Delegados da PF darão um voto de confiança ao novo diretor mesmo após troca no Rio

. Presidente da Republica Jair Bolsonaro, durante assinatura do Termo de Posse do senhor Rolando Alexandre de Souza, Diretor-Geral da Policia Federal.
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Coluna Brasília-DF

Os delegados da Polícia Federal darão um voto de confiança ao novo diretor-geral, Rolando Souza. Nem a troca do superintendente do Rio de Janeiro, Carlos Henrique Oliveira, abalou. Isso porque a habilidade de Rolando em convidar o exonerado no Rio para ser o diretor-executivo da Polícia Federal segurou qualquer reclamação.

Agora, se houver alguma insistência em mexer com o grupo de delegados que serve ao Supremo Tribunal Federal, aí sim o delegado Rolando terá os mesmos problemas já vividos por Fernando Segóvia em 2018.

O mesmo vale para possíveis interferências da família Bolsonaro nos inquéritos que correm no Rio de Janeiro e a escolha do futuro superintendente por lá, onde, conforme já noticiou a coluna, um dos nomes fortes é o de Alexandre Saraiva, também amigo da família presidencial. O diretor-geral começa com todos de olho nos seus passos.

A pressa de cada um

Com menos de sete meses de STF, o ministro Celso de Mello está decidido a fechar sua permanência ali com chave de ouro. Isso significa que, se encontrar elementos suficientes para condenar o presidente Jair Bolsonaro nas denúncias de ingerência política na Polícia Federal, assim o fará.

Pau que bate em Chico…

Também é considerado líquido e certo pelos amigos do ministro Celso de Mello que, se não houver provas cabais para levar o processo contra Bolsonaro adiante, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro que se prepare: vai sobrar pra ele.

A aposta de Bolsonaro

O presidente está confiante de que, assim como a substituição de Luiz Henrique Mandetta terminou absorvida por uma parcela expressiva dos seus apoiadores, e até mesmo de setores da política, a de Sergio Moro também o será.

Os desconfiados

O Centrão está disposto a ajudar o presidente, mas a desconfiança em relação ao governo ainda impera. Afinal, da mesma forma que presidente flerta com os extremistas de direita nas manifestações, os deputados apostam que Bolsonaro se voltará contra eles se algo der errado logo ali.

Curtidas

Tapete vermelho/ O fato de Rolando Souza chegar à direção da PF com todos de olho nos seus passos, não significa que será hostilizado pelos colegas. O delegado é considerado cordato, e muito educado, além de um delegado técnico. Não existe óbice em relação a ele, comentam os delegados nos bastidores.

Pelas bordas/ O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), é considerado a maior aposta do governo para ajudar na reaproximação com o DEM. Especialmente, depois de levar o governador Ronaldo Caiado (GO) para conversar com Bolsonaro.

A luz do sol../ … é o melhor detergente. Daí, o pedido da defesa de Sergio Moro para retirada do sigilo do inquérito sobre interferência na Polícia Federal. Esconder, avaliam os políticos, só interessa ao presidente.

… é o melhor remédio/ Enquanto o inquérito não terminar, as peças da política não vão se mover. Irão apenas acompanhar de perto todos os movimentos, em especial aqueles dos extremistas que foram às redes sociais prometer “ação” contra o Parlamento e o STF.

E a quarentena, hein?/ O ex-deputado João Caldas ficou impressionado com o trânsito na região do SIA, em Brasília, segunda-feira. Na avaliação dele, por aqui, o isolamento social acabou. O engarrafamento que presenciou se dá, exatamente, depois da manifestação em que centenas de pessoas ficaram concentradas na frente do Palácio do Planalto, um grande contingente sem máscara e, ainda, agredindo fotógrafos. A coluna se solidariza com os jornalistas Dida Sampaio e Orlando Brito.

Bolsonaro restabelece laços com Guedes para tentar evitar impeachment

Paulo Guedes
Publicado em coluna Brasília-DF, Política
Coluna Brasília-DF

Depois de perder dois ministros populares, Jair Bolsonaro começa a semana restabelecendo o poder de comando do ministro da Economia, Paulo Guedes, como era no início do governo. Esse movimento vai muito além da tentativa óbvia de estancar a sangria de apoiadores entre empresários e mercado financeiro.

Ao manter o apoio desses setores, o presidente quer amortecer os movimentos contrários de congressistas e, por tabela, dificultar a instalação de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias do ex-ministro da Justiça Sergio Moro.

