União resiste a Lula e Bivar muda de ideia a cada seis horas

Publicado em ELEIÇÕES 2022

 

O presidente do União Brasil e pré-candidato a presidente da República, Luciano Bivar, “muda de ideia a cada seis horas” sobre se mantém a candidatura presidencial ou desiste, confiando no aceno do ex-presidente Lula de que terá apoio para presidir a Câmara dos Deputados no ano que vem. Seus aliados dizem em conversas reservadas que “a conversa entre Bivar e Lula foi pessoal”, sem consulta ao partido. E mais: Que Lula está “vendendo terreno na lua”. Logo à primeira vista, é preciso ter em mente que a Presidência da Câmara é algo que depende da nova configuração de forças no Congresso, que só será conhecida em outubro. Em segundo lugar, os integrantes do União Brasil acreditam que o PT, que projeta a eleição de uma bancada expressiva, jamais apoiará um candidato do União Brasil para comandar o Parlamento.

Nos palanques estaduais, a relação entre os dois partidos também não está fácil. No maior colégio eleitoral do país, por exemplo, o União Brasil vai apoiar o governador-candidato Rodrigo Garcia, um dos principais adversários do candidato do PT, Fernando Haddad. No Rio de Janeiro, uma das estrelas do União é Danielle Cunha, filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que não dialoga com o PT. Metade do União hoje está mais para Bolsonaro do que para o PT, por isso, a avaliação de muitos é a de que um apoio a Lula não passaria na convenção. Para completar, deixar de ter candidato a presidente tiraria a nova legenda da vitrine, necessária  para se colocar perante a sociedade. Da parte de Lula, porém, quanto menos candidato ao Planalto melhor para que ele possa cumprir o sonho de, pela primeira vez, o PT obter uma vitória presidencial no primeiro turno. Por isso, a conversa de Lula com Bivar e Janones, o candidato a presidente da República do Avante.

A convenção do União Brasil está marcada para 5 de agosto e, até lá, as especulações devem continuar. Aliados de Bivar acreditam que essa conversa com Lula deu ao deputado e presidente do União Brasil a oportunidade de se tornar mais conhecido por alguns eleitores. A aposta desses aliados é a de que, até a semana que vem, Bivar deverá continuar mudando de ideia a cada seis horas.

Lula sai de encontros em Brasília sem o MDB

Publicado em coluna Brasília-DF

Em sua passagem esta semana por Brasília, o ex-presidente Lula praticamente selou o apoio do PSB, deixou o PSD amarrado para um eventual segundo turno contra Jair Bolsonaro e reaproximou-se de representantes do funcionalismo público. Mas o velho e bom MDB preferiu ficar na encolha.

O clã Sarney, conforme o leitor do Blog da Denise pôde conferir ontem, negocia a vaga de candidata ao Senado para Roseana Sarney na chapa do senador Weverton Rocha ao governo do Maranhão. Rocha é do PDT de Ciro Gomes. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, foi outro que não quis muita conversa com Lula, porque sabe que o PT jamais o apoiará à reeleição. E, para completar, o MDB ainda tem Simone Tebet como pré-candidata a presidente da República. Do Centro-Oeste para baixo, não tem conversa entre os dois partidos. E, antes de seus caciques resolverem a sobrevivência em seus estados e no Distrito Federal, o MDB não dá um passo para definição do projeto nacional.

Separe as estações

A marcação da votação da PEC dos Precatórios para 19 de outubro vem sob encomenda para esperar que o ministro da Economia, Paulo Guedes, preste seu depoimento a respeito da offshore nas Ilhas Virgens Britânicas com US$ 9,5 milhões.

O teste de Guedes
O ministro da Economia será perguntado ainda, com muita ênfase, por que mandou retirar o artigo 6º da reforma tributária —, justamente o que previa a taxação de recursos de pessoas físicas brasileiras alocados em paraísos fiscais. Os deputados querem saber por que o ministro não quis taxar o seu dinheiro lá fora. Só de variação cambial, o cofre de Guedes rendeu, de 2019 para cá, R$ 14 milhões, como mostra a reportagem de Fernanda Fernandes, no Correio.

Pior sem ele
Os cálculos do presidente da Câmara, Arthur Lira, um enxadrista de primeira grandeza da política, indicam que, a partir da criação do União Brasil com 82 deputados, a ida de Jair Bolsonaro para o PP é um passaporte para ampliar o número de deputados do Progressistas. Até onde a vista alcança, os pepistas têm sensação de que esse é o caminho mais seguro para tentar se manter no comando do Parlamento.

Abril, a hora da verdade
A aposta é a de que esses 82 deputados não se mantêm, porque os bolsonaristas devem sair; e outros só vão entrar se os acordos regionais para a sobrevivência forem atrativos; e o candidato a presidente, seja quem for, passar “firmeza” de que tem “pegada” para disputar uma das vagas ao segundo turno.

O desafio de Fausto
Se Jair Bolsonaro se filiar mesmo ao PP, conforme já disse, inclusive, a deputados do partido, o presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, Fausto Pinato (PP-SP), e o deputado Eduardo Bolsonaro ficarão no mesmo partido. O trabalho será pacificar e explicar aos estrangeiros que é possível a legenda abrigar Pinato, amigo dos chineses, e Eduardo, que, no passado, provocou muita polêmica entre os dois países.

