Esquerda, volver

Publicado em Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Congresso, Economia, Eleições, Orçamento, Política, Senado, STF

Coluna Brasília-DF publicada na quinta-feira, 25 de setembro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Os partidos de centro estão para lá de desconfiados de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se reeleito, dará uma guinada à esquerda. O que reforçou essa desconfiança foi o discurso que fez no encontro em defesa da democracia, nas Nações Unidas, ontem, com referências à necessidade de a esquerda corrigir seus erros e se reaproximar da população. Integrantes desses partidos, que têm voz e poder perante as agremiações, somam a isso a intenção de colocar o deputado Guilherme Boulos (PSol-SP) no núcleo de ministros palacianos. Por isso, um pedaço expressivo do MDB e as demais legendas de centro não pretendem seguir com Lula numa campanha reeleitoral. Desde já, muitos afirmam que, se o presidente quiser apoios, terá que abrir espaço no núcleo de poder.

Crédito: Maurenilson Freire

Desconfiança impera/ A avaliação geral é de que, se em 2022, quando venceu por pouco, Lula restringiu os ministérios do núcleo central de governo ao PT, numa reeleição essa restrição será reforçada. Até agora, o presidente não disse o que fará. Mas está cada vez à vontade com o mando de campo. E certo de que os ventos estão mudando a seu favor.

Contas eleitorais

Nos bastidores do Congresso, tem muito deputado pedindo agilidade para aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA) até o fim de novembro — já prevendo ao menos duas sessões do Congresso para aprovação e derrubada de vetos presidenciais. E a razão é o empenho das emendas em ano eleitoral. As excelências estão com medo de começarem 2026 com 1/12 avos do orçamento do ano que vem, o que prejudicaria a liberação dos recursos e agrado aos prefeitos antes das campanhas eleitorais. As emendas só podem ser pagas até junho por causa do “defeso eleitoral”. Um recorde, mas… Se conseguirem cumprir essa vontade, será inédito. Geralmente, deputados e senadores aprovam tudo às vésperas do Natal. Isso quando não deixam para o ano seguinte. Até aqui, o relatório da LDO de 2026, que deveria ser votada até julho, nem sequer foi apresentado.

Novela da MP

O governo está tendo dificuldade em fechar um acordo para aprovar a medida provisória (MP) que aumenta a tributação de bets, fintechs e afins. O que está impedindo um consenso entre os partidos é a tributação da Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). A bancada do agro quer manter a isenção, mas o governo sugeriu 7,5% de tributo, para conseguir, ao menos, 5%. Nos bastidores, os deputados comentam que, se o governo abrir mão do papel, o relatório será aprovado na terça-feira que vem. O maior problema é o risco de a MP caducar, uma vez que o texto tem validade prevista até 8 de outubro.

Azedou de vez

Os deputados — leia-se o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e alguns líderes partidários — ficaram irados com o fato de os senadores enterrarem a PEC da Blindagem com discursos ofensivos, do tipo os “colegas da Câmara” têm medo de investigação, “estão com o bicho na reta” — e por aí vai. A unanimidade deixou a certeza de que os senadores consideraram que “houve excessos” por parte da Câmara. A Casa comandada por Motta vai aguardar a hora para revidar o que considerou ofensas.

Ciumeira no PL

O almoço do governador Ibaneis Rocha (MDB) com o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, causou alvoroço. Alberto Fraga (PL-DF) foi à tribuna dizer que quando Valdemar quisesse tratar de assuntos de Brasília, procurasse a bancada. Valdemar foi a Ibaneis pedir apoio ao encontro das Apaes. Obviamente, a conversa foi além e tratou da chapa para 2026.

Michelle, curinga do PL

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro é, hoje, forte candidata ao Senado no DF, mas ninguém descarta que ela possa assumir uma vaga de vice, numa chapa à Presidência da República encabeçada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Se a construção for por aí, a candidata ao Senado será a deputada Bia Kicis (PL-DF).

CURTIDAS

Torcida/ Dia desses, um deputado bolsonarista raiz chegou à sede do PL e, numa roda de conversa, comentou: “Estou torcendo para Bolsonaro ir para a Papuda”. Quando os colegas o repreenderam, ele foi logo se explicando: “Gente, se isso acontecer, ele vai para 55%, 60%. Elege até um poste”.

Revolta não passou/ Bastou o presidente da Câmara, Hugo Motta, anunciar que havia colocado a medida provisória dos “agora tem especialistas” em pauta para a turma ligada às redes sociais cair em cima. O comentário mais suave dizia “agora você lembra do povo, né?”. Não faltaram impropérios com referencias à PEC da bandidagem.

Esqueceu o idioma/ Durante o seu depoimento na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) disse que mal se lembrava de como falar português por estar há meses se comunicando em italiano.

Foco na bioeconomia/ O Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia será discutido nesta quinta-feira em audiência pública na Câmara dos Deputados presidida pelo deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).  A proposta está recebendo sugestões por meio de consulta pública até o início de outubro. De acordo com a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), ele pode injetar US$ 592,6 bilhões ao PIB até 2050 e reduzir as emissões nacionais de gases de efeito estufa em 65%.

Trump separa as estações

Publicado em Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Congresso, Crise com os EUA, Crise diplomática, Economia, EUA, GOVERNO LULA, Lula, Política, Politica Externa, Senado

Coluna Brasília-DF publicada na quarta-feira, 24 de setembro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito 

O que era dito em conversas reservadas por interlocutores do governo norte-americano começou a ocorrer, na prática, com o rápido encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, no corredor de acesso à tribuna das Nações Unidas. Como o leitor da coluna já sabe, há o interesse do governo dos Estados Unidos em separar as relações institucionais e comerciais com o Poder Executivo brasileiro das dificuldades que os bolsonaristas enfrentam com o Judiciário. Porém, essa relação será retomada paulatinamente.

