Nepotismo, uma herança incômoda

Publicado em Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Congresso, Economia, Eleições, Eleições 2026, GOVERNO LULA, MDB, Orçamento, Política, PSDB, Senado, STF

Coluna Brasília-DF publicada na sexta-feira, 24 de outubro de 2025, por Carlos Alexandre de Souza com Eduarda Esposito

Crédito: Caio Gomez

O Supremo Tribunal Federal formou maioria ao revisitar um tema espinhoso na administração pública: o nepotismo. Por 6 votos a 1, a Suprema Corte manteve o entendimento de que a nomeação de parentes para cargos de natureza política não configura nepotismo.

O voto do relator, ministro Luiz Fux, de que o chefe do Executivo tem prerrogativa de escolher os auxiliares, observando a qualificação técnica e obedecendo à proibição do nepotismo cruzado, foi acompanhado pelos ministros Cristiano Zanin, André Mendonça, Nunes Marques, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. Com longa experiência em cargos políticos, o ministro Flávio Dino foi o único a divergir na sessão de ontem. E foi incisivo.

“Legalidade e afeto não se combinam. Uma reunião de governo não pode ser um almoço de domingo. Na praça, no espaço público, nós temos que compreender que é preciso ter coerência nas regras” , disse.

A sessão será retomada na quarta-feira, com os votos de Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes. Em participação virtual, a ministra comentou a dificuldade histórica de preservar os princípios constitucionais de moralidade e impessoalidade. E lembrou a carta de Caminha, na qual o escrivão pede ao rei de Portugal que interceda em favor do genro exilado.

Muita gente

No governo Lula, a ocupação em cargos públicos tem se tornado um tema incômodo. As esposas de seis ministros — Camilo Santana, Wellington Dias, Waldez Góes, Renan Filho, Rui Costa, Helder Barbalho — ocupam cadeiras em tribunais de contas estaduais. As indicações tiveram o respaldo das assembleias legislativas estaduais, fortemente influenciadas pelo Executivo local.

Por que não?

Em recente entrevista, Camilo Santana saiu em defesa da esposa: “É uma mulher que tem doutorado. E é uma mulher! Por que essas pessoas não podem ocupar um cargo na política?” .

Estratégias de corte

O governo ainda está em negociação com o relator da matéria que endurece os crimes de adulteração de bebidas e comidas, Kiko Celeguim (PT-SP), para incluir o projeto de cortes de gastos, ou parte dele, na matéria. Contudo, mesmo que Celeguim queira ajudar o governo, nem o relator nem o Planalto têm certeza de que o PL do metanol, como ficou conhecido, é o melhor texto para apreciar o tema de corte de gastos.

Plano B

Caso o relator e o governo decidam que o projeto do metanol não é adequado, o governo vai avaliar o clima na Câmara dos Deputados. Se o PL de corte de gastos não avançar na tramitação, os governistas estudam enviar uma medida provisória no lugar do PL.

Competição

Há algumas semanas, Senado e Câmara dos Deputados disputam uma corrida para aprovar determinadas matérias. A isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil foi o primeiro exemplo. Na sequência, veio o projeto que veta cobrança de bagagem de mão em viagens aéreas. Por enquanto, senadores não veem clima de rixa ou atrito — apesar das críticas do senador Renan Calheiros à proposta enviada pela Câmara sobre o IR.

Esfriou

Após a repercussão da Operação Carbono da Polícia Federal — que combate o crime organizado no setor de combustíveis — o projeto de lei que torna mais rigorosas as regras para o devedor contumaz está adormecido na Câmara dos Deputados. Aliados do relator Danilo Forte (União-CE) disseram à coluna que ele chegou a falar três vezes com o presidente Hugo Motta para pautar a matéria, mas, até agora, nenhum retorno.

Oriente-se

União Brasil levou à China potenciais candidatos a governador, como os senadores Efraim Filho e Sergio Moro. Uma turma foi no dia 17, outra embarcou ontem. A intenção é que os políticos brasileiros aprendam como tornar as cidades brasileiras inteligentes e implementar essas ideias no plano de governo para as eleições de 2026.

Aqui, não

Uma ala do PSDB protestou com veemência contra a chegada de Ciro Gomes ao partido. Representantes históricos da legenda enviaram um requerimento de impugnação de filiação para o diretório do Ceará. O ex-chefe da Casa Civil Eduardo Jorge Caldas Pereira está à frente do movimento.

Crédito: Arquivo pessoal

De próprio punho

No relançamento de três livros de ficção esta semana, o ex-presidente José Sarney concedeu um autógrafo ao ex-presidente nacional do MDB Marcelo Barbieri (foto). O imortal da ABL reeditou Saraminda, A duquesa vale uma missa e O dono do mar. Este último romance inspirou um filme homônimo em 2006.

O recado cristalino de Eduardo Bolsonaro

Publicado em Bolsonaro na mira, Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Congresso, CPMI do INSS, Crise com os EUA, Crise diplomática, crise no INSS, Economia, Eleições, EUA, GOVERNO LULA, Política, Senado, STF

Coluna Brasília-DF publicada na quarta-feira, 27 de agosto de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Crédito: Kleber Sales

Dos Estados Unidos, onde acompanha os processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) alerta quem escolherá o substituto de seu pai numa corrida presidencial, “se houver necessidade”. Em suas redes sociais, ele traz uma foto do ex-presidente ladeado pelos quatro filhos: o deputado, o senador Flávio (PL_RJ) e os vereadores Carlos Bolsonaro e Jair Renan. Até aqui, o que se sabe é que essa decisão do substituto de Bolsonaro será tomada em conjunto por eles, sem pressões. A família sabe que, hoje, Bolsonaro tem capacidade de transferência de votos e condições de colocar seu candidato num segundo turno. E, nesse sentido, o mais seguro, na avaliação de quem acompanha de perto os movimentos do clã, é ter o sobrenome da família na urna.

