Lula e Itamaraty usam tons distintos para tratar da Venezuela

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Carlos Alexandre de Souza — A nota do Itamaraty sobre as eleições da Venezuela, demonstrando contrariedade às sanções impostas pelo regime de Nicolás Maduro contra os adversários que tentam concorrer às eleições marcadas para julho, tornou-se um embaraço diplomático — estimulado pelo presidente Lula. No entendimento da chancelaria brasileira, os impedimentos à inscrição da candidata de oposição Corina Yoris violam o Acordo de Barbados. Para o Itamaraty, ações como essa “apenas contribuem para isolar a Venezuela e aumentar o sofrimento do seu povo”.

A resposta de Caracas veio igualmente dura. O chanceler Yvan Gil classificou de “cinzento e intervencionista” o comunicado do governo brasileiro, tachando-o de influenciado pelo imperialismo norte-americano. A troca de mensagens entre Brasil e Venezuela, muito acima do tom usual para a diplomacia, é consequência da relação controversa entre o presidente Lula e seu colega Nicolás Maduro.

Em diversas ocasiões, o chefe do governo brasileiro mostrou especial tolerância com os atos praticados pelo regime venezuelano. Lula chegou mesmo a questionar as ações da oposição, que estaria “chorando” muito na disputa política com Maduro.

Só o Lula

Com o desgaste diplomático que se estabeleceu entre as chancelarias do Brasil e da Venezuela, somente uma declaração contundente de Lula em repúdio às ações antidemocráticas imputadas ao regime venezuelano tem potencial para acalmar os ânimos. Pelo histórico das últimas declarações, é improvável que o chefe do Planalto reforce o tom severo adotado pelo Itamaraty.

E na Rússia?

O repúdio do Itamaraty ao processo eleitoral na Venezuela contrasta com a lacônica manifestação sobre a vitória de Vladimir Putin no pleito realizado no último dia 17. Sem emitir nota oficial, o chanceler Mauro Vieira se limitou a dizer que a eleição russa se deu em clima de “tranquilidade”.

Na contramão

Enquanto o PT e Lula — este último sem dar publicidade ao comunicado — parabenizaram o chefe do Kremlin, vários países denunciaram a falta de lisura e a conduta suspeita do Kremlin em relação a opositores como Alexei Navalny, morto em fevereiro.

Impeachment de Brazão

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) recebeu o pedido de impeachment de Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes. O documento é assinado pela viúva de Marielle Franco, Monica Benicio, e por parlamentares fluminenses. Segundo eles, Brazão pode responder por crime de responsabilidade e, por isso, deve ser afastado, além de perder direito aos salários.

Arquive-se

O Supremo Tribunal Federal arquivou dois inquéritos abertos, no âmbito da Operação Lava-Jato, contra o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Nos processos, Kassab era acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O relator do caso, ministro Dias Toffoli, desconsiderou provas apresentadas por executivos da antiga Odebrecht. O voto do ministro foi acompanhado por mais cinco integrantes da Corte.

Confiança

Secretário de estado no governo de Tarcísio de Freitas, Kassab comemorou a decisão. “Reitero minha confiança na Justiça e no Ministério Público. Recebi com muita serenidade essa decisão, pois sempre pautei minhas ações pela ética e pelo interesse público”, disse.

Tudo certo

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (foto) aparenta estar nada preocupado com a nova controvérsia do pai, que procurou abrigo na embaixada da Hungria por dois dias. Ontem, conversava animadamente com amigos em um dos restaurantes próximos ao estádio Mané Garrincha.

Além-mar

A Universidade de Brasília e embaixada de Portugal promoveram um encontro para estreitar a cooperação internacional em âmbito acadêmico. Além de professores e gestores da UnB, participaram da reunião representantes de 16 instituições de ensino portuguesas. A iniciativa é vista como um importante passo para a internacionalização da UnB.

 

Empresários pressionam por emenda para que “chuva de impostos” sejam pagas a perder de vista

Publicado em Orçamento, Política, Reforma tributária

Por Denise Rothenburg — Último prazo para apresentação de emendas à proposta que impõe cobrança de imposto de renda aos incentivos concedidos nos estados, esta quarta-feira mobiliza todo o empresariado. A ideia é que se apresente, no mínimo, um “refis” para que eles possam pagar a perder de vista o que chamam de “chuva de impostos”. A avaliação de muitos que consultaram advogados é de que o caso de cobrança de IR nessas subvenções vai terminar na Justiça. A não ser que se chegue a um acordo quando a proposta for a voto.

