Autor: Denise Rothenburg
Silenciosamente, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, joga a rede no esfacelado. A ordem é atrair os prefeitos tucanos de São Paulo, que ficaram à deriva diante da derrota do governador Rodrigo Garcia. A aposta geral é a de que o PSD, que fez menos deputados do que previa, tem agora a chance de se acomodar melhor no centro do tabuleiro com a vice-governadoria de São Paulo, caso a chapa Tarcísio de Freitas e Felício Ramuth, do PSD, seja eleita. Para quem esperava ingressar na chapa de Tarcísio apenas para evitar tomar partido neste segundo turno, a chegada de Tarcísio ao segundo turno com reais chances de vitória mudou o cenário.
A urna foi boa, mas a conta…
O MDB do Maranhão entrou com uma representação na Justiça Eleitoral para rever o resultado da eleição para deputado federal no Maranhão. É que o partido fez as contas e descobriu que ao distribuir as vagas por média, o TRE desprezou parte do artigo 109 da lei eleitoral.
… vai para a Justiça
É que, depois de distribuídas as vagas por quociente, por ter 10% dos votos, a última etapa é calcular as “sobras”. O MDB está convencido de que o cálculo feito no Maranhão está equivocado.
Muita calma nessa hora
A polêmica em torno das “sobras” no Maranhão, porém, não mudará correlação de forças no Congresso. Agora, se outros estados tiverem muitos problemas desse tipo, será confusão para mais de metro.
Militares de olho no segundo turno
As Forças Armadas vão repetir no segundo turno das eleições o mesmo sistema de verificação e fiscalização das urnas do primeiro. Agora, feitura de relatório é outra história. Nas internas, dizem que não prometeram qualquer documento sobre o tema antes do término de todo o processo eleitoral.
Por falar em urnas…
Se as pesquisas deste segundo turno estiverem corretas, Tarcísio de Freitas vence em São Paulo e Bolsonaro perde no Brasil, cenário que enfraquecerá qualquer reclamação do presidente sobre as urnas eletrônicas. O assunto, aliás, foi colocado em segundo plano nesta fase da corrida eleitoral.
Desgaste & lealdade/ A campanha petista cogitou cancelar a ida de Lula a Alagoas. Mas, faltar à caminhada prevista para Maceió nesta quinta-feira poderia soar como receio de aparecer ao lado do governador Paulo Dantas, alvo da Polícia Federal esta semana. Lula manterá a lealdade no evento com Renan Calheiros, que, aliás, há seis dias, levantou suspeitas de intervenção na eleição local.
Por falar em caminhada…/ Hoje, Lula estará na Bahia, para reforçar a campanha de Jerônimo Reis, o candidato do PT ao governo estadual. De quebra, tentará ampliar a própria votação no estado, onde fechou o primeiro turno com três milhões de votos de frente para Jair Bolsonaro. ACM Neto, que passou o ano em pré-campanha, torcendo para que a eleição não se nacionalizasse, encontra dificuldades em recuperar terreno.
Nacionalizou geral/ Nos debates da Band, na terça-feira, o que se viu foi um leque de citações a Lula e Jair Bolsonaro. Na maioria dos casos, seguindo o exemplo de São Paulo, campanhas estaduais tiveram que escolher um lado desta polarização entre o petismo e o bolsonarismo.
Nossa Senhora Aparecida/ Que a padroeira proteja os brasileiros hoje e sempre. Especialmente, nossas crianças, homenageadas nesta data. Bom
feriado a todos.
Antes mesmo de saber quem será o futuro presidente da República, o PL avisa que não pretende balançar a posição de Arthur Lira (PP-AL) na Presidência da Câmara. A disposição é de apoio total para ajudar a resolver o jogo no Senado, onde o partido tem pretensões de fixar sua bandeira. O PP, porém, vai esperar decantar a disputa para a Casa da federação e, só depois, é que pretende definir uma posição. Não quer brigar, por exemplo, com o União Brasil, que tem interesse em presidir o Senado. E se Lula vencer a eleição presidencial, o MDB também entrará no páreo.
Deu ruim
O petista Luiz Inácio Lula da Silva foi aconselhado a evitar viagens a Pernambuco neste segundo turno. Ele já tem uma boa vantagem em seu estado natal, poderia até ir agradecer os votos, mas parte da campanha presidencial do ex-presidente considera que a candidata do Solidariedade, Marília Arraes, tropeçou feio esta semana. E com ela colando sua campanha à de Lula, é melhor ficar longe dos erros dela nesta largada da rodada final.
