Prioridade de Lula será acalmar os ânimos na Câmara

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Além do jogo do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva dedica esses dias a tentar acalmar os ânimos na Câmara. É que, desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) adiou o julgamento das emendas de relator — vulgo Orçamento Secreto —, os aliados de Arthur Lira (PP-AL) passaram a desconfiar de que o presidente eleito atua para tirar fôlego da reeleição do deputado, embora publicamente e reservadamente diga que o PT apoiará a recondução. Neste sentido, ainda que haja um sentimento de que é preciso dar lastro a Lula, nada caminhará a contento se a turma de Lira não sentir lealdade no trato político.

Se o petista quiser apoio, é bom juntar as declarações à prática. Lira, da sua parte, está disposto a ajudar a aprovar a proposta de emenda constitucional, mas desde que se sinta apoiado pelo futuro governo. Até aqui, o governo não tem os 308 votos para aprovar a PEC e dificilmente obterá esses votos na Câmara se não obtiver o apoio do presidente da Casa.

Escalação para reduzir pressão

Os ministros a serem anunciados hoje são aqueles considerados imprescindíveis para deflagrar a transição em suas respectivas pastas o mais rápido possível. Defesa, para acalmar militares; Justiça e Segurança Pública, onde está a Polícia Federal e a Rodoviária Federal; Casa Civil, de onde saem leis e decretos; e Fazenda, onde é preciso montar a equipe que demonstre lastro ao fiscal com um olhar social.

Foi demais…
Muitos deputados deram um pulo quando perceberam que a PEC da Transição permitirá a abertura para operações financeiras, junto a organismos internacionais, fora do teto. Como se trata de uma emenda constitucional, alguns técnicos entendem, e já avisaram aos parlamentares, que o futuro governo poderá captar esses empréstimos sem aval do Parlamento.

…para precisar menos
Esse “pequeno detalhe” da PEC levou muitos na Câmara à desconfiança de que a ideia do texto é fazer com que o futuro governo possa prescindir do Parlamento para tocar suas obras e programas sociais. Assim, pode até aprovar, mas vai ser difícil manter o texto intacto.

E o Geraldo, hein?
Na entrevista à Globonews, o vice-presidente Geraldo Alckmin deu um recado direto à presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Perguntado sobre a vontade dos partidos de ocupar espaços no primeiro escalão, especialmente o PT, ele lembrou os tempos da pressão do PTB de Getúlio Vargas pelos ministérios e saiu-se com esta: “Getúlio dizia: vocês já têm a Presidência da República”.

Uma homenagem a Eduardo Campos/ Com o PT pressionando pelo Ministério das Cidades, que cuidará do Minha Casa Minha Vida, o presidente eleito acenou com a acomodação do ex-governador Márcio França (PSB) no Ministério da Ciência e Tecnologia. Foi a pasta que o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos ocupou no antigo governo Lula.

Não conte com eles/ O deputado Sanderson (PL-RS) avisou ao partido que votará contra a PEC da Transição, ainda que o valor seja reduzido. Aliás, outros bolsonaristas pretendem seguir pelo mesmo caminho.

“Sessão do avião”/ É assim que muitos apelidaram as sessões da Câmara das quintas-feiras, quando a maioria dos deputados passa por ali “à paisana”, sem terno, registra a presença e sai correndo para não perder o voo. Ontem, véspera do jogo do Brasil contra a Croácia, não foi diferente.

Enquanto isso, no intervalo…/ Estava tão tranquilo que o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) pediu à mulher, Janaína, que levasse os filhos, Paulo e Sofia, para o Plenário. As crianças até discursaram na tribuna, antes da reabertura da sessão no início da tarde.

A PEC não é um cheque em branco. É um cheque especial sem limite. O Senado optou pelo liberou geral”
Danilo Forte, deputado (União Brasil-CE)

 

Risco de quebra de hierarquia leva Lula a anunciar ministro

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Estava tudo pronto para que o presidente Lula anunciasse a primeira leva de ministros na segunda-feira, dia 12, logo depois da diplomação. Mas, ele preferiu desatar logo alguns nós. Diante das incertezas que vive o país, inclusive com risco de saída antecipada de comandantes militares, o que poderia levar a uma leitura de quebra de hierarquia, Lula decidiu anunciar antecipadamente os ministros considerados chaves para começar já a transição e evitar transtornos. isso em pleno dia do jogo do Brasil, o que não estava nos planos iniciais do presidente, um aficcionado por futebol. Pelo menos quatro dos ministros a serem anunciados __ Casa Civil, Justiça, Defesa e Fazenda __ são os mais estratégicos para qualquer governo. Especialmente, num cenário em que há parentes acampados na porta dos quartéis, pedindo intervenção. Vamos à importância de cada um.