Aliados do presidente estão convencidos de que, se mantiver a economia no caminho prometido na campanha, ou seja, com ajuste fiscal e sem gastar a rodo mais à frente, quando a pandemia passar, Bolsonaro manterá o mercado e o setor empresarial ao seu lado e evitará a perspectiva de qualquer pedido de impeachment.

Até aqui, os dois presidentes que perderam o cargo em processos desse tipo, Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff, estavam com a economia em frangalhos. Se Guedes continuar como o fiador de dias melhores no pós-pandemia, pelo menos até as eleições de 2022, acreditam os bolsonaristas que qualquer ação mais contundente contra Bolsonaro permanecerá na gaveta.

O pacificador

Quem comandou a operação que terminou recolocando Guedes no lugar de destaque foi o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que, já na sexta-feira, detectou um cenário preocupante de elevação do Risco Brasil e fuga de investidores. Em conversa com Guedes e Tereza Cristina (Agricultura), marcou o café com o presidente para que, juntos, alertassem para a necessidade de reforço político à equipe econômica.

Os cacifados

Além de Guedes, Tereza e Campos Neto, está nesse rol o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, também visto como um craque fundamental para levar adiante a agenda de concessões.

Um pelo outro

Ao colocar o advogado-geral da União, André Mendonça, no Ministério da Justiça, Bolsonaro espera arrefecer o clima contra Alexandre Ramagem na Polícia Federal.

O problema da PF

O novo diretor-geral da PF terá que arrumar um meio de preencher as 4.500 vagas existentes no efetivo da comporação. No total, são 15 mil policiais federais em todo o país e só há 10,5 mil na ativa.

Lombardia…

O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, está numa sinuca de bico. É que a semana começou com os vereadores aprovando leis de volta ao trabalho, sem a menor base científica em plena pandemia. Tudo começou quando os evangélicos apresentaram um projeto de lei para reabertura dos templos. E, aí, começou o toma lá dá cá.

…ou Nova York é aqui?
Com o projeto, defensores de outros segmentos pediram aos cristãos que apoiassem suas emendas para liberação de construção civil, bares, restaurantes, lancherias (como os gaúchos chamam as lanchonetes) e por aí foi, cada um defendendo o seu nicho. “Um absurdo. Não vi isso em nenhum lugar do mundo”, diz o prefeito, que até aqui mantém a situação sob controle graças ao isolamento.

Os amigos/ Sergio Moro e Paulo Guedes se aproximaram tanto no governo que era comum encontrá-los no restaurante Avenida Paulista, nas noites candangas, para tomar um vinho depois do longo expediente.

A máscara e o sapato/ O sapato que o ministro da Economia usava era um modelo de uFrog, calçado de neoprene com solado antiderrapante desenvolvido no Brasil por Meg Gonzaga, irmã do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral Admar Gonzaga. Já a máscara, dizem amigos do ministro, proteção por causa do vírus e, de quebra, esconder sua insatisfação com a situação.

“Sou a favor de que se investigue e confio no nosso presidente. Se Bolsonaro aprontar, fizer coisas graves, não vou apoiar, mas está longe de aparecer alguma coisa contra Bolsonaro”

Deputada Bia Kicis (PSL-DF)

Bolsonaristas pedem saída em massa das redes de Moro e alertam para “PEC anti-Mourão”

Bolsonaro e Moro
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Os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro mandaram uma mensagem de WhatsApp a todos os grupos pedindo àqueles fiéis ao capitão que se desliguem das redes sociais do ex-ministro Sergio Moro. Os coordenadores dessas redes estão convencidos de que, se Moro perder apoio massivo nas redes, eles conseguem conter os movimentos contra o presidente Jair Bolsonaro, em especial, processos de impeachment. Também, com o pedido, querem ter noção exata do tamanho da base virtual do comandante do Planalto.

Entre quinta e sexta-feira da semana passada, quando Moro deixou o governo, Bolsonaro perdeu 41 mil seguidores no Twitter, conforme levantamento da consultoria Bites. Os filhos também sofreram alguma desidratação. Agora, a ideia é saber quem está com o presidente e não pretende acompanhar o ex-ministro.