Da parte do governo, a ordem é pressionar os parlamentares no seguinte sentido: se não houver aprovação das propostas relativas à arrecadação, vai ficar difícil cumprir a liberação de emendas parlamentares. Porém, muitos congressistas se sentem pressionados por todos os lados, porque se taxar quem produz, a criação de emprego e crescimento econômico ficará comprometida.

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A hora da verdade I

A senadora Tereza Cristina (PP-MS) está com um pedido pronto para promover uma audiência pública na Comissão Relações Exteriores do Senado. Ela quer chamar as autoridades para saber por que o governo Lula não dá sinais de que quer vencer os impasses para a assinatura do acordo Mercosul-União Europeia.

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A hora da verdade II

Os negociadores europeus virão ao Brasil, na próxima semana, para uma reunião no Itamaraty a fim de tentar resolver os impasses — especialmente em torno das cláusulas ambientais. Acontece que o governo brasileiro tem colocado, também, a abertura das compras governamentais como parte desses entraves.

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Pau que dá em Chico…

… dá em Francisco. Da mesma forma que os europeus poderão participar de licitações para fornecer produtos ao governo brasileiro, o acordo pode abrir um mercado de R$ 1 trilhão para os produtos brasileiros.

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E a reforma, hein?

Conforme esta coluna antecipou há vários dias, o PP receberá o Ministério dos Esportes, reforçado por programas voltados à juventude e ao empreendedorismo. É o governo Lula se rendendo à realidade de que não se administra sozinho, nem sem atender aos novos aliados que têm votos no Congresso.

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Curtidas

Alô, ICMBio! Alô, Ibama!/ Quem pretende passar o feriadão no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros pode se preparar: logo na chegada, o visitante terá que assistir um vídeo onde está dito com todos as letras: “Você é o único responsável pela sua segurança”. E mais: o parque não tem serviço de resgate. Qualquer problema, o visitante é obrigado a contactar o Corpo de Bombeiros. Também não há ambulância nem socorrista.

Alô, fiscalização!/ Não tem ambulância, mas há um serviço de van interno que cobra R$ 25 na ida e R$ 40 na volta da área das cachoeiras, fora os R$ 40 do ingresso do parque. E mais: os comprovantes oficiais de matrícula com QR code ou código de barras, válidos para cinemas e shows, não são aceitos. A Parquetur, concessionária do parque, só aceita a carteirinha da UNE, que não é mais obrigatória. A reclamação está geral.

A la Judiciário/ O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas (foto), decidiu seguir o modelo que o Poder Judiciário adotará para o feriado: sem ponto facultativo. Seja hoje ou na sexta-feira.

Marco Maciel/ O jornalista Magno Martins autografa seu mais novo livro, O Estilo Marco Maciel, em 26 de setembro, no Salão Nobre do Senado, com histórias inéditas sobre como o ex-vice-presidente da República encarava a política.

 

Eleição pode mudar a cara do Itamaraty ainda em 2022

Publicado em coluna Brasília-DF

Enquanto os políticos se dedicam às campanhas, os bastidores do Itamaraty fervem com a perspectiva de troca de postos-chaves ainda em 2022. Só tem um probleminha: falta combinar com o Senado, que terá que aprovar as mudanças antes da virada do ano. Caso as urnas confirmem as pesquisas que indicam uma vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a tendência é que as indicações do governo do presidente Jair
Bolsonaro (PL) terminem substituídas.

Tiro no pé I

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, deu aos seus partidários a missão de “resolver” o mal-estar provocado pelo documento técnico que fez ressalvas à urna eletrônica. Internamente, os tarimbados parlamentares do partido temem que o tal documento seja lido, nesta reta final, como “choro de perdedor”.

Tiro no pé II
O temor dos aliados de Valdemar é o de que esse documento, cuja divulgação é atribuída à ala bolsonarista, termine por ampliar a onda Lula, que já levou muitas celebridades a declarar o voto em favor do petista.

Corrija o rumo
A turma de Valdemar espera que esse tema não faça muita “marola” e que os políticos do PL se concentrem em mostrar confiança na Justiça Eleitoral. A avaliação é de que a hora é de mostrar os bons números do governo e não ficar
discutindo urna.

Por falar em PL…
Se o retrato que elas apresentam hoje se refletir nas urnas, o partido de Valdemar poderá eleger, pelo menos, quatro senadores.
O PSD faz o mesmo cálculo, e olho na reeleição e Rodrigo Pacheco (MG) para presidir o Senado.

