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Coluna Brasília/DF, publicada em 21 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
Quanto mais perto da conversa entre os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, para resolver a questão das emendas, mais tenso fica o ambiente. Deputados começam a dizer, em conversas reservadas, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa convencer Dino e liberar as emendas. Afinal, a conversa até o fim de 2024 era de que, aprovada a legislação que deu mais transparência às propostas dos parlamentares ao Orçamento, estaria tudo resolvido. Para os deputados, aliás, já está. E Dino, até por ter sido nomeado pelo presidente para o cargo que ocupa — e não ter sido colocado no STF por concurso público —, deveria aceitar o que foi acertado entre o Parlamento e o Executivo.
E vai ficar pior
Dino, porém, tem agora uma função na qual não obedece a ordens de outros Poderes. Esta semana, por exemplo, pediu ao governo que explique emendas Pix para o programa emergencial do setor de eventos — Perse. A amigos, tem dito que segue a Constituição, que determina o bom uso do dinheiro público. Ele tem sido tão incisivo nas posições que os parlamentares passam esses dias, antes da reunião de 27 de fevereiro, certos de que haverá, antes do carnaval, nova operação da Polícia Federal sobre emendas. Esse tema, avaliam alguns, tem muito mais potencial para estragos do que a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro ou a anistia aos golpistas do 8 de Janeiro de 2023.
Tá explicada…
O Ministério da Saúde se firma como uma das pastas que mais despertam interesse de prefeitos e gestores municipais na Esplanada. Durante os três dias de Encontro dos Novos Prefeitos e Prefeitas, em Brasília, a pasta realizou 3.260 atendimentos a parlamentares, prefeitos e secretários, por meio da Assessoria Especial de Assuntos Parlamentares e Federativos. Desse total, cerca de 500 foram atendidos pela própria ministra Nísia Trindade, que chegou a receber, em um único dia, 100 gestores municipais, acompanhados de parlamentares em seu gabinete.
…a fritura
Quanto mais um ministério atende a prefeitos, mais chama a atenção dos políticos. Daí a possível transferência do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para a Saúde. Essa mudança é vista mais como um prêmio por ele ter sido um fiel escudeiro de Lula e aguentado firme os desgastes com os partidos nesses dois anos de governo.
Larguem o retrovisor
Empresários que circularam em eventos na cidade, esta semana, eram unânimes em afirmar que não suportam mais essa briga entre bolsonaristas e petistas. Se depender deles, 2026 será o momento de desprezar os dois polos. Para isso, acreditam que precisam encontrar um candidato equilibrado e que… tenha votos.
Olhem para frente
Outra crítica ferrenha do setor produtivo é sobre o que chamam de “sanha” sobre o 8 de Janeiro de 2023 e contra Bolsonaro. Os empresários acreditam que não há risco para a democracia e que está se perdendo tempo e energia, que deveriam ser canalizados para segurar a inflação e os juros. Dizem que o povo é “pragmático” e deixou esse episódio de lado.
Surpresa zero
Os políticos já sabiam que haveria uma denúncia contra Bolsonaro. O que eles ainda têm dúvida é sobre a capacidade de o ex-presidente inflamar as ruas. Tem muita gente que se sentiu abandonada por ele, logo depois da eleição. Naquele período, Bolsonaro se fechou no Alvorada e, praticamente, só saiu para voar aos Estados Unidos, antes de deixar o cargo.
CURTIDAS
A hora do MDB/ Os deputados Aécio Neves, Paulo Abi-Ackel e Beto Richa tiveram encontro com a cúpula do MDB, no escritório do ex-presidente Michel Temer, em São Paulo. O MDB foi representado pelo presidente Baleia Rossi e pelo ex-ministro Vinícius Lummertz. Saíram animados pela busca de uma construção rumo ao futuro, inclusive de candidatura alternativa para a Presidência da República, em 2026.
