Simone Tebet e o novo Ciro Gomes

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Enquanto a senadora Simone Tebet (MDB-MS) se preparava para caminhar no Setor Comercial Sul de Brasília em prol do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os presidentes dos partidos que lastrearam sua candidatura ao Planalto faziam a primeira conversa pós-primeiro turno para avaliar os próximos passos. Segundo relatos, os comandantes Baleia Rossi (MDB), Bruno Araújo (PSDB) e Roberto Freire (Cidadania) não gostariam de ver Simone como ministra de Lula, caso o petista vença a eleição.

Vale lembrar que, em 2002, Ciro Gomes, derrotado naquele pleito, apoiou Lula no segundo turno e, em 2003, virou ministro da Integração Nacional, confiante num cenário de apoio do PT a ele no futuro. Quando o partido de Ciro à época, o PPS, se afastou de Lula por causa do mensalão, ele ficou e ajudou o PT. Nestes quase 20 anos, o PT jamais o apoiou, e Ciro fecha 2022 com 3% das intenções de voto. Aqueles que apostaram em Simone não querem que a história se repita.

Os partidos gostaram do desempenho de Simone e consideram que a senadora só não foi melhor por causa da campanha pelo voto útil, que acabou levando uma parcela expressiva dos potenciais eleitores dela a correr para evitar a vitória de um ou de outro polo no primeiro turno. Eles consideram que, a partir de agora, se bem trabalhada, a emedebista poderá se transformar numa aposta mais viável no futuro. Mas não como ministra de Lula.

Sem fusão

Pelo menos por enquanto, MDB, PSDB e Cidadania descartam uma fusão, de modo a preservar a própria história. Mas não está fora de cogitação um bloco parlamentar para disputar espaço na Câmara dos Deputados. Juntos, ficariam com 60 deputados.

Enquanto isso, no União Brasil…
A ideia é esperar passar o segundo turno para ver como é que fica a conversa de fusão com o PP. Há quem diga que, neste momento, quem mais ganha com essa parceria é o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que fortalece sua campanha reeleitoral para mais dois anos no comando da Casa.

Façam suas apostas I
Os comandos do MDB, do PSDB e do Cidadania não cravam o resultado para a disputa presidencial deste segundo turno. Eles avaliam, porém, que se o presidente Jair Bolsonaro (PL) não conseguir ampliar muito a diferença para Lula em São Paulo, o petista se elege.

Façam suas apostas II
Os bolsonaristas comemoraram o resultado do Datafolha de ontem, que apontou uma redução da diferença de quatro pontos entre Lula e Bolsonaro, com a vantagem para o petista. Não que a turma do presidente considere que a pesquisa esteja correta. É que, como avaliam que o Datafolha errou muito no primeiro turno, acreditam ser um sinal de que Bolsonaro está à frente.

Doria na lida/ O fato de ter saído do PSDB não significa que o ex-governador de São Paulo, João Doria, ficará sem filiação partidária. No momento, porém, é preciso esperar clarear o horizonte e baixar a poeira da polarização.

Por falar em PSDB…/ As apostas do partido para o futuro, hoje, são a candidata Raquel Lyra, em Pernambuco, e Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul. Se as pesquisas estiverem corretas, eles têm tudo para ganhar a eleição.

… e em São Paulo…/ No triângulo dos votos São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, o partido precisará se reinventar e, também, de novos líderes. Afinal, quem não se renova, desaparece. E os tucanos não querem o fim da legenda que deu ao país o Plano Real.

Anotem aí/ O nome forte do PL na Câmara será o deputado Altineu Côrtes, do Rio de Janeiro. É hoje o maior elo entre Valdemar da Costa da Neto e o bolsonarismo.

Saída de Doria fará PT pressionar Geraldo Alckmin por mais apoio

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A saída de João Doria da disputa presidencial fará com que o PT cobre mais protagonismo de Geraldo Alckmin (PSB) no sentido de buscar votos para o pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas legendas de centro. Na reunião desta semana, por exemplo, Lula foi muito claro ao dizer que seu partido precisa ampliar o leque, ainda que não seja em alianças formais. E essa tarefa, avaliam os petistas, estará mais afeita a Alckmin.