Crédito: Caio Gomez

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Veja bem/ Lula não tem como dizer “não” à conversa com Trump, mas não tem viagem prevista para os EUA, na semana que vem, por causa das votações no Congresso. Por isso, uma videoconferência. A prioridade na agenda do presidente brasileiro, nos próximos dias, é a votação da isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil.

Lula “arrumado”…

É assim que os atentos observadores, que torcem pela derrocada do PT, têm se referido aos movimentos do presidente-candidato. Lula acertou ao se posicionar contra a PEC da Blindagem. Encontrou aí um caminho mais firme para se aproximar do eleitorado que não gosta dele, mas não aceita as “sandices” de seus opositores.

… e bem posicionado

Para completar, o empresariado prejudicado pelo tarifaço dos Estados Unidos também não ficou nada satisfeito com o fato de os bolsonaristas apostarem contra as exportações brasileiras para tentar reforçar a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Soou como um movimento pessoal, sem se preocupar com o país. O discurso da ONU e a perspectiva de uma brecha de diálogo com os EUA reforçaram a posição do presidente brasileiro. Agora, é aguardar os desdobramentos.

Salvem os assessores

Após a decisão da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados de indicar a suspensão dos mandatos de Marcos Pollon (PL-MS), Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Zé Trovão (PL-SC) pelo motim no plenário, na volta dos trabalhos, as defesas negociam deixar as equipes dos gabinetes de fora da punição. A alegação é de que os funcionários não merecem ficar um mês sem salário, uma vez que têm contas para pagar e o pedido de suspensão pegou esse pessoal de surpresa.

Uma no cravo, outra na ferradura

Deputados da base governista ficaram surpresos com a negativa do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) de colocar Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como líder da Minoria. Se, na semana passada, houve a aprovação da urgência para a anistia, agora Motta faz um aceno aos contrários à anistia com essa decisão. Quem não ficou nada feliz com a negativa foi o líder do PL na Casa, Sóstenes Cavalcante (RJ), mas não pode reclamar de surpresa. Ele foi avisado pelo presidente, por meio de um telefonema, antes da decisão.

CURTIDAS

Crédito: Bredan Smialowski/AFP

O recado de Janja/ Muitas socialites brasileiras não entenderam o motivo de a primeira-dama Janja (foto) usar um blazer estampado ao acompanhar o marido ao discurso na ONU. Na verdade, o blazer tinha uma razão política. É um “Tatreez” , que significa bordado em árabe. Tradicional na Palestina, tornou-se um símbolo de resistência dos palestinos mundo afora. Se Janja errou em outras oportunidades, desta vez acertou em cheio, conforme avaliam até os opositores de Lula.

Por falar em ONU…/ Os lulistas comemoraram o fato de Trump chamar o presidente brasileiro para uma conversa na próxima semana. Mas o clima no governo é de “cauteloso otimismo” .

Escolha os temas/ Trump é um jogador, um presidente menos político e mais empresarial. Daí, a ideia de muitos de que Lula se atenha ao tarifaço e não se refira a temas relativos ao Poder Judiciário nessa primeira conversa. A ordem é manter a “química” , como se referiu Trump em seu discurso. A expressão, aliás, deixou muitos parlamentares lulistas com um sorriso de orelha a orelha.

Não leu, mas aprovou/ O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), contou que conversou com o relator da PEC da Blindagem na Casa, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), sobre o relatório e afirmou: “Agrada-me muito” .

Estratégia de engajamento/ Para conseguir divulgar o abaixo-assinado contra a PEC da Blindagem, deputados divulgaram o QR Code para assinatura do documento durante as manifestações de domingo, o que fez toda diferença. O abaixo-assinado foi publicado há uma semana e conseguiu 1,5 milhão de apoios, sendo a maioria no domingo.

Negócios à parte

Publicado em Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Congresso, CPMI do INSS, Crise com os EUA, Crise diplomática, crise no INSS, Economia, EUA, Política, Politica Externa, Senado, STF

Coluna Brasília-DF publicada na segunda-feira, 23 de setembro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Crédito: Kleber Sales

Quem acompanha de perto os movimentos do governo de Donald Trump no caso envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro já percebeu que é no Departamento de Estado que Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo têm tido mais sucesso, em especial, no quesito dos vistos a autoridades. Porém, em outros campos, muitos diplomatas percebem que, paulatinamente, as coisas começam a mudar. Observa-se uma vontade de parte dos EUA de separarem as estações Executivo e Judiciário. Com o Poder Executivo, em especial, na parte relativa ao comércio, as conversas começam a ocorrer e há pontes, como aquela feita pelo Líderes Empresariais, em Washington, na primeira semana de setembro.

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Em relação ao Judiciário, a tendência é demorar mais para que as coisas se resolvam, haja vista a aplicação da Lei Magnitsky à mulher do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Viviane Barci de Moraes. Para completar, ainda veio a suspensão do visto.

Ringue montado

O próximo ministro a ser ouvido pela Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados é o da Fazenda, Fernando Haddad. Antes dele, foi a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. É bom Haddad se preparar, porque ali o ambiente sempre é tenso. Especialmente agora que o governo ampliou o bloqueio de recursos do Orçamento deste ano para R$ 12,1 bilhões.

O que importa

Fernando Haddad vai falar sobre a proposta de tributação nas Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e sobre a ausência de prorrogação de prazos de pagamento das dívidas de produtores rurais do Rio Grande do Sul.

Aqui, não

Para impedir que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) exerça, dos Estados Unidos, o cargo de líder da minoria, o primeiro-vice-líder do governo na Câmara, Alencar Santana (PT-SP), apresentou um projeto de resolução para alterar o regimento interno da Casa. “É imprescindível que as normas regimentais sejam atualizadas para harmonizar o uso da tecnologia com a reafirmação da territorialidade e garantir que os mandatos tenham preservadas suas dimensões presenciais e o compromisso cotidiano com o eleitorado” , justificou o petista.

A sorte está lançada

Ciro Nogueira fez um último pedido aos colegas para ver se salva a PEC da Blindagem: restringir a crimes de opinião a necessidade de autorização do Congresso para que um parlamentar seja investigado. Até aqui, muita gente não topou essa proposta porque há o risco de manobras que retomem o texto da Câmara.

