Jeferson Soldi/Divulgação. Mesa da 25a Avaliação Nacional de Vinhos Jeferson Soldi/Divulgação. Mesa da 25a Avaliação Nacional de Vinhos

Saiba como unir vinhos e turismo na Serra Gaúcha

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Bento Gonçalves — Sempre foi um espetáculo grandioso, mas este ano a 25ª Avaliação Nacional de Vinhos superou qualquer expectativa. O evento, considerado a maior degustação de vinhos de uma mesma safra do mundo, completou um quarto de século. Foram inscritas 327 amostras produzidas em 2017 por 59 vinícolas de seis estados. Além do Rio Grande do Sul, berço do vinho brasileiro, participaram empresas da Bahia, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo.

Durante todo o mês de agosto, 118 enólogos degustaram às cegas as amostras, segundo normas internacionais e sob a coordenação da Embrapa Uva e Vinho. Dentro desse seleto grupo, 16 vinhos (ainda em tanques em fase de produção) foram selecionados entre os mais representativos em suas categorias, como por exemplo, vinho base para espumante, branco fino seco aromático ou tinto seco jovem, que inscreveu 23 amostras, enquanto o maior número 237 foi de tinto seco.

Antecipação

Jeferson Soldi/Divulgação. Edegar Scortegagna, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE).
Jeferson Soldi/Divulgação. Edegar Scortegagna, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE).

“A avaliação é reconhecida pela proximidade com a cadeia produtiva da uva e do vinho e contribui para que a produção nacional evolua em qualidade, tecnologia e conhecimento” – Edegar Scortegagna

Num ritual que se repete há 25 anos, as 16 amostras foram a cereja do bolo. Cada uma mereceu comentário técnico e pessoal de um avaliador especialmente convidado. Eles vieram de várias partes, como Japão, Itália e Argentina, além do Brasil. Entre eles, o chef e sommelier Danio Braga; o médico cardiologista Protásio Lemos da Luz e o chefe geral da Embrapa Uva e Vinho, Mauro Zanus.

Alunos dos cursos de enologia da região serviram para um público de mais de mil pessoas os 16 vinhos ao mesmo tempo em que as amostras eram comentadas pelos especialistas. Coube ao enólogo Edegar Scortegagna, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), promotora do certame, revelar quais foram os vinhos apresentados. “O que o público degustou na taça é a antecipação do que estará no mercado a partir do próximo ano”, destacou Scortegagna.

Amostras degustadas

Jeferson Soldi/Divulgação. 25ª Avaliação Nacional de Vinhos.
Jeferson Soldi/Divulgação. 25ª Avaliação Nacional de Vinhos.

Na categoria vinho base para espumante foram degustadas três amostras: Chardonnay/Riesling itálico, da vinícola Chandon (Garibaldi – RS); Chardonnay, da Casa Valduga (Bento Gonçalves – RS) e Chardonnay da Domno do Brasil (Garibaldi – RS).

Na categoria branco fino seco não aromático, outras três: Riesling itálico, da Cooperativa Vinícola Aurora (Bento Gonçalves – RS); Chardonnay da Almadén (Santana do Livramento – RS) e Chardonnay, da Cave de Pedra (Bento Gonçalves – RS).

Já a categoria branco fino seco aromático emplacou duas amostras: Sauvignon Blanc, da Santa Rita (Vacaria – RS) e Moscato Giallo, da Cooperativa Vinícola São João (Farroupilha – RS).

A categoria tinto fino seco jovem foi representada por apenas uma amostra – Cabernet Franc da Salton (Bento Gonçalves – RS), enquanto a categoria tinto fino seco reuniu dois Merlot, um da Casa Perini (Farroupilha – RS) e o outro da Miolo (Bento Gonçalves – RS). Nessa categoria havia um Petit Syrah, da Luiz Argenta (Flores da Cunha – RS), um Cabernet Franc da Giacomin (Flores da Cunha – RS); um Malbec da Almaúnica (Bento Gonçalves – RS); um Cabernet Sauvignon da Guatambu (Dom Pedrito – RS_e um Tannat da Don Guerino (Alto Feliz – RS).

