Queda de braço da desoneração de combustíveis pode dar protagonismo a oposição

Publicado em Política

Com a base política do governo pedindo expressamente que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantenha a desoneração do preço dos combustíveis e a área econômica pregando o inverso, os parlamentares já fizeram chegar ao Planalto que se os economistas vencerem a queda de braço, o Congresso vai resolver. Há, inclusive, quem torça para que o governo acabe com a desoneração dos combustíveis, de forma a dar protagonismo aos deputados e senadores, inclusive oposicionistas, devolvendo esse benefício à população.

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), percebeu esse movimento. Não por acaso, declarou que é melhor definir primeiro o que o governo fará na Petrobras para, depois, acabar com a desoneração. Entre os petistas, o receio de que a oposição fature com a história é alto. Ninguém quer dar munição aos oposicionistas nesses primeiros acordes do governo depois do carnaval. Porém, diante da briga interna entre as áreas econômica e política do governo, a oposição não precisará fazer muito esforço para obter um discurso.

A disputa por prefeitos

O vice-presidente Geraldo Alckmin estará, neste fim de semana, nas áreas atingidas pelas chuvas no litoral norte de São Paulo. Além da óbvia missão humanitária de um homem público que realmente se preocupa com as pessoas, há o gesto político de tentativa de atração dos prefeitos tucanos para a base do governo.

Valdemar $$$

Alckmin fará o contraponto ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que também está de olho nos prefeitos da região e tem recursos para atraí-los. O PL começa a receber, nos próximos dias, parte dos R$ 200 milhões referente ao fundo partidário. Aliás, muitos partidos vão receber mais do que muitas prefeituras do litoral Norte de São Paulo.

Segura aí, Arthur

Com o governo tentando acertar a bússola na economia, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deve atender os ministros de Lula e dar um sossego na semana que vem. Não tem nenhuma grande polêmica prevista na pauta.

Hora de sentir o clima

Os parlamentares vão aproveitar para avaliar as perspectivas de aprovação das medidas provisórias em pauta. Na lista, está a que trata das agências reguladoras, instituições que fiscalizam quase 40% do PIB brasileiro. Pelo menos 45 instituições privadas se manifestaram contra a emenda do deputado Danilo forte (União Brasil-CE), que pretende criar conselhos para fiscalizar as agências.

Garota propaganda/ O PL vai investir na imagem da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro para atrair o público feminino no próximo mês, especialmente no período de 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Num único dia, a sexta-feira pré-carnaval, o vídeo de Michelle pedindo que as mulheres denunciassem casos de violência rendeu ao partido 10 mil novos seguidores em suas redes.

A aposta do PL/ O presidente Valdemar Costa Neto sonha em ter Michelle candidata no Distrito Federal, ao lado da governadora em exercício Celina Leão (foto). A ex-primeira-dama tem história no quadradinho e pode surpreender, da mesma forma que a senadora Damares Alves (Republicanos-DF).

Candidata sim/ Na reunião com a bancada feminina, Michelle disse com todas as letras que não pretende concorrer a mandato eletivo em 2026. A deputada Soraya Santos (PL-RJ), que presidia o PL Mulher até aqui, foi direta: “Se você se sair bem nas pesquisas, não dependerá da sua vontade”, comentou.

Um ano de guerra/ Sinal de que os líderes mundiais falharam na maior missão que o povo lhes deu: manter a paz, a prosperidade e, especialmente, o diálogo, a maior ferramenta da política.

Presidente do Banco Central abre o bloco “Robertinho paz e amor”

Campos Neto
Publicado em Política

Se algum parlamentar mais ao centro tinha dúvidas sobre a independência do Banco Central ou necessidade de confrontar o BC no quesito juros, as declarações do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, hoje de manhã, em evento do BTG Pactual e a entrevista ao Roda Viva da TV Cultura jogaram todos para fora do campo. Nas duas oportunidades, ele se mostrou aberto ao diálogo, Hoje cedo, ainda pediu ao mercado que tenha paciência com o governo que só tem 45 dias e tem boa vontade. Campos Neto ainda se colocou à disposição para conversar com o presidente Lula e quem mais chegar. “Quero ter outra reunião com o presidente Lula, com os ministros. É importante explicar o trabalho do Banco Central e estar próximo (do governo)”, afirmou na entrevista ao Roda Viva. Sem sair do script daquilo que se espera de alguém que ocupe um cargo de tamanha relevância,  Roberto Campos Neto não escapou de nenhuma pergunta, nem sequer de sua participação no WhatsApp dos ex-ministros de Jair Bolsonaro. “Você desenvolve relações ao longo de quatro anos. Precisa diferenciar”, disse, tentando separar as estações. Quanto às reclamações de que o BC estaria agindo politicamente, ele lembrou que no ano eleitoral elevou os juros, o que contraria essa versão de ação política por parte da autoridade monetária do país.

