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Coluna Brasília/DF, publicada em 14 de julho de 2024, por Denise Rothenburg
O escândalo das joias associado ao fato de a Polícia Federal ter em mãos áudio que, ao que tudo indica, tem potencial para desgastar o ex-presidente Jair Bolsonaro, aumenta as pressões para que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), coloque-se mais no cenário nacional em nome do bolsonarismo. Tarcísio, porém, tem outros planos. Seus aliados em Brasília garantem que ele só se colocará no jogo presidencial rumo a 2026 se o presidente Lula estiver derrotado antes da hora. Até aqui, tem ocorrido o inverso.
As pesquisas da última semana indicam que Lula parou de cair e tem espaço de recuperação. Conseguiu, com a ajuda do centro, empinar a reforma tributária, retomou programas sociais, e a geração de empregos subiu. Nesse cenário, Tarcísio joga toda a sua energia em governar São Paulo, a fim de assegurar que os conservadores não percam essa joia da coroa.
MDB quer jogo
Ciente da lição política de que ninguém ganha eleição de véspera, o MDB se organiza para ter voz na eleição para a Presidência do Senado. A ideia é rejeitar o “já ganhou” de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e buscar espaço de negociação. Os primeiros acordes nesse sentido saem justamente do Maranhão de José Sarney, adversário do senador amapaense.
Movimentos
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) fez questão de comparecer à filiação do ex-senador Francisco Escórcio ao MDB do Maranhão, neste fim de semana. Com a ficha abonada por seu padrinho político, o ex-presidente José Sarney, Chiquinho é um ativo importante nos bastidores da articulação em Brasília. E a senadora adoraria presidir o Senado. Chiquinho vai verificar se há espaço nesse sentido.
O passado ensina
A lei “ninguém ganha eleição na véspera” funcionou, por exemplo, em 2019, quando Alcolumbre venceu. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) figurou por meses meses como praticamente eleito. Os ventos mudaram e Renan saiu da disputa no dia da eleição, muito irritado, porque o PSDB abriu o voto para evitar que seus filiados votassem nele. Agora, o MDB quer ver se vira o feitiço de Alcolumbre contra o feiticeiro.
Por falar em eleição…
A tensão em torno do palanque do prefeito JHC em Maceió vai até o último minuto do prazo das convenções para oficialização das chapas. O presidente da Câmara, Arthur Lira, de olho numa vaga para o Senado em 2026, quer indicar o vice. JHC prefere o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), que tem Eudócia Caldas, mãe do prefeito, como suplente.
…é preciso confiança
JHC quer a mãe no Senado para ter um suporte quando deixar o cargo, daqui a dois anos, para concorrer ao governo estadual. Só tem um probleminha: muitos apostam na política de que JHC desviará seu projeto para o Senado, em que a possiblidade de vitória é maior, deixando Arthur Lira a ver navios. Por isso, Lira quer indicar o vice de JHC agora, a fim de amarrar o prefeito ao seu projeto. Está um desconfiando do outro.
Otimismo em alta
O Radar Febraban (Federação Brasileira de Bancos) indica que a população do Centro-Oeste está confiante na melhoria do país. Do total pesquisado, 57% dos entrevistados acreditam que o Brasil vai melhorar até o fim de 2024. A percepção é mais positiva que a média do país — 55% veem perspectivas melhores até o fim do ano, enquanto outros 23% acreditam que continuará da mesma forma.
Nordeste reina
Na região, 42% consideram que o país já melhorou. No comparativo nacional, em termos de otimismo, o Centro-Oeste fica atrás do Nordeste (56%) e do Norte (52%), empata com o Sudeste (42%), e se posiciona acima do Sul (36%). Na média, 46% consideram que o país melhorou, um percentual cinco pontos acima do registrado em julho de 2023. Ou seja, Lula e o governo têm tem motivos para comemorar
Uma pausa
Aproveito o recesso parlamentar para recarregar as energias. Neste período, a coluna ficará a cargo do editor Carlos Alexandre e da equipe do Correio.
