Placar pela prisão de Chiquinho Brazão é recado à ala conservadora

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — O placar de 277 votos pela manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) foi um recado à ala conservadora, que tentou misturar a suspeição pelo assassinato com opinião. O placar ficou, inclusive, acima do que previam os deputados mais empenhados em punir o homem apontado de ter mandado matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por exemplo, eram esperados 32 votos. Foram 39 pela manutenção da prisão.

Vale lembrar: das 28 abstenções no Plenário, muitos integram o Conselho de Ética. “Sou conselheiro, portanto, vou avaliar o processo de perda de mandato. Não poderia votar de outra forma”, contou o deputado João Leão (PP-BA). Diante do placar para manter a prisão, a perda do mandato é questão de tempo.

Reforço

O governo tomou como uma vitória o caso da manutenção da prisão de Chiquinho Brazão. É que, na véspera, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, ponderou que era necessário o governo trabalhar votos para manter o deputado na cadeia. Antes dessa conversa de Padilha com os líderes, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, era uma espécie de cavaleiro solitário.

Enquanto isso, na bancada evangélica…

Está em curso um movimento para recompor os valores do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), gerido pela Secretaria Nacional de Políticas Penais do Ministério da Justiça. Quem lidera essas conversas no Parlamento é o conselheiro Alexander Barroso, do Conselho de Política Criminal e Penitenciária, que conta com um trunfo: trânsito na bancada evangélica, algo que o
governo não tem.

O corpo fala

Em discurso no Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva fez questão de citar a prefeita de Rancho Queimado (SC), Cleci Veronezi, que é do PL e estava na solenidade de lançamento do Minha Casa Minha Vida entidades. O presidente mencionou, inclusive, que tem recebido reclamações dos seus aliados por ter uma postura republicana. No momento em que ele fez essa observação, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, coçou a cabeça. É na Casa Civil que as reclamações desaguam.

A turma de Lira e de Marcos Pereira/ Dos 78 deputados que não votaram, estavam os três do Republicanos do Distrito Federal. Gilvan Máximo, Fred Linhares e Júlio Cesar. Máximo é um dos mais próximos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Comemorações…/ Passada a votação do caso Chiquinho Brazão, os deputados foram para uma casa, no Lago Sul, para a festa de aniversário do vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira. A maioria estava aliviada com o resultado. Um chegou a comentar que era ótimo não ter “um
miliciano” na Casa.

… de verdade/ Na festa, alguns lembravam que, quando aparece um deputado com problemas desse tipo, a tendência da Casa é seguir a sociedade.

O stand-up de Lula/ Recém-chegada ao Congresso, a senadora Janaína Farias (PT-CE) ficou sem graça no Planalto. É que, ao citá-la em solenidade, Lula não titubeou: “Já discursou? Nem citou meu nome… É assim”, disse, emendando com um elogio ao “sempre senador” Romero Jucá (foto), ex-líder do governo, que estava na plateia.

 

Declarações de Musk aumentam pressão sobre Câmara e Senado em sentidos opostos

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — As declarações e atitudes de Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), elevam as pressões no Senado sobre os pedidos de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, e, na Câmara, a respeito do projeto de regulamentação das grandes plataformas, também chamado de PL das Fake News. A pressão, porém, tende a ter reflexo zero num primeiro momento. Até aqui, não há acordo para votação do projeto nem o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, se mostra disposto a ceder àqueles que pedem impeachment de ministro do Supremo Tribunal Federal.

Vale lembrar: Arthur Lira concorda em votar o projeto de lei das fake news. Porém, para ir à votação, é preciso ter certeza de que o placar será favorável. Quanto aos pedidos de impeachment de Moraes, Pacheco é defensor da institucionalidade e, embora tenha atendido à parte da oposição devolvendo um pedaço da MP da oneração de impostos, a fim de assegurar a desoneração de tributos dos municípios, não pretende atender aos oposicionistas nessa seara.

Futuro incerto

O governo ainda não tem fechados os votos para fazer valer a sua vontade na pauta deste semestre. E já tem deputado dizendo que, sem liberar as emendas, não terá. Grande parte dos parlamentares do Centrão reclama que o Planalto não cumpriu a promessa de liberação
das emendas.

Onde mora o perigo

Sem liberação, deputados vão pressionar pela derrubada dos vetos do presidente Lula ao Orçamento da União. Esse jogo começa hoje, na reunião dos líderes partidários com o presidente da Câmara, Arthur Lira, e dos senadores, com
Rodrigo Pacheco.

