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Brasil e China estão cada vez mais próximos; entenda relação diplomática
Por Vinicius Doria (interino) — As relações entre Brasil e China há muito tempo não se mostravam tão intensas como agora. Autoridades dos dois governos têm mantido encontros frequentes. Depois de se reunir o chanceler Mauro Vieira, o ministro de Negócios Estrangeiros da China (correspondente ao cargo de ministro das Relações Exteriores), Wang Yi, esteve, ontem, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Fortaleza, no último compromisso oficial dele no Brasil.
São muitas as pautas da agenda bilateral, principalmente nas áreas de comércio, energia e tecnologia. Mas o que mobiliza mesmo as duas chancelarias é a possível visita do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil, por ocasião da cúpula do G20, em novembro, no Rio de Janeiro. O líder chinês não costuma participar de reuniões do grupo, porém demonstrou particular interesse na possibilidade desse encontro com Lula — que já o visitou, no começo do ano passado, em Pequim. Uma reunião desse porte vai dar muita agilidade às negociações em andamento para que acordos possam ser assinados em novembro.
O terceiro tema que mobilizou a agenda de Wang Yi no Brasil foi a instabilidade geopolítica global decorrente da guerra na Ucrânia e da escalada da violência no Oriente Médio, agravada com a entrada do Irã no tabuleiro dos ataques armados. E a questão de Taiwan, claro, o mais caro tema da diplomacia chinesa. A posição histórica do Brasil é de defesa do princípio de que há “uma só China”.
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Mesmo conselho
Em Fortaleza, ontem, Lula repetiu ao governador do Ceará, Elmano de Freitas (foto), o conselho que deu ao governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues: “Faça mais do que seus antecessores fizeram”, disse, referindo-se ao atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e ao aliado Cid Gomes (PDT). O presidente ajuda a dar visibilidade às novas lideranças regionais petistas, mirando as disputas estaduais de 2026.
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Tema global
No discurso que fez no lançamento de uma unidade do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) no Ceará, Lula tocou em um tema muito contemporâneo, mas que não costuma entrar nos palanques. É preciso preparar a sociedade para um mundo de máquinas. O que vai valer é o conhecimento, que se desenvolve com educação. “Preferimos um jovem com uma caneta na mão, um computador na mão, produzindo tecnologia, do que trabalhando em coisas que as máquinas podem fazer”, disse o presidente. Está certo.
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Luz no fim do túnel
Na prática, terminou ontem, em Maceió, o trabalho conjunto do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Observatório para Grandes Tragédias para verificar o andamento das ações judiciais referentes ao desastre socioambiental provocada pelo desabamento de uma mina de sal-gema da Brasken. A impressão de quem participou da força-tarefa é a de que é possível resolver as pendências que envolvem o acordo entre a prefeitura da capital alagoana e a mineradora, que engordou os cofres municipais em R$ 1,7 bilhão. “Não está descolado da lei”, disse à coluna um analista da equipe. Outra conclusão: é possível dar agilidade ao pagamento de indenizações às mais de 50 mil pessoas que tiveram de deixar suas casas às margens da Lagoa de Mundaú.
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Negociações diretas
A próxima fase do trabalho da força-tarefa será negociar diretamente com as principais partes do problema: Brasken, prefeitura e governo do estado. Também será cobrada uma solução urgente para os bairros Flexal de Cima e Flexal de Baixo. Os Flexais, como são conhecidos, não correm risco algum, mas o único acesso para as comunidades é por dentro de uma das cidades-fantasma em que se transformaram os bairros evacuados. “É uma tristeza passar por ali, cenário de guerra, casas sem portas, janelas, telhados”, disse o analista.
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Top gun
Não é só a Oragzanização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que programa exercícios de guerra. Guardadas as devidas proporções, aqui pertinho, em Anápolis (GO), dois caças suecos Grippen, adquiridos pela FAB, e um F5, de fabricação norte-americana, participaram de um ensaio de combate em pleno voo. O objetivo foi testar um equipamento que detecta alvos a longa distância pelo calor que emitem, sejam eles aviões, barcos ou veículos terrestres. Um piloto de provas da sueca Saab e dois oficiais da FAB foram escalados para o exercício.