Colaborou Vinicius Doria
Por Denise Rothenburg — O ex-presidente Jair Bolsonaro tem sido incisivo na busca de reforço para o ato de 25 de fevereiro, na Avenida Paulista, a ponto de apelar a todos que não promovam manifestações em outras cidades país afora. Seus aliados, aliás, têm avisado a todos que, quem quiser ter Bolsonaro ajudando a cabalar votos nas eleições de outubro, melhor comparecer ao ato.
O exemplo mais emblemático foi o do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), visivelmente atrapalhado, ao confirmar sua presença dia 25, ao lado do governador do estado, Tarcísio de Freitas, do Republicanos. A “carona” que Nunes pede a Tarcísio no final de sua fala vai muito além de um lugar no carro. Ele precisará e muito do governador em termos de estrutura para a campanha e apoio até a eleição. É que na capital paulista, diferentemente do interior, a esquerda tem a preferência do eleitorado, ainda que Tarcísio tenha melhorado sua popularidade. Logo, a turma do prefeito espera uma ajuda do governo estadual para tentar conquistar uma parcela maior do eleitorado.
Três atos
Enquanto o ex-presidente prepara a manifestação, seus advogados travam batalhas no Supremo Tribunal Federal. Além do pedido de liberação do passaporte, houve apelos para relaxamento das cautelares e impedimento do ministro Alexandre de Moraes. É de olho nesses três pontos que Bolsonaro quer evitar ataques ao STF, como todos aqueles feitos no passado.
Veja bem
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tem se referido a essa manifestação como “um flerte com o golpismo e o fascismo”. Mas, nas agremiações mais à direita, tem muita gente de olho apenas na capacidade de o ex-presidente ajudar a arregimentar votos.
No forno
A oposição vai tentar colar no governo Lula a tarja da irresponsabilidade fiscal. E, para isso, vai usar os números de 2023, um deficit que só perde para o ano da pandemia. A avaliação é de que a forma de combater os petistas será pela via econômica.
Nem tanto
Nos partidos de centro, porém, muita gente discorda dessa estratégia e considera que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda é o melhor ativo do PT para o futuro da sigla pós-Lula.
Depois da Etiópia…/ Lula ficará dois dias em Brasília, onde tem encontro com o secretário de Estado, Antony Blinken, e a posse de Flávio Dino no STF. Ele concentrará esforços no Rio de Janeiro por dois dias. Vai à inauguração de obras na Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense e à Petrobras, para o lançamento de projeto cultural.
… tem pré-campanha/ Esses dias finais de fevereiro servirão ainda para o PT definir os palanques das capitais Brasil afora. A avaliação é de que é melhor apoiar candidatos a prefeito de outros partidos, a fim de garantir uma boa vontade maior com a reeleição de Lula em 2026.
E o Lewandowski, hein?/ O ministro da Justiça é visto no Planalto como tendo feito tudo certinho em relação ao caso da fuga de presos no Rio Grande Norte. Só faltou bater bumbo e se mostrar indignado nas frentes das câmeras, como fazia Flávio Dino. Mas cada um tem seu estilo.
O corpo fala/ O semblante do governador Tarcísio de Freitas, ao lado do prefeito Ricardo Nunes (foto), durante a confirmação de presença do prefeito ao ato bolsonarista, foi lida por muitos políticos, como “vai, desembucha”.
Por Denise Rothenburg — As dificuldades do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em definir um ministério para abrigar o Republicanos fizeram crescer os movimentos da oposição para que o deputado Sílvio Costa Filho (PE) não vá para o governo. Ainda que o presidente da legenda, Marcos Pereira, tenha definido que o parlamentar ficará afastado das funções partidárias, há uma pressão da ala mais ligada ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas — o maior ativo eleitoral do partido atualmente. Por mais que uma parcela do Republicanos deseje ser governo, a ala que deseja ver Tarcísio candidato em 2026 tem crescido. Quer manter distância do PT de Lula e não pretende correr o risco de ver o governador trocar de partido, porque o Republicanos foi para o governo.