CURTIDAS

Crédito: José Cruz/Agência Brasil

Esqueçam as redes sociais/ Com os depoentes calados, a CPMI do INSS terá que voltar suas baterias para o material de quebra de sigilo. São milhares de documentos e relatórios a serem analisados. O momento é de trabalhar em silêncio, deixando de lado os discursos nos depoimentos, que cada vez servem mais para os parlamentares fazerem seus cortes para exibir nas redes. O momento é de, realmente, se agarrar no serviço de análise e investigação.

Enquanto isso, nos Estados Unidos… / Há alguns dias, Eduardo Bolsonaro havia dito que “iria atrás” da família de Moraes. “Eu vou provar para o Alexandre de Moraes que ele encontrou um cara de saco roxo que vai acabar com essa brincadeirinha dele. Moraes, você, a sua mulher, e depois dela, que em breve serão sancionado os seus filhos, eu vou atrás de cada um de vocês” , disse o deputado.

Por falar em Moraes…/ O influenciador de extrema-direita Paulo Figueiredo nem conseguiu comemorar direito a aplicação da Lei Magnitsky à mulher do ministro do STF, uma vez que, logo em seguida, ele e o deputado Eduardo Bolsonaro foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por coação em processo judicial.

Carta branca/ O ex-governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (foto), sai do PSDB e se filia ao PL com direito a discurso do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, com garantia de “autonomia para montar a chapa” estadual. Candidato ao Senado, ele apoiará a reeleição do governador Eduardo Riedel. Na festa de filiação, Valdemar, abraçado a Azambuja, saiu-se com esta: “Você manda no partido aqui para fazer o que você quiser”.

“Mau caminho”, define João Doria sobre possível reciprocidade do Brasil ao tarifaço

Publicado em Anistia 8 de janeiro, Congresso, Crise com os EUA, Crise diplomática, Crise entre os Poderes, Economia, Eleições, EUA, GOVERNO LULA, Política, Politica Externa, Senado, STF, STF versus bolsonaristas, Tarifaço de Trump

Por Denise Rothenburg* com Eduarda Esposito — O ex-governador de São Paulo e co-chairman do LIDE, João Doria, falou com jornalistas após o evento LIDE Brazil Development Fórum, que ocorreu hoje (8/9) na capital dos Estados Unidos, Washington DC. Confira agora as respostas do ex-governador sobre o tarifaço imposto por Donald Trump ao Brasil e sua opinião sobre a anistia.

O Brasil até chegou a sinalizar que vai adotar a reciprocidade em relação às tarifas. Como é que o senhor enxerga essa questão?

Mau caminho. A pior alternativa que o Brasil pode adotar é estabelecer reciprocidade. Porque isso não é reciprocidade, isso é agressividade. Você devolve, com a mesma agressividade que recebeu, ao país que erra e que comete o equívoco de ser agressivo, porque não há nenhum fundamento técnico para a medida que foi adotada pelo governo americano. Agora, o governo brasileiro adotar a mesma maneira de ser agressivo, isso não é contributivo. Isso só agravará ainda mais a situação do Brasil perante o seu segundo maior mercado de consumo e segundo maior parceiro comercial, que são os Estados Unidos da América.

Crédito: Will Volcov e Vanessa Carvalho/LIDE

Essa falta de relação entre os dois presidentes, ela não dificulta essa ação empresarial?

Dificulta. Há equívocos dos dois lados. Os dois lados tensionam as relações econômicas por conta de uma visão ideológica, uma visão política e não técnica. Portanto, ambos os lados estão falhando nisso. A começar do lado americano, que impôs ao Brasil uma sobretaxa de 50% de forma absolutamente injusta, imprópria, inadequada e sem nenhum fundamento. Não há nenhuma razão para que o Brasil, assim como outros países também, não é só o Brasil, sejam punidos com 50% por uma decisão unilateral, que não toma como base as relações econômicas e nem a balança comercial. E o Brasil não pode ter reação política em relação a isso. Deve ter a reação diplomática e, sobretudo, do privado com o privado. O que pode produzir resultados positivos de reversão dessa medida para o Brasil é a relação com o empresariado americano.

É possível fazer os seus negócios independentemente dos dois governos?

Claro que é possível. Vou dar um exemplo concreto que já aconteceu. A Embraer originalmente estava dentro do pacote e seria penalizada com 50% para venda das suas aeronaves para aviação comercial americana e aviação executiva aqui nos Estados Unidos. O maior mercado de aviões comerciais da Embraer são os Estados Unidos da América, para aviação executiva também. Isso foi revertido rapidamente, em 72 horas, por uma competência que eu destaco da Embraer junto às companhias aéreas americanas e junto a entidades privadas que são compradoras de aviões executivos da companhia, que contrataram a empresa de lobby aqui em Washington, e em 72 horas estava revertido isso.

O mesmo está sendo feito com a laranja, com café e com a proteína animal. Esse é o caminho, é o caminho do entendimento. É evidente que quando você sofre uma injustiça, é sempre muito difícil você não reagir impulsivamente, mas é a pior reação, é aquela que não se recomenda. É preciso ter uma reação cerebral planejada e articulada para mostrar aos americanos que o prejuízo de uma sobretaxa de tal ordem em diferentes produtos, sejam commodities ou não, prejudica fundamentalmente o americano, porque ele vai pagar mais por serviços ou vai pagar mais por produtos.

O senhor defende que o empresariado também faça esse papel de articulação para destravar a questão política?

Defendo porque já há uma animosidade política muito clara entre o governo brasileiro, o governo americano e vice-versa. Isso vem até do período da campanha eleitoral aqui para os Estados Unidos, onde o Brasil, naquele momento, fez uma manifestação contrária ao governo que foi efetivamente eleito aqui nos Estados Unidos, já criou ali um mal-estar preliminar. Isso subiu a temperatura de uma circunstância, repito, absolutamente injusta e até uma intromissão do governo americano em temas internos do Brasil.