Ficou pior
Marília disse não ao pedido da adversária Raquel Lyra (PSDB) para adiar o início do horário eleitoral de segundo turno por causa da missa de Sétimo Dia do falecido marido — Fernando morreu no dia da eleição. Um vídeo gravado pela campanha de Raquel lembra que, em 2014, a presidente-candidata Dilma Rousseff e Aécio Neves pararam a campanha para ir a Recife, para o velório do então candidato do PSB, Eduardo Campos. Marília não quis saber de dar um tempo para sua adversária viver o luto. Errou e, talvez, não dê tempo de consertar.
Mercado futuro
Numa conversa com a vice-governadora eleita Celina Leão, o senador Reguffe chegou a ouvir que deveria ir para o governo do Distrito Federal. Falta combinar com o governador Ibaneis Rocha. Até aqui, não há planos do MDB em levar Reguffe para o GDF. Porém, Celina, candidatíssima ao Buriti para 2026, cria pontes com os adversários. Em política, o rival de hoje sempre pode ser o aliado de amanhã.
Tebet na área, mas…
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) é considerada a futura ministra da Educação, caso Lula seja eleito no final do mês. Só tem um probleminha: essa área é considerada uma das inegociáveis por parte do PT. Logo, é preciso cautela.
Em casa/ Na batalha pela eleição de Damares Alves ao Senado, a primeira-dama Michele Bolsonaro praticamente se mudou para Ceilândia por alguns dias de setembro. No dia em que dormiram por lá, pediu cachorro quente da lanchonete 14 Irmãos, famosa no local. Comeu dois e ainda levou a maionese verde para o Alvorada.
E na campanha/ Agora, Michele vai entrar de cabeça na campanha em Goiás e nas regiões Norte e Nordeste. Há viagens programadas para os seis estados do Norte e, ainda, para Bahia e Pernambuco.
Neutro, só xampu/ O tucano Eduardo Leite pode enfrentar problemas neste segundo turno, por causa da neutralidade em relação à campanha presidencial. No PT, há quem diga que não é possível ficar em cima do muro nesta nova eleição. Assim, os petistas gaúchos tendem a seguir para o voto nulo na eleição no Rio Grande do Sul.
Problemas iguais, reações diferentes/ No Rio Grande do Sul, Bolsonaro fechou o primeiro turno à frente de Lula. E se Leite optar pelo petista, seus aliados acreditam que perderia votos. ACM Neto, na Bahia, considera ter o mesmo problema, porém com sinal trocado. Lá, se ele fechasse com Bolsonaro, seus aliados acreditam que poderia perder votos. Vale lembrar que o ex-prefeito de Salvador já obteve o apoio de João Roma, sem precisar pedir. O mesmo não fez o PT gaúcho até agora em relação a Leite.
A largada deste segundo turno indica que tanto o ex-presidente Lula quanto o presidente Jair Bolsonaro esperam contar com a estrutura de prefeitos, Brasil afora, para tentar angariar votos. Lula fez apelos nesse sentido durante as reuniões políticas desta semana. O petista, aliás, concentrou boa parte de sua entrevista em São Paulo à convocação dos prefeitos, citando a memória de seu governo.
No caso de Bolsonaro, houve solicitações no mesmo sentido a todos os governadores aliados, para que engajem os prefeitos na campanha. O governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema, por exemplo, já reuniu a maioria dos 853 de municípios mineiros em prol da campanha pela reeleição do presidente.
À paisana
Discretamente, militares acompanharam a eleição em vários pontos do país e não encontraram problemas. Agora, já estão se preparando para o segundo turno.
A missão de Prudente
Eleito deputado federal pelo MDB do DF, Rafael Prudente foi destacado pelo governo local para avaliar as chances de o partido definir uma fusão com outras legendas. Até aqui, os emedebistas estão mais fechados e só farão qualquer movimento mais robusto depois de conhecido o presidente da República que governará pelos próximos quatro anos.
Por falar em disputa presidencial…
A pesquisa Genial Quaest desta semana trouxe um dado que preocupou o PT. O percentual daqueles que responderam “sim” quando perguntados se Bolsonaro merece um segundo mandato subiu de 44% para 50%, enquanto o daqueles que responderam “não” caiu de 54% para 48%.