Em tempo: nas redes sociais, parte do eleitorado conservador começa a colocar no ar o discurso de que o Republicanos caminha para se aliar a um governo que apoia o aborto. Lula, até aqui, não encampou nenhuma proposta nesse sentido, mas na internet essa versão começa a se espalhar. Nesse ritmo, se o presidente demorar muito, vai ficar sem o ministro ou o futuro ministro ficará sem partido.
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Esqueçam o Aras
Lula desistiu de reconduzir Augusto Aras ao cargo de procurador-geral da República. Estão em alta o sub-procurador geral Antônio Carlos Bigonha e o procurador junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Paulo Gonet.
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Perfil
Gonet é tido como da ala mais conservadora do MP e extremamente preparado. Bigonha é considerado um nome mais ligado ao setor progressista.
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Apostas para o STF
Os petistas têm dito em conversas reservadas que, a preços de hoje, o atual advogado geral da União (AGU), Jorge Messias, seria o nome para o Supremo Tribunal Federal (STF) no lugar de Rosa Weber. Porém, Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), tem mais musculatura de liderança.
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Na roda e na CEF
Continua em alta para a Caixa Econômica Federal o nome da ex-deputada Margareth Coelho (PP-PI), ex-vice-governadora do Piauí, eleita junto com Wellington Dias (PT) — atual ministro do Desenvolvimento Social. A avaliação interna do governo é que a presidência da CEF vale mais que muitos ministérios. Falta convencer o líder do PP, André Fufuca (MA), que já é cumprimentado na Câmara como “ministro”.
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Curtidas
Fim da treta/ Os governistas fizeram cara de paisagem com a presença do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, no Senado, esta semana. Desde que votou a favor da redução dos juros, deixou de ser o alvo preferencial dos lulistas. A maioria dos senadores aliados do governo sequer compareceu à sessão.
E as joias, hein?/ A avaliação entre antigos aliados de Jair Bolsonaro é de que quanto mais o tempo passa, mais enrolada essa história fica. Virou um subproduto da CPMI dos atos de 8 de janeiro.
Não é candidato, mas…/ Se Bolsonaro convocar o governador de São Paulo para ser candidato ao Planalto, em 2026, Tarcísio não terá como dizer não.
Apostas/ O presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), apostou com amigos que o PT não elegerá nenhum prefeito de capital no país, repetindo a performance de 2020. Em várias capitais, o partido apoiará nomes de outras legendas. Afinal, a prioridade dos petistas é a Presidência, em 2026.
Dad Squarisi/ Professora Dad Squarisi, nossa editora de Opinião, uma das pessoas mais educadas, cultas e elegantes que conheci. À família, nossos sentimentos. Siga em paz, querida Dad. Obrigada por tudo.
Por Denise Rothenburg — O tema da conversa do ex-presidente Jair Bolsonaro com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e o governador do estado, Tarcísio de Freitas, foi escolhido a dedo para marcar a diferença do trio com os adversários que defendem a descriminalização das drogas — o deputado Guilherme Boulos (PSol-SP), o PT e ministros do Supremo Tribunal Federal que já votaram a favor da maconha. Aliás, a ida de Bolsonaro a São Paulo visa justamente colocá-lo novamente em sintonia com parte do eleitorado que não tolera a descriminalização e, paralelamente, mostrar que, mesmo inelegível, o ex-presidente tem um ativo eleitoral forte.
Todo esse trabalho, seja a ida a uma galeteria de Brasília, onde foi aplaudido, e o almoço em São Paulo, pretende colocar na vitrine do ex-presidente temas que possam compensar o desgaste sofrido com o caso Carla Zambelli e o da suposta tentativa de venda do relógio Rolex feita pelo tenente-coronel Mauro Cid. Com os candidatos que planejam suceder Bolsonaro — caso do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tropeçando no discurso —, o ex-presidente acredita que não perderá influência.
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Deixe que digam…
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, faz cara de paisagem em relação às críticas que vem recebendo de senadores e vai bater o pé em defesa dos pareceres do Ibama, seja no tema exploração de petróleo na Amazônia, seja no quesito BR-319 — rodovia que, na avaliação dos ambientalistas, precisa de mais estudos.