A porta-voz do agro
A deputada Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura, é citada na Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) como a maior promessa eleitoral da bancada ruralista. Chegará com força, independentemente de quem seja o futuro presidente da República.

Enrolou o PIB/ Ao dizer que estava ali “para ouvir” o empresariado e não para falar, Lula deixou em muitos dos presentes ao encontro de terça-feira à noite a sensação de que o candidato quis usar da “esperteza” para tentar esconder as reais intenções de seu governo na economia.

Compensação e tempo/ Depois de chegar atrasado ao jantar na casa do empresário João Carlos Camargo, do grupo Esfera, Lula fez questão de cumprimentar um a um dos presentes. Só aí gastou quase uma hora.

Quem?/ A candidata do PT ao Senado no DF, Rosilene Correia, encerrou sua campanha na tevê sem abrir a boca. Apenas Lula falou, pedindo votos para ela. Em um dos vídeos que Rosilene divulgou na internet e em grupos de WhatsApp contra o voto útil em favor de Flávia Arruda (PP) para evitar Damares Alves, a petista sequer menciona o nome e o número. Em vários grupos, soou a pergunta: “quem é essa?”

Dois pesos, duas medidas/ Rosilene se posiciona contra a debandada em favor de Flávia Arruda para evitar Damares, mas o PT se desdobra em apelos ao voto útil pró-Lula.

A missão de Flávia Arruda

Publicado em coluna Brasília-DF

A chegada da deputada Flávia Arruda (PL-DF) ao cargo de ministra da Secretaria de Governo do Palácio do Planalto, sob as bênçãos do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), serve para compensar o Centrão por não ceder o Ministério da Saúde. E, depois de presidir a Comissão Mista de Orçamento, ela desembarca no quarto andar do Planalto com o compromisso de garantir a execução da lei que ajudou a aprovar.

Só tem um probleminha: a equipe econômica está preocupada com o Orçamento e já avisou que, do jeito que está, não será possível cumprir. Isso significa que Flávia terá dificuldades em cumprir sua missão. Se tem uma qualidade que ela terá que exercer daqui para frente, será a paciência para lidar com os ministérios que executam o Orçamento, tarefa essa que sempre incomodou todos os que passaram pela Secretaria de Governo. No desespero para azeitar a base política, Bolsonaro pode ter comprado uma briga com a equipe econômica.

Arrumou um canto…

… e desarrumou outro. No meio militar, a perspectiva de saída dos comandantes é vista como um sinal de que essa área voltará a ser motivo de tensão e é o ponto nevrálgico da reforma. Afinal, reza a Constituição, as Forças são instituições de Estado e não de governo. Agora, também está na Carta que cabe ao presidente da República nomear o ministro da Defesa. Portanto, não dá para reclamar tanto.

Tudo bagunçado
O primeiro teste do futuro chanceler Carlos França será o organograma do Itamaraty. Ernesto Araújo colocou secretários para comandar ministros e conselheiros, desrespeitando a hierarquia da Casa. Se não promover um reordenamento, França será mais do mesmo.

Esqueceram dele
Em meio à reforma ministerial, quem continua quietinho no governo é o assessor internacional Filipe Martins. Bolsonaro não quer demiti-lo. E, vale lembrar, o cargo de assessor internacional não é apenas mais um assessor. Tem lugar reservado no terceiro andar do Planalto e ajuda a elaborar a chamada “diplomacia presidencial”.

Faltou ele
Até aqui, a reforma ministerial atendeu à Câmara e representou uma atenção ao Senado, ao afastar Ernesto Araújo. Porém, a manutenção de Filipe Martins, que fez o gesto indecoroso e está sob investigação no Parlamento, não vai sanar o problema como um todo. E, de quebra, ao entregar a Secretaria de Governo à Câmara, o poder entre as duas Casas se desequilibra.

Última forma
No Centrão, está muito claro que, se a reforma não servir para apaziguar o meio político, o grupo segue outro rumo sem pestanejar. Afinal, seus líderes fizeram isso ao largar o PT e se aninhar a Jair Bolsonaro.

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Reforma agita o jogo eleitoral do DF/ A política do “quadradinho” vai ferver daqui para frente. Flávia Arruda é citada como candidata a governadora com o apoio de Bolsonaro. Falta combinar com outros aliados, por exemplo, a deputada Bia Kicis (PSL-DF).

Chance perdida/ Em meio às mudanças na equipe, mais uma vez Bolsonaro deixou de fora um amigo, Alberto Fraga. Internamente, há quem diga que, se o presidente quisesse, teria arrumado um lugar para o ex-deputado.