Lula embarca para China em meio a tentativa de estreitar laços financeiros
Por Carlos Alexandre de Souza – Acompanhado de comitiva que inclui ministros, governadores e parlamentares, o presidente Lula embarca para a China em meio um complicado contexto geopolítico. Na semana passada, os termos de negociação sugeridos pelo mandatário brasileiro não foram bem recebidos pelo governo da Ucrânia, que não pretende ceder um milímetro do território à ofensiva russa.
Mas um movimento financeiro, paralelo ao front bélico, está ganhando relevo na complexa conjuntura envolvendo potências mundiais. O Brasil está ampliando a participação no China Interbank Payment System (Cips), sistema de compensação financeira que permite aumentar as transações comerciais entre países, sem a intermediação do dólar. O Cips é uma alternativa ao Swift, sistema financeiro amplamente utilizado no mundo, lastreado na moeda norte-americana.
A queda-de-braço entre o Cips e o Swift é mais uma frente da disputa de poder entre China e os Estados Unidos. Os dois países têm medido força nos últimos doze meses com a guerra da Ucrânia. Após a invasão de Putin, o Swift passou a ser um instrumento de pressionar Moscou por meio de restrição dos fluxos financeiros.
A participação no sistema de compensação oriental — com o uso da moeda chinesa, o yuan — é mais um passo para estreitar laços entre Brasil e China, nosso maior parceiro comercial. A questão é ver as implicações dessa aproximação na relação entre Brasília e Washington.
Bem-vindo
Em entrevista à Voz do Brasil, o presidente Lula disse que pretende fazer as honras de anfitrião ao colega Xi Jinping. “Eu vou convidar o Xi Jinping para vir ao Brasil para uma reunião bilateral. Para conhecer o Brasil, para mostrar os projetos que nós temos de interesse de investimento dos chineses”, afirmou. E sinalizou o objetivo do encontro: “A gente não quer que os chineses comprem coisa nossa, o que nós queremos é construir parcerias”.
Saneamento no STF
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, será o relator da ação protocolada pelo Novo contra dois decretos presidenciais que alteram o Marco do Saneamento Básico. Com as normas, o Planalto pretende ampliar investimentos públicos e privados a fim de cumprir a meta de universalizar o saneamento no Brasil até 2033. No Congresso, diversas vozes já se levantaram, dentre elas a do presidente da Câmara, Arthur Lira.
Indenização
O deputado Gilson Daniel, do Podemos-ES, protocolou um projeto de lei que determina compensação financeira a ser paga pela União às vítimas de ataques violentos nas escolas e aos seus familiares, em casos de morte. A ideia é promover o pagamento de uma indenização única, no valor de R$ 50 mil, a profissionais e familiares que foram vítimas de ações violentas em estabelecimentos educacionais.
Novo Sebrae
O ex-deputado e ex-prefeito de Blumenau (SC) Décio Lima (foto) assumiu, ontem, o cargo de diretor-presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Nacional. Ele substitui Carlos Melles, que renunciou ao cargo em 29 de março, apesar de ter mandato até 2026. Lima anunciou suas metas. “Vou percorrer o Brasil, interagir com os Sebraes estaduais, e ser parceiro de um governo que entende que esse setor é fundamental para recuperar as bases da nossa economia que se perderam com fome e exclusão”, disse.
Partidos estão de olho em cargos nas comissões permanentes no Congresso Nacional
Coluna Brasília-DF, por Luana Patriolino (interina)
Com a definição das mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado, os partidos se preparam para os cargos nas comissões permanentes das duas Casas. Na Câmara, o blocão que se formou em apoio ao presidente Arthur Lira (PP-AL) se mobiliza para ganhar espaço nos colegiados de maior destaque. Entre eles, a Comissão do Meio Ambiente deve roubar a cena em 2023. Isso porque o deputado Ricardo Salles, ex-ministro de Bolsonaro, investigado por contrabando de madeira, negocia para participar do grupo. Agora, resta saber como ele vai se comportar diante das possíveis provocações de seus pares…
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Além da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), vista como a mais importante do Congresso, as comissões de Finanças e Tributação, Fiscalização e Controle e Relações Exteriores e Orçamento também são alvo de disputa entre os políticos. Muita negociação está em curso. No Senado, o cenário é um pouco mais incerto do que o da Câmara. O que se fala nos bastidores é da mobilização da ala bolsonarista mais radical para assumir os colegiados de maior destaque na Casa.