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… ela está segura
Marina, aliás, avisam seus aliados, está do mesmo jeito que sempre esteve. Se sentir falta de respaldo no governo para pareceres técnicos, não terá o menor constrangimento em pedir o boné e ir cuidar da vida no exterior, onde é requisitada para quase todas as conferências.
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Anderson na CPMI
Sentindo-se abandonado por Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres vai falar. Quem esteve com ele, garante que a ideia é reforçar depoimentos anteriores, em que declarou que nunca fez qualquer movimento contra as urnas eletrônicas ou expediu qualquer documento sobre fraude em eleições.
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Anticlímax
Os senadores, porém, querem saber dele todo o histórico da minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro e na preparação do 8 de janeiro. Sobre esses temas, avisam alguns, será difícil Anderson fornecer
muitos detalhes.
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Curtidas
A hora do cinema I/ O setor cinematográfico e audiovisual brasileiro fará um corpo a corpo no Congresso esta semana, em prol da Lei dos Direitos Autorais Digitais e outros. Diretores, produtores, roteiristas e atores querem visitar as principais lideranças dos partidos políticos, deputados e senadores para tratar da tramitação de projetos de lei vitais para a atividade.
A hora do cinema II/ Hoje, por exemplo, está prevista a votação do projeto de Direitos Autorais Digitais, de autoria da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). A proposta trata da remuneração de direitos de roteiristas, diretores e músicos pela exibição de filmes e séries nas plataformas digitais. O setor agrega ao PIB nacional
R$ 24,5 bilhões todos os anos. E quer tratar também da regulação das plataformas de streaming, que tramita em dois PLs, um com relatoria do senador Eduardo Gomes (PL-TO) e outro com o deputado André Figueiredo (PDT-CE).
Brunet, a eterna musa/ A empresária e ativista Luiza Brunet passa a semana em Brasília, a convite de instituições públicas, privada e do Congresso. A intensa agenda deve-se aos 17 anos da Lei Maria da Penha, relembrados nesta segunda-feira. “O tema é sempre latente. Vou onde posso potencializar a voz de mulheres a darem um basta a violência de gênero”, conta a ativista, que somente retorna ao Rio na sexta-feira.
Brasília em Belém/ O governo brasileiro praticamente se transferiu para Belém nesta semana da Cúpula da Amazônia. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que desembarcou por lá nesta segunda-feira, leva na bagagem a expectativa de o presidente Lula liderar o Sul Global na transição energética.
Esperem mais um pouquinho/ Enquanto a Cúpula da Amazônia estiver na ordem do dia, a reforma ministerial continuará em banho-maria.
Ciente de que a inelegibilidade está a caminho, Jair Bolsonaro comentou com alguns aliados que, se não puder ser candidato ao Planalto, esse nome deve ser o de Tarcísio Gomes de Freitas. Dos três governadores citados nas rodas da centro-direita, o de São Paulo é o mais próximo do ex-presidente, enquanto Romeu Zema (MG) e Ratinho Júnior (PR) não têm um laço direto com o bolsonarismo. E mais: Tarcísio virou candidato a governador numa construção promovida pelo ex-presidente e é leal. Zema e Ratinho são independentes.
A posição de Bolsonaro tem levado o PL a acompanhar tudo com muito cuidado. Há uma aposta por ali de que, mesmo sem ser candidato, o ex-presidente vai querer apontar o nome de quem pode substituí-lo. Valdemar Costa Neto vai dar todo o respaldo a Bolsonaro, mas, em relação à escolha do candidato, o PL só vai se movimentar quanto estiver bem mais perto. Valdemar é adepto do lema: “quem tem tempo não tem pressa”.
Quem tem 100…
… Arrisca não ter nenhuma. O discurso de 100 ações e um financiamento “abrangente” para a Argentina foi a forma que o governo brasileiro encontrou para tentar justificar um aporte de recursos expressivos naquele país. Ainda que a Argentina seja um parceiro comercial importante e estratégico, há uma preocupação da parte brasileira com o desgaste.
