Entre a intervenção e o mercado, sobraram os vouchers

ilustração de Bolsonaro com voucher
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Denise Rothenburg

A fala do ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, dizendo que quem define preço de combustível é a Petrobras, e não o governo, foi feita justamente para mandar um sinal ao mercado financeiro de que o Poder Executivo não abandonou o viés mais liberal da economia. Na área econômica, tem se repetido um mantra de que não dá para abandonar os fundamentos de defesa da economia de mercado, que ajudaram na obtenção de apoios empresariais na eleição de 2018.

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Nesse sentido, resta ao governo partir mesmo para a distribuição de vouchers aos caminhoneiros, motoristas de aplicativos, taxistas e por aí vai. Falta combinar, porém, com a legislação eleitoral, que não permite essa distribuição em ano de eleição. As exceções são para casos de calamidade e de estado de emergência. Algo que não está descartado, se for a única saída para dar um alívio aos segmentos que mais precisam dessa ajuda.

Cheque em
branco, não

Enquanto acerta o que fazer para tentar aliviar o peso do reajuste dos combustíveis na vida de caminhoneiros e motoristas, o presidente da Câmara, Arthur Lira, buscou a oposição para assuntar o que os partidos de esquerda aceitariam. As legendas não disseram nem sim nem não. Querem, primeiramente, ler tudo o que for proposto.

Se não pode ajudar…

… não atrapalhe. O Centrão e o centro juntos têm votos suficientes para aprovar qualquer proposta que ajude na redução do preço dos combustíveis, mas as consultas à oposição vêm no sentido de evitar atrasos. Se os oposicionistas sacam o “kit obstrução”, vai ser difícil aprovar os projetos no curtíssimo prazo.

Ganha-perde

A aprovação do teto do ICMS dos combustíveis bagunçou as contas do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do Rio de Janeiro e causou desconforto no Tesouro Nacional, um dos atores desse processo. Com a mudança do ICMS dos combustíveis, o Rio deixará de arrecadar R$ 8 bilhões, cruciais para o RRF do estado.

Roubou a cena

O programa de governo e o próprio Lula ficaram em segundo plano na reunião convocada para discutir o projeto do petista ao Planalto. O destaque nas redes foi a reclamação do vereador e ex-senador Eduardo Suplicy (PT), de que o programa de renda básica de cidadania não havia sido incluído no projeto, nem ele havia sido convidado para a reunião. Aloizio Mercadante, embora não seja o responsável direto pelos convites, levou a culpa.

CURTIDAS

Em 2023…/ A Frente Parlamentar do Empreendedorismo, capitaneada pelo deputado Marco Bertaiolli, aproveitou seu tradicional almoço para discutir a proposta do deputado Domingos Sávio (PL-MG) que cria a figura do decreto legislativo do Congresso Nacional para sustar decisão do STF que extrapole os limites constitucionais.

…vem polêmica/ Sávio discorreu sobre a proposta por meia hora e citou casos em que o STF legislou em vez de julgar. Depois da sua palestra, no almoço, os deputados comentavam, à boca pequena, não acreditar que a proposta seja debatida em 2022. Já tem confusão demais este ano.

Mas vontade existe/ Na reunião, a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), por exemplo, não fugiu do debate. “O Parlamento está acovardado. Precisamos fazer com que não seja refém do STF”, disse ela, que defende mandato definido para os ministros da Suprema Corte.

Veja bem/ O momento não é considerado propício para essa discussão. Afinal, se tem algo que todos concordaram foi que o STF cumpriu o papel de assegurar a democracia e segurar radicais nos momentos de tensão.

De petistas a bolsonaristas/ O ministro Gilmar Mendes (foto), do Supremo Tribunal Federal (STF), reuniu autoridades dos mais variados governos e autoridades dos Três Poderes no jantar, por adesão, em comemoração aos seus 20 anos de Corte. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, por exemplo, veio a Brasília especialmente para o encontro. Passaram por lá advogados ligados ao presidente Jair Bolsonaro e outros simpáticos ao PT e ao centro.