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Ação e reação/ Quanto mais os governadores, inclusive o de São Paulo, Tarcísio de Freitas, se apresentarem — especialmente, nesse período tenso em que o ex-presidente espera por seu julgamento —, mais Bolsonaro se afastará dessas pré- candidaturas. Quem se apressar, na visão dos filhos do presidente, tem mais a perder do que a ganhar.

Apostas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está convencido de que quanto mais polemizar com os Bolsonaro, mais terá a ganhar. Daí, a citação a Eduardo no discurso de abertura da reunião ministerial. Só tem um probleminha: os bolsonaristas avaliam que a tensão entre o Executivo brasileiro, o Judiciário, e o governo Donald Trump ainda vai piorar muito antes de melhorar.

E aí?

Apesar da presença do presidente do MDB, Baleia Rossi, no aniversário de 20 anos do Republicanos, interlocutores do partido de Marcos Pereira disseram que a federação não está fechada ainda. O Republicanos quer resolver algumas pendências estaduais entre as legendas e saber se o MDB vai desembarcar do governo Lula.

Tem ministro…

… mas nunca foi da base. Parlamentares do Republicanos disseram que quando Sílvio Costa Filho foi convidado para comandar o Ministério de Portos e Aeroportos, o presidente da legenda, Marcos Pereira, deixou claro que era um chamamento pessoal, e não uma parceria do partido com o governo.

Muita calma nessa hora

Aliados do governo falaram à coluna que o PT quase “atrapalhou de novo” a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS ao tentar apoiar o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) como vice-presidente, e não o deputado aliado Duarte Jr. (PSB-MA). Na visão de quem torce pelo sucesso do governo, o momento exige um deputado calmo e que tenha mais diálogo do que um com perfil mais combativo.

E o IR?

Tem reunião marcada para esta semana entre a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), a fim de definir um calendário de votação do projeto de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil. Mas, nos bastidores, se diz que esse tema só entrará em pauta para valer quando houver acordo e só deve ser colocado quando houver garantia de aprovação.

CURTIDAS

Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A culpa é do Rui/ Se tem algo que incomoda muito os parlamentares, é fechar um acordo com os líderes do governo pela aprovação e, depois, ver o projeto vetado no Planalto. No governo Dilma Rousseff, muita gente reclamava que isso era uma constante. Agora, tem voltado a ocorrer. Os parlamentares creditam isso ao ministro da Casa Civil, Rui Costa (foto).

Nome trocado/ A coluna trocou as bolas no último sábado. Na verdade, quem teve um projeto vetado integralmente pelo Palácio do Planalto depois de ter feito um acordo para veto parcial com o líder do governo, Jaques Wagner, não foi o deputado Beto Pereira (PSDB-MS). Foi o senador Carlos Portinho (PL-RJ).

A esperança/ Portinho defende que 22 municípios do Rio de Janeiro, que sofrem com estiagem, sejam classificados como semiárido e, assim, possam ter garantidos os benefícios da região nordestina, mesmo sem serem incluídos na Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste). Agora, Portinho vai conversar com o deputado estadual do Rio André Ceciliano, secretário no Planalto, para tentar reverter o veto.

Justa homenagem/ O ex-presidente José Sarney será homenageado, hoje, pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Em 1986, Sarney sancionou a lei que regulamentou o exercício do profissional da enfermagem no Brasil. A solenidade será no Edifício Anna Nery (em frente à estação de metrô da 108 Sul), às 9h.

A palavra do decano/ Próximo do evento que homenageia Sarney, o ministro Gilmar Mendes abre o seminário econômico do Lide. É no hotel Royal Tulip, às 8h.

Congresso deve aprovar a LDO só em agosto

Publicado em Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Congresso, Cúpula dos Brics, Economia, GOVERNO LULA, MDB, Orçamento, Política, Senado

Coluna Brasília-DF para terça-feira , 1º de julho, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Pelo andar da carruagem, o Congresso Nacional, mais uma vez, votará a Lei de Diretrizes Orçamentárias depois do prazo, impedindo o recesso formal de deputados e senadores. Desde 2013, apenas cinco das 12 LDOs analisadas foram aprovadas dentro do tempo previsto. A última foi em 2022, relativa ao ano de 2023, o primeiro deste terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Para completar, a audiência pública com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, prevista para hoje, ficará para a semana que vem, porque ela iria viajar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos bastidores do governo, há quem diga que, se o Congresso deseja emendas liberadas no início do ano, terá que ter o Orçamento aprovado dentro do período regulamentar. Até aqui, não são poucos os que priorizam festas e viagens, deixando o dever de casa para depois.

Crédito: Kleber Sales

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Veja bem/ O relator da LDO, deputado Gervásio Maia (PSB-PB), fez, ontem, uma reunião técnica para avaliar o que era possível. Antes da audiência pública com o governo, ele não tem como apresentar o parecer preliminar, que serve de base para a elaboração das emendas parlamentares ao texto. Faltam apenas 17 dias para o recesso parlamentar. Se a ministra Simone Tebet comparecer na próxima terçafeira, serão nove dias para aprovar. Será um recorde ou um castigo de não entrar em recesso formalmente. “Eu farei tudo o que estiver ao meu alcance para entregar tudo dentro do prazo”, promete Gervásio.

