Do alto de seus 92 anos e considerado o político mais experiente do país, o ex-presidente José Sarney vê a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) como algo praticamente consolidado. “Candidato a presidente da República não se faz do dia para a noite. Obviamente, existem exceções”, diz ele. Sinal de que o tempo da terceira via está cada vez menor.
As exceções a que Sarney se refere foram representadas pelo próprio Bolsonaro, em 2018, e Fernando Collor, em 1989. Porém, vale lembrar, tanto Collor quanto Bolsonaro já eram da política. Sobre quem tem mais chances e o que fará o MDB, Sarney, que recebeu a visita de Lula esta semana, evita polêmicas: “Estou meio afastado. Não estou na militância política. Com 92 anos, não quero me meter mais, não vou entrar em nenhuma luta política. Já dei minha contribuição”, diz o político que todas as semanas recebe os mais novos, que vão procurar seus conselhos.
No jantar dos senadores do MDB com Lula, discutiram-se estratégias para a campanha que está por vir. Por exemplo: como combater Bolsonaro nas redes sociais. Na avaliação unânime dos presentes, é preciso puxar as pessoas para a percepção da dura realidade econômica. E quanto à pandemia, lembrar que o estrago poderia ter sido menor, se houvesse uma gestão eficiente na área da saúde.
Três meses de tensão e pretensão
A discussão do jantar é a prova cabal de que, até 20 de julho, quando abre o prazo para as convenções que irão escolher os candidatos a presidente da República, nenhum nome da terceira via pode dizer com certeza que aparecerá na urna como uma opção real ao eleitor. À exceção de Ciro Gomes, do PDT, os demais terão problemas.
Ninguém está tranquilo
O MDB lulista deixa claro que está disposto a tentar barrar a candidatura de Simone Tebet ao Planalto na convenção. O PSDB vislumbra uma disputa entre o ex-governador de São Paulo João Doria, que venceu a prévia, e o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite. E Sergio Moro não tem maioria no União Brasil.
Melhor de três
Neste cenário de incertezas, quem está com mais chances de segurar a candidatura é Doria. O ex-governador tem se dedicado a conquistar os tucanos e isolar os opositores. Em comparação a Tebet, Moro e Leite, é que tem mais recursos para isso.
Enquanto isso, no Planalto…
O feriadão da Semana Santa será dedicado a buscar um meio de sair da defensiva, depois das questões relacionadas à CPI do MEC, ao Orçamento e ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Em princípio, a ideia no gabinete presidencial é atribuir tudo ao jogo eleitoral, que já está em curso.
Acalmem-se, meninos!/ Aliados de Bolsonaro querem que os filhos dele fiquem mais “discretos” durante esse período de campanha, até para evitar maiores desgastes à imagem presidencial. Só tem um probleminha: os filhos do presidente consideram que é preciso partir para cima dos adversários e tratar tudo como perseguição política.
Os companheiros/ O senador Veneziano Vital do Rego (MDB-PB) acompanhou Lula na visita ao acampamento indígena, em Brasília. Pré-candidato ao governo da Paraíba, ele está cuidando da própria campanha. Em solo paraibano, a aliança MDB-PT está consolidada.
Prioridade petista/ O PT definiu a Bahia como um dos estados em que Lula irá intensificar a pré-campanha. A aposta dos petistas é que se conseguirem tornar o ex-secretário Jerônimo Rodrigues mais ligado a Lula até julho, será meio caminho andado para o partido conseguir manter o governo baiano em 2023.
Sem essa de “Luneto”/ A ideia do PT é tirar de cena o “Luneto” ensaiado pelo líder das pesquisas, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, que não tem hoje um presidenciável atrelado à sua campanha e jogará para deixar a disputa estadual dentro dos temas mais vinculados ao estado.
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