Foi amor de verão/ Esse diálogo com o MDB ocorre depois de encerradas as conversas entre o PSDB e o PSD para uma possível fusão. A avaliação dos tucanos é de que Gilberto Kassab não abrirá mão da governança partidária e da escolha do futuro. Portanto, os tucanos estão fora. Preferem algo em que tenham mais voz ativa. Além do MDB, conversam com o Podemos.
Vídeos e emoção/ Ao liberar os vídeos da delação de Mauro Cid, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, agiu para colocar mais veracidade no que foi dito pelo ex-ajudante de Ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, considerado um dos que mais pagou pela tentativa de golpe relatada no pedido de denúncia da PGR contra 34 pessoas.
Só ele tem a força/ A dificuldade de a deputada Delegada Catarina (PSD-SE) segurar a briga, no plenário da Câmara, é normal, segundo alguns parlamentares. É que, no início da legislatura, só o presidente da Casa consegue controlar o plenário. E se não for firme na largada, perde a mão logo adiante.
Caso das quentinhas acirra disputa na Esplanada e pressiona o ministro Wellington Dias
Coluna Brasília/DF, publicada em 9 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
A divulgação do escândalo da “ONG das Quentinhas” caiu como uma luva no desejo dos partidos de centro, de pressionar o governo para que substitua o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), e abra mais espaço para os centristas na seara dos projetos sociais governamentais. Não é de hoje que os partidos mais conservadores que apoiam o governo pedem, sem sucesso, espaço nas áreas sociais — saúde, educação, assistência social — e também na articulação política palaciana. Na quarta-feira, o Jornal O Globo trouxe à luz a história de uma ONG ligada a petistas que tem um contrato de R$ 5,6 milhões para entrega de quentinhas e não presta devidamente o serviço à população. O ministério já suspendeu o contrato, mas a confusão está armada.
Na oposição, a ideia é buscar uma CPI que possa investigar os contratos do governo com ONGs, numa nova apuração sobre as organizações não governamentais. Desta vez, com o foco naquelas que prestam serviços sob o guarda-chuva do Ministério do Desenvolvimento Social, pasta ocupada pelo PT. É mais um ponto de desgaste, neste momento em que o Poder Executivo se vê pressionado pela troca na articulação no Planalto, pelo aumento dos preços nos supermercados e com uma popularidade que, para os padrões de governos Lula, deixa a desejar.
Dino em voo solo
O escândalo envolvendo recursos repassados à ONG ligada a petistas já fez circular entre os deputados do centro a certeza de que o ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino trabalha de forma independente do governo. Embora não haja qualquer resquício de que o caso da “ONG das Quentinhas” tenha saído das investigações da PF solicitadas por Dino, os políticos já fizeram essa leitura nos bastidores.
A certeza da oposição
As redes sociais dos oposicionistas foram inundadas com a fala do presidente da Câmara, Hugo Motta, à rádio Arapuan FM, da Paraíba, sobre o quebra-quebra de 8 de janeiro de 2023. A forma como o presidente da Câmara se posicionou, criticando penas exageradas, foi vista como um indicativo de que, se o tema for a votos na Câmara, a tendência hoje é de aprovação da anistia.
Equilibra aí
Os petistas já sabiam que Hugo Motta não seria um aliado 24 horas, mas, ainda assim, não imaginavam que ele, logo na primeira semana, entraria no debate da anistia, com tendência de simpatia à proposta. Para muitos, foi um sinal de que, ao contrário do que o governo espera, não será um ano tranquilo na Câmara. A esperança agora é que Motta, ainda que seja mais oposicionista nesse tema, ajude nas medidas econômicas.
Tem que dosar
A tendência de aprovação, porém, não é para uma anistia ampla, nos moldes do que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados mais fiéis desejam. A inclinação dos partidos de centro será no sentido de anistiar quem não participou diretamente dos atos de vandalismo.