Brics disperso…

As ausências de Xi Jinping, da China, e de Vladimir Putin, da Rússia, além da falta de integrantes de outros países dos Brics para a reunião de cúpula, no próximo fim de semana, é sinal de “dispersão” do bloco, avalia o professor de Geopolítica e Negócios Internacionais e coordenador do Observatório de Negócios Internacionais da PUC-PR, João Alfredo Nyegray.

… num momento crucial

O professor explica: “O encontro, que deveria simbolizar a consolidação do bloco ampliado, infelizmente, já nasceu vazio. A ausência dos dois principais líderes do bloco não é apenas uma questão protocolar. Compromete a força simbólica e a capacidade decisória do encontro. O momento exige articulação de alto nível, mas o que se vê é dispersão”, afirma.

Quando entrar setembro

Quem já fez as contas sobre a federação MDB-Republicanos diz que, da parte dos emedebistas, está tudo praticamente fechado. O Republicanos, porém, tem seu tempo. O partido completa 20 anos em agosto e prepara uma série de eventos para marcar a data. Antes disso, não vai se federar com ninguém.

Por falar em MDB…

Os caciques do partido calculam que não há chances de o governo reaglutinar uma base parlamentar potente. Agora, é negociar caso a caso e esperar 2026 chegar. Há quem diga que, neste ano pré-eleitoral, a pecha de “só pensa em arrecadar” ecoa pelos quatro cantos. E nem todos acreditam que seja para atender aos mais pobres, uma vez que Brasil afora muitos serviços deixam a desejar.

CURTIDAS

Crédito: José Sarney

Pedido atendido/ O Tribunal de Contas da União acatou o pedido de quatro parlamentares e determinou a suspensão imediata dos repasses do Ministério do Trabalho à Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Brasil (Unisol) e ao Centro de Estudos e Assessoria (CEA). Na decisão, o TCU constatou irregularidades, como falta de metas claras, ausência de cronograma de desembolso e repasse integral dos valores em apenas três dias após a assinatura dos contratos. A decisão suspende novos pagamentos e veda o uso dos valores já repassados até a conclusão da análise técnica. (Leia mais no Blog da Denise)

Enquanto uns curtem…/ …outros são sabatinados. Pelo menos três ministros de Lula têm audiências previstas em comissões do Parlamento esta semana — o da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes; o de Comunicações, Frederico de Siqueira Filho; e a do Meio Ambiente, Marina Silva. Já os deputados, muitos estão em Lisboa, para o XIII Fórum de Lisboa, evento capitaneado pela faculdade IDP, fundada pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

…e outros se exercitam/ Em suas redes sociais, o ex-presidente José Sarney ensina a receita inspiradora do alto de seus 95 anos (foto): “Muitos me perguntam sobre longevidade. Minhas segundas-feiras começam assim. Na fisioterapia com a Loise Aline, reencontro o movimento e aprendo, mais uma vez, que o corpo precisa de disciplina e paciência. O tempo nos ensina muitas coisas. Uma delas é que, para continuar, é preciso cuidar”, observa

Alcolumbre é quem decide o tempo das coisas no Congresso

Publicado em coluna Brasília-DF, Congresso, crise no INSS, Orçamento, Política, Senado, STF
Crédito: Caio Gomez

Coluna Brasília/DF, publicada em 23 de maio de 2025, por Carlos Alexandre de Souza, com Eduarda Esposito

Em meio à alta pressão para a instalação da CPMI das fraudes no INSS, o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre, mostrou ao governo e à oposição quem define o ritmo dos acontecimentos em Brasília. Ao anunciar para 17 de junho a sessão do Congresso na qual deverá ocorrer a leitura do pedido de abertura da CPMI, o líder do Senado disse que os líderes da Casa devem chegar a um consenso em relação aos 60 vetos presidenciais.

“É humanamente impossível votar sem acordo”, disse Alcolumbre. A decisão do senador decepcionou os oposicionistas, que pressionavam para o requerimento a favor da CPMI ser lido já na próxima semana. A desarticulação entre os líderes partidários, após sucessivas interrupções na agenda legislativa, tornou-se um problema para a estratégia de fustigar o governo Lula em uma comissão parlamentar.

Com a inevitável abertura da CPMI marcada para a segunda quinzena de junho, o governo Lula ganha tempo para chegar mais fortalecido no confronto com a oposição. Até lá, serão semanas essenciais para avançar nas investigações, identificar os vínculos do escândalo com o governo Bolsonaro e acelerar o processo de ressarcimento aos aposentados roubados pela quadrilha que se instalou no INSS.

Missão

De acordo com o deputado Kim Kataguiri (União-SP), o partido do Movimento Brasil Livre (MBL), Missão, será analisado em setembro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele acredita que a Corte autorizará a criação da legenda e pretende migrar para o Missão assim que for fundado. A prioridade da futura sigla será ocupar cadeiras na Câmara dos Deputados e nas assembleias legislativas.

Direto para o centro

Na avaliação de parlamentares de esquerda, o partido Missão será mais um no aglomerado do “Centrão”.

Pelas brasileiras

Na próxima quarta-feira (28/05), o Supremo Tribunal Federal julga duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI) sobre a necessidade de uma interpretação mais ampla da Convenção de Haia, especialmente pelo Brasil. A advogada Janaina Albuquerque, representante de instituições que atuam em defesa da mulher, destaca a importância do tema. “A expectativa é de que o Supremo consolide a posição do Brasil como um precursor das mudanças tão aguardadas pelas mães e crianças brasileiras que sofrem violência no exterior”, afirma.