 

PEC Anti-Mourão

Esses mesmos apoiadores citam a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) apelidada de anti-Mourão, como um risco de “ver o traidor” (Moro) sentado na Presidência da República no fim do ano. A PEC, de autoria dos deputados Henrique Fontana (PT-RS) e Paulo Teixeira (PT-SP), foi apresentada em março do ano passado, ou seja, quando Bolsonaro vivia seus primeiros meses de governo e o país, confiante no governo, não imaginava uma crise deste tamanho.

A proposta dos petistas determina novas eleições em 90 dias, em caso de afastamento definitivo do presidente da República. O objetivo, à época, era abrir a discussão sobre o papel do vice-presidente e o colocar no mesmo patamar do presidente, em caso de afastamento. Ironicamente, se for aprovada, pode guindar ao Planalto o juiz que pediu a prisão de Lula e terminou com o sonho petista de governar o país por, pelo menos, 20 anos.

A proposta, agora, assusta tanto petistas quanto bolsonaristas. Afinal, se essa emenda for aprovada, Mourão não assume. E Moro, na avaliação de apoiadores do presidente, poderia ser candidato. O DEM, que hoje comanda a pauta das duas Casas, Câmara e Senado, não pensa em tirar essa carta da manga. O clima já está tumultuado o bastante para esse ingrediente bagunçar ainda mais o momento. A não ser, claro, que haja um acordo que envolvesse também os militares. Diante das incertezas, não custa nada prestar atenção no andar dessa carruagem.

Troca de comando da PF não deve surtir o efeito esperado por Bolsonaro

Bolsonaro e PF
Publicado em coluna Brasília-DF, Governo Bolsonaro, Política

Os policiais federais votaram em massa em Jair Bolsonaro, em 2018, e vibraram com a escolha de Sergio Moro para o Ministério da Justiça, confiantes na autonomia para investigações e para o combate à corrupção e a desmandos de maneira geral.

Porém, desde as primeiras tentativas de influir politicamente no trabalho da PF com as investidas para a troca do diretor-geral, o encanto foi se esvaindo. E agora, com a saída de Moro, nem mesmo Alexandre Ramagem, hoje diretor-geral da Abin, terá um cenário tranquilo para cumprir sua missão ali.

Os policiais ficaram felizes e gratos pela valorização que Moro fez do trabalho deles em sua despedida do Ministério da Justiça. O ex-juiz, que já convivia com muitos policiais nos tempos da parceria da Lava-Jato que levou empresários, presidentes de partido, doleiros e até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a cadeia, hoje tem informações sobre os Bolsonaro e o coração da corporação.

Ramagem, ou mesmo outro diretor-geral, não poderá chegar trocando delegados de investigações em curso, como a das fake news e de organização das manifestações em favor do AI-5, por causa da decisão do ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que proibiu trocas nos delegados da PF envolvidos nesses inquéritos.

As trocas dos superintendentes também serão objeto de muita análise por parte da corporação, especialmente, no Rio de Janeiro, Pernambuco e São Paulo, onde há alvos dos bolsonaristas e, no caso do Rio, ainda uma preocupação com os desdobramentos de investigações que envolvem Flávio Bolsonaro.

 

Carlos, o que mais preocupa

Bolsonaro está preocupadíssimo com a perspectiva de Carlos Bolsonaro ser chamado a depor na CPMI das Fake News assim que o Congresso reabrir as sessões presenciais. É que o filho não consegue sequer ver seu nome citado nas redes sociais sem soltar palavrões. Imagine num plenário com 40 deputados, muitos da oposição.

Bolsonaro perde seguidores nas redes sociais após saída de Moro

Bolsonaro
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Durante todo o dia, a consultoria Bites monitorou o andamento do perfil do presidente da República e os atores da crise envolvendo o ministro da Justiça, Sérgio Moro, em seu último ato no governo. O resultado do trabalho está nesse boletim divulgado há pouco por Manoel Fernandes, diretor da empresa que, desde setembro de 2017, acompanha Jair Bolsonaro nas principais redes sociais. Boa leitura!

Manoel Fernandes
Diretor BITES

O Sistema Analítico BITES começou a acompanhar as publicações de Jair Bolsonaro no Twitter, Instagram, Facebook e Youtube em 01 de setembro de 2017. Desde então, o presidente ampliou sua base em 30,8 milhões de fãs. Nesses 967 dias, não houve um único ciclo de 24 horas sem a adição de novos aliados nessas contas. Hoje, sexta-feira, 24 de abril, a partir das 11h, a trajetória foi interrompida com a saída de Sergio Moro.