Ouro bandido
O Observatório do Clima e outras organizações ingressaram com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando o artigo 39 da Lei nº 12.844/13 que, segundo eles, facilita a venda de ouro ilegal. A norma dispensa as Distribuidoras de Valores Mobiliários (DTVMs) de checar a origem do minério.
Extração ilegal
Segundo o o advogado Paulo Busse, do Observatório do Clima, a lei federal “desestimula o desenvolvimento de sistemas (público e privado) eficazes de monitoramento e fiscalização da cadeia de extração e comércio de ouro no país, e abre caminho para o escoamento do ouro extraído ilegalmente na Amazônia”.
Causa e efeito
O documento, endereçado à ministra Rosa Weber, alega que a extração do minério é, atualmente, a atividade responsável pelo agravamento do desmatamento e pela violação de uma série de direitos fundamentais na Amazônia.
E por falar em garimpo…
O Ministério Público Federal (MPF) pediu ontem ao governo federal informações sobre quais medidas estão sendo adotadas para o controle do tráfego aéreo na Região Norte, principalmente em territórios indígenas e quilombolas. Segundo as comunidades, o número de pousos ilegais na região aumentou consideravelmente nos últimos dias, após o anúncio de medidas para a retirada de garimpeiros das terras ianomâmis.
Efeito colateral
De acordo com o MPF, tudo indica que o aumento de pousos clandestinos seja de aviões de garimpeiros que sondam a região para a retirada de ouro e cassiterita.
Brasil-China
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que já afirmou querer priorizar a política externa — se prepara para visitar a China em março. Ontem, o chefe do Executivo recebeu o embaixador chinês no Brasil, Zhu Qingqiao, e ressaltou que vai estreitar os laços entre os países.
Apoio no Congresso
No Congresso, cresce o apoio pela parceria sino-brasileira. O deputado federal Fausto Pinato (PP-SP), presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, é um dos entusiastas. “A China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil em 2009, quando Lula colocou o país como um dos parceiros de negócios comerciais mais promissores do Brasil e um aliado estratégico, e a demanda por matérias-primas e produtos agrícolas logo cresceu”, disse o parlamentar à coluna.
“Eu não vou mais atrás da China, se faltar vacina, Bolsonaro terá que ser afastado”
Em evidência desde ontem, quando lançou uma nota em que acusou o presidente Jair Bolsonaro de “grave doença mental” e pregou “a interdição civil” do capitão para “tratamento médico”, o presidente da Frente Parlamentar Brasil-China do Congresso Nacional, o deputado Fausto Pinato (PP-SP), volta à carga nesta amanhã para avisar que o país caminha para ter problemas com os chineses, seja na questão dos insumos para a produção de vacinas, quanto ao agronegócio. “os chineses são pragmáticos e já estão se voltando a investimentos “Quem dá o rumo é o presidente da República. Não vejo essa mudança (de comportamento dele) E, se não mudar, não tem solução. Se faltar vacina e insumo, Bolsonaro precisa ser afastado imediatamente.Não tem conversa”, afirma Pinato ao blog.
Pinato contou ao blog que, das outras vezes, quando Bolsonaro disse que não compraria a vacina chinesa, ou quando o deputado Eduardo Bolsonaro atacou a China nas redes sociais, Pinato fez a ponte com os chineses. No papel de presidente da Frente Parlamentar, instituição valorizada pelas autoridades chinesas, ele tentou explicar que era um fato isolado e não uma posição de governo. “Agora, não tenho mais cara para fazer esse papel. Bolsonaro já trocou dois, três ministros para melhorar essa relação e, agora, vai lá, ele mesmo, e faz insinuações de guerra química. Vai ser difícil renovar contratos no futuro, caso Bolsonaro não mude o discurso”, diz Pinato.