Chance agarrada/ Quem aproveitou o embalo da saída de Ernesto Araújo foram os filhos de Bolsonaro: 01 e 03 ajudaram a emplacar Anderson Torres no Ministério da Justiça e, segundo políticos, o outro padrinho é o vice-presidente nacional do PSL, Antônio Rueda.

Sonho era príncipe no Itamaraty/ Se dependesse exclusivamente do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o nome para o ministério de Relações Exteriores seria o do correligionário Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP). Era a forma de compensar o “príncipe”, depois que o PSDB ficou com a comissão de Relações Exteriores da Câmara.

Enquanto isso…/ Vale lembrar que as mudanças de ministros do governo não despacharam o vírus. Este, só as vacinas. E olhe lá.

As verdades de Pazuello

Publicado em coluna Brasília-DF

Em fevereiro de 2015, durante a gestão de Eduardo Cunha na presidência da Câmara, o Congresso aprovou a obrigatoriedade da liberação de emendas de deputados e senadores ao Orçamento da União. A ideia era se livrar das pressões do governo e do toma lá dá cá. A turma, porém, encontrou um jeitinho de manter a base aliada mais favorecida com as “emendas extras”, ou seja, recursos que vão para os programas governamentais de forma genérica e terminam distribuídos aos mais fiéis. São a essas emendas que, segundo técnicos de Orçamento, Pazuello se referiu no discurso de despedida no Ministério da Saúde, chamando de “pixulé”.

Agora, com o avanço dos parlamentares sobre os recursos da Previdência Social para garantir o pagamento de suas emendas, essa discussão vem à tona. Se “tudo tem limite”, como bem disse o presidente da Câmara, Arthur Lira, chegou o momento de impor essa verdade, também, ao apetite dos parlamentares no Orçamento.

O protesto diplomático I

O site Divergentes traz uma carta de diplomatas para diplomatas, com uma reflexão do pessoal de carreira do Itamaraty sobre os valores da diplomacia brasileira e a gestão do chanceler Ernesto Araújo, que, diz o texto, “submeteu o acervo de princípios e tradições da diplomacia brasileira aos humores e ditames de uma ideologia facciosa, muitas vezes antidemocrática, que presta contas apenas aos seus próprios seguidores”. A ideia da carta, cuja autenticidade foi confirmada à coluna por diplomatas, é chamar a atenção para o Dia do Diplomata, em 20 de abril.

O protesto diplomático II

O texto acusa Ernesto de usar o Itamaraty para mobilizar a base bolsonarista. “Não raro, assistimos à nossa diplomacia, o nosso trabalho cotidiano ser subordinado a interesses de mobilização de uma base política, sem qualquer conexão com interesses permanentes e estruturais do desenvolvimento, da soberania e do bem-estar da sociedade brasileira”. E segue dizendo que as dificuldades da pandemia “descortinam os riscos de uma diplomacia amadora, despreparada e personalista, dirigida por critérios fantasmagóricos”.

Tic-tac-tic-tac

A carta dos diplomatas que se associam aos apelos para a demissão de Ernesto Araújo é uma forte indicação de que, quanto mais tempo Jair Bolsonaro levar para mudar a política econômica, pior para o chanceler. Há, inclusive, o risco de o Senado rejeitar o nome do ministro para uma embaixada, caso Bolsonaro opte por transferi-lo para um posto de destaque. Chegou-se ao ponto que exonerar Filipe Martins não vai salvar o chanceler.

Pelo visto, está sobrando dinheiro

A intervenção federal no Rio de Janeiro terminou quando Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República, mas o gabinete da intervenção continua firme, prorrogado até o final deste ano, mesmo diante dos problemas de carência de recursos para várias ações de governo. Na sexta-feira, por exemplo, o Diário Oficial da União trouxe uma portaria de movimentação de servidores para ordenar despesas por lá.

CURTIDAS

Muito além do discurso/ O ex-ministro Eduardo Pazuello que se prepare. Depois do discurso de despedida, em que mencionou a busca de políticos por um “pixulé” no Ministério da Saúde, ele corre o risco de levar mais um processo por não ter reportado o caso às autoridades competentes.

Michelle na área I/ A primeira-dama Michelle Bolsonaro participa, amanhã, da cerimônia de aniversário dos cinco anos da legislação que implementou o marco legal da primeira infância. O evento vai destacar o programa Criança Feliz, criado no governo Michel Temer, reconhecido internacionalmente como o maior do mundo em visitas domiciliares a crianças e gestantes.