Mães de Haia

As mães de Haia recorrem à Convenção internacional para rebater acusações de sequestro internacional de seus filhos ao fugirem do país onde vivem por causa da violência doméstica. Os casos brasileiros têm sido tratados pelo STF com o apoio de parlamentares e instituições, como a Procuradoria da Mulher no Congresso Nacional. Essas entidades defendem o direito das mães e lutam pela proteção das crianças.

Pacote da saúde mental

A Frente Parlamentar da Saúde Mental, presidida pelo líder do PSB na Câmara, deputado Pedro Campos (PE), anunciou um pacote de medidas em favor da saúde mental de crianças e adolescentes. Durante o evento, o medalhista olímpico Caio Bonfim relatou como a ajuda psicológica tem lhe dado forças para continuar na marcha atlética.

Agenda de coragem

A coordenadora da frente, deputada Tabata Amaral (PSB-SP), disse que é preciso coragem para avançar com as propostas. “Essa nova agenda passa a encarar desafios urgentes e ainda pouco enfrentados, como o impacto das apostas virtuais na saúde mental dos usuários e a proteção de crianças e adolescentes nas redes sociais. Essa é uma agenda de coragem, baseada em evidências e construída com a participação da sociedade”, disse à coluna.

Egrégio

Advogado de formação, o ex-presidente José Sarney foi aplaudido durante oito minutos em homenagem na Faculdade de Direito Largo do São Francisco, uma das mais tradicionais do país. Estavam presentes na cerimônia o reitor da Universidade de São Paulo, Carlos Gilberto Carlotti, e outros dirigentes da instituição de ensino.

Política e literatura

Ainda na capital paulista, Sarney visitou dois amigos diletos: os ex-presidentes Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso. Por fim, assinou contrato com a editora Ciranda Cultural para publicação de livros de sua autoria. Na foto, o imortal da Academia Brasileira de Letras está ao lado do presidente da editora, Donald Walter Buchweitz.

Presidente Lula não quer saber de reforma ministerial

Publicado em Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Congresso, GOVERNO LULA, Política
Crédito: Maurenilson Freire

Coluna Brasília/DF, publicada em 26 de abril de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

O presidente Lula descartou a ideia de promover a tal ampla reforma ministerial que alguns líderes queriam. Muitas pessoas próximas ao chefe do Executivo avaliam que o tempo para isso passou, porque qualquer político com mandato e interessados em 2026 não ficaria sequer um ano no cargo. Além do mais, o fato de o União Brasil ter optado por um nome técnico para o Ministério das Comunicações é um sinal da dificuldade dos políticos em assumir um cargo ministerial a esta altura do campeonato. Melhor deixar tudo para abril do ano que vem, quando a saída de ministros candidatos será obrigatória.

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Vale lembrar/ Sob a ótica dos partidos de centro, o que mais interessa aos parlamentares hoje é liberar e indicar emendas ao Orçamento, não ministros. E, para isso, estar no Congresso é considerado muito mais vantajoso para muitos. De mais a mais, se o governo Lula fizer água, parlamentares dessas legendas se preservam para outras opções em 2026.

Bem juntinhos…

O presidente Lula aproveitou a presença dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Hugo Motta, na viagem a Roma e os convidou para integrar a comitiva à Rússia e à China, de 7 a 14 de maio. A ordem no Planalto é manter os dois comandantes do Parlamento o mais próximo possível do governo, cultivando diariamente uma relação de confiança mútua.

… e afinados

O governo espera, dessa forma, evitar as chamadas “pautas-bombas” em plenário. No primeiro trimestre, em que os dois parlamentares ainda estavam em fase de organização das Casas legislativas, funcionou. Agora, é preciso garantir que permaneça assim.

Prato cheio

O Novo está aproveitando o escândalo com o INSS para marcar presença. O partido apresentou o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) nº 166/2025 para suspender instruções normativas que, segundo os parlamentares, isentam indevidamente o Instituto de responsabilidade por débitos fraudulentos contra beneficiários do Regime Geral de Previdência Social (RGPS).

E tem mais

O Novo apresentará um projeto de lei sobre a responsabilidade objetiva do INSS pelos danos causados aos beneficiários da Previdência por descontos indevidos ou fraudulentos em seus benefícios. E outro PL para instituir regras de transparência, governança e prestação de contas aos sindicatos e associações.

CURTIDAS

Quem manda/ O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, é considerado por muitos “o cara” dentro do União Brasil. E não só como referência, mas também com poder de decisão, já que a indicação do ex-ministro Juscelino Filho para a pasta de Comunicações foi só de Alcolumbre, sem opinião alguma da bancada do União na Câmara. O mesmo valeu para a indicação de Waldez Góes ao cargo de ministro do Desenvolvimento Regional. Aliás, o único nome em que a bancada teve decisão foi a indicação de Celso Sabino no Turismo.

Espalhou geral/ Com a capital da Itália lotada para os funerais do papa Francisco, a comitiva brasileira não conseguiu ficar toda hospedada num mesmo hotel em Roma. Só estiveram todos juntos no voo e no jantar, oferecido pelo embaixador Renato Mosca.

Almoço a bordo/ A comitiva participa, na manhã de hoje, da missa de corpo presente e, logo depois do funeral, segue direto para o aeroporto. Todos já foram orientados a fazer o check out hoje bem cedo.

Homenagens/ Este ano, José Sarney comemorou os 95 anos, completados na última quinta-feira, com direito a lançamento de um selo dos Correios para marcar os 40 anos de redemocratização, no qual fez questão que apresentasse a foto de Tancredo Neves. A festa, organizada pela filha, Roseana Sarney, reuniu amigos e vários políticos, como o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões, e o governador do Pará, Helder Barbalho.