O deputado não vê mudança de comportamento do presidente no horizonte. Nesse sentido, ele vislumbra que não haverá solução.”Quem dá o rumo é o presidente da República. Não vejo essa mudança (de comportamento dele) E, se não mudar, não tem solução. Se faltar vacina e insumo, Bolsonaro precisa ser afastado imediatamente.Não tem conversa”, afirma.
Pinato não é apenas um deputado do interior de São Paulo. É um dos principais aliados do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). São amigos e parceiros, inclusive na convivência social em Brasília. Pinato foi ainda um dos coordenadores da campanha e hoje é citado nos bastidores como aquele que dá os recados incômodos do Centrão, uma vez que, as falas anteriores dos filhos de Bolsonaro contra a Chin terminaram por afastar o deputado da convivência com o presidente. Outros aliados do presidente recomendam que é bom não desprezar tudo o que Pinato diz.
A declaração de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) levantando suspeitas sobre a China ferve nos grupos de WhatsApp dos parlamentares, na manhã desta quarta-feira (25/11), e aumenta a pressão sobre o presidente Jair Bolsonaro. A deputada perpétua Almeida (PCdoB-APC) prepara um pedido para que ele seja destituído da Presidência da Comissão de Relações Exteriores e tem o aval de vários colegas.
“Esse cara está prejudicando o país. Até quando vamos dar asas a esse louco aí?”, pergunta o presidente da Frente Parlamentar Brasil-China e a frente dos Brics (Brasil, Rússia, Índica, China e África do Sul), deputado Fausto Pinato (PP-SP). Até aqui, o presidente Jair Bolsonaro não se pronunciou, o que também preocupa os deputados. “É inaceitável que o filho do presidente se comporte desse jeito e o presidente não faça nada”, diz a deputada.
O movimento suprapartidário tem razão de ser. Os chineses consideram que, quando um deputado se pronuncia sobre qualquer assunto, ele não externa uma opinião pessoal e sim a posição do Parlamento de seu país. O fato de Eduardo ser filho do presidente Jair Bolsonaro torna o caso ainda mais grave perante os chineses, porque, avaliam os diplomatas, passa a ideia de que o governo brasileira avaliza a posição do deputado. Como filho do presidente da República, avaliam, Eduardo jamais poderia ter lançado desconfianças sobre a tecnologia chinesa.
Para quem não acompanhou, eis o que disse Eduardo, na segunda-feira à noite, num tuíte apagado na manhã de terça-feira, depois que o estrago havia sido feito: “O governo @JairBolsonaro declarou apoio à aliança Clean Network, lançada pelo Governo@realDonaldTrump, criando uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”, escreveu o deputado.
A contundência da reação do embaixador chinês, Yang Wanming, indica que ele tem todo o aval de Pequim. A Embaixada menciona em seu comunicado que aqueles que insistem nesses ataques “vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”. O deputado, mais uma vez, provoca uma tensão desnecessária neste momento em que o Brasil depende tanto das compras da China.
5G terá grupo de acompanhamento na Câmara
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que já cansou de dizer que Eduardo não fala pelo Parlamento, pediu a deputada Perpétua Almeida que crie um grupo de trabalho para acompanhamento das negociações em torno do 5G. Ela que já foi presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, avisa: “Não quero saber o que é melhor para a China ou para os Estados Unidos. Quero saber o que é melhor para o Brasil. Quem lida com relações internacionais sabe que Nações não têm amigos nem inimigos, têm interesses”, diz a deputada. Pelo visto, Eduardo faltou a essa aula.
Eleição de 2022 está por trás do veto de Bolsonaro à vacina chinesa
Nem sabatina, nem operações da Polícia Federal. O que pega fogo agora pela manhã na politica são as declarações do presidente Jair Bolsonaro, desautorizando o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no acordo para compra da Sinovac, a vacina chinesa contra covid-19.
