Categoria: Eleições
Blog da Denise, publicado em 9 de julho de 2024, por Denise Rothenburg
O relatório da Polícia Federal (PF) que coloca o ex-presidente Jair Bolsonaro como recebedor de US$ 25 mil em espécie, resultado da venda das joias presenteadas pelos sauditas, fará com que as campanhas eleitorais virem suas narrativas para os assuntos municipais. A estratégia é evitar que sejam contaminadas pelos temas nacionais negativos, tais como as joias. Afinal, nenhum candidato pretende transformar sua corrida eleitoral em palanque para a defesa do ex-presidente, num caso que nada tem a ver com as administrações municipais. Nesse sentido, a ideia é ter a imagem de Bolsonaro defendendo os candidatos, mas sem entrar nessa questão.
Em tempo: muitos aliados do ex-presidente estão preocupados, porque esse tema é de fácil entendimento pela população. O desgaste maior será quando confrontarem as falas de Bolsonaro sobre as joias e o relatório da PF.
Comparações
Cresce entre os fiéis escudeiros de Bolsonaro no Congresso a ideia de se revezar no plenário, exigindo a lista de presentes recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste e em outros mandatos, tal como o relógio Piaget que usou no ano passado. Aliás, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) falará isso na Câmara em breve.
Vacina
A forma de o governo Lula resolver isso, dizem os petistas, é municiar os deputados do partido com a lista de presentes que o presidente e a primeira-dama receberam. E demonstrar que está tudo registrado no patrimônio da União.
A lição da França
Se tem algo que animou os aliados de centro do governo Lula foi a união da esquerda com o centro para evitar a vitória da extrema direita, no segundo turno eleitoral. Emmanuel Macron sabia que não venceria sozinho. Por aqui, embora o sistema seja presidencialista, a avaliação do centro é de que Lula não terá meios de derrotar um candidato conservador, caso não mantenha a grande aliança que o levou ao Planalto.
A hora da tributária
A segunda-feira só terminou na madrugada de hoje para o grupo de trabalho da reforma tributária. Vêm aí mudanças no texto. E há quem diga que não será com a inclusão da carne na lista de produtos isentos
de impostos.
Agenda de costumes… / A Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial coloca em pauta, hoje, o projeto do ex-deputado Clodovil Hernandes sobre a inclusão do casamento homoafetivo no Código Civil. A ideia é se contrapor ao projeto do deputado Pastor Eurico (PL-PE, foto), que, no ano passado, aprovou uma proposta na Comissão de Previdência proibindo a união entre pessoas do mesmo sexo.
… permanece forte/ O Supremo Tribunal Federal (STF) já havia se pronunciado de forma unânime, equiparando o casamento homoafetivo à união estável. Porém, o projeto do deputado Eurico evitou que fosse incluído no Código Civil. Agora, volta à cena, incluído na pauta pela presidente da CDH da Câmara, deputada Daiane
Santos (PCdoB-RS).
Sobrou para os diplomatas/ Está no relatório da PF sobre o caso das joias: ao ouvir de uma funcionária do consulado do Brasil, em Orlando, que ela não iria ao aeroporto nem tinha motorista para buscar uma mala a ser entregue em Miami, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, responde: “Putz, pessoal do Itamaraty é enroladinho, hein?”
Olho nele/ Não foi por acaso que o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, lançou Eduardo Bolsonaro como candidato ao Senado por São Paulo. O parlamentar é visto como a maior promessa da família na política. É o 03, aquele que disse em 2018 que, para fechar o STF, bastava um cabo e um soldado.
Blog da Denise publicado em 5 de julho de 2024, por Denise Rothenburg
Os deputados que integram o G7 da reforma tributária reclamaram diretamente ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pregou a redução do imposto da carne, tal e qual ocorre com os produtos da cesta básica. Garantem ter ouvido do ministro que ele não sabia desse posicionamento.
A carne não integra a cesta básica — nem nunca integrou. Por isso, os parlamentares ficaram desconfiados de que a intenção do presidente, além de ficar bem com o eleitorado depois da promessa de “picanha e cervejinha”, joga para tentar ganhar terreno político diante do agronegócio, que representou o lastro do bolsonarismo nas últimas eleições. Como não foram consultados e sentiram cheiro de eleição na proposta, o grupo preferiu não mexer, a fim de não comprometer o equilíbrio do texto e dos votos nas bancadas.