CURTIDAS
Muda aí/ O Progressistas aposta no presidente da Câmara, Hugo Motta, para tentar reverter a posição da bancada do Republicanos contrária à federação com o PP e o União Brasil. Há quem diga que a amizade que une o presidente do PP, Ciro Nogueira, e o presidente Hugo ajudará nessa missão.
Por falar em acordos partidários…/ O PSDB começou a recolher os flaps nos planos de voo de fusão com o PSD. Até o carnaval, será difícil tomar uma decisão.
Você, pra mim, é problema seu/ Se o partido não conseguir fechar a fusão, os governadores vão cuidar da própria vida e deixar a legenda. Em Pernambuco, por exemplo, Raquel Lyra já está com um pé no PSD, de Gilberto Kassab.
Antenadíssima/ A jornalista Kátia Cubel, CEO da Engenho Comunicação, lança nesta segunda-feira a revista Antenados. A primeira edição está dedicada a mulheres que fazem a diferença na capital do país.
Num restaurante de Brasília, os tucanos conversavam na noite desta terça-feira sobre a perspectiva de fusão com o PSD de Gilberto Kassab. Até aqui, há mais pendências do que acertos para selar essa união. É que, em muitos estados, o PSD é muito grande, portanto, é preciso definir espaços que caberiam aos tucanos, especialmente, na disputa eleitoral de 2026. E, como a eleição é só no ano que vem, a decisão final sobre essa junção das duas legendas ainda vai demorar. “Ainda tem muita conversa pela frente”, avalia Perillo. Da esquerda para a direita, o ex-presidente nacional do PSDB e ex-deputado Bruno Araújo (PE), os deputados Paulo Abi-Ackel (MG) e Beto Richa (PR), o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo (GO), e o líder da bancada na Câmara, Adolfo Viana (BA).
Convite de Izalci para filiação de Marcos do Val provoca onda de indignação no PSDB
Por Vinícius Doria – Para se manter na liderança da bancada, despachar de uma sala estrategicamente localizada em frente ao Plenário e comandar uma equipe de cerca de 20 assessores, o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF), se meteu em uma enrascada que deixou o ninho tucano em polvorosa. O anúncio de que o senador capixaba Marcos do Val aceitou trocar o Podemos pelo PSDB a convite do líder, conforme esta coluna antecipou na edição de ontem, provocou uma onda de indignação na legenda que jogou por terra a tentativa de manter a estrutura da liderança tucana no Senado. Do Val seria o terceiro senador da minguada bancada do PSDB — quantidade mínima, pelas regras da Casa, para ter o direito de indicar líder de bancada, com cargos e gabinetes específicos.
A filiação de Do Val foi torpedeada por todos os lados. A Executiva Nacional só ficou sabendo da articulação de Izalci depois de procurada pelo Correio, na noite de quarta-feira. Ontem, soltou uma nota informando que vetará a filiação. Sobre a possibilidade de a legenda perder o direito à sala da liderança, um dos caciques comentou: “Paciência, que perca”. Esse é o clima no tucanato.
No Espírito Santo, a reação foi a mesma. O presidente do partido no estado, deputado estadual Vandinho Leite, disse à coluna que a relação de Do Val com o PSDB local “é nenhuma”. “Izalci precisa dialogar com o partido. Nada disso foi negociado e a reação, aqui, foi muito negativa. Essa filiação não se deu e não vai se dar”, sentenciou Vandinho. No início da noite, depois de todo esse alvoroço, Do Val anunciou a alguns interlocutores que permanecerá no Podemos. E Izalci perderá a liderança da bancada.
Unabomber
Do Val é um senador que, nos últimos cinco anos, não construiu relações políticas no Congresso. Ao contrário, costuma se indispor com colegas sempre que participa de algum debate. Eleito na esteira do bolsonarismo, em 2018, tenta se colocar como um outsider, um lobo solitário da direita que não segue lideranças ou orientações partidárias. A situação dele se complicou quando revelou — e depois desmentiu — ter participado de uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado federal Daniel Silveira para montar uma armadilha para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A ideia era gravar conversas do magistrado, que comanda o inquérito que pode levar Bolsonaro à prisão.