Então, eu acho difícil que de governo para governo possamos ter bons resultados, mas defendo que a diplomacia seja mantida. Onde podemos ter resultados: do privado com o privado. Mas é um erro você insistir numa questão política onde você quer influir numa decisão do judiciário brasileiro, é uma questão política sem resolução. O judiciário brasileiro não vai se curvar a uma decisão à vontade do governo americano. Qual é a razão para isso? Aí independe de visão partidária, politizada, ideológica. Isso é uma intromissão. Imagina. É como se o Brasil determinasse, quisesse terminar o governo americano, que tivesse um outro tipo de comportamento sobre uma decisão do poder judiciário americano. Aqui também tem Suprema Corte e ela é um poder independente. Então, se política é isso, não vai funcionar.

O senhor acredita que uma possível condenação do ex-presidente possa agravar ainda mais esse quadro?

Eu espero que não. Não podemos antecipar qual será o julgamento final do Supremo Tribunal Federal brasileiro. Mas eu imagino que não, quer dizer, eu desejo que não. Talvez haja um aumento de tensão se a pena for dura em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas mais uma vez eu continuo a defender que não se trata de uma questão do governo americano e do presidente Donald Trump desejar que haja um comportamento diferente da justiça brasileira. Não se esperaria que o inverso pudesse ser assimilado pelo governo americano.

Portanto, cada país tem a sua independência, acertando ou errando. Mas assim a democracia, democracia também erra, como também acerta. Então, é preciso preservar a independência e a autonomia dos países. E volto a repetir, o único caminho do ponto de vista das sanções econômicas, não estou falando do ponto de vista político, é o privado com privado, entidades e empresas privadas brasileiras reforçarem as suas relações, o seu diálogo com entidades e empresas privadas americanas. Esse é o único caminho que pode trazer resultados positivos de reversão naqueles produtos que ainda estão sob o tarifaço americano.

O senhor acredita que o presidente Lula deva ligar para o presidente Trump?

Na minha opinião, sim, eu não vejo razão para que o presidente Lula não dialogue com o presidente Trump, como também não vejo razão para que o presidente Trump não dialogue com o presidente Lula em alto nível. É o que se espera de dois presidentes da República que não se ofendam mutuamente e que se respeitem conjuntamente num diálogo produtivo. Eu entendo que o diálogo só constrói. Eu nunca vi o diálogo destruir. O que destrói é o conflito, o atrito, é a guerra. O diálogo constrói.

Então, como resolver de privado para privado, sendo que muitas empresas brasileiras são familiares no Brasil e talvez não tenham uma facilidade de negociação como grandes corporações?

De cada adversidade, você tem que buscar oportunidade. Diante de uma situação adversa, o setor cafeicultor está unido, não pode ter posições individualizadas, ele tem que estar unido mesmo. O pequeno produtor, ele tem que estar associado a uma cooperativa, uma federação, uma associação para poder validar a sua reivindicação, saindo da visão individual para uma composição coletiva, uma visão e uma defesa coletiva. O Brasil tem inúmeros produtos, pequenos produtores de café, como tem de vários outros produtos agrícolas, mas necessariamente em circunstâncias como essa, e mesmo fora delas, devem estar juntos.

Então vamos transformar essa situação adversa numa boa oportunidade para unir o setor cafeicultor brasileiro, como o setor também de produção de laranja e de concentrado de laranja e dos demais setores, mesmo a proteína animal, aí envolvendo também a carne de porco e a carne de frango, tem que estar unidos. A união ajuda, contribui e você individualmente fica fragilizado.

Crédito: Will Volcov e Vanessa Carvalho/LIDE

Tem avançado em Brasília a discussão sobre anistia. Qual é o seu posicionamento em relação a isso? O senhor é a favor da aprovação de uma anistia geral que inclua Jair Bolsonaro? O senhor é contrário? Qual o seu posicionamento?

Bem, eu não sou juiz, nem desejo ser, mas sou cidadão, sou brasileiro, amo o meu país, gosto do Brasil, atuei na área pública como prefeito, como governador e entendo que houve um certo exagero, do ponto de vista punitivo, àqueles que participaram de um movimento condenável, como foi o de 8 de janeiro. Foi um movimento que merece repulsa, porque aquilo não era um movimento celebrativo, era um movimento agressivo. Você invadia o Poder Judiciário, Executivo e Legislativo, não há justificativa alguma para isso. Mesmo que você tenha contrariedade, nada justifica a desobediência à lei. Mas eu entendo que houve medidas ali que acabaram sendo exageradamente fortes e isso criou e fortaleceu uma reação de parte da população brasileira contra as medidas do Supremo Tribunal Federal. Então, diria que reavaliar o tema da anistia, mas de maneira cuidadosa e não geral.

A questão geral significaria compreender que amanhã possamos ter uma situação igual e deveremos ter a mesma postura de entender que aquilo faz parte da normalidade. Seria como você imaginar que um grupo de pessoas invadisse a sua casa, ameaçasse de agressão a você, aos seus familiares, aos seus funcionários, quebrasse os objetos e levasse os pertences, e entendesse que isso merecesse uma anistia plena, geral e irrestrita, nenhuma penalidade. Não é correto. Não é justo. Você se sentiria dentro de um país, cidade, estado ou região sem lei e sem ordem. O Brasil não pode ser um país sem lei e sem ordem, mas é preciso dosar também a força da lei. Ela, quando é exagerada, provoca repulsas e uma reação da própria sociedade civil.

O senhor acredita que a anistia é um caminho para negociar o tarifaço?

Neste caso, sim, mas não por obediência a uma imposição americana, e sim por obediência ao bom senso e avaliação ao respeito a termos uma democracia sólida, como é a democracia brasileira, mas que também é preciso que o poder judiciário tenha sensibilidade na aplicação da lei. Mas eu não defendo uma anistia irrestrita.