Sem repeteco
Os petistas foram extremamente criticados porque o Brasil financiou projetos com a Venezuela e, até hoje, não recebeu um tostão. Por isso, agora, se for apenas para socorrer a frágil economia argentina, o plano não sairá do papel. Afinal, o PT não quer promover algo semelhante ao que resultou em desgaste no passado.
Arthur respira
Aliados consideram positivo para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o envio para o Supremo Tribunal Federal (STF) do caso dos kits de robótica. Em Alagoas, avisam alguns, os Calheiros têm muito mais poder de mando de campo. No STF, há mais “tranquilidade”.
Discretíssimo
Aprovado para o STF, Cristiano Zanin preferiu declinar do convite para participar do XI Fórum Jurídico de Lisboa. A partir de agora, o futuro ministro pretende adotar a velha máxima de que juiz fala nos autos.
Vai brincando…/ Um momento de descontração no XI Fórum Jurídico de Lisboa foi quando o mestre de cerimônias chamou Tarcísio de Freitas de “presidente”. Gargalhada geral na plateia. Com a inelegibilidade de Bolsonaro à frente, o governador de São Paulo é visto como o nome mais forte para concorrer em 2026.
… que ele chega/ Tarcísio resiste a ser candidato. E seus aliados garantem que ele não rechaça a disputa, apenas está bastante ocupado, administrando o segundo maior orçamento do país.
Água mole em pedra dura…/ Os partidos de esquerda deflagraram uma campanha em todas as mídias para ver se conseguem levar o Banco Central (BC) a baixar as taxas de juros. Esta semana, foi a vez do ex-líder do PCdoB, Renildo Calheiros (AL, foto): “O Banco Central está promovendo uma verdadeira cruzada contra a economia brasileira”.
Com ou sem atentado contra o candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o tiroteio em Paraisópolis colocou a segurança pública definitivamente no rol dos temas prioritários deste segundo turno. Até aqui, em São Paulo, o assunto estava restrito às câmeras nos uniformes dos policiais. Agora, essa seara onde o próprio Tarcísio e Jair Bolsonaro (PL) nadam de braçada ingressou nas discussões e certamente entrará nos debates. É, inclusive, um dos assuntos que Sergio Moro pretende puxar nesta reta final, na reaproximação com o presidente.
Uma incógnita
Candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, Walter Braga Netto tem se esquivado de dizer qual será seu papel, caso o presidente seja reeleito em 30 de outubro. Entre quatro paredes, porém, muitos dizem que será a parte de grandes projetos e militares.
Várias certezas
Na campanha de Lula, porém, Geraldo Alckmin desponta como um “Posto Ipiranga”. Há quem diga que ele cuidará da área de energia; outros mencionam os contatos com o agronegócio. Hoje, ele se reunirá com o pessoal da saúde em São Paulo. Para completar, ainda foi mencionado como o nome para a economia.
Por falar em economia…
Integrantes do mercado financeiro terminaram o domingo frustrados. Alguns dispensaram a tradicional noite paulistana da pizza em família para ver o debate entre Lula e Bolsonaro, com a expectativa de alguma resposta sobre teto de gastos e condução da economia. A noite deu água.
… eles não fazem apostas
Desconfiada das pesquisas, a turma da Faria Lima, por exemplo, acredita que a eleição está empatada e o debate da Globo, na próxima semana, é que poderia fazer a diferença para um ou outro.
Nas mãos de Michelle
A primeira-dama Michelle Bolsonaro é quem terá a tarefa de jogar para escanteio o episódio do vídeo em que o presidente fala de meninas venezuelanas e que a oposição explora no momento. Michelle percorreu o Norte e, agora, está no Nordeste, em campanha pela reeleição do marido.
Jogo empatado/ Geraldo Alckmin dizia que Lula queria voltar à cena do crime e, hoje, é vice na chapa do petista. Moro dizia que Bolsonaro mentia e, hoje, é cabo eleitoral do presidente-candidato.