E a Petrobras, hein?

Depois dos entreveros entre o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente da empresa, Jean Paul Prates, a briga agora subiu de patamar. É o ministro da Casa Civil, Rui Costa, versus o da Fazenda, Fernando Haddad, que ainda não se entenderam sobre o pagamento dos dividendos aos acionistas.

Inimigos, inimigos…

Integrantes do União Brasil apostam em um entendimento entre o ex-presidente do partido Luciano Bivar e o atual, Antonio Rueda. Isso depois de Bivar ser suspeito de ter mandado incendiar a casa de praia de Rueda.

… negócios à parte

Há quem diga que a guerra entre ambos resultaria em mais problemas do que aqueles que apareceram até aqui. Resta saber se a parte da bancada revoltada com Bivar aceitará acordo com o ex-presidente da sigla.

Ensaio geral/ O caso Elon Musk versus Alexandre de Moraes é considerado um “esquenta” do que vem por aí na eleição americana, quando Joe Biden (foto) enfrentará novamente Donald Trump.

Enquanto isso, no Planalto…/ A avaliação é de que ministra Nísia Trindade, da Saúde, pulou as fogueiras. Lula não quer criar mais atritos no governo. Já bastam as crises que virão por causa das eleições municipais e essa disputa na Petrobras.

Até aqui…/ O placar sobre o destino do mandato de Sergio Moro não trouxe surpresas. A vitória no Tribunal Regional do Paraná é considerada líquida e certa. Resta saber como votará o Tribunal Superior Eleitoral diante de um placar que tende a ser para lá de favorável
ao senador.

 

Recesso da Câmara só será após votação do PL do Carf

Publicado em coluna Brasília-DF

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), avisou aos deputados com quem se encontrou por Lisboa que a Casa só haverá recesso em julho depois de votar o projeto de lei do Carf — aquele que restabelece voto de qualidade em favor da União —, o novo Arcabouço Fiscal e… a Reforma Tributária. Isso significa que, fatalmente, julho será de muito trabalho no Congresso, uma vez que há mais dúvidas do que certezas a respeito da reforma.

Em tempo: a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), único projeto que suspende o recesso parlamentar se não for aprovado, deve ficar para agosto. “Para termos um orçamento real e não fictício, só podemos votar a LDO quando tivermos claro o ano fiscal. Para termos o índice de inflação que permitirá conhecer o espaço fiscal do orçamento”, diz o relator, deputado Danilo Forte (União Brasil-CE).

Vai longe

Ainda que nenhum ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) peça vistas no processo do ex-presidente Jair Bolsonaro, a novela da reunião dele com os embaixadores não termina tão cedo. O acórdão só deve ser publicado em agosto, após o recesso. Além disso, a defesa pretende apresentar recursos ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Estratégia política

Enquanto os recursos não forem julgados, Bolsonaro terá mais algum tempo para tentar amplificar o discurso de perseguição política. Afinal, seus aliados estão convencidos de que o TSE quer usar o caso como emblemático para tentar afastar outras atitudes que possam representar riscos à democracia. Agosto, pelo visto, será o mês das narrativas.

Olho vivo aí

Na semana que vem, a Câmara volta a debater o Arcabouço Fiscal com a vontade de retomar o texto original do relator Cláudio Cajado (PP-BA). Logo, as mudanças promovidas pelo Senado não estão garantidas, inclusive o Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF).

Pendência única

Se depender do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), uma nova reforma política terá apenas que tratar do fim da reeleição. E, obviamente, preservando o direito dos atuais ocupantes das prefeituras, dos governos estaduais e da Presidência da República. No mais,
a reforma já foi feita.

Popularidade política/ Palestrante do XI Fórum Jurídico de Lisboa, Michel Temer foi homenageado com um almoço, que reuniu quase 100 pessoas no restaurante Solar dos Presuntos, na capital portuguesa. A ideia era juntar uns 12 amigos do ex-presidente. Foi feita uma reserva para 40 pessoas, que passou para 60 e, dada a falta de espaço para todos, teve dois turnos.