… o tempo é o senhor da razão
Na outra ponta, quando perguntados se Lula merece voltar, os eleitores pesquisados que diziam sim em setembro eram 54% e hoje são 51%. E o “não” , 44% e hoje 46%. Em suma, nada está garantido.
Deu bom, mas deu ruim/ Ao ouvir Lula dizer, em entrevista, que o Rio de Janeiro nunca recebeu tanto dinheiro como no seu governo, alguns integrantes do próprio PSD que apoiam Tarcísio de Freitas e assistiram à fala de Lula pela tevê comentaram que o governador daquele período, Sérgio Cabral, amarga a cadeia, enquanto o povo continua sem desenvolvimento.
Governo democrático/ Nem todo o secretariado de Rodrigo Garcia o acompanhará no voto ao presidente Jair Bolsonaro neste segundo turno. O secretário de Cultura de São Paulo, Sérgio Sá, anunciou em suas redes que votará no ex-presidente Lula.
A necessidade…/ Foi preciso um embate entre o PT e o PL de Jair Bolsonaro para que o ex-presidente Lula agradecesse o apoio recebido dos economistas do Plano Real citando o projeto deles como o “responsável por tirar o Brasil da hiperinflação da década de 90”. Edmar Bacha e Pérsio Arida sempre tiveram divergências em relação a planos econômicos do PT.
…faz o sapo pular/ Quando o Plano Real foi lançado, em 1993/1994, com Fernando Henrique Cardoso (foto) no Ministério da Fazenda, o PT foi o primeiro partido que o PSDB procurou para obter os votos necessários à aprovação da proposta no Parlamento. O PT disse não, porque considerou que poderia prejudicar a eleição de Lula, àquela altura, líder das pesquisas de intenção de voto. E quem apoiou o Real foi o PFL, de Antonio Carlos Magalhães, Jorge Bornhausen e Marco Maciel. Fernando Henrique Cardoso venceu no primeiro turno, em 1994.
As armas de cada um: expectativa é de ataques na propaganda eleitoral
Com 10 minutos para cada finalista desfilar propostas no horário eleitoral deste segundo turno, dá para fazer uma novela. E nesse sentido, vem por aí uma série de ataques ao adversário. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que saiu na frente no primeiro turno, dividirá o horário em três partes: uma tratará do futuro do país, vendendo a ideia de que democracia representa comida à mesa, emprego, casa, educação e renda; a segunda, combate às fake news contra o candidato; e, por fim, dizem os petistas, mostrar quem é o adversário.
O presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, apresentará os ganhos de seu governo, a recuperação da economia, a redução da taxa de desemprego, o agro e, por fim, os casos de corrupção nos antigos governos petistas. Advogados eleitorais não duvidam que, diante das apresentações de cada um, o horário eleitoral vire um festival de direitos de resposta.
Damares na Bahia
A senadora eleita do Distrito Federal, Damares Alves (Republicanos), começa hoje um périplo pelo Nordeste, por Vitória da Conquista (BA). Ela irá acompanhada do ex-ministro da Cidadania João Roma, que já anunciou o apoio ao ex-prefeito de Salvador ACM Neto ao governo estadual. “Nosso adversário na Bahia e no Brasil é o PT”, diz Roma.
São Paulo e Minas
Lula vai dedicar mais tempo a tentar tirar a diferença que teve para Bolsonaro em São Paulo e, ao mesmo tempo, ampliar em Minas Gerais. Só tem um probleminha: embora a região do Vale do Jequitinhonha tenha votado em peso no petista, há o receio de que o governador Romeu Zema vire o jogo. Daí, a necessidade de segurar os eleitores em Minas.
Bastidores em ebulição
Enquanto o país se distrai com os apoios declarados a Lula e a Bolsonaro, deputados e senadores avaliam a correlação de forças para o futuro. A conclusão, tanto à esquerda quanto à direita, é de que se não definir logo seus apoios, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) não terá um grupo capaz de reelegê-lo presidente do Senado.
E os apoios, hein?
Se Bolsonaro fez um gol de placa com o governador Romeu Zema, Lula empatou o jogo ao conseguir o apoio da ex-candidata Simone Tebet. A senadora do MDB, diferentemente de Ciro Gomes (PDT), promete ir às ruas pedir votos para o petista.