Artilharia pesada
Por causa das declarações erráticas sobre o plano de grampear conversas de Moraes, e pela suspeita de que a reunião com Bolsonaro seria mais uma etapa de um golpe para impedir a vitória de Lula nas urnas, Do Val virou alvo da Polícia Federal (PF) e do Conselho de Ética do Senado, que ainda analisa o pedido de cassação do mandato do senador feito pelos líderes do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL). Uma fonte da Executiva do PSDB comentou, na reunião de ontem, que o partido não quer ver nos jornais a manchete “Senador tucano é cassado”. Por isso, votou pelo veto à filiação do capixaba.
Sócio de Casagrande
O PSDB capixaba é sócio do governador Renato Casagrande (PSB) na ampla coalizão que o reelegeu e, agora, garante na Assembleia Legislativa a governabilidade do Palácio Anchieta. Indicou o vice-governador, Ricardo Ferraço, que é o nome preferido de Casagrande para a sua sucessão, em 2026. Se mudasse de partido, Do Val teria que disputar um espaço que, por enquanto, não existe na composição da chapa governista, já que o governador é candidato natural ao Senado após concluir o mandato.
Saúde frágil
O ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu adiar a segunda cirurgia que faria na região abdominal para corrigir um quadro de suboclusão intestinal decorrente da facada que levou em Juiz de Fora (MG), na campanha eleitoral de 2018. Após receber alta do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde se submeteu a duas intervenções cirúrgicas — uma endoscopia para tratar o refluxo gastroesofágico e outra para corrigir um desvio de septo —, retornou a Brasília sem operar o intestino. Segundo um interlocutor que mantém contato frequente com Bolsonaro, a saúde do ex-presidente “ainda é frágil”, o que não recomendaria um novo procedimento cirúrgico nas próximas semanas.
A ideia original era fazer tudo de
uma vez, em São Paulo.
Plano B
A Executiva do PP lançou, por aclamação, a senadora Tereza Cristina (MS) — ex-ministra da Agricultura no governo Bolsonaro — como nome do partido para concorrer à Presidência da República em 2026. Mas ela é, na verdade, o plano B. Só se viabilizará caso o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos, decidir concorrer à reeleição. Ele é o nome preferido dos dois principais partidos da direita brasileira.
Homenagem a Rosa Weber
A associação de advogadas Elas pedem Vista lança, às 18h, na biblioteca do STF, o livro Ela pede vista: Estudos em homenagem à ministra Rosa Weber. A presidente da Corte deixará o cargo até 2 de outubro, quando se aposenta compulsoriamente depois de quase 50 anos atuando como juíza. Aliás, ela é a única mulher a integrar o STF oriunda da magistratura.
“MDB gaucho não apoiará Eduardo Leite”, diz ex-ministro de Temer
A decisão do MDB tirada em Brasília, de ceder a candidatura do governo do Rio Grande do Sul ao tucano Eduardo Leite ameaça implodir o partido no estado. “Se o Gabriel quiser ser candidato a vice de Eduardo Leite, vamos à convenção com a candidatura de Cesar Schirmer”, diz o ex-ministro do Desenvolvimento Social e deputado Osmar Terra (MDB-RS), referindo-se a Gabriel Souza, pré-candidato ao governo gaúcho pelo MDB e ao vereador de Porto Alegre César Schirmer, que já foi deputado federal e prefeito de Santa Maria. Terra embarcou há pouco para Porto Alegre em busca da candidatura do próprio partido ao governo estadual. “O MDB é quem tem maior estrutura. Se o PSDB quiser ter candidato, é um direito dele, mas isso não quer dizer que o MDB apoiará. Vamos à convenção”, afirma Terra ao blog.