Defesa: Na transição e fora dela, há quem tenha detectado um risco de quebra de hierarquia com a saída antecipada de comandantes militares. Isso porque, nas Forças Armadas, não há transição. Há apenas troca de comando depois da posse.  E, no momento em que os comandantes se preparam para sair antes, pode-se passar a ideia à tropa e aos escalões inferiores, de rejeição ao novo governo e ao presidente eleito. Agora, com José Múcio Monteiro anunciado ministro da Defesa amanhã, ele deflagrará as conversas com o meio militar com um peso maior, dissipando leituras e, como ele já estará atuando como futuro ministro, espera-se que ele dissipe qualquer leitura de quebra de hierarquia.

Justiça: A pasta inclui a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, acusada de fazer “corpo mole” quando do bloqueio de rodovias por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro logo depois de conhecido o resultado da eleição. Agora, caberá ao futuro ministro, Flávio Dino, começar a transição nas polícias.

Casa Civil: De lá saem decretos e leis. Por isso, é preciso ficar de olho no que está sendo preparado nesta reta final de governo. A partir de agora, o governador da Bahia, Rui Costa, terá condições de montar uma equipe que ajude a acompanhar de perto a Casa Civil, de forma a evitar surpresas.

Fazenda: Decidido a fatiar o Ministério da Economia e retomar o modelo anterior com ministérios separados para Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio, Lula anuncia logo o ministro da Fazenda para dar mais tempo à transição. O nome sobre a mesa para esse cargo é o do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que montará uma equipe mais técnica para os cargos-chaves da pasta, Secretaria do Tesouro, Política Econômica e tudo mais.

Há ainda a expectativa de que Lula anuncie o embaixador Mauro Vieira para Relações Exteriores a fim de colocar o Itamaraty no preparo das viagens que o presidente eleito deve fazer depois da posse, começando por Estados Unidos e Argentina.

Os anúncios desta sexta-feira devem ainda esvaziar ainda mais os gabinetes da transição. Lula, por exemplo, tem feito a maioria das conversas importantes no hotel onde está hospedado.  Agora, os novos ministros passarão a dividir as atenções.

Aprovação da PEC marca fase paz e amor entre futuro governo e Congresso Nacional

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A aprovação da PEC da Transição pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado marcou o início da fase “paz e amor” entre o futuro governo e o Congresso. Mas os parlamentares sabem que isso é apenas uma trégua, especialmente entre os partidos que representam hoje o centro da política, grupamento ávido por conquistar a fatia do eleitorado que foi bolsonarista para evitar Lula, e também aquela que votou em Lula apenas para não reeleger Jair Bolsonaro. Da parte da equipe de transição, a ordem é aproveitar a onda boa. Que seja infinita, enquanto dure.

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A estratégia dos partidos de centro é apoiar em parte o futuro governo durante os primeiros seis meses. É o prazo para ver se Lula cumprirá a promessa de uma administração ampla ou se voltará ao PT e às bandeiras exclusivas da esquerda — como, por exemplo, a revogação da reforma trabalhista. Caso ele se dirija à esquerda, a base na Câmara vai reduzir tal e qual ocorreu com Dilma Rousseff, em 2015.

O mercado bate…

…mas não leva. Na equipe de transição há quem diga que, quanto mais o mercado se posicionar contra Fernando Haddad no Ministério da Economia, mais o nome do ex-prefeito de São Paulo se consolidará como o escolhido para o posto.

É para dar recado
Quem conhece a fundo o modus operandi do presidente eleito garante que ele não escolherá ninguém que seja o “queridinho” da “turma da Faria Lima”. Lula quer deixar claro que eles não podem mandar no país. O petista quer um ministro que atenda ao governo, e não ao mercado. O coordenador da economia será o presidente da República. Foi assim, em 2003, quando Antonio Palocci assumiu o Ministério da Fazenda. A ideia é repetir essa mesma fórmula em 2023.