Michelle na área II/ O programa Pátria Voluntária, que ela gerencia, tem feito diversas parcerias com o ministro da Cidadania, João Roma Neto. O mais novo projeto é o Brasil Fraterno, para distribuição de cestas básicas.

Roda a Esplanada, ministro!/ Foi preciso uma ordem do ministro Marcelo Queiroga para que os funcionários do Ministério da Saúde passassem a usar máscaras por lá. Há quem diga que é melhor ele fazer uma blitz em outros órgãos governamentais. Inclusive, no Palácio do Planalto.

Aprovação de Eduardo dada como certa, mas não se sabe a que preço

Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro
Publicado em coluna Brasília-DF, Governo Bolsonaro

Coluna Brasília-DF/ Por Leonardo Cavalcanti

A prioridade tem um número: 03

O presidente Jair Bolsonaro gastou boa parte do discurso do evento comemorativo aos 200 dias do atual governo para fazer campanha para o filho Eduardo, o 03, virar o embaixador nos Estados Unidos. O capitão reformado lembrou que o filho queria sair do Brasil, mas, a partir de conselhos do pai, fez concurso para a Polícia Federal. Antes de ingressar na corporação, viajou para os EUA e trabalhou para custear os próprios gastos. Antecedendo o discurso de Bolsonaro, o presidente da Câmara, Davi Alcolumbre (DEM-AP), deixou claro o entusiamo: “O Parlamento está aberto a estender a mão ao Executivo”.

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No mercado de apostas de Brasília, é dada como certa a aprovação de Eduardo para a embaixada, mas não se sabe a que preço. Como o Correio antecipou na quarta-feira, o diplomata Nestor Forster, anteriormente cotado para o cargo, deverá ser o embaixador alterno, responsável por lidar com o lado operacional da representação brasileira em Washington, enquanto o hoje deputado cuidará dos olavistas-trumpistas. Um detalhe para que Forster aceite o cargo é a ausência de postos diplomáticos importantes e vagos na Europa e na Ásia.

Fernando de Noronha I

Em conversa com o Correio na tarde de ontem, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles — que está em Fernando de Noronha para vistoriar o Parque Marinho —, disse que, no primeiro dia de visitação, constatou uma série de demandas de moradores, comerciantes e pescadores. Ele esteve reunido com representantes da concessionária EcoNoronha, que administra as visitas de turistas ao local. Bolsonaro havia se queixado dos valores cobrados para a entrada nas praias: R$ 106 para brasileiros e R$ 212 para estrangeiros, autorização válida por 10 dias.

Fernando de Noronha II

Amanhã, Ricardo Salles fará anúncios relacionados à ilha durante coletiva de imprensa. Segundo ele antecipou na entrevista ao Correio por telefone, pelo menos duas medidas já foram tomadas: a instalação de banheiros ecológicos nas praias — uma demanda da comunidade, que será custeada pelos donos das pousadas — e melhorias no mirante da praia do Boldró, uma das mais exuberantes de Fernando de Noronha. “Há muita coisa que foi postergada nos últimos anos”, disse Salles.

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Fora da lista tríplice I / Inflado pela turma ideológica do governo para ocupar a chefia do Ministério Público, Aílton Benedito Souza tem um problema para disputar a vaga: ele não é subprocurador, posto dado como crucial entre os últimos escolhidos. O presidente Jair Bolsonaro deve cravar o nome do procurador-geral na primeira quinzena de agosto, um mês antes da saída de Raquel Dodge do cargo. Uma coisa é dada como certa nos bastidores do Planalto: a lista tríplice escolhida pela categoria no mês passado deve ser desconsiderada.

Fora da lista tríplice II / A nova aposta dentro do Planalto é Mônica Nicida, considerada um trator no trabalho e autora de livros jurídicos e especializada em acordos de leniência. Nicida é subprocuradora-geral da força-tarefa da Lava-Jato em São Paulo, uma espécie de general na hierarquia do Ministério Público. A defesa não do nome dela, mas de alguém que tenha o posto de subprocurador, teria sido feita diretamente pelo ministro Dias Toffoli a Bolsonaro, sob pena de o indicado à vaga, que, no plenário do STF, senta-se ao lado do presidente, ser desvalorizado.

Delegado Jorge Pontes. Crédito: Arquivo Pessoal.