De Kakay a Lira/ No almoço, organizado pelo ex-deputado Fábio Ramalho (MG), compareceram Lira, o líder Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e ex-ministros de Temer, como o da Defesa e da Justiça Raul Jungmann. Lá também estiveram os presidentes do Republicanos, Marcos Pereira, e do PP, Ciro Nogueira, além do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

Em casa/ Com o restaurante lotado de brasileiros, Fabinho Ramalho foi até a cozinha ajudar para que os pratos não demorassem. Afinal, à tarde a maioria dos comensais precisava voltar para o seminário.

Dia do Orgulho/ Quem passar, hoje, pelo Palácio do Itamaraty, notará a iluminação diferente no prédio cartão-postal. É uma homenagem a este 28 de junho, quando a comunidade LGBTQIA comemora sua data internacional.

 

“A capital da República sofre assédio orçamentário”, diz senador

Senador Eduardo Gomes
Publicado em Arcabouço fiscal

Caso a Câmara não derrube o artigo que muda a forma de correção do Fundo Constitucional do Distrito Federal, o senador Eduardo Gomes (PL-TO) avisa que ajudará o governo local a manter a correção do Fundo do jeito que é hoje. “O DF está sofrendo assédio orçamentário”. Os deputados precisam entender que o fundo do DF não tem a mesma natureza dos demais fundos de desenvolvimento. O DF é pequeno, sofre limitações para expansão da economia. É um absurdo o que estão fazendo”, diz o senador tocantinense.

O tema é o que tem gerado mais pressão na Câmara dos Deputados. Desde segunda-feira, há um movimento inédito de todos os partidos tentando tirar esse fundo do arcabouço fiscal. “É um contrassenso dizer que outros estados têm que ter um fundo semelhante. A capital do país não tem uma arrecadação que permita cuidar de tantas tarefas, coo segurança de embaixadas, dos Poderes da República”, diz o senador.

No Congresso, há quem veja a irredutibilidade de Claudio Cajado como um sinal de que o deputado  baiano age como “vingança” pelo que ocorreu em 8 de janeiro, quando todas as forças de segurança falharam. Não será, porém, tirando dinheiro do DF _ as projeções de perdas chegam a R$ 87 bilhões em dez anos __ que o caso será resolvido.  Se daqui a pouco, o plenário não aprovar o pedido de destaque feito pelos deputados Alberto Fraga e Fred Linhares para retirar do texto a parte que se refere ao Fundo Constitucional do DF, o tema voltará com força no Senado.

Governo acompanha com cautela novos blocos da Câmara

Publicado em coluna Brasília-DF

O governo tem razão de acompanhar, com muita cautela, os blocos que se formam na Câmara. É que se as duas formações decidirem atuar em parceria na Casa, haverá uma maioria capaz de isolar, à esquerda, os partidos totalmente afinados com o governo e, à direita, o PL de Jair Bolsonaro. A contar pela conversa do presidente Arthur Lira (PP-AL) com seus aliados, é nesse sentido que ele jogará daqui até 2025, quando chegar a hora de eleger seu sucessor ao comando da Câmara.

A leitura de alguns, de que esse bloco maior é para se contrapor ao de 142 deputados, é considerada superficial pelos ases da política no Congresso. A ideia da nova formação é dar ao presidente da Câmara espaço para que possa comandar a própria sucessão. Se o futuro comandante da Casa sairá do bloco de 142 deputados ou daquele com 174, é algo para se verificar mais à frente. Quanto à base do governo, continuará diluída em parcelas de vários partidos.

Ampulheta: Lira tem tempo para organizar o jogo da própria sucessão. Quanto a Lula, tem mais pressa porque a economia e a popularidade cobram urgência. No caso da economia, os bons ventos para a bolsa de valores precisam de confiança para continuar nesse ritmo. A popularidade do governo, que apresentou um índice de ótimo e bom em 39% na pesquisa do Ipec desta semana, requer cuidados.

MP da discórdia

O governo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e Lira bem que tentaram colocar para análise apenas as medidas provisórias menos polêmicas. Mas, ainda assim, não deu. A briga entre o líder do União Brasil, Elmar Nascimento, e o deputado Guilherme Boulos (PSol-SP) pela relatoria da MP do Minha Casa Minha Vida ameaça atrasar essa votação.

A ordem dos fatores

Os congressistas esperam que o texto das novas regras fiscais chegue ao Congresso até a próxima segunda-feira. A ideia é aprovar esse tema a toque de caixa para que a Câmara possa se dedicar com mais afinco à reforma tributária.