Projeto uniformiza regras de fiscalização e limita malabarismos fiscais

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Depois de tentar padronizar e uniformizar as alíquotas de ICMS nos estados, o Congresso agora vai tentar fazer a mesma coisa com a fiscalização das contas públicas. A ideia está num projeto apresentado esta semana pelo deputado Fábio Trad (PSD-MS), que organiza nacionalmente a fiscalização das finanças públicas. A proposta abrange a auditoria do SUS, prevista pela Lei Complementar 141 de 2012, mas nunca efetivada. Inclui ainda o controle interno, com base nas jurisprudências do STF, a fiscalização exercida pelos tribunais de contas e pelo Poder Legislativo, e, ainda, aquela a cargo do Ministério Público de Contas.

A uniformização das regras é considerada fundamental para acabar com a prática de estados adotarem entendimentos próprios das normas fiscais, o que permite, por exemplo, a burla aos limites de gasto com pessoal, de endividamento e de gastos mínimos com saúde e educação. Essa padronização faz com que os tribunais de contas de todo o país tenham diretrizes comuns para a fiscalização e as metodologias de cálculo sejam uniformes e alinhadas às contas feitas pela União.

Na justificativa da proposta, o deputado Fábio Trad afirma que essa mudança “proporcionará ganhos de eficiência para o Poder Público e maior segurança jurídica para os administrados, especialmente àqueles que, pelas mais variadas circunstâncias, devem prestar contas a mais de um Tribunal em razão das distintas origens de recursos que aplicam”. O deputado é direto: “Sem essa padronização, instaura-se ambiente propício para tratamentos assimétricos, por vezes casuísticos, que resultam na falta de isonomia e injustiças na relação federativa”, defende Trad.

A Associação Nacional dos Auditores de Controle Externo dos Tribunais de Contas do Brasil (ANTC) considera que o projeto moderniza a fiscalização das contas públicas, atualmente muito diversa entre os diferentes estados. “Ao dar diretrizes nacionais à fiscalização, o projeto do deputado Fábio Trad aumenta a transparência das contas e a qualidade do gasto público. Ele permite uma fiscalização mais assertiva que garante a aplicação dos recursos conforme estabelecido pela legislação. Além disso, é uma proposta que valoriza o pacto federativo porque impede interpretações discrepantes e submete todos os estados aos mesmos entendimentos”, diz o presidente da ANTC, Ismar Viana.

Prazo para julgar contas

Outra iniciativa do projeto é a fixação do prazo de 90 dias a partir do recebimento da instrução do Tribunal de Contas da União para que o Congresso Nacional julgue as contas do Presidente da República. Essa é uma das principais obrigações da função fiscalizadora do Legislativo, mas frequentemente acaba postergada atendendo a interesses políticos.

Padronização da atuação dos auditores

O projeto também regula a atuação dos auditores dos tribunais de contas. Segundo o deputado, diversas Cortes “têm sido negligentes na organização e funcionamento do órgão incumbido pela função de investigação referente a auditorias, inspeções e demais procedimentos de fiscalização, sendo verificadas formas precárias de atuação dos agentes designados para realizar tais procedimentos”.

Um dos problemas apontados pelo parlamentar é o uso de agentes comissionados ou de servidores concursados para atividades menos complexas e até de pessoal terceirizado e servidores cedidos de órgãos jurisdicionados para a execução do trabalho de controle externo que é típico da função dos auditores.

“Esse ponto da proposta é fundamental para garantir a lisura dos processos de controle externo. Sem a garantia de que a fiscalização seja feita por auditores concursados para a função, corre-se o risco, por exemplo, de um servidor cedido pelo governo do estado ser responsável por auditar as contas do próprio governo, seu órgão de origem”, explica Ismar Viana, da ANTC. Viana destaca ainda que esta medida é uma proteção inclusive para os jurisdicionados, que são os órgãos fiscalizados pelos tribunais de contas, já que a iniciativa permite uma auditoria técnica, com garantias para evitar interferências. A lupa agora ficará mais forte.