Crime.gov / Os delegados da Polícia Federal Jorge Pontes (foto) e Márcio Anselmo lançam, em Salvador, em agosto, o livro Crime.gov — quando corrupção e governo se misturam (Selo Objetiva, R$ 54,90). O evento ocorrerá durante o Simpósio Nacional de Combate à Corrupção, promovido pela Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), nos dias 22 e 23 do mês que vem. Os autores narram, a partir da longa experiência com as próprias investigações, os detalhes de como o crime se infiltrou nas instituições brasileiras.

Proteção de dados / Em parceria com o Instituto Legislativo Brasileiro (ILB), o #Instituto Illuminante promove, no próximo dia 6, o evento “Os Impactos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) na sociedade brasileira”. A palestra será de Adriano Mendes, especialista em direito digital, e ocorrerá, entre 15h e 18h, no auditório Petrônio Portela do Senado. A entrada é franca mediante inscrição prévia no link https://lnkd.in/eYfZHPu.

Itamaraty planeja Eduardo Bolsonaro como um embaixador simbólico

Eduardo Bolsonaro embaixador EUA
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

Caso se confirme no Senado a indicação do filho do presidente Jair Bolsonaro para a embaixada nos Estados Unidos, integrantes do Itamaraty já têm um plano para reduzir danos. Na prática, Eduardo Bolsonaro seria o chefe simbólico da representação em Washington e teria como executivo o diplomata Nestor Foster, inicialmente cotado para o cargo com a volta ao Brasil de Sérgio Amaral, ainda no início de abril.

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Quem conhece os ritos e personagens do Itamaraty acredita que Foster, mesmo posposto por Jair Bolsonaro, se empenharia na tarefa de fazer o trabalho pesado neste primeiro momento. Do grupo de Ernesto Araújo, Foster é considerado um aliado fiel. Foi ele, inclusive, quem teria apresentado o guru Olavo de Carvalho — olha ele aí de novo — para o atual chanceler brasileiro.

Papéis definidos

A eventual configuração na embaixada dos EUA com a confirmação de Eduardo Bolsonaro funcionaria da seguinte forma: enquanto o deputado lidaria com os olavistas e seguidores mais “raiz” do presidente Donald Trump, Foster seria um embaixador alterno, responsável em lidar com o lado operacional da representação brasileira em Washington.

Funções internas

Tal combinação seria voltada para o cotidiano na embaixada, dada a pouca ou nenhuma familiaridade de Eduardo Bolsonaro com a diplomacia ou com os ritos do Ministério das Relações Exteriores. Da porta para fora do prédio localizado na Avenida Massachusetts, número 3006, o filho do presidente seria efetivamente o chefe da embaixada.

Piadas brasilienses

Com Brasília em ritmo de férias, os funcionários mais graduados da Esplanada trocam memes sobre a eventual ida do filho do presidente para Washington. Vale lembrar que, para ser confirmado como chefe diplomático nos EUA, Eduardo Bolsonaro deverá passar pelo crivo dos senadores durante uma sabatina. Resta saber quem será o treinador do deputado federal para o desafio.

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Freio de mão I / A coluna de ontem mostrou que a troca de comando na operação Lava-Jato pelo lado da Polícia Federal deu uma travada nas investigações, algo natural pela falta de memória para traçar novas ações. Mas há outro componente a ser considerado: o substituto do ministro da Justiça, Sérgio Moro, na 13ª Vara Federal, em Curitiba.

Freio de mão II / Aprovado em fevereiro pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região para substituir Sérgio Moro, o juiz federal Luiz Antonio Bonat nunca havia atuado na área penal e é considerado rigoroso pelos próprios pares. Assim, tem um tempo próprio para estudar os processos da Lava-Jato. A aposta é que, ao tomar pé dos autos por completo, a tendência é que o número de despachos aumente.

Denúncias / Com a investigação aberta contra ele na Corregedoria Nacional do Ministério Público, o procurador Deltan Dallagnol tem números favoráveis para apresentar em relação ao trabalho da força-tarefa da Lava-Jato. No primeiro semestre deste ano, foram apresentadas 17 denúncias até agora, contra 14 durante os 12 meses de 2017 e 14 em 2018.

Livro / No próximo dia 22, a escritora Lélia Almeida lança, em Brasília, o livro Numa estrada sem fim que carrego aqui dentro. O evento será no Pinella (CLN 408, bloco B, loja 20), a partir das 18h. O livro reúne 100 textos — minicontos, crônicas, pequenos ensaios e poemas em prosa — que constituem o volume 9 da Série Lilliput da editora gaúcha Casa Verde.