Então, o senhor discorda da posição do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas? Como viu a colocação de uma bandeira norte-americana durante a manifestação do 7 de Setembro na Avenida Paulista?

Eu não quero discordar dele, entendo a sua posição. Prefiro dizer que compreendo a circunstância em que ele faz manifestações do que condená-lo pelas manifestações que fez. E sobre a manifestação, senti que faltou uma bandeira brasileira do mesmo tamanho ao lado.

Agora o senhor acha justo misturar a anistia com a questão das tarifas, ou seja, uma questão política misturando com uma questão técnica?

A razão não seria a motivação da pressão americana no equívoco de sobretaxar commodities e produtos brasileiros em 50% por um fundamento político, mas entendo que seria uma forma pacificadora de uma dosimetria correta para, com isso, tentar pacificar o país. Eu acho que essa circunstância deve ser tratada sem vilipendiar, sem fazer rupturas com a lei, mas compreendendo que o Brasil vive um momento tenso e nós não podemos seguir nesse movimento de tensão e ampliá-lo ainda mais com a proximidade das eleições do ano que vem.

Nós precisamos ter compreensão, baixar um pouco esse nível de pressão, senão o país entra em ebulição. E nós estamos há 1 ano e 4 meses das eleições de outubro do ano que vem. Não é compreensível que uma situação como essa possa levar o país a uma ebulição pública, a circunstâncias até de confrontos em rua. Isso seria um desastre para o Brasil. Brasil não precisa disso. Eu volto a repetir, aliás, o que eu digo há 3 anos praticamente desde a posse do governo Lula: paz, entendimento, compreensão, diálogo e não o confronto e reações mais exasperadas, elas não são contributivas para a estabilidade do país e nem mesmo para a democracia brasileira.

O senhor não está defendendo uma relação direta, nem uma anistia que não seja geral do ponto de vista democrático no Brasil, mas não está ligando uma questão à outra?

Não, e definitivamente não. O Brasil tem autonomia. O Brasil não pode receber nem recado, nem instruções, nem ordem de um governo externo, seja americano, seja ele qual for. Eu entendo que uma medida de dosimetria é uma compreensão de que a lei pode ser aplicada, mas de uma forma mais ajustada àqueles que participaram do movimento de 8 de janeiro, mas pelo bem do país, não pelo bem dos Estados Unidos.

*Enviada especial

Diplomacia sob tensão

Publicado em Bolsonaro na mira, Crise com os EUA, Crise diplomática, EUA, GOVERNO LULA, Política, Politica Externa, STF

Por Denise Rothenburg* — Diplomatas com assento nas Nações Unidas têm ouvido de muitos colegas estadunidenses que há o risco de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, querer romper a tradição de o Brasil abrir a reunião de cúpula da Assembleia Geral da ONU, daqui a 15 dias. A preocupação de alguns diplomatas com a Assembleia Geral nesse cenário de tensão é estar mais atentos, de tal ordem que, dentro da ONU, cogitou-se inclusive transferir a reunião deste ano para Genebra, na Suíça, mas não há mais tempo. Nova York é uma metrópole acostumada ao evento que todos os anos lota seus hotéis e fecha suas ruas. Portanto, a ideia agora é seguir com a programação inicial.

Crédito: AFP

Entre alguns especialistas, considera-se pouco provável que a ONU aceite reverter a tradição. Porém, a preocupação existe. Por isso, muitos consideram que é preciso tratar de “baixar a poeira” entre os dois países. Por exemplo, um telefonema do presidente Lula a Trump que trate das tarifas. Afinal, Trump já disse que o presidente “pode ligar quando quiser”, o que, para muitos, foi a senha para abrir o caminho de que aceitaria falar com Lula.

Antes dessa ligação, porém, o Itamaraty defende que haja um alinhamento técnico entre diplomatas dos dois países. Esta semana, entretanto, dificilmente haverá algo nesse sentido, uma vez que, com o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro na pauta do STF, há a expectativa de que a tensão fique ainda maior.

*Enviada especial

As interrogações encontradas pelo IFI no Orçamento de 2026

Publicado em Arcabouço fiscal, coluna Brasília-DF, Política

Coluna Brasília/DF, publicada em 7 de setembro de 2025, por Denise Rothenburg, com Eduarda Esposito

Em meio ao julgamento de Jair Bolsonaro, tarifaço e anistia, ficou meio escondido um debate que o Instituto Fiscal Independente (IFI) promete trazer à tona em seu próximo relatório: o Orçamento de 2026 pode até parecer equilibrado no papel, mas está repleto de interrogações sobre receitas que não estão postas. Estão lá cobrança de taxas sobre Fintechs, letras de investimentos na agricultura e em imóveis, as LCAs e LCIs, bets, redução das renúncias fiscais e recuperação de créditos tributários. Nada disso está assegurado hoje no caixa da União para 2025. A avaliação da direção do IFI é a de que falta muito para essa conta orçamentária fechar na vida real.

E sempre pode piorar

A expectativa de reversão dessa situação de contas apertadas no ano que vem não vai mudar, porque num ano eleitoral, nenhum gestor quer economizar recursos. As apostas são as de que, para mexer nos problemas fiscais de hoje de forma mais contundente só em 2027.

Se quiserem…

… Os Estados Unidos acabam com acesso ao mundo virtual por aqui. O Brasil está para lá de atrasado no quesito “nuvem” de dados. Atualmente, se houver uma guerra e os países do dito primeiro mundo resolverem cortar o acesso à internet no Brasil ou a dados que todos os brasileiros guardam na nuvem, isso pode ser feito. Até hoje, a nuvem brasileira não saiu do papel.

… acabam com tudo

O sistema de localização (GPS) é a mesma coisa. Conforme o leitor da coluna já foi alertado há tempos, são cinco sistemas desse tipo no mundo, desenvolvidos nos seguintes locais: Estados Unidos, Rússia, índia, China e países europeus.