 

 

10 a 1: sem chance para reverter cassação 

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O placar da condenação de Daniel Silveira no Supremo Tribunal Federal dificultará a ação de seus aliados no Parlamento. A tendência do Legislativo hoje é buscar a pacificação entre os Poderes. Diante da maioria do STF, não haverá muito o que fazer. Se a Câmara chancelou quando foi uma decisão monocrática, não será agora, com a acachapante derrota de Silveira, que a Casa irá mudar o seu posicionamento.
A ideia dos congressistas é aproveitar o feriado para chegar a uma definição a respeito. Ou seja, se resolve logo o caso na Mesa Diretora da Câmara, apenas acatando a decisão do STF, ou se leva ao plenário. Em princípio, a ideia é, quanto antes este assunto sair de cena, melhor.

À flor da pele
O bolsonarismo sai do julgamento do caso do deputado Daniel Silveira ávido para buscar o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. E, entre aliados do presidente Jair Bolsonaro, há quem diga que o grupo não irá “baixar a bola” dessa história por se tratar de um ano eleitoral. O STF, porém, mandou um duro recado, não só aos apoiadores de Bolsonaro, mas a qualquer um: é preciso separar as ameaças e a barbárie das manifestações democráticas de liberdade de expressão.

Duas medidas
Os bolsonaristas se preparam para cantar aos quatro ventos que, no caso de Lula, os ministros do Supremo Tribunal Federal viram erros processuais. No caso de Daniel Silveira, segundo avaliação de juristas ligados a Bolsonaro, também houve erros. Isso não foi levado em conta para aliviar a vida do deputado.

Só pedreira
A largada eleitoral não está fácil para ninguém. Nem mesmo Lula, que lidera as pesquisas, dá sinais de que chegará tranquilo na abertura oficial da campanha, diante dos problemas na comunicação e na disputa interna entre os mais pragmáticos e aqueles apegados às bandeiras ideológicas.

 Veja bem
A fala de Ciro Gomes, na sabatina do Uol, dizendo que não há chance de apoiar Lula, não é consenso no partido. Se a passagem para o segundo turno confirmar as pesquisas de hoje, com Lula lá, o PDT apoiará o petista.

Mudou o foco
A conversa entre João Doria e Eduardo Leite e a ideia de que os tucanos arrefeceram os ânimos não duraram 24 horas. A avaliação agora é a de que o presidente do partido, Bruno Araújo, é um comandante a serviço do “recém-chegado” governador de São Paulo, Rodrigo Garcia.

CURTIDAS

Vitor Hugo versus Caiado/ Embora o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) tenha participado da solenidade de entrega de títulos de terra junto com o presidente Jair Bolsonaro, as vaias que recebeu de parte da torcida bolsonarista demonstram as dificuldades de reeleição para o governo goiano. A turma de Bolsonaro apoiou Caiado em 2018, mas agora vai de Vitor Hugo. O bolsonarismo quer testar sua força.

Resistência e resiliência/ A diretora do Instituto de Artes da UnB, Fátima Aparecida dos Santos, que conduziu a solenidade de colação de grau da turma de 2021/2, se emocionou ao falar da maratona dos alunos ao longo da pandemia. Ela lembrou a dificuldade de muitos em ter um espaço de concentração, assistindo a aulas “com cachorro latindo ao fundo, a avó avisando que o feijão ia queimar, o vizinho com o som no último volume”. “Nenhum desistiu”, comemorou. Prova da resiliência e resistência dos jovens. Que sejam felizes.

Por falar em felicidade…/ A solenidade do aniversário de Brasília na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira deixou a deputada Celina Leão (PP-DF) nas nuvens. Ao chamá-la para discursar, o deputado Luis Miranda disse que uma parcela de seu eleitorado já avisou que, se ele fosse para São Paulo, os votos seriam de “Celinda”. “É assim que eles te chamam viu?”.
Parabéns, Brasília. Essa “senhora” linda e charmosa que acolhe todos os brasileiros.

Bolsonaro vai a Sarney em busca de conselhos

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Foto: Isac Nóbrega/PR. Brasil

 

 

Denise Rothenburg e Vinícius Doria

O presidente Jair Bolsonaro visitou o ex-presidente José Sarney em sua casa hoje em Brasília. Bolsonaro chegou ao Lago Sul às 8h em ponto. Conversaram por quase uma hora, sem testemunhas. “Trocamos experiências sobre as dificuldades de governar. Eu vivi um período difícil, da transição democrática. Ele, da pandemia e da guerra na Ucrânia”, disse Sarney ao blog, acrescentando que não tem  “liberdade ou intimidade” para tratar de assuntos que dizem respeito à vida política do atual presidente.