A equação, entretanto, não é fácil. Ao sair do PSDB, o ex-governador de São Paulo não levou grandes puxadores de votos do centro. E, até aqui, ele se dirigiu mais à esquerda, deixando o espaço anti-PT que ele ocupava aberto a outros personagens. Nesse sentido, será difícil Alckmin cumprir o que esperam dele.

Longe da pacificação

A saída de Doria da disputa presidencial ainda não representa a pacificação do PSDB. Ao contrário. Aumenta a pressão sobre a cúpula partidária para encontrar um caminho viável a um partido que sempre teve candidato a presidente da República. De quebra, ainda deixa o presidente do partido, Bruno Araújo, com a obrigação de ajudar a manter São Paulo, a joia da coroa — que desde 1995 é comandado pelos tucanos.

Data limite é julho
Embora tenha restado apenas a senadora Simone Tebet (MDB-MS) entre os pré-candidatos da terceira via, o PSDB não fechará agora o apoio a ela. Uma ala do PSDB não se conforma com o fato de o partido não ter um candidato a presidente da República.

Bolsonarista na área
Com a destituição do deputado Marcelo Ramos (PSD-AM) do cargo de primeiro vice-presidente da Câmara, o PL tende a permanecer com o posto. O partido quer alguém ligado ao presidente Jair Bolsonaro a fim de evitar surpresas. A fila está grande, mas existe uma torcida para a indicação do líder do governo, Vitor Hugo (GO).

O recado aos estados
A Câmara se prepara para aprovar, esta semana, o teto do ICMS
para combustíveis, energia e transporte público. No Senado, a Casa dos estados, o tema é controverso. Ali, os governadores têm mais peso.

Lá e cá/ Com a terceira via caminhando para Simone Tebet, o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF), ficará numa situação indigesta. Pré-candidato ao Palácio do Buriti, ele se vê, agora, no mesmo palanque que o governador-candidato Ibaneis Rocha (MDB). Izalci foi um dos maiores entusiastas da candidatura de Doria, a quem apoiou nas prévias de novembro.

Por falar em prévia tucana…/ O golpe da cúpula tucana em Doria acabou de vez com a credibilidade de prévias do PSDB. O partido sai menor e com a pecha de escolher seus candidatos por conchavo de gabinete, e não por livre escolha de seus filiados.

Por falar em candidatos…/ O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, pré-candidato à reeleição, fez questão de ficar bem longe da capital paulista quando Doria anunciou que não iria concorrer à Presidência da República. Estava em Araraquara, junto com o deputado Wanderlei Macris.

Temer, o imortal/ Nesta quinta-feira, às 17h, o ex-presidente Michel Temer toma posse na Academia Paulista de Letras. Aliás, o emedebista nunca foi tão homenageado como nos últimos tempos.

Terceira via quer Simone Tebet à frente do movimento democrático

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Na próxima terça-feira, MDB e Cidadania apresentarão a senadora Simone Tebet (MDB-MS) como o nome de consenso para representar a terceira via. “Ou criamos um fato novo, ou não adianta. E Tebet é um fato novo. Além disso, pode resgatar o MDB, não como partido, mas como movimento democrático, algo que o Lula tentou e não conseguiu. Ele só reuniu parte da esquerda”, avalia o presidente do Cidadania, Roberto Freire, que esteve naquele movimento do início dos anos 80, em que o país saiu da ditadura militar.

“Queremos, agora, um movimento para fazer história, não mais para derrubar a ditadura, mas para garantir a democracia que conquistamos lá atrás”, disse Freire.

Foi o MDB o principal indutor da reconstrução democrática, ao pavimentar a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral — algo que, aliás, o PT foi contra.

E, nesse cenário, resta o PSDB para fazer o anúncio oficial. No ninho tucano, João Doria é o pré-candidato, mas a onda agora, dizem outros interlocutores, essa escolha chegou ao momento que a decisão está tomada e caberá ao PSDB pegar ou largar. A avaliação interna é a de que a bandeira da vacina empreendida por Doria não pegou e a pandemia não será o principal mote da campanha presidencial.

