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Ao ceder na Previdência, Bolsonaro tenta contornar o toma lá dá cá

Coluna Brasília/DF

Ao admitir negociar mudanças na reforma previdenciária, inclusive a idade mínima para mulheres, o presidente Jair Bolsonaro tenta contornar o toma lá dá cá a que alguns deputados e senadores insistem em pressionar o governo. A ideia da cúpula do Poder Executivo, embora haja conversas sobre cargos de segundo escalão para aliados, é negociar o mérito do projeto, dando discurso para que a futura base aliada aprove a proposta no plenário das duas Casas. Afinal, o governo sabe que, se voltar à velha batida de “ei, você aí, me dá um cargo aí”, vai perder apoio popular, o que também é fundamental para aprovar a nova Previdência.

O medo deles

Nos bastidores da reforma previdenciária e de outras prioridades do país, as excelências discutem meios de tentar jogar para escanteio o festival de candidatos laranjas detectados em vários partidos e estados na última campanha eleitoral e as suspeitas de desvios de recursos. O medo de muitos é de que as denúncias terminem forçando o fim do fundo eleitoral, e o financiamento das campanhas municipais de 2020, por exemplo, fique restrito a doações de pessoas físicas e a um pedaço do Fundo Partidário.

É por aí

Há quem diga que está pronto o caldo para extinguir o fundo eleitoral: dificuldades de recursos para investimento, uma nova Previdência que exigirá sacrifícios de todos, e, de quebra, as denúncias de desvio de recursos de campanha. O Partido Novo, aliás, dispensou o uso do fundo eleitoral e prega o fim da partilha desses valores. Agora, está com a faca e o
queijo na mão.

Quem manda…

Ao dizer que pode mudar a idade mínima para a aposentadoria das mulheres e combinar com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, um “desconvite” à fundadora do Instituto Igarapé, Ilona Szabó, para o Conselho de Política Criminal e Penitenciária, o presidente Jair Bolsonaro assume definitivamente o comando do governo: os ministros podem muita coisa, mas a palavra final é do capitão.

Ela vai atropelar I/ É bom o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), se preparar: a nova líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann, do PSL-SP, não é do tipo que cuidará apenas da tramitação de projetos relacionados a vetos presidenciais e questões orçamentárias, temas discutidos nas sessões conjuntas das duas Casas.

Ela vai atropelar II/ Nos bastidores, os deputados citam Joice como dotada de “muita energia para uma pessoa só”. Por isso, quando Vitor Hugo acordar, ela estará cuidando de tudo: dos projetos governamentais da Câmara e do Congresso e da pré-candidatura a prefeita de São Paulo.

Guaidó sem tapete vermelho/ A recepção a Juan Guaidó no Congresso não teve o tapete vermelho destinado a visitas oficiais de chefes de Estado. Ali, foi tudo muito rápido e mais discreto do que no Planalto.

Troca de comando nos portos/ A Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) está sob nova gestão a partir de hoje. Quem assume o cargo de presidente é Jesualdo Conceição da Silva, administrador de empresas, com larga experiência no setor. O executivo foi responsável pela condução dos projetos de concessão junto ao governo federal, que tem, atualmente, os portos como uma das prioridades da área de infraestrutura.

Denise Rothenburg

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