Para sedimentar a posição do G7 tributário, a análise técnica de consultores da Casa considerou que o sistema de cashback — a devolução de imposto aos mais pobres — é mais eficiente para atender às pessoas de baixa renda do que a simples redução do imposto da carne. O colegiado, aliás, cumpriu à risca a ideia antecipada por esta coluna, de deixar os temas mais polêmicos para discussão no plenário.
Hora do lobby
Com os deputados do G7, em Brasília, neste fim de semana, os setores interessados em mudar o texto de regulamentação da reforma tributária vão fechar o cerco em torno deles. Vão perder tempo. O grupo não mudará uma vírgula do que foi apresentado. Agora, quem vai mexer no texto é o plenário da Câmara.
O futuro do Bolsa Família
Os deputados já estão chamando o “cashback” previsto na reforma tributária de Bolsa Família 5.0. Nesse sentido, que ninguém se surpreenda se, num futuro não muito distante, venha uma proposta de trocar o modelo atual do benefício — de repasse direto de recursos — por essa devolução de impostos àqueles que mais necessitam de programas sociais.
Recordar é viver…
Os bolsonaristas calculam que o indiciamento de Jair Bolsonaro no caso das joias sauditas, recebidas quando ele era presidente, será explorado eleitoralmente nos próximos meses de campanha, de forma a tirar deles o discurso de corrupção do PT.
…e desgastar
Diferentemente de posicionamentos polêmicos que o ex-presidente adotou ao longo de seu mandato — por exemplo, em relação às vacinas —, o caso das joias é algo que o povo entende. Peças que deveriam ter ficado no patrimônio da União, mas não ficaram.
A bela preservada/ O fato de a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro não estar no rol dos indiciados no caso das joias sauditas a transforma no principal ativo eleitoral do PL para chamar a atenção dos eleitores.
Nódoa/ O presidente da Argentina, Javier Milei, não deixará de posar para fotos ao lado de Jair Bolsonaro depois do indiciamento no caso das joias. Afinal, indiciamento não é condenação. Porém, politicamente, o desgaste é forte.
Segue a toada/ O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) deu o tom do que deve ser reproduzido nas redes pelos bolsonaristas: as joias foram devolvidas, não houve prejuízo ao erário e não havia uma legislação clara a respeito. Esta posição tentará contrapor a hastag
#ladrão de joias, que a oposição subiu nas redes sociais assim que o indiciamento do ex-presidente foi divulgado.
Mau exemplo/ Nosso repórter Evandro Éboli flagrou o carro oficial da Ouvidoria Parlamentar da Câmara, órgão que recebe queixas dos cidadãos contra abusos de parlamentares, estacionado em local proibido (foto), ontem, nas proximidades do anexo do Ministério das Relações Exteriores conhecido como Bolo de Noiva.
Colaborou Evandro Éboli
Blog da Denise publicado em 3 de julho de 2024, por Denise Rothenburg
Com os programas sociais retomados e funcionando, falta ao governo acertar o passo no controle de gastos, a fim de evitar uma explosão da dívida. Nesse sentido, vem por aí a reafirmação do discurso de cobrança de impostos dos mais ricos. É nessa linha que seguirá a segunda etapa da reforma tributária — a que tratará de patrimônio e renda. O ensaio desse discurso será ainda este mês, durante a reunião dos ministros da área econômica dos países do G-20, no final do mês, no Rio de Janeiro.
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Em tempo: essa bandeira, aliás, será hasteada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não se sabe, porém, se isso fará com que fiquem em segundo plano as críticas ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que está praticamente no fim da gestão. Lula ainda não está convencido de que precisa dar um basta nesse enfrentamento a Campos Neto. Pensa, inclusive, em tentar uma antecipação da saída dele do comando do BC, algo que o governo não tem poderes para impor.
Vacina na segurança
A ideia de apresentar uma proposta para a área de segurança, em plena campanha eleitoral de prefeitos e vereadores, vem acompanhada de uma estratégia para dar visibilidade ao PT nesta seara. E, de quebra, dar aos candidatos do partido e a Lula uma resposta àqueles que quiserem acusar o governo federal de não ajudar estados e municípios nesse tema.