Para completar, Tebet também tem em mãos o discurso das menores taxas de inflação e de juros entregue por um presidente da República ao seu sucessor em 10 anos. Esse, aliás, é o discurso que os defensores de uma recandidatura de Michel Temer têm feito para atrair simpatizantes. Como Simone e Temer são do mesmo partido, ela herdará esse tema.

Se tudo der errado, ele estará no banco de reservas. Se tudo der certo, o ex-presidente se prontificou a ajudar no diálogo com todos os setores.

Eletrobras na campanha

Que ninguém se surpreenda se o presidente Jair Bolsonaro (PL) começar a disseminar o discurso de que o “PT atrapalha o país”. E o mote para isso será a privatização da Eletrobras, que o governo pretende concluir até junho. O PT é contra e Lula já avisou que pode rever qualquer privatização da companhia, caso seja eleito. Já o PT dirá que Bolsonaro vende o Brasil a preço de banana.

Eles nem ligam
Até aqui, Lula e Bolsonaro tratam a terceira via como carta fora do baralho eleitoral. Seja Tebet, Doria ou quem mais chegar, o presidente e o ex-presidente concentram desde já a pré-campanha em atacar um ao outro.

Por falar em Doria…
A ideia até aqui é brigar para ser candidato, nem que seja na Justiça. A avaliação dos aliados de Doria é de que, embora tenha uma rejeição maior do que a de Tebet, ele reúne as mesmas chances de chegar ao segundo turno. A pressão para que desista e apoie a senadora será intensa na reunião da executiva nacional do PSDB, na terça-feira.

O discurso de Bolsonaro está pronto
O presidente considera que não há o que mudar no discurso eleitoral. No social, a ordem é disseminar que o Auxílio Brasil é melhor que o antigo Bolsa Família, porque quem consegue emprego não perde o benefício. Seu governo conta, ainda, um programa especial para as mulheres, com cursos que vão chegar agora aos municípios.

Casamento entrou na campanha/ Bolsonaro aproveitou a live para dizer que Lula não chamou quilombolas nem pessoas pobres para o casamento com a socióloga Rosângela Silva. “Ele diz que é pobre, mas gosta é do capitalismo”, comentou Bolsonaro.

Tem que ser zen/ O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que tem uma paciência de Jó com os oradores, não escondia a sua irritação durante a votação dos destaques do projeto do homeschooling. Quando a deputada Érika Kokay (PT-DF) colocava suas preocupações sobre o projeto e sacava dispositivos regimentais para defender seu ponto de vista, eis que Lira solta: “Minha nossa senhora…”.

Leitura obrigatória…/ O livro Eleições Municipais na Pandemia, dos professores Antonio Lavareda (Ipespe) e Helcimara Telles (UFMG), vem no momento certo para ajudar os interessados a analisar o presente e projetar cenários futuros. A obra foi lançada ontem, no último dia do seminário internacional “Desafios e metodologias na democracia contemporânea”, promovido pela Associação Brasileira dos Pesquisadores Eleitorais (Abrapel).

… para quem gosta de política/ Os 11 capítulos tentam destrinchar o impacto da “antipolítica”, da radicalização ideológica e da agenda identitária (movimento negro, feminista, LGBTQIA ), numa eleição diferente de todas, realizada em plena crise sanitária.

Piso da enfermagem reaviva proposta de legalização do jogo

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Aprovado no Parlamento, o novo piso da enfermagem está sob a guarda do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que deve dar uma segurada por mais 30 dias. É que os prefeitos não têm recursos para cobrir a despesa com o aumento, algo em torno de R$ 10 bilhões — somados aí os valores que vão impactar nos gastos dos hospitais filantrópicos.

Na União não há recursos, hoje, para repassar aos prefeitos e resolver esse pagamento. Diante desse cenário, um grupo na Câmara vê a oportunidade de tentar passar a legalização dos jogos de azar. Afinal, seria para custear a saúde.

Só tem um probleminha: a bancada evangélica é contra e o presidente Jair Bolsonaro (PL) não vai provocar a ira de seus apoiadores nessa seara. Diante do quadro, a ideia é aproveitar a pressão maior dos enfermeiros pelo piso salarial para arrefecer os cristãos. A área econômica do governo, que mal pode esperar a hora de aumentar a arrecadação, agradece.