Próximos passos
O futuro governo vê no acordo em torno da PEC da Transição um sinal de que a fatura está praticamente liquidada no Senado e será aprovada hoje no plenário. Resta a Câmara, onde a negociação já está em curso para que não haja mudanças no texto, a fim de permitir a aprovação até 22 de dezembro.

Fechado
No PSB, o ex-governador de São Paulo Márcio França já é tratado como “ministro” das Cidades.

O sucessor/ As declarações do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na CCJ quando da votação da PEC da Transição deixam claro que a posse de Lula já está precificada pela família. Aliás, diante do silêncio do pai, Flávio será a grande voz da oposição, hoje, no plenário do Senado.

Prestigiado/ Não são poucas as autoridades que já confirmaram presença na posse do novo presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, em 14 de dezembro. O presidente eleito Lula e seu vice, Geraldo Alckmin, devem comparecer, a contar pela movimentação de seguranças na preparação do local.

Novos tempos/ O jantar da posse dos novos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Messod Azulay Neto e Paulo Sergio Domingues, reuniu autoridades dos Três Poderes a R$ 400 por um lugar à mesa. Melhor assim.

Por falar em posse…/ Quem passou pelo STJ para a posse foi o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Aproveitou para conversar um pouco com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes. Alguns têm a leitura de que Tarcísio se afastou de Bolsonaro. Outros consideram que o governador pode ser uma ponte para ajudar o presidente no futuro.

Choro e frases/ As lágrimas do presidente, nesta semana, viralizaram na internet, colocadas ao lado de imagens da declaração da vitória de Lula, no dia da eleição, e as frases que o atual inquilino do Palácio da Alvorada disse ao longo da pandemia: “Não adianta fugir disso, fugir da realidade”; “temos que enfrentar os nossos problemas”; “chega de frescura, de mimimi, vão ficar chorando até quando?”

Terceira via busca sobrevivência após as eleições

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Com as atenções pós-eleição voltadas para a formação do novo governo e o futuro político do bolsonarismo, os partidos de centro que tentaram quebrar a polarização sem sucesso preparam os primeiros acordes neste final de ano. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, assume a presidência do PSDB com a missão de reconstruir a legenda devastada pelas disputas entre Minas e São Paulo, em que os dois grupos perderam. Com o MDB de Simone Tebet aliado a Lula e a senadora prestes a encerrar o mandato, os tucanos consideram que ainda têm combustível para uma projeção futura.

Só tem um probleminha: Se as novas forças tucanas repetirem a disputa interna que devastou o partido nos dois maiores colégios eleitorais do país, o que resta hoje do PSDB terminará engolido por outras legendas.

Spoiler I

Nas conversas que Lula manteve na semana passada sobre “orçamento secreto” — as emendas de relator —, o presidente saiu com a impressão de que o Supremo Tribunal Federal não pretende acabar com essa prerrogativa do Legislativo, mas exigirá mais transparência.

Spoiler II
Entre os congressistas, a aposta é que, se o STF decidir considerar o orçamento secreto inconstitucional, não será difícil um deputado apresentar proposta de emenda à Constituição (PEC) que devolva esse poder ao relator do Orçamento.

O novo Palocci
Aliados informam que o presidente Lula já deu a Fernando Haddad a missão de repetir tudo o que Antonio Palocci representou em seu primeiro governo, em 2003. A política econômica segurou as pontas e melhorou e muito a relação dívida-PIB. Palocci, porém, avaliam os petistas, “se perdeu” ao longo do caminho. A aposta é que o mesmo não acontecerá com Haddad.

Por que Haddad?
Lula está ciente da necessidade de fazer um governo bem diferente do que fez em seus primeiros oito anos. Sabe que o PT não ganhou sozinho e que o partido terá que ceder espaços de poder dos quais não abriu mão no passado. Porém, a condução da economia tem que ser sua. E Haddad fará exatamente o que o presidente determinar.

“Dim-dim” para os novatos/ Nessa discussão do Orçamento de 2023, já existe a reserva de R$ 19 milhões para os deputados que assumirão o mandato em fevereiro.

A cada dia…/ Os emedebistas não vão colocar o carro na frente dos bois. Isso significa negociar agora só a proposta de emenda à Constituição da Transição (ou PEC do fura-teto, ou do Bolsa Família) e o espaço no futuro governo.