Há constrangimento no Ministério da Saúde e já tem algumas autoridades inclusive em consultas ao Congresso e à Justiça, uma vez que, se a vacina for eficaz e aprovada cientificamente, não há motivos para toda essa reação por parte do presidente da República.
O ministro Pazuello afirmou, nessa terça-feira (20/10), que a vacina do Instituto Butantã será a “vacina do Brasil”, numa tentativa de zerar a guerra ideológica envolvendo a vacina produzida inicialmente na China e dar segurança para que o país possa começar a vacinação já primeiro semestre do ano que vem.
O constrangimento no Ministério da Saúde, diante das declarações do presidente Jair Bolsonaro, que, em letras garrafais, respondeu a apoiadores no Facebook que a vacina chinesa não será comprada. O presidente falou a apoiadores, que lhe cobraram explicações sobre a compra da vacina chinesa. O presidente, então, partiu para cima do ministro, disse que a vacina era de João Dória e que a população brasileira não serviria de cobaia.
O receio agora entre os técnicos é que o presidente não permita que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) certifique a Sinovac. Bolsonaro considera que Dória quer usar a vacina como plataforma eleitoral para 2022 e, daí, dizem aliados do presidente, a reação ao acordo fechado por Pazuello.
O Brasil tem outras três vacinas em testes, a da AstraZeneca (Universidade de Oxford), a da Pfizer e a Jansen. O problema é que a está mais adiantada hoje no Brasil é a Sinovac, em parceria com o instituto Butantã.
Coluna Brasília-DF/Por Carlos Alexandre de Souza
Na última semana, as representações diplomáticas das duas maiores economias do mundo reforçaram a intenção de estreitar relações comerciais com o Brasil. O novo embaixador dos Estados Unidos, Todd Chapman, espera duplicar até 2025 o volume de transações entre os dois países, atualmente no patamar de US$ 60 bilhões. “Temos muito trabalho a fazer. Nossas economias podem fazer muito mais juntas”, disse o diplomata. Na sexta-feira, o ministro-conselheiro Qu Yuhui reiterou o interesse da China em ampliar o intercâmbio comercial e a cooperação no combate à Covid-19 com a maior economia da América Latina.
A crise da pandemia representa, portanto, uma oportunidade para o Brasil ocupar uma posição mais relevante e menos subserviente em relação às duas potências. Nesse sentido, é importante reforçar os princípios de uma diplomacia menos ideológica e mais pragmática, que tenha como diretriz uma política externa voltada para o diálogo político e o desenvolvimento econômico. Com a necessidade de reerguer a atividade econômica após a batalha primordial em favor da saúde pública, o restabelecimento de uma diplomacia imune a amadores e diletantes impõe um desafio ao Itamaraty.
Segunda onda
Preocupado com os países que adotam a flexibilização do isolamento social, o diretor da Organização Mundial de Saúde, Tedros Ghebreyesus, alertou para o risco de uma segunda onda da pandemia, muito mais letal, caso a imprudência predomine nas ações de governos e da sociedade. A tragédia de Milão, com mais de 4 mil mortos após o abandono do confinamento, é o marco histórico de quantas vidas se perdem por causa de negligência.
Condições
O chefe da OMS enumera seis condições que devem ser atendidas antes de suavizar as medidas restritivas: a) controlar a transmissão do vírus; b) garantir a assistência e a saúde pública; c) minimizar o risco em unidades de saúde permanentes; d) implementar medidas preventivas no trabalho, em escolas e outros locais de alta frequência; e) controlar o risco de casos importados; f) finalmente, responsabilizar a população.
Consciência
Ante essas recomendações, vem a pergunta: estamos a seguir essas orientações?