Partidos buscam soluções antes de 2026

Publicado em coluna Brasília-DF, Congresso
Crédito: Kleber Sales

Coluna Brasília/DF, publicada em 22 de abril de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

A maioria dos partidos dedica este ano a organizar sua estrutura rumo a 2026. O PSDB vai se separar do Cidadania e prepara a fusão com o Podemos. O Cidadania, por sua vez, conversa com o PSB em busca de uma nova federação. O União Brasil e o Progressistas têm reunião prevista para marcar a data do “casamento”. A Rede e o PSol planejam romper a federação da eleição passada. Esses movimentos indicam a vontade de não esperar o ano eleitoral para encontrar o caminho da sobrevivência. Só tem um probleminha: os pré-candidatos ao Planalto não têm sido consultados sobre essa mexida.

Por falar em 2026…/ O retorno de Marina Silva ao PSB ainda é dúvida entre muita gente na cúpula do partido. Primeiro, não houve convite formal do presidente do partido, Carlos Siqueira. Para completar, tem muita gente dizendo que fica muito constrangedor a fundadora da agremiação sair só porque sofreu uma derrota. Dentro do PSB e da própria Rede essa mudança de Marina é considerada polêmica.

O legado de Francisco

Com a experiência de seus quase 95 anos, o ex-presidente José Sarney considera que o papa Francisco entrará para a história como um dos grandes nomes a sentar na cadeira de São Pedro: “Nada se comparará jamais à imagem de Francisco, sob a chuva, atravessando sozinho a Praça de São Pedro para mostrar ao mundo que o vírus não superaria a vontade de Deus”, afirma. “Foi um grande papa e num período difícil. Procurou sanear a Igreja, e as virtudes do santo de Assis sempre estiveram em sua ação: a humildade e o cuidado com o humilde”, diz à coluna.

A experiência de Sarney

O ex-presidente já viu sete conclaves, caminha para o oitavo. Nenhum deles durou mais de três dias. Espera-se que, desta vez, não seja diferente.

 

“Só é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo para ajudá-la a se levantar” Do papa Francisco, ao explicar à ex-presidente Dilma Rousseff o significado da escultura que lhe deu em abril de 2024

 

Apostas

Um dos cardeais mais conhecidos dos demais, o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, 70 anos, é um dos mais cotados para a sucessão do papa Francisco. Muitos embaixadores conhecedores da Santa Sé avaliam que ele tem o perfil ideal para o pontificado, nestes tempos de conflitos comerciais e guerras.

CPIs no forno

O Novo e o PL continuam apostando em abertura de CPIs para confrontar o governo neste ano pré-eleitoral. A líder do Novo, Adriana Ventura (SP), precisa de mais 65 assinaturas para protocolar o pedido de investigação da destinação de verbas de Itaipu para realização de eventos. Quanto ao senador Izalci Lucas, que pediu uma CPI para apurar a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília, retoma a coleta de assinaturas nesta terça-feira.

CURTIDAS

Amigos I/ Se tem alguém que ocupou a Presidência da República e conquistou a amizade de Francisco foi a ex-presidente Dilma Rousseff. Ela governava o Brasil na época da Jornada Mundial da Juventude. Depois do evento, esteve algumas vezes com o papa nesses 13 anos.

Amigos II/ Há um ano, Dilma foi a Roma e fez questão de visitá-lo. A comandante do banco dos Brics recebeu do papa uma escultura, a encíclica Laudato Si, de 2015, que faz um alerta sobre os problemas ambientais que o mundo atravessa, e a exortação apostólica Laudate Deum, de 2023, que pode ser traduzida como uma injeção de ânimo para aumentar a esperança dos fiéis de resolução da crise climática.

Sem trégua/ Em suas redes sociais, o presidente do Progressistas, Ciro Nogueira (PI), não deixou de cutucar o governo após a morte do papa Francisco: “Habemus deficit! Habemus fome! Habemus violência! Que Deus ilumine o Brasil”.

 

Conflito no campo e no Congresso: agro resiste a verba para o MST

Publicado em coluna Brasília-DF, Política

Coluna Brasília/DF, publicada em 16 de março de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Começa a surgir no Congresso uma certa resistência da bancada do agro na Câmara e no Senado a respeito da concessão de R$ 350 milhões para compra de terras a fim de atender o Movimento dos Sem Terra. Muitos desconfiam que os recursos anunciados recentemente servirão para instrumentalizar o MST contra propriedades produtivas do setor, especialmente, no Sudeste. O tema promete pegar fogo quando for discutido. Até aqui, afirmam alguns, desenha-se um consenso apenas para aprovação dos R$ 400 milhões destinados à compra de alimentos oriundos da agricultura familiar, mas não para a aquisição de terras em benefício do MST.

 

E tem mais

Além dessas questões, há um receio do setor produtivo sobre novos impostos, ponto considerado inegociável pelos congressistas. Em jantar promovido pela Casa Parlamento, do grupo Esfera, na semana passada, o senador Otto Alencar (PSD-BA), vice-líder do governo, foi incisivo: “Não há espaço para aumento de cobrança de impostos de maneira nenhuma, em nenhum setor. E vou procurar encaminhar contra o aumento de imposto.”

Façam suas apostas

A contar pelas conversas no jantar de aniversário da ex-prefeita de São Paulo e ex-ministra do Turismo Marta Suplicy, Lula conseguirá reverter a baixa popularidade até o ano que vem. Resta saber quem será o adversário dele em 2026. Os paulistas apostam no governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Mas os cariocas acreditam que Jair Bolsonaro não abrirá o caminho para o aliado.