PSDB fechou esta semana o apoio a Simone Tebet ao Palácio do Planalto e, como gesto de parceria, espera o apoio do MDB à recandidatura de Eduardo Leite ao governo estadual. Na segunda-feira, os tucanos gaúchos vão anunciar a candidatura de Leite ao governo do estado. E esperam o apoio. do MDB. O acordo foi chancelado pelo presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, e por representantes do partido no Rio Grande do Sul, como o ex-governador Germano Rigotto, Tebet, que testou positivo para covid-19, participou da reunião por vídeo. Faltou combinar com a ala que promete lutar até a convenção para que o partido tenha candidato próprio ao governo gaúcho. Terra, por exemplo, é ada ala do partido que apoiará no primeiro turno a reeleição de Jair Bolsonaro e, se não pretende fazer campanha para Simone Tebet, nem tampouco para um representante do PSDB ao governo estadual.
Os tucanos vão decidir sua posição sobre a terceira via esta semana com o MDB resistente a ceder a cabeça de chapa a Eduardo Leite no Rio Grande do Sul. Lá, a imagem usada é a seguinte: o ex-governador gaúcho está igual ao marido que sai de casa para tentar a sorte com uma amante, no caso a candidatura ao Planalto, e, agora que deu errado, quer voltar para casa. Pode até conseguir, mas vai demorar. E talvez não seja nesse pleito.
Doria ou Leite: PSDB tenta se unir para evitar fracasso total
A conversa entre os ex-governadores João Doria e Eduardo Leite foi o primeiro passo para, se for o caso, mais à frente, o PSDB buscar uma chapa pura para a Presidência da República. A portas fechadas, foi dito que o União Brasil descartou Sergio Moro como candidato e apresentou Luciano Bivar, que não é visto como opção real. Simone Tebet já afirmou que não aceita ser vice de ninguém, e o partido dela, o MDB, está para lá de dividido. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), cogita apoiar Bolsonaro num cenário de segundo turno entre o atual presidente e Lula, enquanto os senadores da legenda defendem o apoio a Lula logo na convenção de julho. Portanto, resta de chances, numa terceira via, o PSDB.
Quanto a quem será o candidato, Doria tem a preferência. Venceu as prévias e, pelo critério de intenção de voto, não há outro nome que seja mais viável que o dele dentro dos partidos que decidiram buscar uma candidatura única para enfrentar Lula e Bolsonaro. Quanto à rejeição, argumento usado pelos aliados de Eduardo Leite para tentar tirar Doria do páreo, o paulista rebate dizendo que venceu duas eleições — prefeitura e governo de São Paulo — e que a dinâmica da campanha mostrará sua viabilidade. Doria e Leite, juntos, têm a chance de se diferenciar da turma que, de público, busca uma candidatura para se contrapor à polarização Lula-Bolsonaro, mas, nos bastidores, permanece o estica-e-puxa entre esses dois extremos. Resta saber se as torcidas de Doria e de Leite aceitarão uma chapa única, que periga só sair em julho, temporada das convenções para escolha de candidatos. Até lá, muita água ainda vai rolar sob a ponte da terceira via.
A senha
A entrada da presidente do Podemos, Renata Abreu, no portfólio da terceira via vem sendo usada como argumento para deixar a escolha de um candidato único mais para a frente. Ou seja, 18 de maio foi estipulada como a data para a definição do nome, mas no balanço das horas tudo
pode mudar.
Enquanto isso, nos polarizados…
Se Lula e Bolsonaro participarem dos debates eleitorais em agosto, um dos rounds será sobre obras. O PT de Lula se prepara para dizer aos quatro ventos que o atual governo não lançou sequer uma obra e o que fez foi apenas concluir as que já estavam em andamento, idealizadas na gestão petista.
… a briga pela paternidade rola solta
Os aliados de Bolsonaro repetem, diariamente, que foi tanto desvio de recursos, no passado, que não foi possível concluir as obras.