Bolsonaro e os seus filhos com mandato – Carlos, Eduardo e Flávio – perderam seguidores em seus perfis oficiais. No intervalo de seis horas, entre a entrevista do ex-juiz e a coletiva no Planalto, a família do presidente foi abandonada por 86.427 fãs.

No clã, Bolsonaro foi o mais impactado. Às 14h30, 36.296 mil fãs já tinham deixado as redes do presidente. Às 15h20, o número já estava em 48.473 e logo após a coletiva o saldo era de 45.575. Ao final do pronunciamento houve leve recuperação com a chegada de 2.898 fãs para balancear as deserções digitais.

Na medição das 20h, o resultado indicava que 41.996 perfis não queriam mais acompanhar os conteúdos publicados pelo presidente. A base sofreu uma redução de 0,12%, mas pode ser um indicador da uma tendência do desembarque de lavajatistas da rede digital de Bolsonaro. Desafetos do presidente, os governadores João Doria e Wilson Witzel ganharam, respectivamente, 7 mil e 3 mil fãs nessa sexta-feira.

Hegemonia de hashtags negativas

Não foi um dia fácil para o presidente. Às 18h, as hashtags de natureza negativa estavam presentes em 773 mil tweets, o equivalente a 35% de todos os posts publicados nessa rede social no Brasil até o início da noite sobre a crise.

Também houve uma mudança no patamar de usuários únicos que produziram conteúdo contra o presidente desde 15 de março. Hoje, 331.658 perfis no Twitter criticaram Bolsonaro, superando o recorde anterior de 24 de março (247 mil) no primeiro pronunciamento sobre o Covid.

Moro e Mourão

Hoje, Moro conquistou 160.248 aliados nas suas contas no Twitter e Instagram. O mesmo ocorreu com o vice-presidente Hamilton Mourão que ganhou 25.602 e terminou o dia com 1,5 milhão de fãs.* O ministro bateu o recorde de audiência no Twitter com 2,5 milhões de menções ao seu nome. Junto com o presidente, Moro apareceu em 998 mil posts.

Esse volume superior aos 335 mil tweets que a opinião pública digital brasileira publicou hoje sobre o Covid-19.

A reação da rede bolsonarista

A demissão de Moro surpreendeu a rede bolsonarista na Internet. No final da manhã quando a saída já estava confirmada, os grupos nas redes sociais ou mesmo no Whatsapps estavam paralisados sem entender as consequências do rompimento.

No meio da tarde, antes da coletiva, os aliados do presidente começaram a construir uma narrativa. Não atacaram Moro, mas reforçaram que a decisão de demitir no governo é uma prerrogativa do chefe do Poder Executivo.

Após o evento no Planalto, esse argumento ganhou força. Mesmo assim, os bolsonaristas não conseguiram superar a oposição. As hashtags positivas criada para defender Bolsonaro foram utilizadas em 306 mil posts, produzidos por 85.713 perfis.

Os comentários são livres, mas os fatos são sagrados

A sequência dos fatos dos próximos dias, especialmente as narrativas de cada lado, determinarão o humor da opinião pública digital sobre a administração de Jair Bolsonaro.

Hoje, como esperado, houve um aumento nas buscas no Google Brasil sobre impeachment, especialmente associada à possibilidade do ministro Sergio Moro ter provas contra o presidente.

PSB apresenta pedido de impeachment contra Bolsonaro e de nova CPI

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Com este, serão 25 pedidos contra o presidente

O PSB até aqui relutava em assinar um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Porém, depois das afirmações do ministro da Justiça, Sérgio Moro, a bancada decidiu há pouco representar contra o presidente da República. O PSB ficará apenas no que considera crime de responsabilidade e falsidade ideológica. Ou seja, a assinatura de Moro estampada na exoneração de Maurício Valeixo do cargo de diretor-federal da Polícia Federal, no Diário Oficial da União (DOU), sem que o ministro estivesse assinado qualquer documento.

O pedido do PSB será mais um para se somar aos 24 que já foram apresentados ao Parlamento. Porém, desta vez, não se trata de participação em manifestação, em aglomerações em meio à pandemia de Covid-19. Afinal, o direito de ir e vir deve ser preservado e, por isso, o PSB não assinou esses pedidos e apresentará um novo. A bancada considera que usar uma assinatura do ministro e a tentativa de interferir na PF não podem ser tratados como algo banal.