Tucanos de ontem e de hoje
Lula ficou com o PSDB dos tempos das Diretas Já. E Bolsonaro com aqueles que ingressaram no ninho depois que o PSDB foi empurrado para a direita, em 1994. Naquele período, o PT recusou apoio ao Plano Real e os tucanos foram obrigados a fechar um acordo com o então PFL, que virou Democratas e, hoje, é União Brasil. De lá para cá, a turma que entrou no PSDB virou o partido mais à direita.
Novo alvo I/ No governo, a turma que desconfiava das urnas eletrônicas agora critica as pesquisas eleitorais. Neste segundo turno, a ordem é colocar em dúvida a divulgação dos resultados coletados pelas empresas que fazem esse trabalho.
Novo alvo II/ No governo — e também nas campanhas —, a ideia é ainda tirar de cena a imagem dos “institutos” e passar a chamar essas instituições que medem o humor do eleitorado de “empresas de pesquisa”.
Aliás…/ Os institutos estão numa guerra de bastidores que há tempos não se via. E assim permanecerão, uma vez que há várias empresas no mercado e nenhuma favorita na visão do eleitor, cada vez mais desconfiado.
Quem acredita?/ No primeiro turno, a pesquisa do Ipec, na véspera da eleição, deu Lula com 50% das intenções de voto e Bolsonaro com 37%. O petista obteve 48,43% e o presidente, 43,20% dos votos. Acertou a posição de cada um, mas errou feio a distância entre eles. Agora, o Ipec abre o segundo turno dando 51% para Lula e 43% para Bolsonaro. Os bolsonaristas ficaram para lá de irritados. Acreditam que, se mantido o percentual de erro entre a última pesquisa e a urna, o presidente está na frente do petista.
Nada preocupa mais o PT hoje do que dois movimentos feitos em direção a Jair Bolsonaro: O primeiro foi o do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que planeja fazer campanha em favor de Jair Bolsonaro e virar o jogo para a reeleição do presidente da República. O outro é o do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, que declarou apoio a Bolsonaro. Garcia, porém, não tinha saída. Era aderir a Bolsonaro ou correr o risco de ficar sozinho, vendo seus prefeitos irem para o palanque do antipetismo. Bolsonaro já havia recebido o apoio de Cláudio Castro (PL) e, agora, tem os três governadores do Sudeste.
Esses apoios têm tudo para ampliar o percentual de votos de Jair Bolsonaro. Resta saber, porém, se serão suficientes para dar ao presidente Jair Bolsonaro o caminhão de votos necessários para superar Lula. Os petistas acreditam que não ultrapassará, mas, em Minas, há quem esteja com receio de que o apoio de Zema termine por tirar votos obtidos pelo ex-presidente no primeiro turno. Quanto a São Paulo, os petistas avaliam que será difícil a ampliação dos votos. É que, até agora, aqueles que declararam apoio a Lula não prometem arregaçar as mangas neste segundo turno. Haja visto o vídeo de Ciro Gomes, que cita apenas seguir a “decisão do PDT”, sem anunciar qual foi e muito menos o nome do candidato. Não por acaso, nos últimos dias, já tem muita gente fazendo piada, referindo-se ao vídeo de Ciro como apenas um sorriso enigmático para Lula. Tal e qual o da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, muito bem instalada no Louvre, em Paris.
Sobrou para a turma de Haddad
Na reunião do PT em que os celulares tiveram que ficar de fora houve críticas à campanha de Fernando Haddad, por ter deixado o adversário Tarcísio de Freitas correr praticamente solto em São Paulo ao longo do primeiro turno. Ele andou tanto que, agora, muita gente considera que será difícil tirar a diferença.
O Cidadania apoia, mas…
O partido de Roberto Freire e Cristovam Buarque anunciou o apoio a Lula, mas esse suporte não é unânime. “Todos os parlamentares eleitos foram contra esse apoio. Bolsonaro não é o que me representa, mas (entre ele e Lula), prefiro alguém que defende a família”, diz a deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF), eleita para a Câmara Legislativa do DF, ao anunciar que não votará no ex-presidente.
Se for compensação…
Dos candidatos que se apresentaram para a vaga da Câmara dos Deputados ao Tribunal de Contas da União (TCU) o único que não se reelegeu foi o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG). A aposta é a de que ele tem condições de obter os votos do colegas. A escolha deverá ser feita ainda este ano.