Por falar em Moro…/ O ex-juiz e senador eleito pelo Paraná quer aproveitar para colocar novamente a questão dos presídios federais e da segurança pública. Não será surpresa se usar o tiroteio de Paraisópolis como gancho numa atividade de campanha com Bolsonaro. Moro tem acusado o PT de não transferir integrantes do PCC para presídios federais. E pretende continuar nessa toada pelos próximos dias. O clima está cada vez mais tenso.
A caminhada de Simone/ Detentora de 105.377 votos no primeiro turno no Distrito Federal, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) fará uma caminhada no Setor Comercial Sul de Brasília, amanhã, a partir das 16h.
Mais um do Leonêncio/ O jornalista Leonêncio Nossa lança, hoje, a partir de 19h, na Pizzaria Bacco da 408 Sul, seu mais novo livro, As guerras da independência do Brasil. Vale a leitura.
Na reunião ministerial, governo tentará mostrar que não perdeu a confiança na recuperação
Coluna Brasília-DF
Depois de o Banco Mundial projetar, ontem, uma queda de 8% no Produto Interno Bruto do Brasil para este ano, o governo fará, hoje, uma reunião ministerial para tentar mostrar que não perdeu a confiança na recuperação. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, por exemplo, levará para o encontro o balanço da execução de R$ 3 bilhões em obras de rodovias, ferrovias e terminais portuários em plena pandemia, entre janeiro e maio deste ano. Valores superiores aos registrados no mesmo período do ano passado, no início do governo. O valor pode ser, inclusive, maior, porque esse montante se refere apenas ao que foi feito com o Orçamento da União. Além disso, recentemente, foi assinado o contrato para a execução da malha paulista no setor de ferrovia.
Em tempo: as entregas nessa área de infraestrutura não vão fazer de Tarcísio candidato a presidente, tampouco a governador, conforme alguns políticos comentam por aí. “Não vou me meter em política, não serei candidato a nada, nem filiado a partido político eu sou, nem serei. O que me dá satisfação profissional é o trabalho técnico”, diz.
Reunião contraponto
Sob o ponto de vista político, a reunião ministerial de hoje vem sob encomenda para o presidente Jair Bolsonaro tentar desfazer a imagem deixada por aquela de 22 de abril, marcada por palavrões e comentários de ministros que renderam, inclusive, ações na Justiça e do Ministério Público Federal.
Estamos trabalhando
No Palácio do Planalto, a expectativa é de que cada área apresente o que está sendo feito neste período de pandemia, de forma a tirar o governo do noticiário negativo em relação às mudanças na forma de divulgação do número de casos.
Me dê motivo
Aliás, a avaliação palaciana é de que essa mudança na divulgação dos dados da covid-19 no país só fez reforçar os adversários do presidente e a visão de que ele é autoritário no trato da gestão pública. Nos próximos dias, vão tentar alterar essa imagem. Resta saber se Bolsonaro conseguirá manter a fleuma e fugir de provocações.
O gerenciador de crises
Da parte da oposição, a ordem é tentar colar na testa do presidente que ele não está governando e apenas administrando as crises que envolvem seus filhos e aliados, inclusive as que o próprio Bolsonaro provoca. Uma das últimas foi a relacionada aos números de casos e mortes por covid-19, que gerou incômodos até dentro do próprio governo.
Estamos todos bem/ Assessores que acompanharam o presidente Jair Bolsonaro, no fim de semaa, quando ele foi cumprimentar as pessoas numa blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), contabilizaram uma interação positiva por parte da população. Apenas uma das pessoas que interagiu gritou palavras de ordem contra a comitiva presidencial.
Patamar seguro/ A avaliação dos assessores é de que, enquanto Bolsonaro mantiver o apoio de 30% da população, não haverá movimentos mais contundentes para tentar derrubá-lo.
Segura a onda/ O ato virtual em defesa da democracia é um aviso ao presidente Jair Bolsonaro de que é preciso que ele lidere e baixe a bola de seus apoiadores no quesito ameaças aos poderes constituídos e às ações democráticas.