Sarney pode não ter liberdade ou intimidade, mas tem experiência. Viveu em seu governo, o estresse de conviver com militares que continuavam ativos na vida politica do país, e a chegada do governo civil. Hoje, Bolsonaro vive algo parecido, com a necessidade de equilibrar  convivência com o Centrão e os militares, que lastrearam a sua campanha em 2018.  Sarney, que liderou o país na consolidação da democracia pós-ditadura militar, tem muito a ensinar a quem é tratado por setores da oposição como alguém que ameaça a vida democrática. Bolsonaro foi com uma equipe de segurança reduzida, acompanhado apenas de um ajudante de ordens, antes de embarcar para o Mato Grosso.

O ex-presidente virou um oráculo dos presidenciáveis. Na semana passada, recebeu o ex-presidente Lula. Também em conversa privada e discreta. Já esteve também com a senadora Simone Tebet, de seu partido, o MDB. Dos três, Lula  é quem tem mais intimidade com Sarney.  A proximidade entre eles é antiga. Sarney, inclusive, fez questão de ir com Lula no avião presidencial que levou o petista para casa, quando ele deixou o poder.

 

Podemos ter Leite e Ciro

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Podemos ter Leite e Ciro
A nota oficial da presidente do Podemos, Renata Abreu, foi vista pelo grupo simpático à candidatura presidencial de Eduardo Leite como uma brecha, não para filiação, mas tentar encorpar uma opção pelo agora ex-governador do Rio Grande do Sul fora do PSDB, hoje o candidato do PSDB com direito a papel timbrado pelo presidente do partido, Bruno Araújo. Os aliados de Leite, liderados por Aécio Neves, vão procurar Renata Abreu para conversar a partir da semana que vem. Os movimentos mais robustos, porém, ficarão para depois da Semana Santa. Até lá, muitos querem esperar a poeira baixar após a saída de João Doria do governo de São Paulo e o anúncio da pré-candidatura ao Planalto.
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Renata deixa transparecer um pote de mágoas em relação ao ex-juiz Sergio Moro e não esconde a vontade de encontrar um candidato que “olhe nos olhos, sem titubear”. É nisso que os apoiadores de Eduardo Leite se firmam hoje. Só tem um probleminha: emissários de Ciro Gomes também vão buscar o Podemos, que virou um potencial aliado para todos os interessados em se apresentar como a alternativa mais viável à polarização.

Sonho & realidade
Diante do aceno de João Doria para permanecer no governo de São Paulo, a maior esperança dos mais fiéis aliados do governador era a de que os tucanos fizessem milhões de apelos para que ele fosse candidato a presidente. As súplicas, porém, foram mais para o cumprimento do acordo com o vice-governador Rodrigo Garcia, que foi para o PSDB justamente para concorrer ao governo estadual.
A desculpa está criada
Dizem os tucanos, não é fácil deixar o comando de “transatlântico”, como o governo de São Paulo. Com Doria fora do governo estadual, Rodrigo Garcia tem a desculpa perfeita para dar um chega para lá no quase ex-governador.
Por falar em PSDB…
Além da briga interna, os tucanos terão dificuldades em ter quem replique a campanha presidencial nos estados. No Ceará, por exemplo, o PSDB não tem mais um deputado federal para chamar de seu.

Enquanto isso, no Planalto…

O partido do presidente Jair Bolsonaro, o PL, ampliou a base eleitoral em todos os estados. E, para completar, a solenidade que marcou saída dos ministros que vão concorrer às eleições deixou, até nos adversários que acompanharam o evento, a sensação de que o chefe do Executivo terá o que mostrar na campanha, em termos de realizações. Vai ser difícil tirar o presidente do segundo turno.

CURTIDAS

A volta de Huck/ Luciano Huck (foto) se prepara para uma nova investida na cena política. Ele se apresentou no ano passado como pré-candidato a presidente da República e desistiu para assumir as tardes de Domingo, da TV Globo. Agora, voltará como um dos potenciais apoiadores de Eduardo Leite.