Melhor de três
Por fora daqueles que tentam se unir em torno da terceira via estão o PDT, de Ciro Gomes, que, paulatinamente, vai tocando sua pré-campanha, tentando ampliar seu espaço, e… o PSD. Gilberto Kassab garante que seu partido terá candidato próprio ao Planalto.
Deu ruim I/ Aliados do presidente Jair Bolsonaro consideraram para lá de infeliz a frase em que ele disse se sentir um prisioneiro no Planalto. É que pode passar a ideia de que ele não deseja ser reeleito.
Deu ruim II/ Alguns governadores chamados a conversar sobre um possível apoio a Lula foram recebidos por José Dirceu, João Paulo Cunha e João Vaccari Neto. Saíram convencidos de que o partido dificilmente trará algo de novo.
Nem tanto/ Nas entrevistas que tem dado nas rádios Brasil afora, o ex-presidente tem lançado as bases de um novo programa de governo. Esta semana, falou em nova legislação trabalhista, que leve em conta os avanços tecnológicos, em especial o home office.
Corda em casa de enforcado…/ A deputada Bia Kicis (PL-DF) levou o assunto da compra de Viagra pelo governo do Rio Grande do Norte para a solenidade do Dia do Exército. Na ala reservada às autoridades, ao lado do deputado general Girão (PL-RN), ela fazia uma transmissão ao vivo para suas redes sociais e perguntou ao parlamentar: “E aí? Sua governadora está comprando Viagra lá para quê?” Eis que o deputado responde: “Tive um problema cardíaco e precisei tomar esse medicamento. Os petistas criticaram e, agora, morderam a língua. Disseram que compraram por decisão judicial”, respondeu Girão. Alguns militares que ouviram a conversa não gostaram de ver o tema recolocado. Ainda que fosse em defesa das Forças Armadas.
Doria vai ocupar o horário eleitoral do PSDB a partir de 26 de abril
Coluna Brasília/DF, por Denise Rothenburg
No papel de pré-candidato oficial do PSDB à Presidência da República, o ex-governador de São Paulo João Doria ocupará o horário gratuito do partido que vai ao ar na tevê a partir de 26 de abril. Só tem um probleminha: com o presidente do partido, Bruno Araújo, afastado da coordenação da pré-campanha, aliados de Eduardo Leite dentro do PSDB já estão em campo para aproveitar a situação e tentar dar fôlego ao nome do ex-governador gaúcho. A ordem é espalhar a ideia de que haverá uma chapa única dos partidos de centro em 18 de maio. E não será Doria o escolhido.
Da parte dos aliados de Doria, a avaliação é a de que a pré-candidatura de Leite não existe, porque foi derrotada na prévia, realizada democraticamente pelo partido. Essa situação, segundo a turma do ex-governador paulista, só muda se ele abrir mão de concorrer ao Planalto. Ou seja, os tucanos viverão 30 dias de muito empurra-empurra.
Montadoras em movimento…
A reforma tributária em discussão no Senado, por meio da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 110, tem como pano de fundo uma queda de braço entre as montadoras de veículos instaladas no país. É que o grupo Stellantis, proprietário das marcas Fiat e Jeep, é beneficiado por uma emenda do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), para prorrogar o subsídio de incentivos fiscais que a fábrica das montadoras recebe por sua unidade em Goiana (PE).
…pela livre concorrência
As demais montadoras são contra e já começaram um périplo pelo Legislativo para barrar a proposta de Bezerra. Até aqui, a andança tem funcionado. Começa a cristalizar o discurso de que já deu tempo de a empresa atrair e amortizar o investimento. Para completar, o resultado do grupo, em 2021, foi expressivo e não justifica mais destinar R$ 5 bilhões por ano a uma única fábrica.
Emprego e Orçamento reforçados
Os argumentos ainda vão mais além. Primeiro, o incentivo termina reforçando o lucro de uma empresa privada em vez de destinar recursos aos fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM). Quanto à geração e empregos, outras montadoras que podem se instalar por ali acabam desestimuladas, por causa dos benefícios concedidos a quem já está na região.