Ultimato ao governo

Arthur Lira vai esperar até amanhã para que o governo e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apresentem uma saída para baixar o valor da conta da luz. Caso contrário, na semana que vem levará a votação o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para sustar os reajustes.

É o que resta
Quem lê esse espaço diariamente sabe que o PDL da conta de luz vai parar na Justiça. Porém, é a única arma que os parlamentares têm. Lira garantiu a esta coluna que não há nada errado com a proposta. “As empresas podem não gostar, mas o PDL é constitucional e não há dúvida sobre isso”.

Gasoduto subiu no telhado
Com a economia verde em cena, as termelétricas a gás perdem força e os gasodutos para abastecê-las também. Na Câmara, não existe hoje maioria para aprovar essa despesa.

Toffoli relâmpago
A celeridade com que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli analisou o pedido de Bolsonaro contra o ministro Alexandre de Moraes deixou o governo para lá de irritado. Foi tão rápido que nem deu muito para o presidente replicar o pedido nas redes sociais, de forma a pressionar o STF a aprová-lo. Agora, resta o pedido feito à Procuradoria Geral da República.

E a terceira via, hein?/ Pré-candidato do PSDB ao Planalto, o ex-governador João Doria se antecipou à pesquisa dos partidos e divulgou a da Genial/Quaest que o colocou com um potencial de votos para a terceira via de 55%, maior do que o da senadora Simone Tebet (MDB), 44%. Pelo visto, a próxima terça-feira é mais uma data em que os partidos podem até apontar um nome, mas nada será decidido. A briga está tão grande que vai terminar na Justiça.

Por falar em Doria…/ A forma como parte do PSDB tem tratado o vencedor da prévia, no caso Doria, está tão feia que muitos tucanos estão com medo de que o ex-governador acabe como vítima nesse processo. Avaliam alguns, era o momento do partido se unir em torno do vencedor e não ficar instigando outras soluções. O prazo até terça-feira é para ver se Doria desiste. Só que os aliados do ex-governador juram que ele não desistirá.

Veja bem/ Os emedebistas já fizeram as contas e consideram que Tebet tem maioria para vencer a convenção do partido. A ala do Nordeste, que era forte no passado, agora tem poder reduzido para tentar virar o barco para o apoio a Lula.

Só tem um probleminha/ Embora não tenham poder para garantir o apoio nacional, nos estados a maioria já fechou com o PT. Sinal de que não farão campanha dia e noite para Tebet, nem para qualquer outro candidato, inclusive Michel Temer. Conforme o leitor da coluna já sabe, o ex-presidente está pronto para ocupar a vaga de candidato, se for chamado.

Bolsonaro citará escândalos de corrupção contra Lula

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Os estrategistas do presidente Jair Bolsonaro (PL) não pretendem mudar o discurso adotado até agora em relação à inflação, mas focará no cenário que cada presidente enfrentou. Os bolsonaristas ensaiam um discurso de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu primeiro mandato, pegou céu de brigadeiro na economia e poderia ter feito mais, mas não fez por causa dos malfeitos, a começar pelo mensalão.

Quanto ao quadro atual, de preços elevadíssimos dos alimentos, gás de cozinha e gasolina, o atual governo manterá o discurso de que a pandemia derrubou mercados e economia no mundo todo — e que Bolsonaro fez o que estava ao seu alcance, como o auxílio emergencial e as mudanças posteriores no Bolsa Família, que resultaram no programa Auxílio Brasil. Vai sobrar também para os governadores que adotaram o lockdown, quando os casos de covid-19 estavam num patamar elevadíssimo.

O comportamento das empresas com aumentos considerados abusivos também serão objeto do discurso bolsonarista. Daqui para frente, o presidente aproveitará as lives para reclamar dos preços dos combustíveis e fazer apelos à Petrobras, com um lucro líquido de R$ 44,5 bilhões, para que não promova aumentos, além de reforçar que “não pode intervir” na estatal.

Esse reforço da não-intervenção, aliás, agrada ao mercado e, entre os estrategistas do presidente, há quem diga que atrairá votos. Falta combinar com o eleitor que está pagando tudo mais caro.

