Integrantes do Partido Progressista estão cada dia mais empenhados em evitar estragos na campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Contudo, a avaliação de alguns é de que “estão enxugando gelo”, porque há um grupo no entorno de Bolsonaro que insiste no debate sobre a urna eletrônica. Nesse sentido, até 2 de outubro, data da eleição das bancadas, os partidos vão empurrar essa tensão. Num segundo turno, porém, a história será diferente: ou o presidente segue a cartilha mais alinhada, com a recuperação da economia, ou o risco de abandono será grande, uma vez que deputados e senadores já estarão eleitos.
Da parte dos integrantes da ala política do governo, a ordem é virar essa página. É o que tem feito o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Em seminário sobre o Equilíbrio entre os Poderes, promovido pelo grupo Esfera, em São Paulo, ele ressaltou o caráter de maturidade das instituições, com Bolsonaro, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer presentes à posse de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Os temas para debate são livres. Não tem conflito. E o fato de pensar diferente não quer dizer que tenha conflito”, disse Ciro.
O TSE tem a força
No evento do grupo Esfera, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, deu ainda uma senha ao presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, que recebe na semana que vem o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio: se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entender que as propostas do Exército não contribuírem para melhoria do sistema, essas sugestões devem ser descartadas. “O Exército foi convidado a opinar (…) Ninguém é obrigado a aceitar.” Para bons entendedores, está claro que Bolsonaro pode debater o que quiser, mas não contará com o PP para qualquer ato de força, em caso de derrota ou rejeição às propostas dos militares.
Em São Paulo, as impressões daqueles que conhecem o dia-a-dia da política local levam a crer que, se o presidente Jair Bolsonaro abrir uma grande vantagem em relação ao ex-presidente Lula, arrasta Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o segundo turno. Caso contrário, se o presidente encolher, quem vai para a fase final por lá é o governador-candidato, Rodrigo Garcia (PSDB).
Por falar em Bolsonaro…
A ausência do governador-candidato Ibaneis Rocha ao debate do Correio Braziliense/TV Brasília com os candidatos ao governo do Distrito Federal deixou o presidente Jair Bolsonaro sem defensor. Nos púlpitos, a maioria ali é adversária ao presidente da República. E o PSD de Paulo Octávio, que também corre na raia dos votos de Ibaneis, está neutro na eleição presidencial, com um pé em cada canoa.
Se a moda pega…
A suspensão de repasses de recursos para a campanha de Roberto Jefferson ao Planalto acendeu o pisca-alerta dos partidos. Nove em cada dez advogados passaram o dia preocupados com seus clientes enrolados em processos ficarem sem dinheiro para botar a candidatura na rua.
Centrão é legal!/ No debate em São Paulo, o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli repetiu que o Centrão é visto como algo “pejorativo ou maléfico”, mas não é bem assim. “Ainda bem que temos um centrão ou centro que distensiona e transita entre os extremos, que não prega ódio e não prega desavenças. Não podemos criar impasses que se criaram em países vizinhos, Venezuela, Argentina”, lembrou.
Não vai ter golpe/ “As nossas Forças Armadas sabem o preço que pagaram quando ficaram no poder por muito tempo. Foram chamadas para intervir e devolver o poder aos civis. Quando resolveram ficar, viram que aquilo foi um desastre. (…) Criamos coisas boas nesse período, mas também criamos um país burocrático e travado”, avaliou o ministro.
Memória I/ Toffoli lembrou que, quando a urna eletrônica foi instalada em todo o país, ele era advogado do PT. Havia uma desconfiança do partido de que o sistema poderia beneficiar José Serra, amigo do então ministro Nelson Jobim, com quem dividiu apartamento nos tempos de deputado. “Imaginava-se que (as urnas) seriam fraudadas para que o Serra ganhasse. Sempre testemunhei que aquilo era impossível, urnas não eram em rede, todo o sistema era auditável”, disse.
Memória II/ Toffoli ainda citou o caso de 2014, quando o então candidato, Aécio Neves, perdeu a eleição para Dilma Rousseff, inclusive em Minas Gerais. “O próprio Aécio reconheceu depois que errou ao reclamar das urnas. O país precisa virar essa página”, comentou. “Todos os políticos aqui foram eleitos pela urna eletrônica. O TSE não decide eleição. Quem decide é o povo, soberanamente”, afirmou.
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