Aviso geral
Déborah Duprat (foto), titular da Procuradoria dos Direitos do Cidadão, alertou em nota técnica que os gestores inclinados a afrouxar as medidas restritivas sem considerar a capacidade do sistema de saúde local podem ser responsabilizados por improbidade administrativa. A infração implica até perda de mandato para agentes públicos em nível municipal, estadual e federal. Duprat observa que é “dever do Poder Público garantir o direito fundamental à saúde da população” e que a lei prevê “que as políticas públicas respectivas devem estar voltadas à redução do risco”.
Elas ensinam
Em artigo de opinião, a jornalista norte-americana Melinda Crane descreveu as qualidades de Angela Merkel e da rainha Elizabeth II ao se dirigirem às nações que comandam. Discurso sem rodeios nem falsas promessas, empatia e dignidade são virtudes que, segundo Crane, destoam da postura de políticos como Donald Trump. “Se os líderes se comportam com disciplina e comunicam com respeito, eles impulsionam os cidadãos a agir”, acredita a jornalista.
Vai passar
Que este domingo de Páscoa renove a esperança. #FiqueEmCasa.
Coluna Brasília-DF
O constrangimento provocado pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, com os chineses e as ameaças de demissão ao da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, acabaram por desgastar o presidente Jair Bolsonaro com dois grupos que ele acreditava contar no Congresso. A bancada da saúde, que indicou Mandetta, e a do agronegócio, que patrocinou Tereza Cristina, tornam públicos seus descontentamentos.
Fervem reclamações a respeito do comportamento de Weintraub e, ainda, do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), sem uma resposta contundente por parte do governo federal em relação aos dois. “O presidente Jair Bolsonaro tem que afastar imediatamente os conselheiros do gabinete do ódio, seja o ministro de Relações Exteriores (Ernesto Araújo), o da Educação e alguns dos filhos. Tem que pensar nos interesses do país. Se copia tanto o Trump, vamos copiar nisso”, diz o presidente da Comissão de Agricultura, Fausto Pinato (PP-SP).
Visão da Faria Lima
Agentes do mercado financeiro em São Paulo atribuíam a virada dos negócios, com a queda do dólar e subida da Bolsa de Valores, à “caneta sem tinta” de Bolsonaro.
Por falar em “caneta”…
A sumida de Bolsonaro, ontem, foi atribuída à raiva com a repercussão sobre o tenso dia em que tentou demitir o ministro da Saúde. A tensão continuará até o fim da crise. Com ou sem Mandetta.
Se é contra eles, eu faço
Um argumento que pesou, e muito, na decisão para Bolsonaro não demitir Mandetta foi a certeza dada pelos auxiliares de que essa atitude reforçaria o cacife de João Dória e de Wilson Witzel junto ao eleitorado.
“O poder do presidente é grande, mas é um presidencialismo compartilhado. O presidente que não entende isso corre o risco de cair”
Do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante videoconferência promovida por consultoria
A culpa é do Rodrigo?
Não faltaram aliados de Bolsonaro para culpar Rodrigo Maia, por causa das ameaças feitas pelo presidente de usar a caneta para os ministros que “estão se achando”. O presidente da Câmara declarou, dia desses, que o capitão não teria coragem de demitir Mandetta, e deu no que deu.
Lupa nas reservas
O senador Jader Barbalho (MDB-PA) voltou a cobrar do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que o Banco Central responda detalhadamente tudo o que foi feito e o que será feito com as reservas internacionais, que já foram de US$ 390 bilhões e agora estão em US$ 340 bilhões. Até hoje não recebeu resposta.
Mandetta para internautas/ Renan Santos, do Movimento Brasil Livre (MBL), fez um vídeo para traduzir os recados de Mandetta a Bolsonaro durante a entrevista da segunda-feira: valorizou a equipe, coisa que o presidente não fez no domingo; mencionou O Mito da Caverna, de Platão, para marcar a diferença entre ignorância e conhecimento; falou do papel do estado, de proteger a vida das pessoas. E sobre ser líder, que não precisa ficar o tempo todo buscando apoios nas redes sociais.
Obcecado/ Enquanto os ministros Braga Netto, Luiz Henrique Mandetta, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, davam a coletiva do dia, Bolsonaro compartilhava no Twitter entrevista da médica Nise Yamaguchi sobre o uso da hidroxicloroquina.