Lula terá conselho de comunicação

Depois das derrapadas do ex-presidente no quesito comunicação, o PT montará um conselho para gerir essa seara da campanha. A equipe de comunicação da campanha terá que ter sincronia com a Secretaria de Comunicação do PT, comandada por Jilmar Tatto. Daí, a ideia de fazer um conselho com Edinho Silva, Rui Falcão, Tatto e profissionais de comunicação e marketing já contratados.

Separados
Em breve, Geraldo Alckmin começará a ter uma agenda própria de campanha, voltada ao eleitorado de centro. Especialmente, no interior de São Paulo, onde o ex-governador tem peso.

Por falar em Alckmin…
Nas redes sociais, os bolsonaristas massificam as declarações antigas de Alckmin criticando Lula. Os petistas acreditam que é melhor ser agora porque, quando chegar mais perto da eleição, esse material estará velho.

E o Doria, hein?
Esqueçam a proposta de colocar o ex-governador de São Paulo João Doria como candidato a vice numa chapa encabeçada por Simone Tebet (MDB-MS). Ele acredita que pode virar o jogo, da mesma forma que fez em São Paulo, nas duas eleições que disputou. Começou na casa dos 6% e venceu.

Na pista/ O ex-ministro Sergio Moro continua com uma agenda de pré-candidato a presidente da República como se nada tivesse acontecido. Hoje, por exemplo, tem um “debate para o futuro do Brasil” na Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), em São Paulo, a partir das 9h30, com transmissão on-line.

Vai que…/ Aliados de Moro ainda têm esperança de que o União Brasil o coloque na vitrine.

… no futuro emplaca/ Esses mesmos aliados acreditam que Moro tem tudo para repetir Bolsonaro, que começou, em 2014, sua pré-campanha eleitoral de 2018 com andanças pelo país. Na época, a maioria dos profissionais da política não levava os movimentos do atual presidente a sério. Tal como fazem com Moro agora.

Vale emoldurar/ “Onde imprensa não é livre, Constituição é mera folha de papel” — do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.

Sonho de uma candidatura única na terceira via acabou

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Esqueçam a união entre os partidos que deflagraram conversas para apresentarem uma candidatura única para tentar se contrapor à polarização da disputa presidencial entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula. O sonho do “juntos chegaremos lá” acabou. Simone Tebet, do MDB, tem dito que não será vice de ninguém e está com dificuldades internas. O PSDB não abrirá mão da candidatura do ex-governador de São Paulo João Doria e, internamente, não se descarta uma chapa com a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) no papel de vice. O União Brasil abandonou as conversas.

Logo, o 18 de maio, quando os partidos deveriam selar a coligação, será o momento de separação. Casamento, nesta data definida pelas legendas, só mesmo o de Lula com Janja, que terá Geraldo e Lu Alckmin como padrinhos.

Reclamação geral

A base aliada está indócil com a demora do governo em liberar as emendas de relator, as tais RP9. Se não sair até junho, só depois da eleição.

O que eles suspeitam
Tem muito parlamentar desconfiado de que é esse mesmo o objetivo do governo: amarrar toda a turma do Centrão à campanha de reeleição de Jair Bolsonaro (PL) e, passado o pleito, quem foi fiel terá sua cota. Os assessores do presidente, porém, pedem calma aos políticos e garantem que o dinheiro vai sair.

O que anima João Doria
As leituras aprofundadas das pesquisas de intenção de voto feitas pelo PSDB indicam que a eleição está em aberto. Aliados do tucano garantem que a decisão real do eleitor só se dá a três semanas do pleito. Ou seja, ainda tem muito terreno pela frente.

Por falar em terreno…
Nos bastidores da posse da diretoria da Anfavea, pela primeira vez em Brasília, a avaliação é de que ainda é cedo para definições em torno de qualquer candidatura à Presidência da República. O que o setor deseja mesmo é mostrar que é indispensável a manutenção de empregos no Brasil.

Melhor de três/ Em setembro do ano passado, falava-se em 10 nomes para a chamada terceira via: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (União Brasil); o empresário Luciano Huck; o jornalista José Luiz Datena; o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE); a senadora Simone Tebet (MDB-MS); o ex-ministro Ciro Gomes (PDT); e os ex-governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), ambos do PSDB. A seis meses do pleito, sobraram Tebet, Doria e Ciro.