…a sua agonia/ A formação de blocos para concorrer à Presidência da Câmara é considerado um assunto para janeiro. Assim, ciente da nova composição do governo, o partido terá clareza para se posicionar mais ao lado do PT ou mais distante. Seguirá o que for mais vantajoso para o próprio MDB.

Olho neles/ Além de Simone Tebet, o MDB quer dar visibilidade aos seus governadores. A lista inclui o do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, reeleito no primeiro turno, um feito visto no partido como algo a ser valorizado, uma vez que os eleitores do “quadradinho” não são afeitos a reeleger os governantes locais.

PT não quer Bolsa Família nas mãos de Simone Tebet

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a coordenação de campanha já sabem que não será possível atender cada partido aliado com um ministério para os deputados e outro para os senadores, como desejam várias legendas interessadas em apoiar o governo. Por isso, ele deixará para anunciar tudo depois da diplomação.

O tempo até lá será usado para definir um critério para ocupação de espaços no primeiro escalão. Só para o ministério que controlará o Bolsa Família (que hoje se chama Auxílio Brasil), por exemplo, o do Desenvolvimento Social, há uma gama de interessados e todos tiveram importância na vitória do petista. A ideia é compor por tamanho de bancada, mas isso ainda será avaliado na semana que vem.

Lula, aliás, tem evitado responder sobre os critérios para escolha dos ministros. Isso porque, nos 80% que ele já tem em mente, a regra tem sido a vocação de cada nome e não propriamente a preferência do partido aliado.

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Um enrosco será a área social, hoje a cargo do Ministério da Cidadania, que deve ser dividido em dois — Desenvolvimento Social e Cidades. A senadora Simone Tebet (MDB-MS), considerada fundamental para a vitória de Lula, tem participado da coordenação nessa área e há expectativa de que assuma o cargo. O PT, porém, não quer deixar justamente o Bolsa Família nas mãos de aliados e quer colocar lá o ex-governador do Ceará e senador eleito Camilo Santana.

Esquece os 14…

A expectativa do líder do PT, Reginaldo Lopes (MG), de formar uma frente com 14 partidos por fora do blocão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não vai se concretizar. O Cidadania, por exemplo, que integra uma federação com o PSDB, não tem meios de se desvincular dos tucanos para compor um grupo alternativo ao do PP de Lira.

…ou os 13
Outro que não quer saber de bloco alternativo é o União Brasil. O partido tem compromisso com Lira e, como o leitor da coluna já sabe, os integrantes da legenda preferem ficar com o atual presidente da Câmara, que não quebra acordos.

Sob nova direção…
O deputado reeleito Aécio Neves (PSDB-MG), por exemplo, tem dito a amigos que seu partido não fará bloco como PT. Os tucanos têm convenção marcada para a semana que vem, quando o governador reeleito do Rio Grande do Sul Eduardo Leite assumirá o comando da legenda.

…com velhas disputas
Leite reassume o governo gaúcho em janeiro. Nesse cenário, quem comandará de fato o partido será o vice-presidente, cargo que fez ressurgir a velha rixa entre São Paulo e Minas Gerais. Desta vez, porém, Minas deve levar.

Um cargo para dois/ O Ministério das Cidades, que tem entre suas atribuições o programa Casa Verde e Amarela, que voltará a ser Minha Casa Minha Vida, é o sonho de consumo do PSol, de Guilherme Boulos, e do PSB, de Márcio França. Ambos abriram mão de concorrer ao governo de São Paulo para apoiar o PT.

CMO 24h/ Com os prazos para lá de apertados, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) fará um plantão neste fim de semana para receber os relatórios setoriais do projeto de lei do Orçamento de 2023. A ideia é votar todos esses pareceres na segunda e terça-feira.

Por falar em Orçamento…/ Depois da Comissão de Constituição e Justiça, o cargo considerado mais estratégico pelos parlamentares é a relatoria do Orçamento. Quem manda na destinação das verbas tem tudo.

Três eleições, um título/ Os petistas registraram à fala de Lula durante entrevista no CCBB sobre o PT ser grande, importante e “cheio de vontades”. O presidente eleito, aliás, segue para seu terceiro mandato como inquilino do Palácio do Planalto e o título de único nome filiado à legenda capaz transitar pelas várias tendências partidárias, sem contestação.

E a Copa, hein?/ Respeitem os adversários. Perder para Camarões no finalzinho foi dose.

