Depois dos primeiros discursos do presidente eleito, muito se falou sobre a necessidade de “descer do palanque”, que a eleição acabou, etc. Porém, quem o conhece garante que não será bem assim. “Ele simplesmente não pode fazer isso”, diz o professor Paulo Kramer. O presidente Jair Bolsonaro optou por queimar a ponte com o presidencialismo de coalizão. Portanto, precisa manter aceso o sentimento popular para pressionar o Congresso a apoiar a agenda do Poder Executivo.
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É esse sentimento de resgate da bandeira verde e amarela, e da necessidade do ajuste fiscal e das reformas, que ele pretende usar nos próximos meses. Só tem um problema aí, diz o professor: “Como alertava Max Weber, o carisma é inerentemente instável e fugaz, logo, a janela de oportunidade para implementar os pontos prioritários dessa agenda é estreita”. Portanto, o governo vai acelerar nesses primeiros meses e tratar de ganhar tempo onde for possível.
Muitos se perguntaram o que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, comentavam aos cochichos na transmissão de cargo de Guedes ontem à tarde. Era a necessidade de “desjudicialização” das matérias tributárias e a simplificação do tema na Constituição. Vem muita coisa por aí.
A presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na transmissão de cargo de Paulo Guedes, já estava acertada há tempos e a proximidade entre os dois foi fundamental para ajudar a levar o PSL a fechar com a reeleição do deputado para mais dois anos de comando na Casa. Até aqui, avisam alguns, Rodrigo Maia é quem tem mais trânsito e experiência para garantir a agenda de reformas econômicas.
A proximidade entre Paulo Guedes e Rodrigo Maia não garante o apoio fechado do governo ao demista. O presidente Jair Bolsonaro quer ficar distante dessa disputa. Prefere isso a fazer como a presidente Dilma Rousseff, que apoiou Arlindo Chinaglia (PT-SP) contra Eduardo Cunha (MDB-RJ) e perdeu.
Ao falar de improviso na transmissão de cargo do ministro da Defesa, Fernando Azevedo, o presidente Jair Bolsonaro mencionou que o ex-ministro general Joaquim Silva e Luna “não vai colocar o pijama”. Ao fim da cerimônia, o general disse ao jornalista Leonardo Cavalcanti que ficou surpreso com a referência e garantiu não saber qual cargo poderá ocupar.
Poucos deputados prestigiaram a posse de Sérgio Moro na Justiça. A maioria preferiu mesmo ir ao Planalto, Agricultura, Desenvolvimento Social, Turismo e Saúde, onde os ministros são políticos. Com Moro, estavam o Judiciário e policiais. Em peso.
Guedes, o informal/ O ministro da Economia, Paulo Guedes, não é muito chegado às menções protocolares. Em seu primeiro discurso oficial, dispensou a extensa nominata. Apenas saudou “as autoridades” e agradeceu a todos, “em primeiro lugar, minha família”.
Padrinhos/ Na posse, destaque para Winston Ling e Bia Kicis, que apresentaram Paulo Guedes a Jair Bolsonaro em novembro de 2017. “Jamais imaginamos que hoje estaríamos todos aqui”, disse a deputada. Guedes, à época, ainda sonhava com a candidatura do empresário Luciano Huck.
O Carlos das redes e do Rolls-Royce/ Funcionários que cuidam do Twitter do Planalto não têm feito o expediente completo. Ontem, houve até quem não aparecesse, uma vez que a gestão das redes sociais palacianas ainda não está definida. A culpa, agora, recai sobre Carlos Bolsonaro (foto) — o filho que acompanhou o presidente sentado sobre parte da capota e com os pés sobre o estofado do Rolls Royce presidencial . Há inclusive quem diga, “bem, já que o Carlos tuíta tudo…”
Por falar em servidores…/ Ao exonerar todos os servidores da Casa Civil, não sobraram funcionários nem para atender o telefone. O ministro Onyx Lorenzoni e seus principais assessores tiveram que resolver tudo sozinhos. A intenção da equipe é que, até amanhã, as coisas já estejam normalizadas. Pelo menos, o novo ministro não encontrou computadores apagados e sem HD, como ocorreu na passagem de Dilma para Michel Temer.
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