“A política já foi xadrez, depois virou pôquer. Passados alguns anos, foi transformada em truco. Hoje é MMA”
Paulo Kramer, cientista político e professor
Líder do MDB avisa: “Com ou sem federação, nosso candidato é Ibaneis”
O MDB foi a campo em defesa da candidatura do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, à reeleição e coloca desde já o DF como ponto inegociável, em caso de federação com o PSDB. O líder do partido na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), é incisivo: “Com ou sem federação com o PSDB, teremos Ibaneis como nosso candidato a governador do Distrito Federal. Não abrimos mão. Nossa relação é a melhor possível. O senador Izalci, pelo visto, conhece pouco a realidade da Câmara. Temos as melhores relações com o governador, que sempre foi parceiro e solidário”, afirma o líder.
O líder do MDB se refere à declaração do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) ao blog, sobre o governador Ibaneis Rocha ter que procurar outro partido para concorrer à reeleição, caso haja uma federação entre PSDB e MDB. Ontem, como o leitor pode conferir num dos posts abaixo, o senador Izalci Lucas disse que Ibaneis havia apoiado Arthur Lira para a Presidência da Câmara e não o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi. Por isso, Ibaneis não poderia reivindicar o direito de ser o candidato, se houver a federação entre MDB e PSDB. Isnaldo diz não bem assim. “Não tem nada disso. Não temos mal estar com o governador Ibaneis.ele sempre foi parceiro e solidário”, diz.
Essa tensão entre Izalci e os emedebistas é apenas um no jogo de empurra que promete ocorre em alguns estados sobre a formação de uma federação entre os dois partidos. Porém, se o MDB e o PSDB decidirem que será melhor um casamento por quatro anos, as disputas estaduais e a do DF terão que ser resolvidas, ainda que alguém saia insatisfeito. A contar pela disposição dos emedebistas, quem terá que buscar outro projeto será o senador Izalci Lucas. Esse jogo ainda terá muitos lances pela frente.
Izalci: “Ibaneis terá que procurar outro partido, se quiser ser candidato à reeleição”
Bastou os dirigentes nacionais do PSDB e do MDB anunciarem o desejo de construir uma federação entre os dois partidos para que as diferenças entre seus integrantes aflorassem. Pré-candidato ao governo do Distrito Federal, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), líder do partido no Senado, disse ao blog com todas as letras que”Ibaneis precisa começar a se preocupar, porque não ajudou o MDB quando da eleição para presidente da Câmara dos Deputados. “Ele ajudou a eleger Arthur Lira contra o deputado Baleia Rossi, presidente do MDB. Portanto, se a federação der certo, ele terá que se preocupar, porque ficou contra o próprio partido. Ibaneis não foi correto com o partido dele e, trabalhou contra e, certamente, terá que procurar outro. Deve ser o PP (de Arthur Lira)”, diz Izalci,. lembrando que, em janeiro do ano passado, quando da campanha para Presidência da Câmara, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, apoiou Lira.
A declaração ainda levará a muito debate entre os dois partidos. Na discussão das federações, está se cristalizando um acordo de cavalheiros que, posteriormente, deve virar um estatuto, no qual, quem tem o governo estadual ou do DF, terá o direito de indicar o candidato a governador. Porém, Izalci defende que o DF seja uma exceção a essa regra, porque o governador Ibaneis ficou contra o MDB. “O mundo dá voltas. ele deveria ter apoiado o partido dele”, reforça o senador. Ibaneis disse ao blog que apoia a federação entre MDB e PSDB e que Izalci “fala muito”.
A federação entre os dois partidos começou a ser discutida em São Paulo, com direito a anúncios entusiasmados nas redes sociais dos presidente do PSDB, Bruno Araújo, e do MDB, Baleia Rossi. As rusgas no DF são as primeiras anunciadas publicamente. Outras virão.