Só tem um probleminha
O presidente da Câmara, Arthur Lira, prometeu o cargo para várias pessoas. Vai esperar a volta dos parlamentares ao Congresso, o que ainda não ocorreu, para marcar a votação. A bancada feminina vai pleitear a vaga para Soraya Santos (PL-RJ). Os evangélicos preferem Jhonatas de Jesus (Republicanos-RR). Os dois foram reeleitos.
Antes de Damares/ Na fila para Presidência da Câmara, a bancada do agro planeja apostar na senadora eleita Tereza Cristina (PP-MS) e não Damares Alves (Republicanos-DF) Falta combinar com o União Brasil, que tem Davi Alcolumbre louco para voltar ao comando da Casa. E Renan Calheiros, que é citado para o cargo, caso Lula seja eleito presidente.
Veja bem/ A candidatura de Tereza, porém, corre o risco de não emplacar, porque o PP quer priorizar a reeleição de Arthur Lira na Câmara. O mesmo partido nas duas Casas, com o PL sendo a maior bancada, não dá.
A força de Michelle/ Estudiosa dos movimentos eleitorais desde 1989, a diretora de pesquisas qualitativas do instituto Opinião, Patrícia Reis, alerta para a frase de Jair Bolsonaro, “manda quem pode e obedece quem tem esposa”, como o fator principal que resume o papel da primeira-dama Michelle Bolsonaro neste segundo turno: “Ela é muito benquista. Nesta terra tupiniquim, conseguimos o impensável, que é ter uma Michelle Obama casada com um Trump. Ou, no dizer das entrevistadas nos grupos de pesquisa, o enredo da Bela e a Fera. A frase dele é a ressonância perfeita para o arquétipo em formação, o desejo latente que, depois de tanto esforço, a Bela consiga transformar a Fera em príncipe. Mas, mesmo que não consiga, o recado mais importante foi dado: A Fera tem quem mande nela”.
Xô, Satanás!/ As campanhas de Jair Bolsonaro e de Lula apelaram na busca de votos do eleitorado religioso. Numa das peças, a senadora eleita Damares Alves é citada como alguém que fez um pacto com o coisa ruim para reeleger o presidente. Noutra, que rendeu uma ação do PT no Tribunal Superior Eleitoral, são citados posts que se referem a um satanista fazendo campanha para Lula. Santo Deus, nos livrai desse tipo de campanha baixa, vulgar e sem propostas construtivas para o país. Amém!
O Cidadania e o PDT vão apoiar Lula, mas o MDB de Simone Tebet e o PSDB têm dificuldades em seguir nesse caminho sem rusgas. Os tucanos precisam de Luiz Inácio Lula da Silva e seus aliados para alavancar Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul, e Eduardo Riedel, no Mato Grosso do Sul. Mas querem os bolsonaristas para enfrentar os aliados de Lula na Paraíba e em Pernambuco, estado do presidente do PSDB, Bruno Araújo.
Nesse sentido, o PSDB não deve seguir em bloco no apoio ao PT e já vê seus filiados divididos. Em São Paulo, onde os tucanos perderam o governo do estado, os prefeitos do interior já seguiram para a candidatura de Jair Bolsonaro (PL). O senador Tasso Jereissati (CE) apoiou Lula. Com tantos problemas e divisões internas, os tucanos — que abriram a disputa eleitoral com uma prévia para escolher o candidato ao Planalto — terminam divididos, sem cara e sem personalidade, rumo à liberação de seus integrantes no segundo turno.
Seguro morreu de velho
Juntos, os partidos do Centrão terão poder para dar e vender a partir de 2023, com mais de 250 votos na Câmara. Só tem um probleminha: até acertar os espaços, ninguém confia em ninguém. Para fazer frente ao crescimento do PL, por exemplo, o PP pretende se unir ao União Brasil para garantir a presidência da Câmara para Arthur Lira (AL) e tentar emplacar Davi Alcolumbre (AP) no Senado.
Sobrou
Nesse acordo, quem deve “sobrar” é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Seu partido apoiou Lula em Minas e, ao que tudo indica, não há muito espaço para recandidatura. Isso porque, se o petista vencer, o MDB vai novamente tentar retomar o poder de comando no Senado.
As montanhas de Minas I
As primeiras declarações do governador reeleito Romeu Zema deixaram os políticos de Minas Gerais com a sensação de que Bolsonaro tem condições de virar o jogo no estado. Em 2014, Dilma Rousseff chegou na frente no primeiro turno e ampliou a vantagem sobre Aécio Neves depois de o PT eleger Fernando Pimentel governador no primeiro turno.