Veja bem/ Ficou registrado pelos artistas ligados a Huck a frase de Leite ao deixar o governo gaúcho, “eu não saio, eu me apresento”. Ou seja, tem jogo.

E o PT, hein?/ Lula segue como favorito na maioria das pesquisas. Mas tem um probleminha: se deixar crescer a ideia de que ficou rico no governo, vai dar ruim. O episódio do relógio Piaget associado às postagens de bolsonaristas com o depoimento de Antonio Palocci são temas que complicam o ex-presidente nesta pré-campanha.

Da paz/ De tenso, no 31 de março, só mesmo o discurso do presidente Jair Bolsonaro falando em “calma, um c…”.  Ao admitir colocar a tornezeleira eletrônica, Daniel Silveira reduziu o desconforto da Casa e as ameaças de radicalismo. Agora, o foco será o Sete de Setembro, em plena campanha eleitoral.

No mais…/ O Brasil terá uma campanha presidencial tranquila. 1º de Abril!!!

Caso Daniel Silveira gera tensão no 31 de março

Daniel Silveira
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Independentemente do desfecho do caso do deputado Daniel Silveira (sem partido-RJ) e o uso de tornozeleira determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, o fato de um deputado ter ficado “ilhado” no Parlamento deixa este 31 de março sob alerta. Nesta data, grupos radicais costumam se movimentar e há quem esteja com receio de que a situação do parlamentar sirva de pretexto para novos ataques ao STF, nos moldes do que já se viu no passado recente.
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Da parte do Planalto, porém, a ideia é ficar bem distante daquele Sete de Setembro em que foi preciso o ex-presidente Michel Temer servir de ponte entre Jair Bolsonaro e Moraes. O presidente já foi aconselhado, inclusive, a ficar longe dessa briga. Agora, quem o conhece, garante que ele não deixará de defender o deputado. Prova disso, foi a presença do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ao lado de Silveira na Câmara.
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Deu ruim
A história do relógio Piaget de Lula ainda vai render. O ex-presidente disse que ganhou a peça de presente quando estava no Planalto. Não disse quem deu. Um servidor público não pode receber presentes de valor superior a R$ 100. No caso dos presidentes da República, há exceções, por exemplo, objetos de uso pessoal. A oposição aos petistas já pegou as declarações de Lula no evento do PSol.
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Sem meio-termo
Quem conhece o andar da carruagem do Congresso em casos de confronto com o STF, garante que se chegou a um ponto em que a Câmara dos Deputados cassa o mandato do parlamentar ou o defende até o fim. Até aqui, Arthur Lira (PP-AL) optou pelo caminho do meio. Determinou que o plenário é inviolável, mas decisão judicial também.
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Nem vem
Lira sabe que sua função ali é defender a inviolabilidade dos mandatos, sob pena de não conseguir convencer a Casa a lhe dar mais dois anos no comando, a partir de 2023. Obviamente ainda falta muito tempo, Lira precisa se reeleger deputado para se candidatar novamente à Presidência da Câmara. Mas, em conversas reservadas, muita gente diz que, daqui para a frente, tudo contará a favor ou contra esse projeto.
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Se correr o bicho pega…
Lira, aliás, está com um grande problema em mãos: a oposição pressiona para que ele leve logo ao plenário a suspensão de Daniel Silveira por seis meses. Os bolsonaristas querem a defesa incondicional do parlamentar. Ao decidir atender a um grupo, Lira perderá o outro.
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Sejam pragmáticos/ O PT não desistiu de ter o PSB na federação que reunirá os petistas aos integrantes do PV e do PCdoB. A aposta é a de que a bancada terminará convencendo a cúpula partidária, especialmente agora que alguns deputados deixaram o PSB e foram para o PV em busca de uma aliança que ajude a reeleição. Os lulistas querem uma ampla aliança logo na largada da campanha presidencial.
Montes na Agricultura/ A fim de evitar briga entre os partidos aliados, Bolsonaro acolheu a sugestão da ministra da Agricultura, Tereza Cristina (foto), e nomeará o secretário-executivo do ministério, Marcos Montes. A transmissão de cargo está marcada para as 15h.
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Muita calma nessa hora/ De Americana, onde acompanha as últimas filiações no PSDB paulista, o deputado Wanderlei Macris (SP) avisa: “Eduardo Leite ficar no PSDB é bom, o que não pode é solapar as prévias e uma decisão democrática do partido”.
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Por falar em PSDB…/ Mais um deixou o partido. O deputado Otávio Leite (RJ), suplente que está no exercício do mandato, foi para o União Brasil.