Jardins campestres

Su Maestri/Divulgação. Rota Vinhos de Montanha, em Pinto Bandeira, Rio Grande do Sul.
Su Maestri/Divulgação. Rota Vinhos de Montanha, em Pinto Bandeira, Rio Grande do Sul.

Foi no final do século passado que as vinícolas gaúchas — hoje são 673 ativas, segundo o Ibravin — foram diversificando as atividades e passaram a focar no turismo, responsável atualmente pelo grande número de visitantes. Aurora, a maior delas, porém, foi pioneira no enoturismo que começou em 1967.

Considerada a maior cooperativa vinícola do Brasil, Aurora foi fundada em 1931 por 16 famílias e hoje reúne mais de mil. Localizada no centro de Bento Gonçalves, tem também uma unidade em Pinto Bandeira, na Rota Vinhos de Montanha. A visitação, que não é cobrada, é feita de segunda a sábado e domingos, das 8h30 às 11h30. Cursos de degustação podem ser agendados no e-mail: turismo@vinicolauraroa.com.br.

Miolo, outra potência de vinho, com projetos em cinco regiões vitivinícolas, acaba de inaugurar na sede do Vale dos Vinhedos o wine garden, aprazível jardim onde os visitantes podem curtir a natureza sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h. Já visitas à cantina têm custo de R$ 20 por pessoa, dos quais R$ 5 são reembolsáveis na aquisição de produtos. Acima de 15 pessoas, é necessário agendar previamente. Telefone (54) 2101-1540 ou pelo e-mail visita@miolo.com.br.

Cinema ao ar livre

montagem

Fundada por Mario Geisse, um chileno de nome alemão que faz vinhos no Brasil, a Cave Geisse coleciona as maiores notas dadas para suas borbulhas. Localizada em Pinto Bandeira, também na Rota Vinhos de Montanha, ocupa uma área espetacular que passou a oferecer “Geisse Experience”, visita à vinícola seguida de um passeio com um veículo 4×4 por trilhas em meio a vinhedo e mata virgem. Dura uma hora e meia e sai por R$ 200, duas pessoas com brinde de espumante. Informações: turismo@vinicolageisse.com.br.

No distrito de Faria Lemos, integra a Rota das Cantinas Históricas a legendária Dal Pizzol, que oferece um ecomuseu da cultura do vinho e um vinhedo do mundo com mais de 400 castas plantadas, além de um parque com animais silvestres e aves, como o deslumbrante pavão, sempre perseguido pela turistada, que quer vê-lo abrir o multicolorido leque. As visitas free podem ser feitas de segunda a sexta, das 9h às 17h. Sábados, domingos e feriados ocorrem das 10h às 16h30. Visitantes de 6 a 12 anos pagam R$ 5 e acima de 12, R$ 10. Já a degustação às cegas (muito divertida e informativa) sai por R$ 75. A casa também oferece almoço e jantar que precisam ser agendados. Telefone: (54) 3449-2255 ou e-mail dalpizzol@dalpizzol.com.br.

Quem estiver com viagem marcada para a Serra Gaúcha e ainda não viu a produção brasileira O filme da minha vida, rodado lá, poderá curtir no dia 7 de outubro as cenas dirigidas por Selton Mello (também protagonista), em sessão noturna a céu aberto nos jardins da Peterlongo, a centenária vinícola de Garibaldi que fez o primeiro espumante brasileiro. Estão programados mais dois filmes: O segredo dos seus olhos, para dia 21, e Moonlight: Sob a luz do luar, no sábado seguinte, 28. Ingressos saem a R$ 35, antecipados, e R$ 45, no local com direito a pipoca, quitutes, espumantes, vinhos e suco de uva em taça e garrafa. Mais informações: (54) 3462-1355.

A colunista viajou a convite da Associação Brasileira de Enologia (ABE).