O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, deixa o cargo, mas o governo não vai dispensá-lo simplesmente. Está em curso a preparação de uma narrativa para jogar no colo do quase ex-ministro tudo o que der errado daqui para frente. Algo do tipo, Mandetta não planejou, Mandetta gastou, Mandetta subestimou, Mandetta demorou, Mandetta falou e não agiu, e por aí vai.
O quase ex-ministro já percebeu que esse jogo virá. Por isso, nas últimas entrevistas, tem dito que sempre agiu de acordo com a ciência, a saúde e o sistema único que vigora no Brasil. Também ressaltou que sua gestão foi marcada pela transparência, ou seja, não escondeu os números e a situação dos serviços de saúde.
Agora, sob nova direção, restará saber que tipo de autonomia o futuro ministro terá para se pautar pela ciência e não pelos desejos do Planalto e dos apoiadores mais fiéis do presidente da República. Esse será o primeiro teste: Atravessar a pandemia dentro do que requer a ciência, sem esconder dados e sem cair na tentação de ficar apenas reclamando do antecessor __ um médico que adquiriu o respeito e a admiração do corpo técnico do Ministério da Saúde. Portanto, se quiser ganhar a equipe, o novo ministro, seja quem for, terá que se equilibrar entre as determinações técnicas e os desejos palacianos, desprezando a narrativa em gestação nos escaninhos bolsonaristas, de desconstruir totalmente a imagem do quase ex-ministro.
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