PT acredita que terá uma “base móvel” no Congresso Nacional

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Os petistas já mapearam os partidos e descobriram que Lula caminha para ter uma “base móvel” — ou seja, ora fechada com o Palácio do Planalto, ora mais arredia. As conversas políticas que o presidente eleito manteve até aqui indicam que o futuro governo só conseguirá trabalhar projeto a projeto. Em algumas propostas — leia-se reforma tributária —, caminha para aprovar uma emenda constitucional. Mas, se quiser revogar a reforma trabalhista, por exemplo, não será fácil.

A conclusão é que todos os partidos de centro estão rachados, com uma parte afinada com o atual governo e outra com Lula. O PSD de Gilberto Kassab, por exemplo, com seus 42 deputados, tem 21 mais afeitos a Lula e 21 com um perfil mais à direita. Nos demais, a situação não é muito diferente. A conclusão é que, mesmo com todos os partidos participando do governo, não haverá uma base sólida para o que der e vier.

Chegou tarde, mas…

O União Brasil definiu, logo depois da eleição, que participaria do bloco do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no ano que vem e trata, inclusive para o futuro, um “casamento” entre as duas legendas. O União reconduziu Elmar Nascimento (BA) ao cargo de líder da bancada para seguir nessa direção. Assim, o PT terá dificuldades em levar o União a compor um bloco a fim de garantir aos petistas o comando da Comissão de Constituição e Justiça.

… tem jogo
No PT, porém, há quem diga que a participação no futuro governo estará condicionada a ajudar o PT a conquistar espaços no Parlamento. Ou seja, é algo que, de acordo com os petistas, ainda pode mudar.

Veja bem
Na bancada do União Brasil, a avaliação é outra. Ministério é um serviço para o comando da sigla e precisa ser indicado até 31 de dezembro para tomar posse em 1º de janeiro. O bloco parlamentar para o Congresso está a cargo exclusivamente da bancada e será fechado até o final de janeiro. Até aqui, estão certos PP, PL, Republicanos, PTB e União Brasil.

Um encontro, vários sinais
O encontro de Lula com Jake Sullivan, o conselheiro de Segurança de Joe Biden, vai além da geopolítica internacional e das relações comerciais. Simboliza, segundo diplomatas, que os Estados Unidos não apoiam e nem apoiarão medidas de exceção ou golpes de estado por parte de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Tarcísio e Lula/ O empresariado paulista que foi ouvir, ontem, o governador eleito Tarcísio de Freitas na Associação Comercial de São Paulo, não perdia a oportunidade de fazer comparações. Tarcísio até aqui indicou o secretariado mais importante e o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva não consegue fechar seu tabuleiro.

Cada um com seu cada qual/ O empresariado, que em sua maioria não engole o PT, compara até mesmo os coordenadores. Alguns empresários brincavam com os deputados da base de Tarcísio, dizendo que era melhor ter Gilberto Kassab e Guilherme Afif Domingos na coordenação do que Gleisi Hoffmann e Aloizio Mercadante.

Política e Copa/ No 10º episódio do podcast Drible de Corpo na Copa do Mundo Qatar 2022, o repórter Marcos Paulo Lima, enviado especial do Correio Braziliense, pergunta ao comentarista e ex-jogador Walter Casagrande Júnior sobre a situação do Brasil na política: “Tem que reconstruir o país. É preciso parar com essa bobagem de pedir intervenção militar na frente dos quartéis. O Brasil precisa andar para frente”, respondeu o Casão.

Por falar em quartéis… / Michel Winter, considerado pelos bolsonaristas o marqueteiro de Bolsonaro, tem levado recados do presidente aos manifestantes acampados nas portas dos quartéis. Esta semana, por exemplo, levou a seguinte mensagem: “Não vai entregar o nosso país ao corrupto”. E fez um apelo: “Aguardem o chamamento do lugar certo e das pessoas certas. Ouçam a voz do nosso presidente”. Até aqui, Bolsonaro tem se mantido calado, a transição caminha e Eduardo Bolsonaro torce pelo Brasil na Copa no Catar.

Novo governo terá que fazer escolhas

Publicado em coluna Brasília-DF

A contar pelas análises técnicas já feitas pela Câmara e parte dos relatórios apresentados pelas equipes de transição, o futuro governo terá que buscar novas fontes de financiamento. É que, até aqui, tanto nos relatórios parciais da equipe de Luiz Inácio Lula da Silva quanto na PEC da Transição (ou fura-teto ou do Bolsa Família), fala-se em acréscimo de despesas sem que se apresente de onde sairão os recursos para fazer frente às necessidades de cada área. Sem aumento de impostos, há quem diga que muitos programas vão ficar a ver navios.