Nome promissor/ O discurso de Rodrigo Pacheco, na solenidade de posse da diretoria da Anfavea, foi aplaudido diversas vezes. Alguns dirigentes de montadoras sentados nas fileiras mais atrás diziam para quem quisesse ouvir: “Esse seria o meu candidato”. Pacheco, porém, desistiu da empreitada.

O papel de Moro/ O ex-juiz Sergio Moro, que está praticamente fora do páreo presidencial, definiu a defesa da Operação Lava-Jato como a sua missão nesta quadra política. Por isso, não está descartado que seja candidato a um mandato eletivo para o Congresso.

E a capa da Time, hein?/ Os petistas e aliados vibraram com a capa da revista norte-americana e a entrevista de Lula. Mas no corpo diplomático que serve em Brasília, a fala do ex-presidente sobre a guerra da Ucrânia e o papel da ONU deixou a desejar. Sinal de que o PT terá que trabalhar melhor o que apresentará em termos de política externa. Entre os petistas, porém, a avaliação é a de que esse tema não será tão crucial, e qualquer coisa que o partido fizer será melhor do que a diplomacia de Bolsonaro.

Vereadores são convocados para concorrer às assembleias

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A dificuldade em montar as nominatas para a eleição de deputado federal em vários estados está levando os partidos a chamarem os vereadores a concorrer, a fim de ajudar a conquistar vagas. Em São Paulo, por exemplo, onde o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha será candidato a deputado federal pelo PTB, os integrantes de Assembleias Legislativas serão contatados com o seguinte aviso: quem não quiser ajudar agora pode ficar sem o pedaço do fundo eleitoral daqui a dois anos, quando for disputar a própria reeleição.

O fim das coligações para a eleição proporcional, porém, já apresenta como resultado positivo a eliminação de candidatos “laranjas”, ou seja, colocados para concorrer apenas para constar. Agora, com a redução do número de candidatos e a obrigação de ter votos, muitos partidos querem distância dos “sem-voto”.

O que vem por aí

Quem acompanha a Vaza-Jato garante que ainda tem muito material de diálogos de procuradores da Lava-Jato pronto para vir a público em meio à campanha eleitoral. Sabe como é, com Deltan Dallagnol pré-candidato a deputado federal no Paraná, os diálogos vazados pelo site The Intercept Brasil voltarão à baila.

Muita calma nessa hora
Os políticos mais experientes aliados a Lula têm pedido encarecidamente aos mais otimistas que evitem falar em vitória no primeiro turno. A campanha ainda nem começou, e todas as vezes que o PT venceu foi em dois turnos, inclusive há 20 anos, quando era favorito na disputa contra o tucano José Serra. Para completar, quem conta com a vitória no primeiro turno e não leva passa para o segundo com cheiro de derrotado, ainda que esteja na rodada final.

Bolsonaristas comemoram…
O presidente Jair Bolsonaro aparece à frente de Lula no levantamento feito em São Paulo e divulgado neste fim de semana pelo Instituto Paraná Pesquisas. Bolsonaro, que em abril tinha 31%, aparece com 35,8%, e Lula, com 34,9%.

… e tucanos também
João Doria também melhorou sua performance junto ao eleitorado paulista. Aparece com 5,5%, empatado tecnicamente com Ciro Gomes, com 5,4%. O resultado estimula o PSDB ligado ao ex-governador a insistir na candidatura nas conversas com os demais partidos de centro, uma vez que Simone Tebet tem 1,9%.

Nem tanto
Os emedebistas, porém, não estão convencidos. Dizem que João Doria deveria estar muito à frente, uma vez que já governou São Paulo. E, para completar, na pesquisa espontânea, aquela em que o eleitor diz em quem vai votar sem consultar uma lista de opções, Doria aparece com 0,7%, e Tebet, com 0,4%, ambos atrás de Sergio Moro (1%) e Ciro (1,5%). Bolsonaro lidera, com 22,1%. Lula surge com 20,7%.

Apostas eleitorais/ Os mais atentos aos bastidores da terceira via vislumbram uma chapa João Doria e Simone Tebet. A construção, porém, só será fechada em julho.