Esqueçam isso
O governo não vai promover nem uma nova reforma da previdência, seja para quem for. Os estrategistas políticos consideram que esse tema cria mais confusão e não resolve o problema tributário do país. O foco será a tributária sobre patrimônio e renda.
Em política…
No final da entrevista à Rádio Sociedade, da Bahia, Lula contou a história da recusa ao convite para passar alguns meses nos Estados Unidos, depois da eleição de 1998. Foi incisivo ao dizer que recusou porque não iria sair do país e deixar seus eleitores aqui chorando. A declaração vem sob medida para um contraponto no futuro.
… o acaso passa longe
Essa história será repetida em outras oportunidades, ao longo da campanha municipal, para dizer que o PT não abandona seu eleitorado quando perde uma eleição, como fez Jair Bolsonaro, no fim de 2022. Resta saber se esse discurso terá efeito sobre aqueles que votaram no ex-presidente, uma vez que ele não pode ser candidato.
Todos em movimento/ Na inauguração do Novotel de Recife, pelo menos um dos políticos que subiu ao palco para discursar era citado nos bastidores como um forte nome para o Senado. O ministro de Portos e Aeroportos Sílvio Costa Filho (foto) é a aposta do Republicanos em Pernambuco. Ele tem trânsito tanto no PT quanto na ala mais ligada ao presidente do partido, deputado Marcos Pereira (SP).
Por falar em presidente de partido…/ Com o financiamento das campanhas a cargo da burocracia partidária, o bom relacionamento com eles é um ativo importante para esta e para a próxima eleição.
Data voo/ Mesmo inelegível, Bolsonaro continua chamando a atenção de maneira positiva perante os eleitores. No voo da Gol de Carajás (PA) para Belo Horizonte, passageiros fizeram fila para tirar fotos e cumprimentá-lo.
Enquanto isso, no PT…/ Na mesma entrevista em que mandou seus recados mais nacionais, Lula disse que fica torcendo para Geraldo Júnior ser prefeito de Salvador, de forma a haver um alinhamento entre prefeito, governador e presidente da República. A ideia é repetir esse discurso em todas as capitais.
Por Denise Rothenburg – Ao contrário do que esperavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT, os partidos aliados mais ao centro não gastaram energia jogando a culpa de algum desajuste econômico nas costas do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e nem se dedicaram a criticar a estancada no corte de juros. Em conversas reservadas, muitos dizem que, diante do cenário da economia americana e das incertezas sobre o ajuste fiscal no Brasil, não dava para o BC fazer outra coisa. O fato de a decisão ter sido unânime deixa o espaço das críticas ainda menor.
Nesse sentido, a tendência na política é a ala mais à esquerda ficar reclamando sozinha, seguindo a toada que Lula lançou em sua entrevista à rádio CBN. Os demais vão cuidar da vida, esperando que o governo e a cúpula do Congresso se entendam sobre os cortes orçamentários. Até agora, houve muito discurso e poucas atitudes nesta seara — e isso não ajudará a baixar os juros.
Vale lembrar: há um desconforto nos partidos mais ao centro e não se restringe ao discurso de Lula sobre os juros. Essas legendas sustentam o governo, mas dizem que o presidente parece ter se esquecido que venceu a eleição com uma grande aliança, e não apenas com o PT. Ou Lula passa a governar com um discurso que atenda, pelo menos em parte, a parcela que pensa diferente, ou vai ficar difícil manter todo mundo junto em 2026.
O negócio deles é clique
Deputados conservadores insistem em manter o tema aborto na seara política. Mesmo depois de o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), anunciar que vai criar uma comissão para avaliar a proposta para endurecer essa legislação, vários discursaram sobre o assunto. É para arrumar engajamento nas redes sociais.
Aqui não, campeão
Ainda que a comissão a ser criada por Lira chegue a algum consenso, os líderes no Senado não querem saber de mudar a lei sobre aborto. Não há maioria para aprovar um projeto que criminalize a vítima.
Sem Lula, nada feito
Até aqui, embora Lula tenha dito que não está decidido a disputar um novo mandato, os aliados consideram que o único nome capaz de reproduzir a aliança de 2022 é o do atual presidente da República. Ou seja: reclamam dos gestos do presidente, mas não o dispensam.
Enquanto isso, em São Paulo…
O governador Tarcísio de Freitas já se refere à candidatura do prefeito Ricardo Nunes à reeleição em São Paulo como “nossa” — e também usa o plural quando responde sobre a escolha do vice. Colocou os dois pés na pré-campanha, da mesma forma que Lula fez na de Guilherme Boulos.
