As grandes empresas do país não tiram os olhos dos movimentos dos caminhoneiros, que ameaçam paralisar o Brasil na próxima segunda-feira. O empresariado, que já sofre com a pandemia, estuda alternativas para evitar os estragos sofridos em 2018, quando o país enfrentou problemas no abastecimento por causa da greve no setor.
A preocupação dos empresários chegou ao governo e deixou duas missões para Jair Bolsonaro nesses dias finais de janeiro: evitar essa greve e, ao mesmo tempo, eleger Arthur Lira (PP-AL) presidente da Câmara. Para o governo, uma paralisação nesse segmento seria uma derrota política expressiva para o presidente, ainda que o deputado leve a Presidência da Casa. Deixará a sensação de que Bolsonaro trocou o apoio de parte daqueles que o elegeram em 2018 pelo toma lá dá cá da velha política.
Vale lembrar que, quando obteve o apoio dos caminhoneiros, o presidente eleito prometeu mundos e fundos à categoria. Acontece que o país não tem Orçamento aprovado, está com um deficit nas contas na casa dos R$ 800 bilhões e, de quebra, há toda uma pressão para a compra de vacinas e toda a gama de serviços públicos, cada vez mais demandados pela população que perdeu renda em 2020.
As últimas declarações do vice-presidente Hamilton Mourão a respeito do distanciamento entre ele e Bolsonaro foram vistas por atores da política como um sinal de “aquecimento” para o futuro. Até aqui, porém, o impeachment do presidente é tratado pelos partidos de centro como “flor do recesso” –– aquela que cresce quando o Congresso não funciona e se torna uma plantinha inofensiva com a retomada dos trabalhos do Legislativo.
Bolsonaro no “tudo ou nada”
Aliados de Bolsonaro têm sido unânimes em afirmar, nos bastidores, para os deputados votarem em Lira nos seguintes termos: “Olha lá, hein? O presidente não pode perder esta eleição de jeito nenhum”.
Festa na Marinha/ O almirante de esquadra Marcos Silva Rodrigues assume, amanhã (29/1), o posto de chefe do Estado-Maior da Armada. A solenidade será 10h, no Clube Naval de Brasília.
Ela vai de Van Hattem/ Candidato a presidente da Câmara, o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) tem, pelo menos, um voto no primeiro turno fora do seu partido: a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF) definiu o apoio a ele porque sabe que ele está fechado com a PEC da prisão em segunda instância.
Aliás… / A eleição para presidente da Câmara ficou muito mais no toma lá dá cá e no impeachment do que no dever de casa pendente no país, leia-se reformas e as pautas que o Congresso não consegue levar adiante há anos, seja por falta de apoio do governo, seja por enrolação das excelências.
Se a moda pega…/ O pedido de prisão do prefeito de Manaus, David Almeida, por causa dos casos de fura-filas da vacinação deixa vários administradores municipais em pânico. Se a moda pega, além de faltar imunizante, vai faltar cadeia. Afinal, um número expressivo de prefeitos não tem sequer um mês de mandato e já vai ficar devendo explicações à Justiça.
Por falar em explicações…/ Além da CPI para apurar o caos na saúde em Manaus e demora na compra das vacinas, vem aí a CPI do leite condensado. 2021 promete. Compete ao governo explicar em vez de xingar e tirar o portal da transparência do ar.
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