Os socialistas querem também uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as tentativas de interferência nas instigações da Policia Federal. A avaliação é a de que é preciso proteger a instituição e descobrir o que assusta tanto Bolsonaro ao ponto de o presidente correr o risco de perder popularidade ao tentar interferir na PF e, por tabela, provocar a demissão do ministro da Justiça, Sérgio Moro. A crise só cresce.

Bolsonaro emparedado e cada vez mais isolado

Bolsonaro
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Há menos de uma semana, quando o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu abertura de inquérito para apurar quem organizou as manifestações em favor do AI-5 e contra o estado de direito no país, os bolsonaristas disseram que não iria “dar em nada”, conforme adiantou a coluna. A aposta do grupo veio cedo demais.

A abertura do inquérito pelo Supremo Tribunal Federal e as notícias de que virá uma busca e apreensão nos gabinetes de parlamentares ligados ao presidente mudou essa visão. Até aqui, essa investigação, somada ao que vem sendo apurado pela CPI das fake news, levaram alguns parlamentares a elevar a pressão pela troca do diretor da Polícia Federal.

Foi por isso que Bolsonaro, mais uma vez, insistiu com o ministro Sérgio Moro para trocar o diretor. O estrago dessa substituição, porém, foi maior do que o presidente poderia supor: Moro deixa o cargo, acusando o presidente da República de crimes e expondo a vontade de Bolsonaro em “ter um diretor com quem pudesse telefonar, colher informações, ter relatórios de inteligência”, ou seja, influir politicamente na PF.

Moro ainda fez um paralelo com governos anteriores no auge da Lava-Jato e citou “imagine se a presidente Dilma ligasse para colher informações de investigações em andamento”. Citou ainda o valor e a autonomia de Maurício Valeixo, que, em 2018, conseguiu segurar a prisão de Lula, depois de um alvará de soltura expedido por um juiz.

E, de quebra, ainda acusou o governo de falsidade ideológica ou dizer que não assinou o ato de exoneração do diretor da PF. Agora, virão as consequências, com um presidente cada vez mais isolado. O tilintar das panelas foi forte depois da saída de Moro. E isso que as investigações sobre quem organizou as manifestações mal começaram. O “dar nem nada” já deu em muita coisa e outras virão.

PSB publica manifesto contra decreto de Ibaneis que flexibiliza reabertura do comércio

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O núcleo de saúde e saneamento do PSB do DF acaba de divulgar um manifesto que pede a revogação do decreto do governador Ibaneis Rocha, que permite a reabertura de lojas de móveis e eletrodomésticos. A avaliação do núcleo é a de que a única parte do decreto que se justifica é a que trata das unidades do sistema S, de saúde e assistência social à população. A seguir, a íntegra do manifesto:

Manifesto pela revogação do decreto 40.612 do Governador Ibaneis que flexibiliza a reabertura do comércio

Nós, do Partido Socialista Brasileiro do Distrito Federal, por meio do Núcleo Temático de Saúde e Saneamento, solicitamos a imediata revogação do decreto nº 40.612 do Governador Ibaneis Rocha que autoriza a reabertura de lojas e fábricas de móveis, comércio de eletroeletrônicos e o funcionamento do Sistema S.
No caso do Sistema S, apenas se justifica abrir as unidades de prestação direta de serviços de saúde e assistência social à população e, em particular, ao trabalhador e sua família.
A abertura de indústrias cuja atividade não se destine, neste momento, à produção de produtos destinados ao combate à COVID-19, também não tem sentido assim como a abertura do comércio deve estar restrita às necessidades essenciais da população do Distrito Federal.
O Núcleo Temático vem a público demonstrar, através de alguns levantamentos, quais podem ser os impactos da flexibilização do isolamento em termos de vidas no Distrito Federal.

Torna-se claro os grandes riscos que o governador está expondo a população da cidade quando ainda não chegamos ao pico previsto da pandemia e, também, o mesmo não parece apresentar uma proposta estruturada, pensada e estudada de reabertura das atividades não essenciais sem acarretar em um descontrole da proliferação do vírus pela cidade e um caos no sistema de saúde.

Dados que justificam a continuidade do isolamento social:

1. Em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou que o surto do novo coronavírus constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) – o mais alto nível de alerta da Organização, conforme previsto no Regulamento Sanitário Internacional. Essa decisão buscou aprimorar a coordenação, a cooperação e a solidariedade global para interromper a propagação do vírus.