… a culpa é dos outros
Esses dois padrinhos, Lula e Tarcísio, jogam o prestígio, mas, em caso de derrota, a culpa será do candidato ou do partido. Afinal, nem o PT de Lula e nem o Republicanos de Tarcísio encabeçam as chapas.
Eles enxergam longe/
Os políticos ainda nem passaram pelas eleições deste ano e já fazem cálculos para o futuro, de olho na vice de Lula. Há quem diga que, se ele quiser repetir a aliança, terá que ter um nome do MDB — como o do governador do Pará, Helder Barbalho (foto).
Só tem um probleminha/
Nesse cenário, o PT terá que apoiar Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo, algo que o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio ainda não disse se quer.
Novo normal/
A contar pela quantidade de excelências que embarcou na tarde de quarta-feira para o Rio de Janeiro, a presença na Câmara hoje será esvaziada. Aliás, a turma está deixando Brasília mais cedo do que fazia antes da pandemia. A cada dia, aumenta o número de excelências votando pelo Infoleg, o sistema remoto.
Por Denise Rothenburg – Com dificuldade de decidir onde cortar gastos, os ministros acabaram convencendo
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o melhor é cortar os benefícios financeiros
e creditícios do empresariado. Afinal, essa conta, avaliam alguns técnicos, está acima
dos R$ 150 bilhões. É aí que o governo pretende passar a tesoura, uma vez que os deputados e senadores não fazem o menor aceno de cortes na seara das emendas.
Em vez disso, estão dispostos a amarrar R$ 50 bilhões para suas bases eleitorais
já na Lei de Diretrizes Orçamentárias do próximo ano.
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Esse cenário, se confirmado, levará o empresariado a novos movimentos.
Aliás, alguns deputados mais afinados com o setor produtivo pretendem sugerir a Rubens Ometto, da Cosan, que busque aliados para reclamar das “mordidas” do governo. Ao que tudo indica, elas vão continuar.
Barreiras não faltam
Ainda que a bancada evangélica aprove no plenário da Câmara o projeto que criminaliza mulheres e meninas estupradas que fizeram um aborto depois da 22ª semana de gravidez, o projeto não vai virar lei. No Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) não pretende levar a proposta logo
ao plenário. E se for aprovado nas
duas Casas, Lula vetará.
Vai sobrar para eles
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) têm acompanhado essa discussão. A aposta é de que o assunto terminará voltando ao plenário da Suprema Corte.
Debate do eu sozinho
Da mesma forma que levou o tema do aborto para uma audiência pública, colocando uma contadora de histórias,
o senador Eduardo Girão (Novo-CE)
fez outro sobre vacinas, no passado,
levando apenas médicos contrários
à imunização contra a covid-19.
Corra antes que seja tarde
O gesto do presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), de ir ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, em prol da reeleição,
é para rechaçar movimentos que tentam levar o partido para a campanha do influencer Pablo Marçal.
A aposta deles
Nos partidos de centro, a aposta é de que a candidatura de Guilherme Boulos, do PSol, que lidera a corrida e tem apoio de Lula, perderá substância ao longo da campanha.
CURTIDAS
Haja conversa/ Lula escalou o ministro de Direitos Humanos, Sílvio Almeida, para conversar com os líderes evangélicos. E baixar o estresse criado com o projeto que trata do aborto de mulheres e meninas estupradas. Sílvio estará na próxima sexta-feira, em São Paulo, na Igreja Batista Água Branca, para o encontro “conversas pastorais”.
Cinderela/ Enquanto 2026 não chega, Michelle Bolsonaro trata de fortalecer sua marca. Em suas redes sociais, lançou uma coleção de sapatos, em couro legítimo de “alta qualidade”. Os scarpins da loja Lilian Soares, “by Michele Bolsonaro”, custam R$ 399,00.
A hora das homenagens/ O ex-governador José Roberto Arruda está voltando às rodas de conversas em Brasília. Esta semana, reuniu vários empresários para comemorar os 80 anos do comandante da JCGontijo, José Celso Gontijo, num restaurante da cidade.
Por falar em homenagem…/ A diretora de Redação do Correio Braziliense, Ana Dubeux, recebe amanhã das mãos da deputada distrital (Cidadania) Paula Belmonte, autora da proposta, o título de cidadã honorária de Brasília, em solenidade na Câmara Legislativa.