Por falar em tributária…

A votação da emenda constitucional que juntará os impostos sobre o consumo é apenas a largada da reforma tributária que terá outros capítulos. É na segunda fase que o governo tentará emplacar a taxação sobre lucros e dividendos.

Janelas para investimentos

O governo brasileiro está esperançoso. Afinal, com o ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn no comando do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e Dilma Rousseff no banco dos BRICS, o Brasil terá dois espaços importantes com recursos para financiamento. E olha que, lá atrás, o PT tentou puxar o tapete de
Goldfajn no BID.

Brasil Competitivo emplaca uma/ Na mesma semana em que o vice-presidente Geraldo Alckmin (foto) destacou a importância da aprovação do Marco Legal das Garantias de Crédito, em tramitação no Senado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o governo pedirá urgência para esse projeto. A proposta faz parte da agenda da Frente Brasil Competitivo, anunciada num jantar, semana passada, com a presença de Alckmin.

O sedutor/ Na visita de Lula a Sergipe, o senador Laércio Oliveira (PP-SE) não foi ao aeroporto esperar o presidente. Ao encontrá-lo, depois, foi direto: “Presidente, não fui para não ser vaiado”. Lula, então, do alto de quem já viu de tudo na política, respondeu: “Senador, entendo perfeitamente. O senhor não precisa de mim, tem oito anos de mandato. Quem precisa do senhor sou eu!”

Aliás…/ Sempre que conversa com representantes de partidos que não apoiaram diretamente sua candidatura, Lula se sai com esta: “Meus aliados já tenho. Preciso é que você me traga aos seus”.

E o Bolsonaro, hein?/ O ex-presidente foi testar a popularidade numa padaria próxima ao condomínio onde mora. Saiu entusiasmado com a quantidade de pessoas que pediam para tirar selfies. Bolsonaro, aliás, vai começar a percorrer o país para alavancar candidatos a prefeitos país afora.

Superbloco com cinco partidos reduz o poder de Arthur Lira na Câmara

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília, publicada em 9 de abril de 2023, por Luana Patriolino

A formação de um superbloco composto por MDB, PSD, Republicanos, PSC e Podemos terá grande impacto nos trabalhos da Câmara dos Deputados. Com 142 parlamentares, a articulação dos integrantes, em tese, reduz o poder do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). A negociação para a criação da frente foi comandada pelos presidentes do MDB, Baleia Rossi (SP), e do PSD, Gilberto Kassab (SP) — este último, um dos principais condutores do governo paulista e com grande influência junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Costeando o alambrado

Chama a atenção a presença do Republicanos no bloco. A legenda, presidida pelo deputado federal Marcos Pereira (SP), é um expoente do Centrão, um dos tripés, ao lado do PP e do PL. Estaria a sigla, ligada ao bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, se afastando de Lira? E tentando uma aproximação com o Palácio do Planalto? Importante lembrar que, dias atrás, o religioso publicou vídeo nas redes sociais afirmando que Lula lhe “deve” por ter rezado por ele quando o presidente esteve com câncer.

Homenagem ao ministro

O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, será homenageado terça-feira pelo ministro da Educação, Camilo Santana. O magistrado antecipou em um mês a saída da Corte por motivos acadêmicos. Nesse momento, o principal candidato à cadeira vaga é o advogado Cristiano Zanin, que defendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em processos da Operação Lava-Jato.

Na volta se resolve

Lula deve anunciar, na próxima semana, o nome de seu escolhido para a cadeira no STF. A formalização da indicação deve acontecer depois do retorno da viagem à China e aos Emirados Árabes. No dia 22, o presidente parte para Portugal — onde, entre outros compromissos, entrega o Prêmio Camões ao compositor Chico Buarque, que o ganhou em 2019, mas o ex-presidente Jair Bolsonaro negou-se a homenageá-lo.

Segurança reforçada

O advogado Rodrigo Tacla Duran estará no Brasil, na próxima sexta-feira, para uma audiência com o Ministério Público Federal (MPF). Ele terá proteção da Polícia Federal, conforme determinou o juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), Eduardo Appio. Duran acusou o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR) de extorsão e o ex-procurador e deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) de perseguição na investigações Lava-Jato. Ambos negam.