As montanhas de Minas II
Dessa vez, os petistas não terão por lá um governador para chamar de seu, capaz de alavancar a candidatura presidencial. E para completar, ainda tiveram Zema dizendo que sua missão neste segundo turno será combater o PT. Ele mobilizará os prefeitos, de forma a garantir o apoio dos deputados estaduais e federais eleitos pelo PL.
“Por ora, descanso”/ Antes de vir a Brasília fazer um reconhecimento de área do Senado e da Câmara, o senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR) e a deputada eleita Rosângela Moro (UB-SP) vão tirar uns dias de férias. Mas Moro já falou por telefone com Bolsonaro e ensaiam uma aproximação. Até ontem, não havia sido acionado para fazer campanha por ACM Neto (UB), na Bahia, ou Tarcísio de Freitas, seu antigo colega de ministério.
Agro paulista apoia Bolsonaro/ O Sistema de Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo e o Serviço de Aprendizagem Rural (Faesp/SEnar-SP) anunciou o apoio à reeleição de Bolsonaro, com alfinetadas em Lula. “O presidente sempre demonstrou entender nosso papel da garantia da segurança alimentar e a geração de emprego e renda, por meio de uma produção reconhecidamente sustentável. E o mais importante, diferentemente de seu concorrente, ele faz na prática o que diz em seu discurso, honrando seu comprometimento com o agro”, afirma a Faesp, em nota.
E vai mais além/ “Como produtores e trabalhadores rurais, não queremos viver no sobressalto da insegurança jurídica. Só o diálogo e o respeito mútuo colocarão a nação no rumo certo”, diz o texto assinado por Fábio Meirelles, presidente do Sistema Faesp/Senar-SP.
Patrícia Pillar apoia Lula/ Com Ciro Gomes fora do segundo turno, a atriz anunciou que votará em Lula no segundo turno.
E o Doria, hein?/ O ex-governador João Doria avisa que votará nulo para presidente da República neste segundo turno: “Minha posição é de neutralidade. Não voto nem no PT do Lula, nem no PL de Jair Bolsonaro”, afirmou à coluna.
O presidente do Cidadania, Roberto Freire, convocou a Executiva do partido para uma reunião amanhã ao meio-dia, a fim de formalizar o apoio ao candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda que meio a contragosto, Freire diz com todas as letras que é o que tem para hoje. “Eles (os petistas) jogaram com tanta incompetência que saem como derrotados. Quiseram esmagar Ciro e Simone Tebet sem necessidade. Mas vamos derrotar Bolsonaro”, afirmou o presidente do Cidadania, ao blog.
No primeiro turno, Freire percorreu o país ao lado da candidata do MDB, Simone Tebet. Agora, é o primeiro dos partidos aliados à senadora a anunciar que caminhará com Lula neste segundo turno. O MDB e o PSDB têm dificuldades em seguir em bloco neste apoio.
A final entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) obrigará ambos a deixarem mais claros seus projetos econômicos e sociais. O petista contava com a vitória na primeira rodada, jogando praticamente parado, colocando-se como o “fiador da democracia” e sem detalhar seu programa. Ainda assim, conseguiu ampliar em 25 milhões o desempenho e quase chegou ao total de 57 milhões de votos que Bolsonaro obteve no segundo turno em 2018. Mas só isso não basta: agora terá que detalhar seu programa.
Bolsonaro, por sua vez, obteve um milhão de votos além do que conquistou no primeiro turno de 2018. Seus aliados acreditam que poderia ter tido mais, se as pesquisas tivessem acertado o percentual de votos em favor dele, por exemplo, em São Paulo.
Agora, há quem diga que terá que assinar um compromisso com a democracia, detalhar projetos para os próximos quatro anos e mobilizar toda a tropa que elegeu 14 senadores e 101 deputados do PL para pedir votos em seu favor Brasil afora — especialmente em Minas Gerais. E, para não quebrar a onda favorável dos últimos dias, a ordem entre seus apoiadores é começar hoje.
Os cálculos de Valdemar da Costa Neto
Com o PL detentor da maior bancada do Senado e da Câmara, o comando do partido não tem mais dúvidas de que jogou certo ao acolher Bolsonaro. Agora, avalia, seja quem for o presidente da República, terá que negociar com a legenda. Afinal, 101 deputados é algo que há tempos nenhuma legenda atingiu, ainda mais sem coligação.