Governo quer mexer em tributação de lucros de bancos e mais ricos no segundo semestre
Por Denise Rothenburg — O governo quer aproveitar a unidade em torno da reforma tributária, registrado no painel de votações da Câmara, para tentar emplacar, no segundo semestre, a reforma dos impostos sobre renda e patrimônio. A ideia é mexer com a tributação do lucro dos bancos, com os mais ricos, e promover mudanças que aliviem a carga de quem está voltado à sustentabilidade — e por aí vai. Esta segunda etapa, embora necessária, ainda está muito longe do consenso que se conseguiu com a simplificação dos impostos sobre consumo, aprovada na última quinta-feira, depois de décadas de discussão. O governo sabe disso, mas não pretende fugir desse debate. Se não conseguir aprovar, pelo menos já fez a parte dele de colocar o tema na roda.
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Enquanto isso, na área internacional…
Ao mesmo tempo em que jogará aqui dentro nesse combate às desigualdades, o governo vai começar a ajustar o discurso externo. Seus principais estrategistas estão convencidos de que o discurso sobre o Brasil ser um país desigual, que precisa de ajuda para superar a pobreza, não cola mais lá fora, uma vez que está entre as de maiores economias do mundo. O que sensibiliza é a floresta em pé. Esta será a espinha dorsal de todos os projetos daqui para frente.
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Os recados a Bolsonaro
A aprovação da reforma tributária na Câmara teve o aval de outros dois ex-ministros de Jair Bolsonaro. Além do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ex-titular da Infraestrutura, estão nessa categoria o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI, ex da Casa Civil), e a senadora Tereza Cristina (PP-MS, ex da Agricultura). Ambos defenderam a tributária. “Se um governo, qualquer um, faz uma autocrítica e passa a defender o que sempre defendemos, não podemos ficar contra nós mesmos”, justificou Ciro. Isso significa que Bolsonaro terá que escolher: ou caminha para o centro, abandonando os extremismos, ou o bolsonarismo vai encolher.
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Disputa à direita
Os ataques do bolsonarismo a Tarcísio estão diretamente relacionados ao medo dos filhos do ex-presidente de que outro nome apareça e o pai e os três terminem perdendo protagonismo. A tendência é que essa disputa fique cada vez mais clara.
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Exceção, mas nem tanto
O único que ficou contra a reforma foi o ex-ministro do Desenvolvimento Regional Rogério Marinho. Ainda assim, Marinho só reclamou da pressa com que o tema foi votado.
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No Senado, pode voltar
Os governistas vão tentar repor, no Senado, o benefício ao setor automotivo retirado por um destaque na Câmara. A emenda derrubada pelos deputados atingirá justamente a Bahia do ministro da Casa Civil, Rui Costa, uma vez que a chinesa BYD se dispôs a assumir a fábrica da Ford, em Camaçari, desde que conseguisse incentivos fiscais até 2032. Virou ponto de honra para os baianos dentro da reforma.
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Curtidas
A hora de Pacheco/O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já tomou como prioridade entregar a reforma tributária votada dentro do período em que estiver no comando da Casa. De preferência até dezembro. Ele ainda tem um ano e meio na Presidência do Senado.
A hora delas/ Pela primeira vez, procuradores da Fazenda Nacional elegem uma diretoria majoritariamente feminina para o Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz). Com uma carreira de 23 anos como procuradora da Fazenda Nacional no Rio Grande do Sul, Iolanda Guindani (foto) comandará o Sinprofaz até 2025. Sua posse, na última semana, contou com a presença do advogado-geral da União, Jorge Messias.
Vai afunilar/ A profusão de candidatos a prefeitos das principais capitais do país vai virar prioridade dos dirigentes partidários. Em Belo Horizonte, por exemplo, há 15. A aposta é de que muitos ficarão pelo caminho.
Sepúlveda Pertence/ A missa de 7º Dia em memória do ministro aposentado José Paulo Sepúlveda Pertence, do Supremo Tribunal Federal, será hoje, às 19h, na capela da Paróquia Santo Antônio, na 911 Sul.