Bia versus Joyce/ Quando o Congresso voltar às sessões presenciais, será preciso escalonar a presença em plenário e manter distantes as deputadas Joyce Hasselmann (PSL-SP) e Bia Kicis, do PSL-DF. Bia é vista por Joyce como uma das principais adversárias no Parlamento.
Muito além das convenções/ Comemorada por especialistas, a implementação de convenções partidárias virtuais para a escolha de candidatos para a eleição deste ano, aprovada pelo TSE, é vista como um primeiro passo para se avançar no uso de tecnologias no pleito em meio à pandemia. Lara Ferreira, da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), considera que os próximos passos incluem a adaptação das regras de alguns atos de campanha que envolvem aglomerações, como carreatas e comícios, aos protocolos de segurança e higiene da pandemia, como o uso de máscaras, limitação de pessoas e distanciamento mínimo.
Coluna Brasília-DF
A consulta sobre certificação digital feita ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para assinaturas de apoio à criação de novo partido, não interessa mais ao Aliança pelo Brasil, o novo partido do presidente Jair Bolsonaro. O sistema é considerado caro (são quase R$ 200 para se obter a certificação digital) e complicado para o cidadão comum.
O melhor mesmo, avaliaram os integrantes da legenda, é coletar as assinaturas uma a uma, com firma reconhecida em cartório, que é feita por menos de R$ 5, ou verificar junto ao TSE mais à frente se é possível a checagem via biometria. A intenção de alguns que trabalham pelo novo partido é, ao longo do processo de recolhimento das assinaturas, perguntar ao TSE se é possível conferi-las usando a mesma biometria que vale para a votação.
Hoje, 85% dos eleitores já têm as digitais cadastradas. Logo, dá para dispensar a burocracia cartorial. O próprio procurador eleitoral, Humberto Jacques de Medeiros, fez essa menção em seu parecer. Resta saber se haverá tempo hábil para aplicar ao novo partido.
O batismo de Tarcísio
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, não vai terminar o ano como unanimidade nacional. Elogiado até pelos adversários, é tido como alguém que errou a mão ao tentar impor um novo perfil ao Porto de Santos, para atender ao agronegócio, e provocou a ira dos moradores da cidade. Na próxima segunda-feira, a sociedade local vai se reunir para se contrapor ao desejo oficial anunciado de ampliar a atividade portuária a granel na área urbana próxima à praia.
O batismo de Tarcísio II
Sete universidades locais, incluindo o câmpus santista da Universidade Federal de São Paulo, os fóruns da cidadania de Santos e Guarujá, que compartilham o canal do porto, câmaras municipais de todas as cidades da Baixada Santista, empresários, concessionários, e todos os sindicatos ligados à atividade portuária, pretendem dizer ao governo federal que querem ser ouvidos e consultados.
Voos com escalas
Deputados federais e estaduais que querem ser candidatos no ano que vem vão esperar um pouquinho antes de seguir para o Aliança pelo Brasil. Alguns dispostos a sair do PSL desejam fazer escalas em legendas que já existem, antes de seguirem para o novo partido.
Meio-termo
O voto do ministro Alexandre Moraes, de que o acesso de dados da Receita para investigar criminosos não pode ser considerado inconstitucional, angaria simpatias entre juristas. Resta saber se será seguido pelos demais.
Nova referência/ Que Olavo de Carvalho que nada. Bolsonaro tem um novo Norte para o Aliança pelo Brasil: a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, falecida em 2013. Ela foi citada no discurso pelo presidente, quando mencionou que um país deve medir seu grau de desenvolvimento pelo número de pessoas que saem de programas sociais, e não por aqueles que precisam deles.
Às armas!/ Um quadro todo feito com cartuchos de balas de fuzis, de pistolas 9 mm, entre outras, com a frase “Aliança pelo Brasil” fez sucesso entre os aliados de Bolsonaro. O autor do quadro, Rodrigo Camacho, do Rio de Janeiro, saiu de lá com várias selfies e encomendas dos deputados.