Além de formar a base política, o governo do presidente Jair Bolsonaro terá que, aos poucos, tentar harmonizar a sua relação com a imprensa. No Congresso, por exemplo, assessores informaram que, por ordem do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), foram retiradas todas as poltronas do Salão Verde. Uma jornalista grávida conseguiu uma cadeira graças a uma assessor da Câmara que enfrentou o segurança do Senado e levou uma cadeira até o Salão Verde para a repórter. Nos bastidores, houve quem dissesse que as cadeiras foram retiradas porque havia o receio que alguém jogasse uma cadeira nas autoridades.
Na chegada ao Congresso, 9h07 da manhã, depois de mais de uma hora de espera no CCBB, nem água estava liberada para os jornalistas. O acesso à sala de café anexa ao plenário foi cortado. Só depois de muita reclamação, houve a liberação do acesso ao Comitê de imprensa do Senado. O da Câmara ainda permanece fechado, mas o presidente Rodrigo Maia prometeu abrir. O vice-presidente, Fábio Ramalho, permitiu o acesso ao seu gabinete para café e água. A liderança do Democratas, idem.
Enquanto isso, no Itamaraty, jornalistas foram confinados numa sala, de onde só poderiam sair depois das 17h. Um grupo de jornalistas estrangeiros pediu inclusive para voltar ao CCBB, a fim de tentar fazer a cobertura por outros meios, que não a simples visualização da chegada das autoridades.
Alguns, entretanto, tiveram acesso privilegiado. Há um grupo seleto, escolhido a dedo pelo governo que assume daqui a pouco, convidado a fazer uma cobertura especial. Se uma boa relação não for estabelecida, à maioria dos jornalistas restará a frase da juíza Gabriela Hardt, estampada dia desses na camiseta da primeira-dama: “Se começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema”. Aliás, não são poucos os profissionais que agora de manhã repetiam essa frase aqui no Congresso. E segue o baile da espera pela posse do presidente Jair Bolsonaro.
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