi à Bahia conversar com o líder do PSD, Antonio Brito, para dizer que não fará qualquer movimento fora do bloco MDB, PSD, Republicanos e Podemos. Ou seja, não entrará na construção com o União Brasil para tentar isolar o Republicanos e o PP. Outros nomes do MDB, porém, consideram cedo demais para declarar apoio a Hugo Motta.
No embalo do Sete de Setembro…
… Os bolsonaristas desejam aproveitar a mobilização de hoje no ato em São Paulo para buscar apoio à proposta de anistia para os presos em função do quebra-quebra de 8 de janeiro de 2023, nas sedes dos Três Poderes. Se houver muita mobilização popular, a presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Caroline de Toni (PL-SC), o usará como argumento para justificar a inclusão desse assunto na pauta.
… cada um na sua
Lula, por sua vez, vai apostar na presença dos Três Poderes na Esplanada para mostrar a institucionalidade da data.
Sem férias, mas…/
O ministro da Educação, Camilo Santana (foto), tinha planejado tirar férias neste último mês de campanha. Só tem um probleminha: titular dessa área sair de recesso em pleno período letivo, é o mesmo que Papai Noel querer folga às vésperas do Natal.
… tem jogo/Na segunda-feira, Camilo estará em Fortaleza para anunciar, em plena campanha, 55 novas escolas em tempo integral no Ceará. E aproveitou para convidar os parlamentares, hoje dedicados às corridas eleitorais.
Padilha na lida/
O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, esteve em Manaus numa agenda oficial e aproveitou para participar de um jantar ao lado do
ex-deputado Marcelo Ramos, que foi vice-presidente da Câmara e hoje é candidato a prefeito da capital amazonense.Na lida/
Ramos foi o primeiro candidato a montar um comitê dedicado ao meio ambiente para debater o futuro da cidade. Lá, o tema é um dos que domina a campanha local, assim como a segurança pública.
Dia da Pátria/
A bandeira é de todos os brasileiros.
A certeza no Planalto é de que “acabou o recreio”: não dá mais para errar
Coluna Brasília/DF, publicada em 11 de agosto de 2024, por Denise Rothenburg
A soltura de Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro, acusado de fazer parte de um grupo que tramava um golpe de Estado, soou a muitos integrantes da base de Lula como um sinal de que perdeu força o discurso de defesa da democracia que ajudou o petista logo depois do quebra-quebra de 8 de janeiro de 2023. Foi essa certeza que levou o presidente a articular o encontro com os ministros na semana passada, de forma a organizar a “hora de mostrar serviço”. A certeza, no Planalto, é a de que “acabou o recreio”. Daqui para a frente, é “mata-mata”, ou seja, não dá mais para errar nem deixar para depois.
A avaliação do governo é que há três elementos que precisam de muita atenção: a irritação dos congressistas com a suspensão de grande parte das emendas Pix pelo Supremo Tribunal Federal; a eleição municipal, período em que cotoveladas são inevitáveis; e a disputa pela Presidência da Câmara, em polvorosa nos bastidores. O comportamento dos ministros e do próprio presidente é que irá definir se esses fatos serão um tsunami ou uma “marolinha”.
A estratégia de Bolsonaro
Alguns fiéis escudeiros do ex-presidente Jair Bolsonaro acreditam que ele vai esperar até o último minuto para lançar um candidato a presidente da República. Há quem aposte, inclusive, que ele vai segurar esse espaço até no período eleitoral para, se não conseguir recuperar a elegibilidade, colocar um parente em seu lugar na última hora.
É pegar…
É nesse sentido que o ex-presidente tem feito questão de participar dos jantares e dos movimentos de campanha do PL. No jantar da semana passada, muitos saíram com a certeza de que Bolsonaro deixará cada vez mais claro que a capacidade de mobilização do partido está diretamente relacionada à presença dele.
…ou largar
E é fato que Bolsonaro reúne multidões, algo importante para qualquer partido. Portanto, até aqui, ninguém reclama de deixar a definição da candidatura presidencial a cargo do ex-presidente.
Uma manobra em 55 dias
O governo do presidente Lula tem até o primeiro turno da eleição municipal para fechar um acordo sobre a liberação dos quase R$ 8 bilhões em emendas pendentes, incluindo na conta as tais emendas Pix. A partir da segunda semana de outubro, as cobranças de hoje prometem virar uma batalha campal.
