Coluna Brasília/DF, por Denise Rothenburg
No papel de pré-candidato oficial do PSDB à Presidência da República, o ex-governador de São Paulo João Doria ocupará o horário gratuito do partido que vai ao ar na tevê a partir de 26 de abril. Só tem um probleminha: com o presidente do partido, Bruno Araújo, afastado da coordenação da pré-campanha, aliados de Eduardo Leite dentro do PSDB já estão em campo para aproveitar a situação e tentar dar fôlego ao nome do ex-governador gaúcho. A ordem é espalhar a ideia de que haverá uma chapa única dos partidos de centro em 18 de maio. E não será Doria o escolhido.
Da parte dos aliados de Doria, a avaliação é a de que a pré-candidatura de Leite não existe, porque foi derrotada na prévia, realizada democraticamente pelo partido. Essa situação, segundo a turma do ex-governador paulista, só muda se ele abrir mão de concorrer ao Planalto. Ou seja, os tucanos viverão 30 dias de muito empurra-empurra.
A reforma tributária em discussão no Senado, por meio da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 110, tem como pano de fundo uma queda de braço entre as montadoras de veículos instaladas no país. É que o grupo Stellantis, proprietário das marcas Fiat e Jeep, é beneficiado por uma emenda do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), para prorrogar o subsídio de incentivos fiscais que a fábrica das montadoras recebe por sua unidade em Goiana (PE).
As demais montadoras são contra e já começaram um périplo pelo Legislativo para barrar a proposta de Bezerra. Até aqui, a andança tem funcionado. Começa a cristalizar o discurso de que já deu tempo de a empresa atrair e amortizar o investimento. Para completar, o resultado do grupo, em 2021, foi expressivo e não justifica mais destinar R$ 5 bilhões por ano a uma única fábrica.
Os argumentos ainda vão mais além. Primeiro, o incentivo termina reforçando o lucro de uma empresa privada em vez de destinar recursos aos fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM). Quanto à geração e empregos, outras montadoras que podem se instalar por ali acabam desestimuladas, por causa dos benefícios concedidos a quem já está na região.
“A política já foi xadrez, depois virou pôquer. Passados alguns anos, foi transformada em truco. Hoje é MMA”
Paulo Kramer, cientista político e professor
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