“Fico” de Doria abre caminho para Eduardo Leite ao Planalto

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O Governo de São Paulo amanheceu completamente aturdido nesta manhã, com a notícia de que o governador João Doria desistiu de deixar o cargo e concorrer à Presidência da República. O vice-governador Rodrigo Garcia, pré-candidato a governador que esperava assumir o cargo ainda hoje para concorrer à reeleição, soube nesta madrugada e pretende pedir demissão. A agenda do governador foi toda cancelada e os tucanos estão nesta manha tentando contornar a crise antes do anúncio do governador, previsto para 16h.

O movimento bagunça o PSDB paulista e pacifica o nacional. Em São Paulo, os tucanos estão aturdidos, porque tudo estava pronto para Rodrigo Garcia concorrer ao governo do Estado. Embora, Doria não tenha se colocado desde já como candidato à reeleição nas conversas desta madrugada, há quem diga que todo esse movimento pode desaguar numa candidatura à reeleição.

No plano nacional, o caminho fica aberto para que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, se movimente livremente junto a outros partidos para ser candidato a presidente da República, numa composição com a senadora Simone Tebet, do MDB, pré-candidata ao Planalto. As confusões que até aqui estavam no plano nacional do PSDB agora se deslocaram para São Paulo, onde eles sempre brigam, mas terminam se entendendo.

Estudo mostra crescimento exponencial de pautas parlamentares aprovadas

Congresso Nacional
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Um estudo que acaba de sair do forno mostra que, nos últimos anos, cresceu exponencialmente a força dos parlamentares sobre a pauta do Poder Legislativo. Em 2015, por exemplo, primeiro ano do segundo governo Dilma Rousseff, 56,9% dos projetos que viraram leis eram de autoria do Poder Executivo, 13,79% do Senado e outros 29,31% da Câmara dos Deputados. Em 2017, já no governo Temer, foram 54,05% de autoria do Executivo, 14,86% do Senado e 29,73% da Câmara. No primeiro ano do governo Bolsonaro, o volume de leis de iniciativa do Executivo caiu para 38,71%, enquanto do Senado e da Câmara subiram para 29,03% e 32,26%, respectivamente.

Diretor da Action Relações Governamentais, empresa responsável pelo estudo, João Henrique Hummel é incisivo ao afirmar que já vivemos no semipresidencialismo. E com as emendas impositivas, o Executivo dificilmente mudará essa realidade.

Em tempo: com o Congresso no comando do Orçamento e da agenda do poder, o lobby também vai ter que mudar. Em vez de conversar com o Executivo, os lobistas terão que gastar sola de sapato no Parlamento, convencendo os líderes de seus interesses empresariais e políticos, muitas vezes legítimos e republicanos.

Eles não
Esta quarta-feira começou fervendo ainda na madrugada, com a dificuldade de o Centrão aceitar os secretários-executivos para os cargos de ministros que deixam a Esplanada para concorrer a mandatos eletivos. Os políticos preferem alguém que tenha compromisso em liberar as RP9, as emendas de relator, até junho.
Turma do contra
A maioria dos secretários-executivos resistiu em cumprir a liberação dessas emendas. Preferiu garantir recursos para as prioridades e obras do governo. Por isso, muitos desses secretários não têm apoio político agora para assumir os cargos.

Muita calma nessa hora
Com a saída de Milton Ribeiro do cargo de ministro da Educação, o governo vai tentar ganhar tempo para dar explicações ao Congresso. A ideia de alguns aliados é esperar para avaliar o custo-benefício da presença no Senado e dizer que, como Ribeiro saiu, é preciso esperar um pouco mais para que o novo ministro se ambiente ao cargo.