Otimistas
Os diplomatas têm esperanças de que o acordo entre Brasil e União Europeia seja assinado ainda neste semestre. Essa expectativa se baseia na escolha do ex-primeiro-ministro de Portugal Antonio Costa como presidente do Conselho Europeu e a recondução de Ursula von der Leyen ao comando da Comissão Europeia. Costa toma posse em janeiro.
Fica para depois
A tendência desta semana no Congresso é de mais dedicação aos bastidores do que às votações. Com o acidente aéreo que matou 62 pessoas em Vinhedo e a tensão em torno das emendas, os parlamentares dizem que não há clima para muita coisa.
Enquanto isso, no Rio…
Na sexta-feira, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux e Dias Toffoli, e oito governadores têm encontro marcado no Rio de Janeiro, no 23º Forum Empresarial Lide, sob o comando do ex-governador João Doria.
Dia dos Pais
Aos pais que podem comemorar com os seus filhos, não tem presente maior. Aqui, o registro do presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, em seu Instagram, com o primeiro filho, Pedro, que completará um mês no próximo dia 17.
Coluna publicada em 7 de agosto de 2024, por Denise Rothenburg
Enquanto o Congresso aquece as turbinas lentamente, o presidente luiz Inácio Lula da Silva vai aproveitar para arredondar as propostas que pretende encaminhar em breve. Hoje, por exemplo, o tema em discussão no Planalto será a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Segurança Pública, em análise na Casa Civil. A ideia é reunir os ministros que já foram governadores para avaliar o texto entregue ao Planalto pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. A ideia de ampliar o escopo da Polícia Rodoviária Federal para hidrovias e ferrovias, transformando-a numa espécie de Polícia Federal ostensiva, conta com o apoio de parte desses ministros.
Alguns avaliam que a Força Nacional não tem estrutura para essa tarefa e só é usada em emergências. Mas uma PRF ampliada seria a saída para ajudar, inclusive, no patrulhamento de rios, que muitos ex-governadores consideram corredor para o tráfico de drogas e de armas. Não é a reunião final, mas, diante da necessidade de se organizar mais essas atribuições na área de segurança, será o grande passo para deixar o projeto mais sólido para envio ao Congresso.
Sem marola
Com a eleição da Câmara logo ali, os líderes não querem saber de muitas propostas polêmicas em pauta neste semestre. A guerra do Orçamento e as eleições municipais, além das articulações de bastidores das duas Casas, prometem uma primavera com cara de
verão em Brasília.
Veja bem
Mesmo no governo, a avaliação é de que qualquer proposta a ser discutida este semestre arrisca virar aumento de despesa, que já está difícil de cortar. Porém, o governo não escapará de renegociação das dívidas dos estados, uma das propostas prioritárias do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Teste de fogo
Com chapa puro-sangue na cidade de São Paulo, o PSB terá condições de, pela primeira vez, medir sua própria força na capital paulista, sem precisar do PT ou de outro partido de esquerda ou de centro. Se Tábata Amaral e Lúcia França chegarem a, pelo menos, 15% dos votos, será uma força consolidada.
Por falar em fogo…
O ex-presidente Jair Bolsonaro coloca a eleição de São Paulo como uma questão de honra para levar adiante seu plano de derrotar o PT no futuro próximo — ainda que não seja ele o candidato.
“Chegou saindo”/ Assim alguns tucanos reagiram ao saber que José Luiz Datena (PSDB, foto), o candidato do partido a prefeito de São Paulo, disse com todas as letras ao portal G1 que “ainda hoje” o principal objetivo é ser senador. Foi um balde de água fria nos militantes que lutaram pela candidatura de Datena.
Plano Safra e SUS/ Da mesma forma que as autoridades da área de segurança planejam o SUS desse setor, o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) busca o modelo do Plano Safra para a indústria. Desde o início deste governo já foram emprestados R$ 115 bilhões, segundo o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa.
Por falar em Barbosa../ O ponto mais aplaudido de sua fala no seminário da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre o futuro do setor no Brasil, foi a referência a países que são tão fortes no agro quanto na indústria, o que mostra que uma atividade não exclui a outra — tal e qual fazem, por exemplo, os Estados Unidos. “Podemos fazer as duas coisas”. A plateia de empresários gostou.
No embalo do biocombustível/ No seminário da CNI, um dos pontos destacados pelo vice-presidente da confederação, Leonardo de Castro, é que os biocombustíveis são uma das vocações do país para este século.