2. O Distrito Federal registrou até o dia 11/04, 579 casos de infectados pelo COVID-19 e 14 mortes. Temos, segundo levantamento, 929 leitos de UTIs adultos e 10 leitos a mais que serão disponibilizados pelo Distrito Federal. Contudo, é preciso frisar que estamos lidando com outros surtos, como a dengue em nossa cidade, que só abril deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado teve um aumento de 100,12% de casos, registrando mais de 16 mil casos prováveis e ao menos 8 óbitos. Logo, precisamos achatar o máximo a curva de crescimento de casos de COVID-19 para que nossos leitos de UTI consigam comportar à demanda da epidemia e também de outras doenças.

3. Hoje já 16 pacientes graves em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), 44 internados em leitos e 383 em recuperação domiciliar, o que já representa, só de internados com COVID-19 uma ocupação de 6% do total de leitos disponíveis em um período de menos de um mês com uma política rígida de isolamento social e fechamento do comércio. Caso percamos o controle esse número poderá crescer exponencialmente, como foi o caso de algumas cidades pelo mundo, tendo o caso mais emblemático o de Nova York, uma das cidades com um dos maiores PIBs do mundo.

4. Há uma série de denúncias de falta de equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde que são essenciais para que eles não adquiram a doença. Como temos o exemplo da Itália, que já registra 109 médicos e 30 enfermeiros que morreram após serem contaminados em exercício da profissão, além de 13.121 profissionais de saúde terem adquirido o COVID-19. No Brasil entre médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, foram afastados do trabalho 6743 profissionais desde o início da pandemia por apresentarem sintomas do COVID19, destes 1400 profissionais foram testados positivos, 18 deles morreram de COVID19. O Conselho Federal de Enfermagem confirma 1203 profissionais de enfermagem infectados, 8 mortes confirmadas, 2 delas em Brasília, o que gera um duplo impacto: no aumento do número de infectados e na diminuição da capacidade de atendimento pela rede de saúde.

5. O Brasil é o país que menos testa entre os mais atingidos pelo COVID19. Enquanto o país faz apenas 296 testes por milhão de habitantes, o Irã, segundo país que menos faz testes entre os mais afetados, faz 2.755 testes por milhão de habitantes. Logo, provavelmente temos uma imensa subnotificação do número de casos de infectados, o que torna ainda mais necessário o isolamento social para o controle da transmissão da pandemia.

6. O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde de 03 de abril colocou o Distrito Federal, com mais outras quatro Unidades da Federação, em alerta para a fase de aceleração descontrolada da doença.

7. Não há campanhas de conscientização e motivação para o uso de máscaras continuamente e medidas de sua utilização e higienização pela população geral, em espaços principalmente onde há a possibilidade de maior aglomeração de pessoas e maior probabilidade de circulação do vírus, segundo o Ministério da Saúde recomenda.

8. A região central da cidade, que engloba Plano Piloto, Sudoeste/Octogonal, Cruzeiro, Lago Norte, Lago Sul e Varjão do Torto, é onde está concentrado o maior número de casos, com uma incidência de 75,38 a cada mil habitantes, contudo já se percebe um aumento significativo do número de casos na região sudeste, sendo Águas Claras, cidade de grande densidade demográfica, a RA que teve um maior crescimento, com 37,51 casos a cada mil habitantes. Assim, a flexibilização propiciada pelo decreto da abertura de alguns estabelecimentos comerciais, poderá provocar uma maior circulação do vírus, ainda com maior facilidade em RAs de grande adensamento demográfico.
Todos os pontos acima listados nos fazem crer que o Governador está cometendo um grande erro ao flexibilizar, prematuramente, as medidas de isolamento social. Isso pode fazer com que percamos o controle do crescimento do número de infectados e acarretar em uma grave crise do nosso sistema de saúde, deixando milhares de vidas em uma situação de extrema vulnerabilidade.
Sabemos que ao longo deste ano enfrentaremos períodos de maior e menor flexibilização do isolamento. A questão é que este sendo previsto como mês de pico ou forte aceleração, a medida pode possibilitar efeitos irreversíveis, pois as vidas perdidas e os efeitos nas famílias de cada uma não se recuperam.