Preservem as mães, por favor/ O União Brasil poderia até se aliar a Ciro Gomes, mas a resposta do ex-governador aos bolsonaristas na Agrishow leva o partido de Luciano Bivar e ACM Neto a segurar qualquer aproximação. A história de responder a agressões citando a mãe de um brasileiro de forma jocosa foi pesado.

Mergulha, Daniel/ O deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) foi aconselhado a sair de cena e do fogo cruzado para baixar a poeira do processo que pede a suspensão do exercício do mandato.

Dia do Trabalho/ Que seja um domingo de manifestações pacíficas.

Doria vai ocupar o horário eleitoral do PSDB a partir de 26 de abril

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Coluna Brasília/DF, por Denise Rothenburg

No papel de pré-candidato oficial do PSDB à Presidência da República, o ex-governador de São Paulo João Doria ocupará o horário gratuito do partido que vai ao ar na tevê a partir de 26 de abril. Só tem um probleminha: com o presidente do partido, Bruno Araújo, afastado da coordenação da pré-campanha, aliados de Eduardo Leite dentro do PSDB já estão em campo para aproveitar a situação e tentar dar fôlego ao nome do ex-governador gaúcho. A ordem é espalhar a ideia de que haverá uma chapa única dos partidos de centro em 18 de maio. E não será Doria o escolhido.

Da parte dos aliados de Doria, a avaliação é a de que a pré-candidatura de Leite não existe, porque foi derrotada na prévia, realizada democraticamente pelo partido. Essa situação, segundo a turma do ex-governador paulista, só muda se ele abrir mão de concorrer ao Planalto. Ou seja, os tucanos viverão 30 dias de muito empurra-empurra.

Montadoras em movimento…

A reforma tributária em discussão no Senado, por meio da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 110, tem como pano de fundo uma queda de braço entre as montadoras de veículos instaladas no país. É que o grupo Stellantis, proprietário das marcas Fiat e Jeep, é beneficiado por uma emenda do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), para prorrogar o subsídio de incentivos fiscais que a fábrica das montadoras recebe por sua unidade em Goiana (PE).

…pela livre concorrência

As demais montadoras são contra e já começaram um périplo pelo Legislativo para barrar a proposta de Bezerra. Até aqui, a andança tem funcionado. Começa a cristalizar o discurso de que já deu tempo de a empresa atrair e amortizar o investimento. Para completar, o resultado do grupo, em 2021, foi expressivo e não justifica mais destinar R$ 5 bilhões por ano a uma única fábrica.

Emprego e Orçamento reforçados

Os argumentos ainda vão mais além. Primeiro, o incentivo termina reforçando o lucro de uma empresa privada em vez de destinar recursos aos fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM). Quanto à geração e empregos, outras montadoras que podem se instalar por ali acabam desestimuladas, por causa dos benefícios concedidos a quem já está na região.

 

“A política já foi xadrez, depois virou pôquer. Passados alguns anos, foi transformada em truco. Hoje é MMA”

Paulo Kramer, cientista político e professor

 

 

Bolsonaro distribui a ministros cartilha sobre condutas vedadas a agentes públicos nas eleições

bolsonaro
Publicado em Política

Cumpram a lei

Desconfiado em relação à Justiça Eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro distribuiu, via Advocacia Geral da União (AGU), uma cartilha aos presentes à reunião ministerial. Ali, constam todas as condutas vedadas aos agentes públicos em período eleitoral. Na avaliação do Planalto, todo cuidado é pouco no sentido de evitar uso da máquina, inclusive e-mails, e atos de campanha no horário de expediente. Embora o presidente possa disputar eleição no cargo, o governo considera que é preciso ter muita atenção para não dar margem a ações judiciais que possam colocar a campanha ou pré-campanha em xeque nos tribunais eleitorais.

 

A cartilha foi distribuída aos ministros que ficam e também àqueles que deixam o governo em 31 de março, conforme fechado na reunião. Hoje, haverá um encontro no Planalto de um representante da AGU com todas as assessorias de comunicação dos ministérios para que sejam informados sobre as condutas vedadas no período eleitoral.