Melhor de dois
O PL, porém, acredita que sua situação será muito mais confortável com a reeleição de Bolsonaro, que não pretende chegar detonando o poder dos congressistas sobre o Orçamento da União. Lula, ao contrário, já disse que deseja retomar esse controle. Diante dessa premissa, a bancada pretende ajudar a reeleição do presidente.
Alckmin deixou a desejar
Os petistas viam no ex-tucano Geraldo Alckmin um diferencial que deveria ajudar em São Paulo. Nas suas conversas mais reservadas, os petistas dizem que essa ajuda não veio. O desafio agora, dizem alguns, será o ex-governador atrair o PSDB de Rodrigo Garcia.
E o Kassab, hein?
Com Tarcísio de Freitas liderando a disputa neste segundo turno, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, tende a ficar fora da eleição nacional. Vai se concentrar em São Paulo. Quanto à Presidência da República, cada um que cuide de si.
Batman versus Super-Homem/ Em Alagoas, o senador Renan Calheiros (MDB) elegeu Renan Filho para o senado e Arthur Lyra (PP) foi o mais votado para a Câmara dos Deputados. Agora, cada um fará campanha aberta para o seu candidato a presidente. Lyra, Bolsonaro; Renan, Lula.
Santo de casa/ O PP do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e de Lyra terá 47 deputados em 2023. Isso significa que, se quiser manter a presidência da Câmara, terá que fechar uma negociação na ponta do lápis com o vitorioso PL de Valdemar da Costa Neto.
A maldição de Michelle/ Ana Cristina Vale, que se apresentou como Cristina Bolsonaro, não chegou a 2 mil votos. A mãe de Jair Renan, o Zero Quatro, não ficou nem na suplência. E, das apostas do PL, a única que não obteve sucesso foi Flávia Arruda no Distrito Federal, que concorria contra Damares Alves, a candidata da primeira-dama.
Por falar em Michelle…/ Neste segundo turno, a mulher de Bolsonaro deverá ter uma agenda diferente do presidente, em busca das mulheres, especialmente, as nordestinas ligadas às igrejas evangélicas.
O porta-voz da Lava Jato/ A coleção de dissabores do PT neste primeiro turno incluiu a vitória do procurador da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, como o mais votado no Paraná, deixando em segundo lugar a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Em conversas reservadas, a turma dos lavajatistas diz que Gleisi pode se preparar para duros embates no plenário, na linha de “Lula não foi inocentado”.
21% dos eleitores não têm interesse pelo pleito presidencial
O termômetro da campanha divulgado pela Associação Brasileira de Pesquisas Eleitorais mostra que mesmo na véspera do pleito, um grupo expressivo de leitores tem pouco ou nenhum interesse pela corrida presidencial. São 21%. Esse percentual, somado ao risco de abstenção, algo que tem subido a cada ano, é que preocupa todos os candidatos. Independentemente de quem sair vitorioso neste domingo, os políticos têm algo em comum: é preciso reaproximar o brasileiro da política.
Por falar em Congresso…
Antes de eleger os comandantes do Parlamento, os congressistas vão votar o Orçamento do ano que vem. E a ordem no Centrão é aprovar logo para garantir a expectativa de aplicação dos recursos nas bases eleitorais. Assim, com tudo aprovado, qualquer mudança que desagrade as bases será culpa do novo presidente da República, seja quem for.
A próxima disputa
Ainda que a eleição presidencial não feche em primeiro turno, o “terceiro turno” está posto a partir de amanhã: a eleição para presidente da Câmara. Os parlamentares que saírem vitoriosos — e as projeções indicam que a taxa de reeleição deve ficar na faixa de 70% para cima — vão trabalhar desde já o comando da Casa para 2023.
O PP vai de Lira
O atual presidente da Câmara, Arthur Lira, inclusive, tratou de ajudar seus aliados nesta campanha para lastrear a largada pela própria reeleição.
Enquanto isso, no PT…
O Partido dos Trabalhadores espera contar com a vitória de Lula, de preferência em primeiro turno, para poder organizar o jogo congressual de retomada do controle do Parlamento. A ordem é apoiar um candidato de outro partido. Na ponta da lança, como o leitor da coluna já sabe, está Roseana Sarney, do MDB, que projeta uma grande votação.