SNE preocupa

O retorno do Sistema Nacional de Educação (SNE) ao Senado e possíveis alterações no texto têm preocupado parlamentares e entidades civis, como a “De Olho no Material Escolar”. A maior preocupação é de que os senadores retomem a vinculação das decisões da Comissão Intergestora Bipartite da Educação (CIBE) e Comissão Intergestora Tripartite da Educação (CITE), porque isso pode restringir a autonomia de estados e municípios.

Fique tranquilo

O relator na Câmara dos Deputados, Rafael Brito (MDB-AL), já conversou com a relatora no Senado, Professora Dorinha Seabra (União-TO), que garantiu que não haverá mudanças. Este foi um dos apelos da oposição durante a votação na Câmara.

Por falar em tranquilidade…

Esta semana os olhos da política ainda estarão voltados para os votos dos ministros no julgamento de Jair Bolsonaro e mais réus da ação penal sobre tentativa de golpe. Porém, avisam deputados, a semana seguinte será a decisiva: ou Hugo Motta pauta a anistia, ou não votará mais nada no plenário.

Duas Érikas na área

Na posse da executiva do PT do Distrito Federal, houve praticamente o pré-lançamento de duas Érikas ao Senado. Érika Kokay, no DF; e Érika Hilton, em São Paulo.

Sete de Setembro

Um ex-presidente sob julgamento por tentativa de golpe, o orçamento em frangalhos, dependentes da tecnologia do chamado “primeiro mundo” a fim de manter nossos computadores conectados. Realmente, falta muito para Independência.

Reflexões

O jornalista Jamil Chade, correspondente que acompanhou de perto a eleição norte-americana, foi homenageado por um grupo de amigos na noite de sexta-feira em Brasília. O encontro se transformou numa roda de conversa sobre o livro que ele lançou na semana passada, na Livraria da Vila, com o título Tomara que você seja deportado — uma viagem sobre a distopia americana. Depois de ouvir Jamil sobre a carta do candidato Bernie Sanders com reflexões sobe os erros dos democratas na eleição, discorrer sobre o que levou à eleição de Donald Trump, ex-senador Cristovam Buarque saiu com esta: “Nós erramos. Não demos respostas às necessidades da população”.

Um candidato sob julgamento de Bolsonaro

Publicado em Bolsonaro na mira, Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Congresso, COP30, Eleições, GOVERNO LULA, Política, STF, STF versus bolsonaristas

Coluna Brasília-DF publicada na quarta-feira, 3 de setembro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Crédito: Caio Gomez

A presença do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em Brasília foi a maior novidade do primeiro dia do julgamento do núcleo central acusado de tentativa de golpe de estado. Conforme apurou a coluna, Tarcísio cobrou de seu partido, o Republicanos, que, da mesma forma que ele vem sendo chamado a se posicionar de maneira mais contundente numa candidatura presidencial, é preciso gestos dos partidos, no sentido de marcar distância de Lula. Por exemplo, apoiar a anistia aos enroscados no 8 de janeiro e fincar os dois pés na oposição. Se querem que ele seja candidato, que comecem a ajudá-lo a fechar a direita e o centro ao seu lado. No papel de “grande salvador” da anistia e, por consequência, de Bolsonaro, Tarcísio teria espaço para conquistar o apoio dos filhos do ex-presidente.

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Nem tanto/ O que se diz nos bastidores é que o apoio do centrão à anistia vai custar a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Eles conseguem tirar a condenação, mas ele cumpre o tempo sem poder concorrer eleições. A oposição trabalha com a ideia de um texto mais palatável ao centro, leia-se Republicanos, PP e União Brasil, a fim de garantir a aprovação e evitar brechas para que o Supremo Tribunal Federal julgue uma inconstitucionalidade.

Muito além do 8 de Janeiro

Os políticos que acompanharam de perto o julgamento notaram que a peça da Procuradoria-Geral da República ajusta o foco nos movimentos para desacreditar o processo eleitoral e documentos que não têm relação direta com o quebra-quebra do 8 de janeiro. Assim, conforme avaliam alguns juristas, cairá por terra uma das linhas de defesa de Jair Bolsonaro, de que o ex-presidente não estava no Brasil.

Ficha Limpa na corda bamba

A aprovação do projeto que puxa a contagem dos oito anos da inelegibilidade a partir da condenação e não mais o início do cumprimento da pena é parte do pacote da blindagem dos políticos. Assim, em caso de processos em primeira instância, quando a condenação chegar ao STF, é bem capaz de o político já estar livre.

Oposição, mas depende

A coluna quis saber dos deputados do União Brasil se eles deixariam de votar com o governo. A resposta foi um sonoro “não”. A ala governista pretende continuar firme ao lado de Lula. Quanto ao líder do partido, Pedro Lucas, a ideia é que a bancada avalie projeto a projeto. Ou seja, o governo viverá a cada dia a sua aflição.

Agricultura e a COP

Entre as propostas que o governo pretende aprovar até a COP30, está a “Política Nacional de Fomento à Agricultura Regenerativa” , definida no projeto 1787/2025, citado no CB Talks, sobre “a soja e os desafios da transição da agricultura brasileira” . Resta saber se haverá clima para colocar o texto na Ordem do Dia. Até aqui, não houve sinal de aprovação.

CURTIDAS

Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press

Otimismo/ O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ, foto), disse à coluna que conversou por telefone com o governador de São Paulo e elogiou o trabalho do ex-ministro de Bolsonaro na articulação pela anistia. Deputados da bancada acham importante esse apoio de Tarcísio devido à influência do gestor do estado mais populoso do país.

Defesa tardia/ Advogado do almirante Almir Garnier, o ex-senador Demóstenes Torres foi visto por colegas de profissão como alguém que confundiu o púlpito da sustentação oral com a tribuna do Senado. Ele só entrou “propriamente na defesa” do seu cliente depois de falar por mais de 20 minutos sobre os ministros do STF e projetos do tempo de Senado.

E tem mais/ Mais para o final, lembrou de votações do passado sobre o voto impresso e saiu-se com esta: “quem sepultou o voto impresso fui eu”.