 

Não convenceu

Dentro do governo, as áreas técnicas são contrárias ao afastamento do general Joaquim Silva e Luna da presidência da Petrobras. Alegam que uma mudança com viés puramente político provocará insegurança no mercado. Porém, Bolsonaro e a área política consideram que, do jeito que está, não dá para ficar.

 

Tal e qual

Há quem diga que, quando da entrada de Silva e Luna, o país viveu um período de estabilidade nos preços dos combustíveis. É essa estabilidade que o governo quer resgatar.

 

Entra, mas não atrapalha

O partido do ministro da Defesa, general Walter Braga Neto, ainda é uma incógnita, uma vez que tanto o Republicanos quanto o Partido Progressista não estão ansiosos por recebê-lo. Esta semana, porém, andou uma casa: A Vice-Presidência não será considerada “cota” de nenhum partido na hora de definir o ministério do segundo mandato, caso Bolsonaro seja reeleito.

 

Ele vai

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, vai mesmo para o PSD. Afinal, João Doria venceu a prévia e tem muita gente no ninho tucano dizendo que não dá para fazer uma eleição interna para, depois, não dar ao vencedor — no caso o governador de São Paulo — o direito de colocar sua campanha na rua. Afinal, a eleição é só em outubro.

 

A aposta de Márcio França/ Ao aparecer como segundo colocado na pesquisa de intenção de voto para o governo de São Paulo, Márcio França não pretende abrir mão dessa disputa. Considera mais fácil, num estado conservador, chegar ao segundo turno nessa disputa do que vencer Luiz Datena na corrida para o Senado.

 

Enquanto isso, no PT…/ Embora Fernando Haddad (foto) lidere a corrida para o governo paulista, os petistas estão preocupados, com receio de que uma união dos candidatos conservadores no segundo turno contra o ex-prefeito.

 

…e no PSDB…/ Além do próprio Doria, o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes, tem tudo certo para concorrer à reeleição, quando Doria deixar o cargo daqui a 10 dias para ser candidato a presidente. É mais um a jogar contra a qualquer mudança no resultado das prévias.

 

Enfermagem/ Funcionou a mobilização dos enfermeiros no aeroporto e no Congresso para a apreciação do projeto que define o piso salarial da categoria. Na semana que vem, vota-se a urgência para análise da proposta. É uma sinalização que, agora, todas as demais categorias querem adotar.

Eduardo Leite pediu para Doria adiar a vacina em dia de mais de mil mortos por covid

Publicado em Covid-19

 

 

 

Como diz o ditado, “o diabo mora nos detalhes”. E, às vésperas da prévia do PSDB que escolherá o candidato do partido à Presidência da República, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, será confrontado com um dado no mínimo constrangedor para sua a campanha e seus apoiadores. O fato de ter telefonado ao governador de São Paulo, João Doria, em 15 de janeiro deste ano, para pedir que o paulista adiasse o início da vacinação contra covid. E o fez a pedido do general Eduardo Ramos, então ministro-chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro. Naquelas 24 horas, o país registrou 1.059 mortes e o país olhava __ e ainda olha __ para a perspectiva da vacinação como o prenúncio de dias melhores.

O telefonema foi admitido por Eduardo Leite em entrevista ao jornalista Igor Gielow, da Folha de S.Paulo. A resposta de Dória à época, publicada há pouco por Lauro Jardim, de O Globo, foi direta: “Lamento, Eduardo, que você tenha se prestado a atender um pedido dessa natureza do general Ramos. Diga a ele que vamos iniciar a vacinação, tão logo a Anvisa autorize a utilização da Coronavac. E que eu estou ao lado da vida e dos brasileiros”.

O que não se tinha ideia era do número de mortes por covid, àquela altura o equivalente à lotação de sete Boeings 737-700.  Não dava para esperar nem um minuto para começar a vacinação, ainda mais a pedido do próprio governo que deveria correr para vacinar as pessoas. O governo federal, porém, queria ter a primazia de ofertar a primeira vacina aos brasileiros. Hoje se sabe que, graças às vacinas, metade dos hospitais estaduais de São Paulo não tem mais pacientes da covid. No Distrito Federal, as internações pela doença não chegam a 25%. O ultimo levantamento aponta que na terça-feira foram registradas 140 mortes em todo o país.