Saneamento básico

O Diretório Nacional do Partido Novo acionou o STF contra as mudanças no Marco Legal do Saneamento Básico. Na semana passada, Lula assinou dois decretos permitindo que empresas estatais possam manter contratos sem licitação com municípios. Derrubou também o limite de 25% para a participação de parcerias público-privadas em concessões de saneamento. Para a legenda, as alterações do governo violam princípios constitucionais, como, por exemplo, separação de Poderes e dignidade da pessoa humana.

Outra para desembolsar

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) tem mais uma multa para chamar de sua. O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) multou o bolsonarista em R$ 5.320,50 por divulgar fake news ao associar, sem provas, o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) à prática de “rachadinha”, durante a disputa eleitoral de 2022.

PL secreto

Parlamentares de oposição ao governo acreditam que o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP, foto), relator do PL das Fake News, está trabalhando com uma espécie de “projeto secreto”. Desconfiam que ele estaria peregrinando entre as bancadas para elaborar um texto novo, sem torná-lo público. Ele deve apresentar, na próxima semana, um relatório com incorporação de sugestões enviadas pelo Planalto ao projeto. No Congresso, há profunda divisão em relação a proposta.

Governo apostará em reforma do IR para tornar Auxílio de R$ 600 permanente

Publicado em Economia, ELEIÇÕES 2022

 

O governo faz estudos para adotar o Auxílio Brasil permanente a partir de 2023 e, para isso, não descarta utilizar os recursos decorrentes da taxação de lucros e dividendos, aprovada pela Câmara dos Deputados. “Não me esqueci da reforma tributária que aprovamos na Câmara no ano passado e ainda está pendente de análise no Senado”, diz o ministro da Economia, Paulo Guedes, que participou de uma reunião hoje pela manhã no Planalto. Ele se refere ao texto da segunda fase da reforma tributária que deputados aprovaram em setembro do ano passado. A proposta corrige a tabela do Imposto de Renda e define a taxação sobre lucros e dividendos, que, conforme os cálculos do governo, será destinada aos 60 mil mais ricos.  É daí que, avalia o governo, será possível obter parte dos recursos para o Auxílio.

A ideia é voltar a trabalhar essa proposta depois da eleição. Até aqui, apesar dos esforços do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ainda não houve maioria consolidada para votação entre os senadores e o projeto está parado. Guedes, porém, vai insistir.

A taxação de lucros e dividendos é um ponto que será levado adiante independentemente de quem vencer a eleição presidencial. O economista Guilherme Mello, que faz parte do time de consultores do PT, tem defendido a taxação de lucros e dividendos em todas as palestras que tem feito Brasil afora. O PT, no entanto, não detalhará sua proposta econômica ao longo do processo eleitoral.

 

 

Projeto uniformiza regras de fiscalização e limita malabarismos fiscais

Publicado em Política

 

Depois de tentar padronizar e uniformizar as alíquotas de ICMS nos estados, o Congresso agora vai tentar fazer a mesma coisa com a fiscalização das contas públicas. A ideia está num projeto apresentado esta semana pelo deputado Fábio Trad (PSD-MS), que organiza nacionalmente a fiscalização das finanças públicas. A proposta abrange a auditoria do SUS, prevista pela Lei Complementar 141 de 2012, mas nunca efetivada. Inclui ainda o controle interno, com base nas jurisprudências do STF, a fiscalização exercida pelos tribunais de contas e pelo Poder Legislativo, e, ainda, aquela a cargo do Ministério Público de Contas.

A uniformização das regras é considerada fundamental para acabar com a prática de estados adotarem entendimentos próprios das normas fiscais, o que permite, por exemplo, a burla aos limites de gasto com pessoal, de endividamento e de gastos mínimos com saúde e educação. Essa padronização faz com que os tribunais de contas de todo o país tenham diretrizes comuns para a fiscalização e as metodologias de cálculo sejam uniformes e alinhadas às contas feitas pela União.

Na justificativa da proposta, o deputado Fábio Trad afirma que essa mudança “proporcionará ganhos de eficiência para o Poder Público e maior segurança jurídica para os administrados, especialmente àqueles que, pelas mais variadas circunstâncias, devem prestar contas a mais de um Tribunal em razão das distintas origens de recursos que aplicam”. O deputado é direto: “Sem essa padronização, instaura-se ambiente propício para tratamentos assimétricos, por vezes casuísticos, que resultam na falta de isonomia e injustiças na relação federativa”, defende Trad.