Uma reunião do PT hoje em São Paulo reafirmou a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a um novo mandato presidencial. Ou seja, não tem essa de buscar um novo candidato a toque de caixa. O encontro do partido contou com a presença de todas as frentes em que o PT atuará no sentido de garantir a candidatura de seu maior líder. O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, ao que tudo indica, ajudará a cuidar da defesa nessa nova fase, de evitar a execução da sentença tão logo termine o período dos embargos de declaração dentro do TRF-4. Enquanto isso, o representante da central dos movimentos populares em São Paulo, Raimundo Bonfim, falava em rebelião e desobediência civil.
Na área penal, o PT seguirá os conselhos de Eugênio Aragão, que fez carreira no Ministério Público. Porém, as palavras de Raimundo Bonfim não ecoam entre todas as alas do Partido dos Trabalhadores. Os petistas sabem que não dá e nem querem seguir no caminho proposto por Bonfim. O partido tentará criar um movimento nas ruas para arregimentar os seus e levar Lula no papel de candidato até quando for possível. Mas não pretende __ e considera que nem pode __ se embrenhar na desobediência civil.
A estratégia de seguir com Lula é porque, no momento, o partido não enxerga alternativa. Lula deixou claro que deseja ser candidato. E seguirá nessa batida para tentar agregar votos no papel de vítima e, depois de reunir esses votos, jogará na transferência desses eleitores para o nome que o PT escolher. O tempo de Lula na linha de frente será ainda aproveitado para verificar quem tem mais condições de agregar, seja o governador da Bahia Jaques Wagner, seja o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
Os caciques do PSDB tanto se desrespeitaram uns aos outros que conseguiram o que ninguém queria: Emfraquecer totalmente a legenda e qualquer candidato a presidente que saia dali nesse momento. Hoje, o nome mais forte é Geraldo Alckmin, que promete sair de São Paulo muito bem posicionado, se conseguir contornar as pretensões daqueles que hoje o cercam, a fim de evitar uma rachadura tã grande quanto a que hoje assola o PSDB.
O resultado da disputa de poder interno no PSDB é que nenhum partido vai querer se acoplar a esse saco de gatos que virou o ninho tucano. Os primeiros reflexos da decisão de hoje são uma guerra sem precedentes daqui até a convenção. A não ser, óbvio, que surja um terceiro nome como salvador da lavoura. Porém, ainda que esse nome surja, em vez de focalizar a energia futura para atrair aliados e construir alianças capazes se alavancar o candidato a presidente da República nos estados, o vitorioso na convenção de 9 de dezembro terá que se dedicar a apaziguar o partido internamente.
O alento dos tucanos é que os nomes mais visíveis em campo no momento não estão com a vida ganha. Lula tem problemas a resolver na Justiça e Jair Bolsonaro entrou em rota de colisão com seu partido e começa a se aproximar do PR de Valdemar Costa Neto, que não tem um currículo lá muito recomendado para para desfilar ao lado de um pré-candidato que se diz praticar a tolerância zero no quesito corrupção, seja passiva ou ativa. O cenário de 2018, em vez de clarear, mostra-se cada vez nubladom tal e qual o céu de Brasília. Oxalá nos proteja.
O vice-governador de São Paulo, Márcio França, teve influência direta na articulação que levará Maria De Liurdes Abadia para ocupar a secretaria especial de Assuntos Estratégicos do DF. A notícia do convite está no blog CB.Poder. A intenção de Márcio é levar o PSDB de São Paulo a apoiá-lo para o governo paulista.
O jogo em construção é o seguinte: O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, candidato à presidente, o prefeito João Dória, ocuparia a vaga de vice, e, assim, o PSDB, com uma chapa pura paulista, teria que ceder o governo estadual e apoios em outros estados. Inclua-se aí a reeleição de Rodrigo Rollemberg, e de Paulo Câmara, em Pernambuco, além do próprio Márcio, em São Paulo.
O DEM teria o apoio na Bahia, por exemplo, é ainda o Rio de Janeiro, berço político do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. O PSD, do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também será chamado a essas conversas, assim como o PMDB, que, por esse desenho, não teria candidato a nada.
Obviamente, por enquanto são apenas exercícios. Falta combinar com todos. Inclusive com o próprio Dória. Mas o movimento de Rollemberg convidando Abadia e oferecendo a vice na sua chapa ao governo do Distrito Federal abriu o jogo. É o quadradinho mostrando sua capacidade de fogo na política nacional. Vejamos os próximos lances.