No atual cenário das contas, não haverá recursos para tudo que a transição está pedindo em termos de recomposição de recursos e programas. Para completar, a PEC também vai perder o que os parlamentares têm chamado de “gordura”. Deputados dos mais diversos partidos não se sentem à vontade para dar um cheque em branco para os investimentos, mas não vão se negar a fornecer os recursos para o Auxílio Brasil — que voltará a se chamar Bolsa Família.

O sonho do PSD

O PSD de Gilberto Kassab, futuro secretário de Governo do Estado de São Paulo, mira o Ministério da Infraestrutura. É onde o partido terá mais facilidade com a transição, uma vez que a atual equipe foi montada pelo governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Efeito Eduardo
Depois das imagens do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no Catar durante o jogo do Brasil contra a Suíça, o bloqueio das estradas praticamente acabou.

Abre teu olho, 03
A agenda de Eduardo Bolsonaro apresentando que ele estava presente à sessão não-deliberativa, levada às redes sociais pelo deputado André Janones (Avante-MG), corre o risco de ir parar no Conselho de Ética. Já tem gente estudando o assunto.

Por falar em Bolsonaro…
O tratamento que o presidente da República recebeu no PL, no jantar coincidentemente marcado para o trigésimo dia pós-derrota, serviu para consolidar a posição de Jair Bolsonaro como presidente de honra do PL.

Os curingas de Lula/ Pelo menos quatro nomes podem ir para qualquer ministério do novo governo: Aloizio Mercadante, Fernando Haddad, Alexandre Padilha e Jaques Wagner. Todos do PT. Já os aliados têm endereço certo.

Por falar em aliados…/ O ex-governador de São Paulo Márcio França desfilou pelo Centro Cultural do Banco do Brasil sendo chamado de ministro pelos colegas.

Novos amigos/ O casamento do União Brasil com o futuro governo será de “papel passado, no civil e no religioso”, dizem os petistas. Com o senador eleito Sérgio Moro (PR) e tudo mais.

Enquanto isso, no TSE…/ Ao antecipar a diplomação de Lula para o próximo dia 12, o Tribunal Superior Eleitoral espera diminuir a tensão na porta dos quartéis. Resta saber se vai funcionar, uma vez que Bolsonaro continua calado. Há quem diga que a depressão do presidente ainda não passou, mesmo após um mês da derrota.

 

Fala de Lula sobre evangélicos desidrata apoio na Câmara

Publicado em Governo de Transição

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Frente Parlamentar Evangélica não gostou de ver o presidente eleito dizendo que poderia responsabilizar pastores por mortes na pandemia. Uma nota assinada pelo coordenador da FPE, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), os parlamentares consideraram a fala de Lula “um claro intuito de perseguir preconceituosamente a comunidade evangélica, visto que não se referiu a nenhuma outra organização religiosa, sindical ou a qualquer outro segmento da sociedade que defende a ampla liberdade de escolha de seus integrantes”, diz o texto.

A nota inclusive conclama os evangélicos a refletir sobre os fundamentos e princípios que nortearão a República, “caso Lula assuma e permaneça” na Presidência. Se já está difícil o futuro governo conseguir uma maioria folgada que aprove uma PEC, como a da transição com tudo o que o governo deseja, imagine agora, depois dessa reação da bancada.

A avaliação geral é a de que Lula tem que descer do palanque a passar a falar como presidente eleito, buscando agregar e não cobrar ou ameaçar segmentos. Até aqui, enquanto a PEC é discutida no Senado, o clima na Câmara periga azedar antes mesmo de o texto começar a tramitar.

 

leia íntegra abaixo:

 

 

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Se não quiser inimigos na Câmara, PT deve apoiar reeleição de Arthur Lira à presidência

Publicado em coluna Brasília-DF

Pelo andar da carruagem, o PT não terá muita alternativa fora do apoio à reeleição de Arthur Lira (PP-AL) para presidente da Câmara. Lira já tem o PP, o Republicanos e o PL de Jair Bolsonaro. Esta semana, obteve o apoio do União Brasil e a tendência de apoio do PDT, partidos com o qual o futuro governo esperava contar para o caso de lançar um nome à sucessão na Casa. E, nos bastidores, os líderes de siglas aliados ao atual governo e ao próximo começam a perceber que está cristalizada a ideia de que Lira representará a independência do Parlamento em relação ao Planalto. Assim, qualquer outro nome que tenha o apoio do PT será visto como submisso aos desejos de Lula.