Ela tem público…/ Mais de duas mil pessoas aguardavam a questão de ordem da deputada Bia Kicis (PL-DF), ontem, no início da noite, quando ela exibia o discurso do deputado Alberto Neto (PL-AM) contra a tornozeleira eletrônica de Daniel Silveira (União-RJ, foto). O amazonense cobrava, inclusive, o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O presidente Arthur Lira (PP-AL) não estava no plenário.

… mas teve a voz “cassada” no plenário/ A deputada se preparava para apresentar uma questão de ordem sobre Silveira, que vai “morar” na Câmara para não ser obrigado a usar a tornozeleira, determinada pelo ministro. A deputada Rosangela Gomes (Republicanos-RJ), que presidia a sessão, não abriu espaço para Bia falar e, citando o regimento interno, encerrou a sessão.

Vale lembrar/ No Congresso, é assim: quando tem acordo, a letra do regimento é flexível; quando não tem, todos sacam seus artigos.

Me inclua fora dessa/ O senador Luís Carlos Heinze (PP-RS) já fez chegar ao Planalto que não quer assumir ministério. Aos amigos, tem dito que o momento é de ser candidato ao governo do Rio Grande do Sul. Assim, vai dividir os votos do bolsonarismo com Onyx Lorenzoni, que deixa o Ministério do Trabalho e Previdência para ser candidato ao governo gaúcho.

O primeiro grande embate entre Lula e Bolsonaro

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O primeiro grande embate
Um dia depois de o governo anunciar a saída do presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, o ex-presidente Lula estará no Rio de Janeiro para discutir o preço dos combustíveis com a Federação Única dos Petroleiros (FUP). É por aí que os petistas pretendem começar o embate com Bolsonaro. Lula não tratará dos malfeitos na Petrobras ao longo dos governos petistas, ponto sempre levantado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ex-juiz Sergio Moro.
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Os petistas também não pretendem tratar dos preços dos tempos do governo Dilma, que subiram bastante. A ordem entre os aliados de Lula é lembrar que, em seus oitos anos de governo, o preço subiu 43 centavos. Esta é a comparação que o ex-presidente fará.
Cena esquecida
Em junho de 2008, Lula esteve em Roma, num evento da FAO, e se colocou como um mascate do etanol brasileiro. Em uma entrevista, chegou inclusive a pedir à então primeira-dama, d. Marisa, que entrasse no salão segurando um grande carro de brinquedo, feito de plástico de cana.
Cena lembrada
Lula, porém, com as notícias do pré-sal em 2009, deixou o etanol de lado e passou a apostar no petróleo. Há quem diga que, se tivesse apostado no álcool combustível, a história agora seria outra.
Demitiu, mas não engoliu
Depois de dizer que colocava “a cara no fogo” pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro, o presidente Jair Bolsonaro se viu obrigado a montar toda uma operação para se afastar do problema. Porém, não perdeu as esperanças de repetir a história de Henrique Hargreaves, ministro da Casa Civil do governo Itamar Franco. Nos tempos do escândalo do Orçamento, nos idos de 1993, Hargreaves foi citado, saiu do cargo para se defender e, inocentado, retornou ao governo.
 
Jogos tucanos
A permanência do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, no PSDB reabre a guerra interna. O deputado Aécio Neves vai buscar apoios externos, inclusive o do ex-vice-presidente Michel Temer. O líder tucano já tem encontro marcado com Aécio, mas não será muito ostensivo, porque seu partido tem Simone Tebet como candidata.
Damares e Tarcísio/ A ministra dos Direitos Humanos, da Família e da Mulher, Damares Alves, já chegou no Republicanos lançando uma nova moda por ali: a audiodescrição. A ideia é que ela estruture todo o programa do partido para a área social, inclusive, o que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, apresentará ao concorrer ao governo de São Paulo.
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 Desunião eterna/ Desde a candidatura de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República, o PSDB nunca mais se uniu em torno de um nome para o Planalto. A exceção foi no segundo turno de 2014, contra a presidente Dilma Rousseff. A permanência de Eduardo Leite no partido é sinal de que não será a eleição de 2022 que trará a unidade.
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 Os tucanos que se entendam/ Essa falta de unidade no PSDB afasta inclusive outros partidos de uma possível aliança. O União Brasil, por exemplo, já está cuidando da própria vida, com os filiados livres para escolherem quem apoiar ao Planalto.
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 O plano C de Kassab/ Conforme o leitor da coluna já sabe há tempos, o nome que vem sendo levantado pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab, para concorrer à Presidência da República é o do ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung.