Quem quiser, que banque/ O Muda Senado vai defender, enquanto der, a proposta de destinar o fundo eleitoral para o combate à Covid-19, assunto que foi, inclusive, objeto de uma ordem judicial. “Quem quiser ficar com os recursos que depois vá explicar ao seu eleitor que não quis destinar os recursos ao combate ao coronavírus. Aí, quero ver”, afirmou o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
Pausa de Páscoa/ Nestes feriados, a coluna ficará a cargo do nosso editor, Carlos Alexandre de Souza. Volto na semana que vem. Boa Páscoa a todos. Dentro de casa.
Coluna Brasília-DF
Menos, Weintraub, menos/ Foi considerado mais uma trapalhada o post do ministro da Educação, Abraham Weintraub, no Twitter, ironizando o sotaque asiático com menções ao personagem Cebolinha, de Maurício de Sousa. “Como vamos conseguir ajudar na relação com a China com auxiliares do presidente agindo assim? Já não bastou a barbeiragem do ministro Ernesto e (do deputado) Eduardo? Falta de responsabilidade!”, comentou o coordenador da Frente Parlamentar Brasil-China e da Frente dos Brics, deputado Fausto Pinato (PP-SP).
Pior impossível/ O comentário irônico veio justamente na data em que a China promoveu um dia de luto nacional por causa das mortes pela Covid-19. A postagem de Weintraub foi criticada, inclusive, por apoiadores de Bolsonaro. Alguns classificaram o ministro nas redes como “um grande imbecil”.
“Votei em Bolsonaro, não nos filhos. Ou ele dá um castigo no filho ou será castigado junto “
A crise que o deputado Eduardo Bolsonaro criou com a China deixa o governo brasileiro a um passo de perder o apoio da poderosa Frente Parlamentar de Agricultura e do setor que, em meio à crise econômica causada pelo coronavírus, ainda dar pode dar algum respiro à economia. O recado, acompanhado de uma espécie de ultimato a Bolsonaro, foi levado ao governo pelo deputado Fausto Pinato (PP_SP), presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, da frente parlamentar Brasil-China e também da Frente dos BRICS Brasil-Rússia-India-China e África do Sul. Pinato diz que foi informado pelo governo chinês que não haverá retratação por parte do embaixador Yang Wanming porque quem foi ofendida foi a China. A nota do Ministério das Relações Exteriores, diz o deputado, só piorou as coisas. “O pior agora e se acovardar, se esconder atrás do do Ministério de Relações Exteriores”, diz Pinato, referindo-se ao presidente Jair Bolsonaro. Pinato vai mais além: “Ou ele está passando a mão de um menino mimado ou é chantageado pelos filho. Votei em Bolsonaro, não nos filhos. Ou ele castiga o filho ou será castigado junto”, diz Pinato ao blog.
O deputado é aliado de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro. É amigo, de frequentar inclusive o Palácio da Alvorada. Participou da comitiva de Bolsonaro à China e hoje, entro da frente parlamentar Brasil-China, ajuda a fazer ponte para investimentos. Durante toda a tarde, o deputado tentou falar diversas vezes com o presidente, para, na camaradagem, apelar pela retratação. Enviou mensagens para o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Até agora, não obteve resposta. “Sou amigo do Bolsonaro, gosto dele, gosto muito do Flávio. Mas, sou deputado federal e tenho que pensar no país”, diz ele, cobrando uma retratação do presidente, a fim de restabelecer o bom clima com os chineses que atualmente preparam uma série de investimentos no Brasil, em especial, na área de infraestrutura.
“Aplaudo a aproximação com os Estados Unidos, mas quem investe aqui é a China. Politica internacional não tem ideologia. Se a China errou ou deixou de errar é o que menos importa agora. Temos uma parceria forte com a China e precisamos manter-la pelo bem do Brasil. Temos que acabar com o ‘coronaestupidez’, que faz parte da família do presidente e do entorno que serve ao insano Olavo de Carvalho”, comenta.