Por falar em MDB…
Quem novamente está sob risco é o ex-senador Romero Jucá, em Roraima. Ele é considerado uma das apostas do MDB para tentar equilibrar o jogo com o PSD de Rodrigo Pacheco no Senado. O partido do presidente do Congresso aponta para ser um dos grandes players do Parlamento no ano que vem.
O rei é de todos I/ Depois que Neymar Jr. declarou apoio ao presidente Jair Bolsonaro, começou a pulular nas redes sociais uma foto de Pelé (foto) abraçado com Lula e outra em que o rei do futebol segura uma camisa do Santos autografada para o presidente Bolsonaro. Pelé não apoia formalmente nem um, nem outro.
O rei é de todos II/ Edson Arantes do Nascimento já negociou a marca Pelé com uma grande multinacional e, no contrato, está escrito que ele não pode dar declarações sobre política, cigarros e bebidas alcoólicas.
O rei é de todos III/ Pelé, aliás, tirou fotos e autografou camisas para líderes políticos dos mais variados matizes. Em 1997, foi condecorado pela rainha Elizabeth.
Votemos em paz/ Bom voto a todos neste domingo. E, lembre-se: nada de brigar com familiares, vizinhos e amigos por causa da política. Mais do que nunca é preciso respeito por quem pensa diferente de você. Vida longa à nossa democracia!
A onda em favor de Lula, protagonizada por parte de tucanos, intelectuais e economistas ligados a partidos de centro, vem acoplada de um aviso ao PT: o mesmo apoio que se precisa para vencer deve ser usado para administrar, especialmente no quesito programa de governo. Logo, os petistas, diante de uma possível vitória do ex-presidente, não poderão levar a ferro e fogo um projeto que não se sustente sob o ponto de vista econômico e financeiro.
A dois dias das eleições, porém, não há tempo e muito menos disposição por parte do PT para clarear o programa de governo. Nesse sentido, não são poucos os recém-chegados que, entre quatro paredes, dizem estar preocupados com a perspectiva de os petistas desprezarem itens do programa de governo dos aliados, em caso de vitória no primeiro turno.
O que preocupa o PT
Com os números do Datafolha que deram 50% dos votos válidos em favor de Lula, a euforia tomou conta dos militantes petistas. No caso de o ex-presidente não fechar a eleição no primeiro turno, o risco de o partido ir para o embate final com ares de derrota é grande.
Ibaneis faz pontes
Os petistas, porém, avisam alguns, não têm tantos motivos para se preocupar. Haja vista a movimentação dos adversários. Por exemplo: os elogios do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), a Lula durante a sabatina do Correio Braziliense/TV Brasília, foram lidos por muitos políticos como um sinal de que o partido já trabalha com a vitória do ex-presidente, seja em primeiro ou segundo turno. Até a semana passada, Ibaneis só tinha olhos para a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL).
A conta não fecha
Quem acompanha as pesquisas com uma lupa está intrigado com as diferenças entre as campanhas estaduais e a presidencial. Nos estados onde a eleição de governador pode fechar no primeiro turno, por exemplo, só dois têm partidos de esquerda na liderança.
Efeito Minas
Com Romeu Zema (Novo) na liderança, a esperança dos bolsonaristas é de que ocorra ali, na eleição presidencial, o que houve em 2018, quando o Datafolha divulgado a três dias da eleição indicava a vitória de Dilma Rousseff para o Senado, com 27%, e ela não foi eleita.
Tensão na Bahia I/ O caso da morte do subtenente da Polícia Militar Alberto Alves dos Santos, que trabalhava para a campanha de ACM Neto, vai parar no Ministério da Justiça e Segurança Pública. O pedido para que a Polícia Federal (PF) entre no caso, assinado pelos advogados de Neto, levanta a suspeita de que a PM da Bahia monitorava a campanha do principal adversário.
Tensão na Bahia II/ Em caso de segundo turno entre ACM Neto (União Brasil) e Jerônimo Rodrigues (PT), esse caso pode balançar o coreto do PT, que já ganhou de virada na Bahia, em 2006, quando Jaques Wagner foi eleito.
Por falar em Bahia…/ O saldo do debate da Globo por lá indica que ACM Neto e João Roma (PL) queimaram todas as pontes para uma parceria na eleição.
Viva a democracia/ Aos 99 anos, Heloísa Freitas já está pronta para votar no domingo, em Belo Horizonte. Ela nasceu em Formiga (MG), em 23 de março de 1923, e acionou os filhos para levá-la à seção eleitoral, na capital mineira. Um exemplo de cidadania.