PSB/DF – Núcleo de Saúde e Saneamento

Defesa por isolamento pode fazer “gabinete do ódio” pressionar pela saída de Mandetta

mandetta
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Coluna Brasília-DF

O discurso do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante o último balanço sobre Covid-19 no sábado, foi recebido nos partidos como a última tentativa de chamar a atenção de todos, e busca uma ação conjunta de combate ao coronavírus no país. Sobraram recados tanto para os governadores, que criticam o tempo todo o governo federal – leia-se João Doria, de São Paulo – quanto para aqueles que, dentro do governo, invariavelmente, deixam a ciência de lado – leia-se aí o próprio presidente Jair Bolsonaro, que mostrou a caixinha de cloroquina como a receita recomendada para o momento.

A fala do ministro, entretanto, traz o risco de levar o “gabinete do ódio” capitaneado pelos filhos de Bolsonaro a pressionar mais uma vez para trocar o ministro pelo presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres – aquele que acompanhou o presidente na manifestação de 15 de março. Até para essa turma, valem as palavras de Mandetta: “Temos que ter racionalidade e não nos mover por impulso”.

O nó na saúde I

A boataria que circulou durante todo o dia sobre a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, vinha acompanhada de pressões do governo para que ele substituísse integrantes de sua equipe que os bolsonaristas mais convictos chamam nas redes de “comunistas”. A equipe foi toda escolhida por Mandetta. E, pelas palavras do ministro ontem, a equipe permanece.

O nó na saúde II

As projeções oficiais do Ministério da Saúde estão mais difíceis de serem feitas, porque ainda não foi definido um método seguro de cálculo de número de casos para daqui a seis meses. Daí, os atrasos em soltar o número de casos. A ordem é optar por aquele que não seja nem o mais otimista, nem o mais pessimista.

Prepare-se

A redução de voos semanais no Brasil de 14.781 para 1.241 até 30 de abril indica que a quarentena será maior do que se imagina.

Viu, Osmar Terra?

Entre os emedebistas, as comparações de Mandetta da Covid-19 com a H1N1 foram consideradas um recado direto ao deputado Osmar Terra (MDB-RS). Nos últimos dias, Terra deu uma série de entrevistas e gravou vídeos na linha do pronunciamento de Bolsonaro na última terça-feira, de que era preciso cuidado com os idosos, sem necessidade de quarentena generalizada.

CURTIDAS

O trabalho veio do Executivo// O Poder Judiciário se preparava, na semana passada, para uma avalanche de pedidos de internação por causa de sintomas de Covid-19. Até aqui, porém, as ações que mais exigiram decisões urgentes foram as do Executivo Federal, em especial o decreto que tornou atividades religiosas como essenciais e a campanha experimental “O Brasil não pode parar”.

É por aí/ Relator da Medida Provisória 927, de socorro às empresas, o senador Eduardo Braga (foto) (MDB-AM) passa o fim de semana trabalhando com técnicos para um estudo mais aprofundado do texto e apresentar seu parecer o mais breve possível. A linha será garantir emprego, renda e empresa. Para quem não se lembra, é a MP que tratava da suspensão dos salários sem garantia de renda. O presidente Bolsonaro mandou retirar o trecho do texto, depois de críticas nas redes sociais.

Geração espontânea/ O vídeo da campanha “O Brasil não pode parar” terminou a semana sem pai nem mãe.

Dória: “Nossa prioridade é salvar vidas, não promover shows”

Meme Doria
Publicado em Covid-19, Política

Ao tomar conhecimento desse meme que circula nas redes sociais com a sua foto e a inscrição “São Paulo vai gastar R$ 10 milhões para shows nas varandas e janelas”, o governador de São Paulo, João Dória, disse desconhecer o assunto e que, com ele ninguém tratou disso, nem mesmo o prefeito da capital, Bruno Covas. “Totalmente falso”, disse Dória ao blog. “Nossa prioridade é salvar vidas, não promover shows”, completou.

O meme circula especialmente entre grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que em entrevista à CNN Brasil, chamou o governador de “lunático” por causa do fechamento de shoppings. Ns entrevista, o presidente anunciou ainda que pretende fazer uma reunião com os governadores na semana que vem para tratar das medidas de combate ao coronavírus e atendimento aos casos de Covid-19, e que jamais se recusou a receber governadores. Porém, em fevereiro, o governador do Rio, Wilson Witzel, pediu uma audiência ao presidente da República e não foi atendido. Nesse clima de tiroteiro entre governos estaduais e federais, a reunião da semana que vem promete.