Fique por perto

Ao chamar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a mulher, Ana Estela, para a sua mesa no jantar de Marta Suplicy, Lula deixou muitos com a certeza de que, no papel de comandante da República e, portanto, maestro de seu governo, o presidente não deixará de apoiar Haddad. Porém, se tudo der errado, sempre poderá dizer que não faltam testemunhas do seu apreço pelo ministro, ainda que precise promover uma mudança na Fazenda.

Gleisi chega no piso

A próxima pesquisa do Ranking dos Políticos dirá se a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, teve algum sucesso na missão de levantar a popularidade do governo junto aos congressistas. Afinal, ela assumiu num momento em que 49,1% dos deputados federais avaliavam a atuação do governo como ruim ou péssima, 22,7%, como regular, e 28,2%, ótima ou boa. Entre os senadores, 46,2% avaliam a gestão do Executivo como ruim ou péssima, 23% como regular e 30,8% consideram ótima/boa. Quanto à relação com o Poder Executivo, que agora está com o jogo zerado, 64,5% consideravam ruim ou péssima.

A pesquisa que vale

O ex-presidente Jair Bolsonaro espera reunir hoje e em outras manifestações um número de apoiadores capaz de lhe garantir o comando do processo eleitoral de 2026. Ele sabe que, se a resposta das ruas aos seus chamados fracassarem, perderá peso na hora de indicar o candidato do PL ao Planalto em 2026.

CURTIDAS

A lembrança de Miro/ A cada dia se tem mais clareza das dificuldades pelas quais passaram os políticos que garantiram a volta da democracia em março de 1985, com a posse de José Sarney. “Não foi fácil chegar até aqui, e o presidente José Sarney sabe disso. Tancredo sabia, naquele leito de hospital, que seria alvo de articulação para dar posse a Ulysses Guimarães ou manter João Figueiredo. Tinha medo de que impedissem a posse do vice, José Sarney, e só se deixou operar depois que a pose foi garantida. Sabia-se que, em caso de convocação de nova eleição indireta o eleito seria Paulo Maluf”, lembrou Miro Teixeira, ao discursar no seminário da fundação Astrogildo Pereira, sobre os 40 anos da redemocratização

O alerta de Miro/ Do alto de quem acompanhou de perto todo aquele processo, Miro mencionou a grandeza de José Sarney. “Raríssimo que, numa transição, haja convocação de uma constituinte. E foi isso que fez Sarney. Se não fosse a vitória sobre os radicais, não teríamos democracia no Brasil. Vamos vencer os radicais e manter a democracia”, afirmou, numa referência ao momento atual.

É assim mesmo/ Grande homenageado no seminário que marcou os 40 anos da redemocratização, nesse sábado, o ex-presidente José Sarney lembrou que seu governo viveu 12 mil greves. E em todas elas, ele se manteve firme, em defesa da democracia e da liberdade.

Prestigiadíssima/ Marta Suplicy completou 80 anos numa festa com a presença de Lula, Janja, ministros e demais autoridades. Para muitos, é uma homenagem de quem fez a diferença quando governou a maior cidade do país.

Momento da reforma passou

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Maurenilson Freire

Coluna Brasília/DF, publicada em 15 de março de 2025, por Denise Rothenbug, com Eduarda Esposito

Aliados do presidente Lula são praticamente unânimes em afirmar que ele perdeu o “timing” de abertura da temporada de reforma ministerial para acomodar políticos de partidos de centro com pretensões eleitorais em 2026. Qualquer um que entre agora ficará menos de um ano no cargo, por causa do prazo de desincompatibilização para concorrer. Portanto, Lula, para mudar o ministério, terá de buscar um perfil mais técnico e que não tenha planos de disputar um mandato eletivo no ano que vem.

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Além da reforma…/ Tem muita gente tentando aconselhar o presidente Lula a deixar a primeira-dama Janja da Silva encarregada de algum programa importante do governo na área social. Seria a forma de tentar reduzir as especulações de que ela tem participação em tudo. Agora, se tem algo que os críticos de Janja não vão conseguir jamais é que Lula deixe de ouvi-la sobre os mais diversos assuntos.

Emendas em suspense

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, só analisará a regulamentação das emendas parlamentares quando for anexada ao processo em curso na Corte. Até lá, nada está garantido.

Kátia Abreu sobe o tom

A atitude desrespeitosa do deputado Gustavo Gayer (PL-GO) ainda reverbera na política. A ex-deputada, ex-senadora e ex-ministra da Agricultura Kátia Abreu deixou claro o pensamento sobre as afirmações de Gayer: “Sua atitude não pode ficar impune, faça um bem ao país, renuncie, respeite quem o elegeu. O senhor não merece o título de deputado”.

E os passaportes, hein?

Depois da revelação de que 352 parlamentares deram passaportes diplomáticos a seus familiares, o Ranking dos Políticos apresentou uma denúncia ao Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a “farra” desse tipo de documento e pediu a suspensão. O TCU agora vai analisar o pedido. Os partidos na Câmara dos Deputados que mais emitiram foram: PL, PT, PP, União e Republicanos. No Senado, MDB, PSD, PL e PT.