A Associação Nacional dos Auditores de Controle Externo dos Tribunais de Contas do Brasil (ANTC) considera que o projeto moderniza a fiscalização das contas públicas, atualmente muito diversa entre os diferentes estados. “Ao dar diretrizes nacionais à fiscalização, o projeto do deputado Fábio Trad aumenta a transparência das contas e a qualidade do gasto público. Ele permite uma fiscalização mais assertiva que garante a aplicação dos recursos conforme estabelecido pela legislação. Além disso, é uma proposta que valoriza o pacto federativo porque impede interpretações discrepantes e submete todos os estados aos mesmos entendimentos”, diz o presidente da ANTC, Ismar Viana.

Prazo para julgar contas

Outra iniciativa do projeto é a fixação do prazo de 90 dias a partir do recebimento da instrução do Tribunal de Contas da União para que o Congresso Nacional julgue as contas do Presidente da República. Essa é uma das principais obrigações da função fiscalizadora do Legislativo, mas frequentemente acaba postergada atendendo a interesses políticos.

Padronização da atuação dos auditores

O projeto também regula a atuação dos auditores dos tribunais de contas. Segundo o deputado, diversas Cortes “têm sido negligentes na organização e funcionamento do órgão incumbido pela função de investigação referente a auditorias, inspeções e demais procedimentos de fiscalização, sendo verificadas formas precárias de atuação dos agentes designados para realizar tais procedimentos”.

Um dos problemas apontados pelo parlamentar é o uso de agentes comissionados ou de servidores concursados para atividades menos complexas e até de pessoal terceirizado e servidores cedidos de órgãos jurisdicionados para a execução do trabalho de controle externo que é típico da função dos auditores.

“Esse ponto da proposta é fundamental para garantir a lisura dos processos de controle externo. Sem a garantia de que a fiscalização seja feita por auditores concursados para a função, corre-se o risco, por exemplo, de um servidor cedido pelo governo do estado ser responsável por auditar as contas do próprio governo, seu órgão de origem”, explica Ismar Viana, da ANTC. Viana destaca ainda que esta medida é uma proteção inclusive para os jurisdicionados, que são os órgãos fiscalizados pelos tribunais de contas, já que a iniciativa permite uma auditoria técnica, com garantias para evitar interferências. A lupa agora ficará mais forte.

 

 

Partidos brigam pela relatoria e presidência da CPI da Covid-19

Publicado em coluna Brasília-DF
Diante da decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, de juntar os pedidos de CPI para investigar o uso de recursos federais no combate à covid-19, a posição do relator do colegiado ganha ainda mais importância. O MDB, que estava quieto, já se apresentou para a relatoria, com o senador Renan Calheiros. Mas, para a presidência, a ideia é buscar um nome mais alinhado ao governo.
O prazo de 10 dias concedido por Pacheco para a escolha de integrantes da CPI será aproveitado para tentar se chegar a esse acordo. O risco, porém, é a maioria independente que fará parte do colegiado rejeitar o nome do governo para presidir a CPI, escolhendo um outro senador. Afinal, como se sabe, tanto o presidente quanto o relator são eleitos.

Plano A

Enquanto tenta emplacar um presidente na CPI, o governo trabalha com a certeza de que a leitura do pedido de comisão não garante o seu funcionamento. Os líderes governistas vão trabalhar para que, enquanto o Senado estiver em sessões remotas, ocorra com esta CPI o mesmo tratamento da comissão das Fake News e da CPI da Chapecoense, ambas suspensas até o retorno das sessões presenciais.

Risco existe

Os senadores estão com medo de que o retorno das sessões presenciais leve àquela situação da retomada dos trabalhos, em fevereiro, quando pelo menos três senadores terminaram contaminados pela covid. Um deles, Major Olímpio, morreu.

Inclua-me fora dessa…

O presidente do Senado já foi aconselhado a consultar especialistas em epidemiologia para se amparar tecnicamente em pareceres sobre os riscos de uma CPI funcionar presencialmente neste período de pandemia.

… e desta

Ao fixar um prazo de 10 dias para que os líderes partidários indiquem os senadores que vão compor a CPI da covid, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, age para evitar ser acusado de correr solto e, depois, ser acusado de protelar ainda mais a instalação.