Livro novo na praça/ Será lançado hoje em Brasília, na biblioteca do Senado às 18h30, o livro De galinha a gavião: como impulsionar o voo da economia brasileira da jornalista Juliana Rosa. A obra propõe uma discussão sobre o motivo da economia brasileira voar alto por um tempo e depois aterrissar, de forma leve e didática.

O recado de Valdemar para os partidos de centro

Publicado em Bolsonaro na mira, Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Congresso, Crise com os EUA, Crise diplomática, Economia, Eleições, GOVERNO LULA, Política, Politica Externa, Senado, STF

Uma das estrelas do palco do Seminário Brasil Hoje, em São Paulo, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, fez um alerta aos demais comandantes dos partidos de centro que participaram do debate e à plateia que aplaudiu efusivamente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas: “Hoje, um candidato que tem oito pontos, o Bolsonaro joga o camarada no segundo turno. Por isso, temos que andar juntos”, referindo-se à capacidade de transferência de votos que o ex-presidente detém hoje.

Crédito: Kleber Sales

Vejam bem/ No evento promovido pelo think-tank Esfera, o alerta de Valdemar veio depois que cada presidente de partido colocou seu pré-candidato na roda. Gilberto Kassab (PSD) citou o governador do Paraná, Ratinho Júnior. Antonio Rueda (União Progressista) repetiu o que já havia dito no Fórum empresarial Lide, no Rio de Janeiro, reforçando a aposta em Ronaldo Caiado, governador de Goiás. Mencionou ainda a senadora Tereza Cristina (PP-MA).

Se não for agora, depois/O presidente da mais nova Federação partidária disse, ainda, não ter dúvidas de que aqueles partidos governarão o Brasil, e que se não estiverem juntos no primeiro turno, estarão no segundo. Baleia Rossi, do MDB, e Renata Abreu (Podemos) não mencionaram candidatos. Valdemar, que tem hoje o nome mais popular da direita inelegível, não tem como ficar fora desse jogo.

E o Tarcísio, hein?

Para o governador de São Paulo sair candidato ao Planalto, só falta o apoio oficial de Jair Bolsonaro. O problema é que os filhos do ex-presidente estão convencidos de que o nome “Bolsonaro” na urna é mais garantido em termos de passe para um segundo turno.

Faça sua aposta

Nos partidos de centro, o que se diz é que os bolsonaristas vão ter de fazer uma escolha: ou tentar carreira solo e arriscar o isolamento político lançando um familiar do ex-presidente, ou agregar apoios de peso com Tarcísio de Freitas.

Precisa ligar

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim criticou a falta de diálogo entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o par Donald Trump. “As negociações, os diálogos, principalmente Lula afirmando que não fez contato porque não foi avisado previamente por ele de que haveria essas medidas protecionistas”, comenta o ministro aposentado.

Faz parte

Jobim defende mais pragmatismo. “Esquece, tinha que fazer o contato. Se não quisesse atender, era outra coisa, mas tem que enfrentar tudo. Está sujeito à humilhação? Pode estar sujeito à humilhação, mas é parte do jogo político de resolver problemas”, ressaltou. Erros e acertos O ex-ministro da Defesa afirmou também que o vicepresidente Geraldo Alckmin foi responsável pela isenção de diversos itens do tarifaço de Trump. Mas entende que faltou atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Grande parte das exceções foram postas em decorrência das ações de Alckmin, ao estabelecer uma conexão entre os empresários brasileiros e as contrapartes americanas”, comentou.

Lamentável

“Lamentavelmente isso não se deu em relação ao ministro da Fazenda. Havia interesse efetivo da contraparte americana fazer esse diálogo, tanto é que liberou, de acordo com as informações que temos, as conexões, os links, etc. Mas o ministro Fernando Haddad anunciou publicamente e isso não se faz no sentido de mostrar força ou importância. Foi um erro”, criticou o ex-presidente do STF.

CURTIDAS

A volta de Campos Neto/ A contar pela forma efusiva como o ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto (foto) foi recebido no Seminário Brasil Hoje, do Esfera, ele tem cadeira cativa, se houver um presidente da República mais à direita. O pré-candidato Ronaldo Caiado, por exemplo, diz que adoraria tê-lo na equipe. Roberto, entretanto, responde: “Estou bem na iniciativa privada”.

Atleta/ Logo depois de participar da abertura do seminário Brasil Hoje no papel de moderador do debate entre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, o senador Ciro Nogueira comentou: “Vou mudar meu nome para Bernardinho”, afirmou, referindo-se ao levantador da seleção de ouro do vôlei masculino.

A real da oposição

Publicado em coluna Brasília-DF, Congresso, Política

Texto de Denise Rothenburg publicado neste domingo (24/8) — As conversas de bastidores dos políticos no 24º Forum Empresarial Lide indicam que eles não subestimam o poder de recuperação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nem o talento do atual inquilino do Palácio da Alvorada para conquistar votos. Citam, inclusive, a isenção do Imposto de Renda como o grande trunfo que terá para a campanha à reeleição em 2026, assim como a conta de luz mais barata para os mais pobres. No entanto, a avaliação é de que a corrida de Lula será de resistência. Até aqui, eles só veem Tarcísio de Freitas com mais perspectiva de vitória sobre o presidente e não sabem se o governador conseguirá navegar nas águas do bolsonarismo sem se queimar.

Crédito: Valdo Virgo

Popular, mas…/ Ainda que Valdemar Costa Neto, presidente do PL, coloque Jair Bolsonaro como aquele que definirá os rumos do partido, muita gente fora da legenda diz que as chances de o ex-presidente estar preso na hora de definir o candidato é grande. E no caso deste cenário, os filhos não terão fôlego para enfrentar uma corrida presidencial. Michelle nunca foi testada numa campanha e é considerada pule de 10 para o Senado pelo Distrito Federal. E Bolsonaro não quer, a preços de hoje, prescindir da ex-primeira-dama como senadora.