Em campos opostos
O governador do DF, Ibaneis Rocha, considera que quem tenta citá-lo como um nome potencial para vice de Lula quer é tirá-lo de uma campanha reeleitoral viável e promissora a preços de hoje. A chance de o PT apoiar Ibaneis é zero, seja para o governo estadual, seja para vice de Lula.

CPI no horário eleitoral
O forte depoimento do paciente que escapou da morte porque a família recusou a proposta da Prevent Sênior não muda sequer um voto na CPI da pandemia. Mas já está devidamente arquivado para 2022.

E o Ciro, Lula?/ Entre um gole e outro de vinho, Lula comentou com os emedebistas que não acredita na terceira via nem tem a menor esperança de receber o apoio de Ciro Gomes, do PDT, num segundo turno contra Jair Bolsonaro. “Na hora h, Ciro vai para Londres e não apoia ninguém”, comentou.

Tá nesse pé/ Lula justificou assim sua impressão sobre Ciro Gomes: “Ele (Ciro) tem sido muito agressivo comigo, e isso cria um caminho sem volta”.

A culpa é dela/ Pelo menos um dos emedebistas presentes ao jantar que o ex-senador Eunício Oliveira ofereceu a Lula teve vontade de perguntar com todas as letras por que o PT não expulsou Dilma Rousseff do partido, uma vez que ela impediu que Lula fosse candidato em 2014.

Muita calma nessa hora/ A pergunta só não foi feita porque a atual presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ex-ministra da Casa Civil de Dilma, poderia não resistir e dar uma resposta atravessada, capaz de estragar o sabor do cordeiro e do vinho.

E o leilão do petróleo, hein?/ A oferta de 92 e só cinco campos arrematados indica que os combustíveis fósseis começaram a perder terreno.

Futuro partido de Bolsonaro, PP puxa convocação de Guedes

Publicado em coluna Brasília-DF

A convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, para explicar a offshore com quase R$ 51 milhões nas Ilhas Virgens Britânicas, foi aprovada de lavada depois que o futuro partido de Bolsonaro, o PP, liderado pelo deputado Cacá Leão (BA), encaminhou favoravelmente. Entre os congressistas, está certo que Bolsonaro se filiará ao Progressistas do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Foram, inclusive, informados que o presidente já bateu o martelo. E se nem o futuro partido do presidente segurou essa convocação, os outros é que não iriam se expor ao desgaste.

O PP se animou com a filiação de Bolsonaro porque acredita que pode ser uma forma de a legenda entrar pela porta da frente, em São Paulo, onde os deputados Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli (ambos do PSL-SP) podem ajudar a puxar votos. No estado governado por João Doria, o PP tem, hoje, apenas quatro federais. Acha que pode, no mínimo, dobrar esse número.

Se vira, ministro
Paulo Guedes será bem tratado pelos integrantes do Progressistas, mas que não conte com vida fácil. O partido não vê a hora de Bolsonaro colocar ali um ministro capaz de levar boas notícias ao eleitorado no ano que vem.

A aposta do DEM

Ao selar a fusão para a formação do União Brasil, o DEM calculou que o PSL se reduzirá praticamente à metade, com a saída de muitos bolsonaristas. E a maioria dos oriundos dos Democratas, um partido mais orgânico, permanecerá. Logo, haverá mais dinheiro para a campanha e menos deputados para dividir o bolo.

A disputa que vem
O União Brasil chega com tamanho para não deixar Gilberto Kassab, do PSD, sozinho na busca de um nome novo, capaz de tirar votos de Jair Bolsonaro e de chegar ao segundo turno. O leitor da coluna, aliás, já sabe que ACM Neto planejava havia tempo se sentar à mesa com tamanho para discutir o nome da terceira via, tal e qual o antigo PFL fez em 1993 quando apostou em Fernando Henrique Cardoso.

Limonada
Ao informar ao Supremo Tribunal Federal (STF) que pode depor presencialmente sobre o caso de interferência na Polícia Federal, o presidente Jair Bolsonaro segue na linha que vem adotando, de reforçar a calmaria.

Leite em Sampa/ Quando voltar da Europa, onde faz uma rodada com diversos investidores para levar recursos ao Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite dedicará alguns dias para angariar votos e apoios na terra do seu principal adversário interno, João Doria. Leite tem jantar marcado com empresários, no próximo dia 18.

Santo de casa/ O ministro da Cidadania, João Roma, tem sido chamado pelos bolsonaristas de “João Solução Roma”. Só tem um problema que está longe de ser resolvido: o financiamento do Auxílio Brasil.

Desafio I/ O financiamento do programa Auxílio Brasil, o novo Bolsa Família, é o maior nó para o governo neste momento em que o presidente perde o apoio da parcela mais pobre da população. Daí o interesse do Poder Executivo em apressar a votação da PEC que permitirá um certo alívio no pagamento dos precatórios.

Desafio II/ E lá se vai um mês do 7 de Setembro, 30 dias sem muitos solavancos e um presidente bastante comedido nas declarações, longe do discurso radical. O país agradece.