União é de todos: apoiadores serão livres para defender presidenciáveis diversos, de Lula a Bolsonaro

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As filiações ao União Brasil nos últimos dias foram feitas mediante o compromisso de liberdade para que os novos partidários possam escolher quem quiser para presidente da República. A legenda terá em seus palanques pelo Brasil afora apoiadores de presidenciáveis dos mais variados credos, de Bolsonaro a Lula, passando ainda por João Doria e quem mais chegar.

No DF, por exemplo, a intenção do senador Reguffe, mais novo filiado e pré-candidato ao GDF, é manter distância regulamentar da campanha presidencial, já que seu eleitorado está distribuído por várias matizes ideológicas. No Ceará, os deputados do União também planejam cuidar da própria vida. Na Bahia, conforme o leitor da coluna já sabe, já se desenha o “Luneto” — Lula e ACM Neto, que concorrerá ao governo estadual.

Duplo objetivo

A filiação do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, ao Republicanos, tira mais uma legenda da órbita do governador de São Paulo, João Doria, e da base de apoio do vice-governador Rodrigo Garcia na corrida ao Palácio dos Bandeirantes. Tarcísio ainda buscará outros apoios no entorno dos tucanos. Ele quer ampliar seu tempo de exposição na tevê aberta para tentar chegar ao segundo turno. Se conseguir, será a primeira vez que um governador de São Paulo, candidato à reeleição, ficará fora da rodada final.

Dupla vitória

A Frente Parlamentar de Energia Renovável comemorou a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de cassar a liminar que dava às térmicas a óleo o direito de participar do leilão de dezembro. “Foi uma vitória e tanto. Servirá também de argumento para questionar os jabutis incluídos na privatização da Eletrobras com relação à compra de energia das térmicas a gás”, diz o presidente da Frente, deputado Danilo Forte (PSDB-CE).

Lula com Khalil

Pré-candidato ao governo de Minas Gerais, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Khalil, conversou com Lula esta semana. O apoio do PT às pretensões eleitorais do mineiro está cada vez mais perto.
Vai você
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Dos deputados federais presentes aos eventos do presidente Jair Bolsonaro no Ceará — gente do calibre de Domingos Neto e Capitão Wagner, os mais votados —, o escalado para falar foi um suplente de 10 mil votos, Jairo Bezerra. É que nenhum dos outros quer acoplar a imagem ao presidente na terra onde Ciro Gomes e Lula têm a preferência do eleitorado. Jairo, porém, cumpriu a missão e arrancou gargalhadas da plateia ao dizer que seguiria Bolsonaro até se fosse para a Ucrânia.
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Até aqui, todos iguais/ A pesquisa desta semana foi vista pelos presidentes dos partidos como um sinal de que a tal terceira via ainda não tem um candidato que obrigue os demais a sair do páreo. E a contar pela posição, não dá para desprezar Sergio Moro (foto) como opção viável para representar este segmento.
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Por falar em Doria…/ Os 2% que ele apresenta na pesquisa do Datafolha desta semana reforçam a tese do grupo que tenta apeá-lo da disputa presidencial. Afinal, como governador de São Paulo e comandante de um governo bem avaliado, deveria estar melhor.
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Esperteza não/ O presidente do MDB, Baleia Rossi, e Simone Tebet, pré-candidata à Presidência da República, jantaram com Doria e deixaram claro que não é hora de falar em vice ou algo que o valha. Definição mesmo só lá para final de maio, início de junho. Quem for afoito para tratar qualquer coisa nesse sentido desde já, vai terminar isolado.
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Marília Arraes e Lula/ Em Pernambuco, a deputada Marília Arraes se filiou ao Solidariedade, mas não abandonou o candidato petista ao Planalto. Suas imagens de pré-campanha mostram uma foto dela ao lado de Lula, informa o site de Ricardo Antunes. Só tem um probleminha: os petistas acenam com o apoio a Danilo Cabral (PSB) e, se for formalizada a coligação, ela não poderá usar a imagem do ex-presidente.