Histórias de Brasília

Em março de 1985, o então presidente eleito Tancredo Neves assinou a nomeação de todos os seus ministros, antes de ser internado. Do chamado primeiro escalão, deixou de nomear apenas o governador do Distrito Federal, que, à época, era escolhido pelo presidente da República. E não o fez dada uma dificuldade política e pessoal bem mineira: não havia consenso entre seus aliados, e era um cargo com grande significação pessoal, histórica e política, pois ele queria homenagear seu grande parceiro e amigo Juscelino Kubitschek, o fundador.

Política exige paciência

Uma corrente política forte queria o então presidente da OAB, Mauricio Corrêa. Dona Sarah queria o primo querido de JK, o ex-deputado Carlos Murilo Felicio dos Santos. E ainda havia outros nomes em jogo. O próprio Sarney tinha nomes em mente. Mas para não criar arestas, o resultado foi a continuidade do governador José Ornelas de Souza Filho, afastado posteriormente. Sarney, então, colocou o ministro do Interior, Ronaldo Costa Couto. Só em 3 de maio, o presidente Sarney bateu o martelo e indicou seu compadre e ministro da Cultura, José Aparecido de Oliveira, que tomou posse em 11 de maio de 1985.

CURTIDAS

Quatro homenagens/ Além da homenagem no seminário de hoje, da Fundação Astrogildo Pereira em parceria com o Correio Braziliense, José Sarney, do alto de seus 94 anos, receberá honrarias em mais três solenidades sobre os 40 anos da redemocratização. Uma no Senado, na próxima terça-feira; outro na Câmara, na quarta, e, ainda, na Câmara Legislativa do DF, em 25 de março, quando receberá o título de cidadão honorário da cidade.

Por falar em homenagens…/ Quem for ao Panteão da Liberdade neste sábado, terá o privilégio de assistir a um vídeo com fotos do jornalista fotográfico Orlando Brito, que registrou com maestria a transição política, em 1985.

… a história presente/ O visitante também poderá passear pelas páginas do Correio Braziliense, numa exposição sobre o Congresso Constituinte. Nesses 40 anos da posse de José Sarney, só podemos agradecer à grandeza de homens que tiveram espírito público e souberam reerguer o nosso processo democrático sem dar um tiro. Muito obrigada!

 

O grande teste da largada de Hugo Motta

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Caio Gomez

Coluna Brasília/DF, publicada em 14 de março de 2025, por Denise Rothenbug, com Eduarda Esposito

Líderes partidários estão preocupados com o que consideram a “ganância” do PL em ter diversas presidências de comissões na Câmara dos Deputados. O partido de Jair Bolsonaro tem dito com todas as letras que é preciso respeitar a proporcionalidade. Ocorre que, desde os tempos de Arthur Lira, valem os acordos partidários dentro dos blocos. Por exemplo, o rodízio na presidência da Comissão de Constituição e Justiça é feito com base num acordo, e é único ponto que o PL, até aqui, aceita cumprir. Ocorre que, se não houver uma distribuição dentro de alguns acordos fechados na esteira da eleição de Motta, o presidente da Câmara corre o risco de perder o controle do bloco e, por tabela, a liderança política que rege os partidos.

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O atual presidente da Câmara, até aqui, tem sido cordato e paciente na negociação das comissões técnicas da Casa. Mas a demora de se chegar a um desfecho começa a colocar em dúvidas a capacidade de resolução pacífica dessa briga por espaços. A sorte está lançada e, se até terça-feira não houver um acordo, a disputa tende a ir para o voto e dificultar a convivência harmoniosa entre os partidos. É 2026 dando as caras mais cedo. E Hugo Motta, com a missão de pacificar e evitar que a eleição contamine tudo.

Reclamação contra Moraes

A defesa dos réus acusados de suposta tentativa de golpe de Estado ficou estarrecida com o fato de o ministro Alexandre de Moraes ter liberado para que Cristiano Zanin marcasse o julgamento antes de dar a última palavra aos defensores. Tecnicamente os réus deveriam se defender mais uma vez, depois da manifestação da Procuradoria-Geral da República sobre os argumentos da primeira defesa pós-denúncia. Advogados vão citar inclusive um acórdão de 2022 em que Moraes foi relator e dizia, com todas as letras, que o “delatado tem o direito de falar por último sobre todas as imputações que possam levar à sua condenação”.

Replay

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) decidiu convocar uma greve de advertência em defesa da melhoria das condições de trabalho e pelo respeito às negociações coletivas. A paralisação, que ainda depende da aprovação da categoria, deve ocorrer por 24 horas no dia 26 de março. A FUP e a Petrobras chegaram a se reunir na terça-feira, mas não chegaram a um acordo.

Guerra de tarifas

Ao inaugurar a Frente Parlamentar dos países do Sudeste Asiático (Asean), o segundo-vice-presidente, deputado Fausto Pinato (PP-SP), elogiou a história do Vietnã e sugeriu que o Brasil seguisse o exemplo na batalha comercial que trava com os Estados Unidos: “É um país com uma história linda, e o Brasil deveria se inspirar ali, porque quem manda no Brasil somos nós, brasileiros”. O Vietnã entrou em guerra civil financiada pelos EUA e pela União Soviética, e, no fim, as tropas americanas se retiraram do território vietnamita. E, diz Pinato, os vietnamitas venceram.

Um sábado de reflexão…

O seminário Democracia 40 anos: Conquistas, dívidas e desafios”, neste sábado, marcará o dia em que o então vice-presidente José Sarney assumiu a Presidência da República, em 15 de março de 1985, mediante um país perplexo com a internação às pressas do presidente eleito, Tancredo Neves. Promovido pela Fundação Astrojildo Pereira, pelo Cidadania, e com uma exposição do Correio Braziliense, será o momento de refletir como chegamos até aqui e o que precisa ser feito para fortalecimento da democracia brasileira.

