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Bolsonaro tem mãos atadas para nomear Ramagem; secretário do DF volta a ser cotado

Coluna Brasília-DF

O presidente Jair Bolsonaro terá mais dificuldades do que imagina para tentar restabelecer Alexandre Ramagem como diretor da Polícia Federal. Primeiro, é possível que qualquer ação seja vista como perda de objeto, uma vez que o próprio presidente tornou a nomeação sem efeito e reconduziu Ramagem à direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

No mínimo, avisam alguns juristas, haverá uma discussão jurídica sobre um eventual recurso. Se o presidente resolver esperar a análise do plenário, a incerteza é grande, uma vez que a maioria dos próprios ministros do STF estaria inclinada a seguir Alexandre Moraes.

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Nesse cenário, o presidente já foi aconselhado a escolher logo um novo nome e tentar evitar que a Polícia Federal siga comandada por Disney Rosseti, que foi superintendente da PF em São Paulo, quando Alexandre Moraes era secretário de Segurança no estado. Por isso, Bolsonaro terá, agora, dizem alguns, que definir logo outro substituto.

Na bolsa de apostas, estão o secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, e o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, carioca que Bolsonaro pretendia colocar como superintendente no Rio de Janeiro, no ano passado, quando houve o primeiro mal-estar entre Bolsonaro e o ex-ministro Sérgio Moro. São hoje os dois nomes mais ligados aos Bolsonaro dentro da Polícia Federal.

Presença de Ibaneis

A presença do governador Ibaneis Rocha na posse do ministro da Justiça, André Mendonça, elevou a cotação de Anderson Torres na bolsa de apostas para a diretor-geral da PF. Mas não era por isso que Ibaneis estava lá. O governador do Distrito Federal é advogado e tem muitos laços na área jurídica.

Agora vai na ordem dos fatores

A avaliação de algumas pessoas ligadas a Bolsonaro é a de que a decisão do ministro Alexandre Moraes deixou o presidente com a obrigação de seguir o que desejava a Polícia Federal desde o início da crise: que o diretor-geral seja escolhido pelo ministro da Justiça. E é essa a ideia que o governo quer passar, depois de Moraes suspender a nomeação de Ramagem para o comando da PF.

Enquanto isso, no serviço público não essencial…

…Muitos relatam que os servidores de alto escalão e com bons salários adiam as férias previamente programadas para este período, que terminou virando isolamento social. A moda é deixar tudo para quando puderem retomar as viagens. Será justamente a temporada de maior serviço acumulado
nas repartições.

Doria, Bolsonaro e Moro

O governador de São Paulo, João Doria, surfou em cima do “E daí?” do presidente Bolsonaro, ao declarar que o presidente deve sair da “sua bolha” e visitar o país, São Paulo e Manaus, por exemplo. Nos bastidores, tanto bolsonaristas quanto tucanos até preferem essa briga a enfrentar Sergio Moro, que, a depender do depoimento no inquérito que vai apurar as denúncias que fez, sairá com mais convites para filiação partidária.

CURTIDAS

Estrela solitária/ Só a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, de máscara, lembrava o cenário de pandemia de Covid-19 no palco da posse dos ministros, ontem, no Planalto. A partir de hoje, com a obrigatoriedade de uso do acessório em Brasília, há quem diga que seria de bom tom o governador Ibaneis Rocha não se esquecer da sua proteção a próxima vez que for ao Planalto.

Esqueçam dele/ Ninguém citou o nome do ex-ministro da Justiça Sergio Moro na posse do sucessor, André Mendonça, e do novo Advogado Geral da União (AGU), José Levi Mello. O Planalto segue à risca a máxima de, quanto menos falar dele, melhor.

Não esqueçam como foi/ Aos deputados que recebeu para o café, ontem, no Alvorada, o presidente fez questão de contar detalhes da conversa que manteve com o ex-ministro e lembrou que havia ficado acertada a saída de Maurício Valeixo do cargo.

Alegria de pobre/ Durou pouco a festa dos concursados da Abin em ver um dos seus, Frank Márcio de Oliveira, no comando da Agência. Agora, Ramagem voltou e, como você, caro leitor, pode ler em nota nesta coluna, não volta para a PF nem tão cedo.

Humberto Rezende

Jornalista desde 1997.

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