O alerta de Damares I

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) tomou um susto ao ser diagnosticada com câncer de mama no mês passado. Como o diagnóstico foi precoce, houve tempo hábil para fazer os exames e a cirurgia, que durou seis horas. Ela contou à coluna que, quatro dias depois, já estava trabalhando e teve muito apoio dos colegas da Casa que souberam do problema.

O alerta de Damares II

Ao contrário da maioria das brasileiras, Damares teve a vantagem de um bom plano de saúde, que acelerou os procedimentos e exames necessários. Ela, agora, está empenhada em alertar as mulheres para a necessidade de um diagnóstico precoce e cobrar recursos para dar celeridade aos tratamentos na rede pública. “As mulheres precisam de cuidados e temos que alertar sobre a necessidade de celeridade do tratamento”, afirma.

Shell soa o alarme

Ao fazer sua exposição no 24º Forum Empresarial Lide, o presidente da Shell, Cristiano Pinto da Costa, fez um alerta importante: o Brasil não está mais furando poços suficientes para encontrar novas fronteiras para exploração de óleo e gás. E tendo em vista que a mudança na matriz energética será gradual, o país corre o risco de, em meados da próxima década, ter que importar esses produtos.

Crime organizado avança

Durante almoço na Frente Parlamentar pelo Livre Mercado (FPLM), na semana passada, empresas destacaram como o crime organizado tem adentrado em diversos setores da economia, como no mercado de capitais. Deputados membros da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados afirmaram que apenas prender não é mais suficiente. É necessário cortar o financiamento do crime no Brasil.

Lula que se cuide

Publicado em coluna Brasília-DF, Congresso, Política

Texto publicado por Denise Rothenburg neste sábado (23/8) — Por mais que Lula tenha ministros do PP e do União Brasil, a proximidade entre a federação União Progressista e o PL está maior do que o governo imagina. Os três presidentes de partidos que estiveram no 24º Fórum Empresarial Lide, no Rio de Janeiro, já conversam sobre o lançamento de candidatos ao Senado mais afinados com a ala conservadora do país. Ciro Nogueira (PP), Antonio Rueda (União Brasil) e Valdemar da Costa Neto (PL) trocam ideias todas as semanas. Embora as chapas ainda não estejam fechadas e falte muito tempo para isso, a tendência é de que esses três partidos caminhem juntos. Aliás, o recado que o trio deu em suas palestras no Fórum Lide foi muito claro: estarão juntos; se não for possível no primeiro, será no segundo turno.

Crédito: Caio Gomez

Vale lembrar/ Em 2022, Bolsonaro perdeu por pouco, especialmente devido aos erros que cometeu em seu governo e com alguns percalços de aliados, vide Carla Zambelli armada nas ruas de São Paulo. Além disso, não obteve apoios expressivos no segundo turno, uma vez que Simone Tebet (MDB) respaldou Lula. Desta vez, o centro, em vez de fechar com Lula, caminha para ficar mais próximo da direita. Ainda há muito tempo pela frente, mas, se houver uma saída para derrotar o atual presidente, os partidos de centro não hesitarão em largar o petista no meio da estrada.

 

Façam suas apostas

Nos bastidores, muitos presentes ao Fórum acreditam que, em vez de trabalhar para evitar o desperdício da energia limpa melhorando a distribuição, o governo prefere, mais à frente, usar a energia das termelétricas. Tem muita gente de olho nesse movimento.

Primeiro acorde

Nem quando oficializou a federação União Progressista, o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, tinha sido tão enfático ao mencionar uma possível candidatura de Ronaldo Caiado à Presidência quanto nessa sexta-feira. Ele terminou assim sua fala no Lide, em que chamou Lula de “omisso” no caso do tarifaço (leia no blog da Denise): “Caiado, você é o nosso pré-candidato, vá em frente”.

Favorável

Dia desses, o senador Efraim Filho (União-PB) recebeu quase que a confirmação do presidente do partido, Antonio Rueda, de que será o candidato ao governo do estado em 2026. Nos bastidores, é dito que a postura de Efraim na oposição lhe deu a vantagem sobre Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que praticamente compõe a base do governo Lula na Câmara dos Deputados. É dito ainda que não há espaço para os dois.

E por falar em estado…

A federação ainda não está pacificada na Paraíba, no Acre, no Ceará e em Pernambuco. Mas, sobre isso, o estatuto prevê que a federação nacional vai tomar a decisão de como a disputa será feita no âmbito regional.

Decisão polêmica

A aplicação de anticoncepcional subcutâneo em jovens de 10 a 19 anos em Fortaleza deu o que falar. Vereadores da cidade têm denunciado o prefeito e a Secretaria de Saúde municipal por causa da medida. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) também criticou a política à coluna. Leia mais no blog da Denise.

CURTIDAS

Crédito: Evandro Macedo LIDE

Maratona/ O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto (foto), tem cumprido todas as agendas que haviam sido marcadas para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ontem, saiu do Rio às pressas para assinar a ficha de filiação do senador Márcio Bittar ao partido.

Discretíssimo/ Estrela do Fórum Empresarial Lide na parte da manhã, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, fez questão de sair de fininho e sem dar entrevistas.

Salas cheias/ Na parte da tarde, outro ministro do STF, no caso, Alexandre de Moraes, lotou a área da conferência do Fórum Empresarial Lide. Presencialmente, 668 pessoas passaram pelo seminário. On-line, outras 16 mil acompanharam a exposição do ministro. No momento em que “Xandão” começou a falar, foram mais de dois mil acessos em menos de um minuto.

Outro show/ A maioria dos políticos faltou ao jantar-show de abertura do Fórum Empresarial Lide, na quinta-feira, na Casa de Espetáculos Roxy, do empresário Alexandre Accioly. Optaram por um petit comité para discutir política. Afinal, faltando 13 meses para o pleito, estão todos organizando o jogo. Pelo menos, até onde a vista alcança, a ordem é não deixar os acertos para a última hora.