Enquanto isso, na Câmara…

 Servidores estão apavorados, porque deputados têm permitido o ingresso de convidados — prefeitos, vereadores e outros —mesmo diante da determinação da Mesa Diretora de que não se libere o ingresso de visitantes na Casa. Ontem, circulou no WhatsApp dos servidores uma montagem fotográfica, com cruzes e tumbas ao longo do anexo III da Câmara.
O Biden brasileiro/ Os emedebistas apostam em Michel Temer, mas o ex-deputado Eduardo Jorge (PV) torce por Tasso Jereissati (PSDB-CE). Esta semana, nas redes sociais, Eduardo Jorge lançou o nome do senador tucano e defendeu um vice mais à esquerda para compor a chapa. O tucanato fez cara de paisagem.
Por falar em Joe Biden… / Com a Earth Summit marcada para 22 e 23 deste mês pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o presidente Jair Bolsonaro tem a desculpa perfeita para estar fora do país na data final de sanção do Orçamento deste ano. A ordem é aproveitar o evento para mostrar que o Brasil se preocupa com o desmatamento e, assim, tentar ganhar pontos para o ingresso na OCDE, pretensão que, com a saída de Donald Trump do governo, ficou mais distante, na opinião de diplomatas brasileiros.
O favorito I/ O empresariado paulista olha com certo entusiasmo para o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), para concorrer à Presidência da República. Jovem, não tem arestas na política e pode perfeitamente empolgar o eleitorado.
O favorito II/ Nas hostes bolsonaristas, o ministro de Comunicações, Fábio Faria (PSD-RN), tem sido tão elogiado e requisitado pelo presidente que, em suas redes sociais, já tem quem o apresente como possível candidato a vice numa chapa pela reeleição do presidente da República.
É por aí/ Já escolhido para a CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM) avisa: “Em relação aos estados, quem for podre que se quebre”. Ele é adversário do atual governador do Amazonas, Wilson Lima, que será um dos primeiros a ser chamado a responder sobre a situação do estado. Depois do ex-ministro Eduardo Pazuello.

Compra de vacinas pela iniciativa privada pode criar um “camarote vip” da vacinação

Publicado em coluna Brasília-DF
Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza

O debate sobre a compra de vacinas pela iniciativa privada, defendida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, dificilmente alcançará um bom termo. As posições a respeito do assunto são extremadas, para não dizer incompatíveis.

Enquanto uma parte dos deputados e Lira argumentam que, em uma guerra, cada brasileiro vacinado representa uma esperança de vida a mais na batalha contra o novo coronavírus, os opositores da ideia denunciam a criação do “camarote vip” para a vacinação. Nesse debate, é inevitável a comparação com o Titanic. Na ausência de botes salva-vidas para todos os passageiros, uma parte dos viajantes busca outros meios de escapar do naufrágio.

Com aproximadamente 8% da população brasileira vacinada, estabelecer critérios diferenciados para a imunização pode acentuar a desigualdade de acesso a tratamento de saúde, problema social crônico no Brasil. Há risco, ainda, de o assunto ser marcado pela judicialização.

O artigo 196 da Constituição determina que “Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” A continuar a iniciativa no Congresso, não será surpresa se o Supremo Tribunal Federal for provocado a se manifestar.

Oferta limitada

É forçoso dizer que, independentemente das iniciativas movidas por empresas e parlamentares, os fabricantes de vacinas anunciaram que darão prioridade às negociações com governos. Com a oferta limitada de vacinas em escala global, instituir o poder econômico como critério para vacinação tornará ainda mais complicada a batalha da proteção imunológica contra o vírus. Esse é o posicionamento, por exemplo, da senadora Kátia Abreu. “Se as vacinas estão sobrando, e (os laboratórios) são obrigados apenas a vender para governos, eles terão que entregar para quem precisa. Estaremos tirando de uma fila que pode vir para o SUS para dar para o setor privado”, comentou a parlamentar.

Sem concorrência

Sobre esse tema, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, demonstrou preocupação. “Precisamos ter a garantia de que o cronograma estabelecido para o SUS não será frustrado em razão da concorrência da iniciativa privada, de que há vacinas suficientes de que não haverá aumento de preços. Essa é a preocupação”, disse.

Líder no timão

Em contraste à metáfora do Titanic, convém lembrar a heroica jornada da embarcação Endurance, comandada pelo britânico Ernest Shackleton. Graças à espetacular liderança do explorador, os 27 tripulantes sobreviveram a dois invernos glaciais na Antártida, em uma aga entre 1915 e 1917.