Nesse quadro, avisam os deputados, se o futuro governo não quiser correr risco de ter um inimigo no comando da Câmara, melhor apoiar logo Arthur Lira e evitar tempestades. Afinal, o país saiu dividido das urnas e os problemas que estão à mesa indicam que não há espaço para que se crie mais um. Melhor defender logo a reeleição de Arthur, na Câmara, e de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no Senado, tirando mais esse foco de tensão sobre a PEC da transição ou fura-teto.

Te cuida, Xandão

A bancada bolsonarista vai insistir em ações contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. E o PL, por ser a maior bancada, terá a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e planeja pegar, ainda, a do Senado, caso perceba ser impossível emplacar um dos seus na Presidência da Casa.

Noves fora…
Até aqui, quem tem se movimentado é o senador eleito Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro do Desenvolvimento Regional. Só tem um probleminha: está difícil juntar votos para barrar a reeleição de Rodrigo Pacheco.

Daniel sob tensão
O futuro governo Lula prepara o “revogaço” de decretos de Jair Bolsonaro para a primeira semana de janeiro. Nesta lista, a equipe de transição estuda colocar aquele texto que concedeu perdão ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). Falta verificar se será possível do ponto de vista jurídico.

Esqueceram dele
Daniel Silveira foi candidato ao Senado, perdeu, e a partir de fevereiro do próximo ano, ficará sem mandato. Em abril, a relatora do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, encaminhou as ações relativas ao perdão para o plenário. Até hoje não foi julgado e não há prazo para julgamento. O parlamentar tem evitado polêmicas nos últimos tempos.

O bolso vai ficar vazio…/ “Bolsonaro finalmente consegue detonar o seu novo partido. E por conta disso, Valdemar não terá recurso financeiro para cumprir a ajuda financeira prometida”, escreveu o deputado Fausto Pinato (PP-SP) no grupo de WhatsApp da legenda.

… E vai sobrar para Bolsonaro/ O PL já tem uma sala para o presidente Jair Bolsonaro despachar a partir de janeiro, e, além disso, pagará um salário fixo para o presidente e arcará com os custos do aluguel de uma casa em Brasília. Agora, a multa de R$ 22 milhões não estava no script.

Aguarde a vez/ O ex-deputado Paulo Delgado, que foi até São Paulo sondar mercado financeiro sobre o futuro governo Lula, não perde o bom humor: “Eles querem um camarote na Sapucaí, mas o futuro governo ainda não apresentou sequer a ordem de desfile das escolas de samba”.

Aliás…/ Delgado saiu de Brasília todo feliz por ter conseguido uma passagem baratíssima para São Paulo, algo em torno de R$ 200. Somente esta semana é que se deu conta do motivo: O voo era bem na hora do jogo do Brasil contra a Sérvia.

PP vai pular fora da ação contra as urnas: “Não fomos consultados”, diz Cajado

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O presidente em exercício do Progressistas, deputado Claudio Cajado (BA), afirma que seu partido não será parte da ação do PL contra as urnas eletrônicas. “Não fomos consultados, não demos procuração. Entendemos que o processo eleitoral acabou”, disse Cajado ao blog. O PP entende que a coligação só era válida ao longo do processo eleitoral e esse processo acabou quando terminou o segundo turno. “Reconhecemos o resultado das eleições e não pretendemos contestá-lo”, afirmou.

 

Pelo menos, nesse quesito, investigação das urnas, o PL está sozinho, uma vez que o PP segue na mesma linha ja adotada pelo presidente do Republicanos, Marcos Pereira, que também alega não ter sido consultado sobre a ação para investigar as urnas eletrônicas. Com a saída dos dois partidos, a conta da multa de R$ 22 milhões ficará restrita aos recursos do PL. Nos bastidores, há quem diga que ou o PL esquece esse assunto das urnas e se prepara para liderar a oposição, com seus 99 deputados, ou, mesmo com a grande bancada, correrá o risco de ficar restrito a reclamações sobre o processo eleitoral, que já passou.