… E homenagens

Sarney será o grande homenageado, ao lado de constituintes, como Aécio Neves, Augusto Carvalho, Heráclito Fortes, Maria de Lourdes Abadia, Miro Teixeira, Moema São Thiago, Nelson Jobim, Roberto Freire e Valmir Campelo. O ex-presidente do Uruguai Júlio Sanguinetti será um dos palestrantes. O local escolhido não poderia ser mais emblemático, o Panteão da Pátria e da Liberdade, na Praça dos Três Poderes, a partir de 9h.

CURTIDAS

Olha o nível…/ Na tentativa de criticar o comentário do presidente da República sobre ter indicado uma mulher bonita para negociar com o Congresso, o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) ultrapassou o limite do decoro parlamentar. Na rede social X, em resposta a um seguidor, o deputado escreveu “imaginar um trisal” entre a ministra Gleisi Hoffmann, o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ) e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre”.

… do debate…/ Alcolumbre avalia uma representação contra o deputado goiano no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Gayer, ao tentar criticar uma fala machista de Lula, conseguiu ser ainda pior. “O deputado, pelo visto, está novamente bêbado e já matou duas pessoas nessa deplorável condição”, rebateu o deputado Rogério Correa (PT-MG). Gayer apagou o post sobre o “trisal”, mas os deputados fizeram cópias.

… das excelências/ Gayer, por sua vez, disse que não quis ofender nem depreciar o presidente do Senado, apenas criticar Lula pela fala machista em relação à ministra Gleisi. É preciso impor limites e respeito na relação política. A avaliação de muitos é a de que o caso deverá ser punido até para estabelecer uma relação mais respeitosa entre os campos opostos da política no Parlamento. Está na hora de retomar a hashtag #vaitrabalhardeputado.

Onde está o problema

Publicado em Política
Crédito: Caio Gomez

Coluna Brasília/DF, publicada em 26 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Muita gente na base aliada acompanhou com uma certa preocupação a longa fritura da ministra da Saúde, Nísia Trindade, até ela deixar o cargo. A avaliação de muitos no Parlamento e fora dele é a de que Nísia sai para que Lula não deixe à deriva um expoente do PT de São Paulo que se desgastou no cargo de coordenador político do governo. Pelo menos nove em cada 10 deputados aliados ao PT dizem, em conversas reservadas, que não podia ser considerado normal um ministro de Relações Institucionais, no caso, Alexandre Padilha, não ser recebido nem conversar com o presidente da Câmara durante quase dois anos. A saída de Padilha já estava acertada com o Centrão, a fim de melhorar a interlocução com os partidos mais ao centro.

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E onde está o perigo/ O PT continua resistindo a abrir o Planalto aos aliados. Por isso, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), subiu na bolsa de apostas. Só tem um probleminha: colocar um representante do PT de São Paulo na Saúde e outro na coordenação política pode levar os aliados do governo a se considerarem desprezados para a cozinha palaciana.

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Paralelamente às preferências do PT, o Planalto avalia o nome de Isnaldo Bulhões (MDB-AL), em um gesto de aproximação com o Centrão. Ocorre que a ala mais radical do partido não quer nem ouvir falar desse movimento.

Amigos, amigos…

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), estava todo sorridente e bem próximo ao presidente Lula na sessão de cinema do Alvorada na última segunda-feira. Porém, na hora de colocar o plenário para votar, sessão cancelada na terça-feira. As apostas de muitos são as de que a Casa só funcionará a pleno vapor quando a questão das emendas de comissão estiver resolvida.

… negócios à parte

A reunião de amanhã entre os presidentes das duas casas legislativas — Alcolumbre e o presidente da Câmara, Hugo Motta, — é vista como um “vai ou racha”. Se rachar, pior para o governo.

Por falar em amizade…

Entre os deputados não há dúvidas: se for para agradar o presidente da Câmara, Hugo Motta, o ministro de Relações Institucionais será o atual líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL).

Ainda sobre Sarney

Do alto de quem acompanhou de perto os primeiros anos do governo José Sarney como porta-voz e secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República, o jornalista Fernando Cesar Mesquita considera que o ex-presidente continua um “cavalheiro”, ao não falar das traições que sofreu. “Foram muitas e ele sempre reluta em esmiuçá-las”, diz Fernando César.

CURTIDAS

Virou vítima/ A saída de Nísia Trindade, uma cientista respeitada e séria, depois de meses de “fritura”, levou quase todo o PT à tribuna da Câmara em defesa da ministra.

Votou, mas não agradou/ O deputado Marco Feliciano (PL-SP) não gostou nada de haver eleições para a Frente Parlamentar Evangélica. “(A eleição) mostra um enfraquecimento da frente, nunca tivemos isso. Era para haver um acordo. Nem todos são evangélicos, mas vão votar”, declarou à coluna.

Antes de cobrar, pesquise / O deputado Charles Fernandes (PSD-BA) cobrou do ministro dos Transportes, Renan Filho, a autorização das construções de casas na Bahia pelo projeto Minha Casa, Minha Vida. Entretanto, a pasta responsável pela autorização é a de Cidades, de Jader Filho.

Telefonia morreu/ Internautas têm reclamado de ligações e SMS de golpes recebidos diariamente. Alguns contaram mais de 15 ao longo do dia. Um deles até perguntou se o Supremo Tribunal Federal (STF) não conseguia dar conta. Nas redes, consta, “o STF consegue fechar rede social e não consegue derrubar isso? SMS falsos, ligações telemarketings sem permissão”.