Entre os congressistas , sua fala foi considerada um divisor de águas e reforçou o apoio dos partidos mais conservadores a Campos Neto. Quanto ao PT, o presidente do Banco Central ainda terá que procurar afinar a viola. A contar pelo discurso da presidente do partido, Gleisi Hoffmann, no aniversário do PT, na noite de ontem, o partido não está convencido da ação técnica do BC. Gleisi foi incisiva ao reclamar dos juros altos e disse que “não há risco fiscal”. Ela lembrou que o país tem reservas cambiais elevadas e acusou o Banco Central de “corroborar com a mentira”. Para completar, chamou o mercado de “atrasado”, diante do mundo. E, com todas as letras, e entonações, disse que “não há acomodação possível com crianças passando fome”. Ou seja, a depender do PT, o discurso de diálogo do presidente do Banco Central, meio “Robertinho paz e amor”, que lembra o do “Lulinha paz e amor” dos tempos de polarização com os tucanos, ainda não fez efeito.

Governo Lula passará por prova de fogo em votações de MPs

Publicado em coluna Brasília-DF, Política

Por Luana Patriolino (Interina) – O governo de Luiz Inácio Lula da Silva passará, em breve, por uma nova prova de fogo. A base aliada do Congresso deverá votar as medidas provisórias editadas pelo presidente nos primeiros dias de gestão. Algumas devem ser aprovadas com larga vantagem, mas outras correm risco de rejeição ou de alteração profunda. A primeira delas é a que determina a volta do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Ministério da Fazenda. No governo de Jair Bolsonaro, o órgão passou do Ministério da Justiça e Segurança Pública para o da Economia e, por fim, acabou no Banco Central (BC). O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), já disse que o Coaf deveria continuar no BC.

Pior de tudo é a fome

Se no mercado financeiro a desconfiança é grande em relação ao presidente Lula, que decidiu confrontar o Banco Central por causa dos juros altos, entre o empresariado, pelo menos entre os mais conscientes, a ordem é encampar a proposta do petista de erradicar a fome do Brasil. Gente do calibre de Abílio Diniz e Luiza Trajano diz que não é mais possível ficar reclamando da violência, andando de carro blindado, quando há milhões de brasileiros nas ruas sem ter o que comer.

Atenção à depressão

Foi protocolado na Câmara dos Deputados um projeto de lei para instituir o Programa Nacional de Prevenção da Depressão. A proposta é do deputado federal Fábio Macedo (Podemos-MA), que é autor de outras proposições sobre o tema no Maranhão. “Existem obstáculos ao enfrentamento eficaz desse transtorno no Brasil, entre os quais o preconceito social em relação aos transtornos mentais e a falta de profissionais capacitados”, lamentou, em conversa com a coluna.

À frente dos paulistas

O deputado federal Antônio Carlos Rodrigues (PL-SP) foi eleito, ontem, coordenador da bancada federal paulista, na Câmara dos Deputados. Apesar de ser integrante do PL, legenda de Jair Bolsonaro, ele é visto por seus pares como um conciliador. Por causa disso, teve até mesmo o apoio do PT para presidir o grupo, que tem 70 deputados e três senadores. “Independentemente de partidos, nosso objetivo é garantir que investimentos e projetos importantes para São Paulo sejam executados. Iremos dialogar com os governos federal e estadual para unir forças”, garantiu.

Choradeira permanente

No Telegram, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) segue com os ataques ao governo Lula. Em seu canal na plataforma, que possui 190 mil inscritos, o filho do ex-presidente compartilha diariamente mentiras e posts relacionados à economia brasileira que, segundo ele, vai entrar em colapso na gestão petista.

E Jair?

Enquanto isso, Jair Bolsonaro se comporta como se ainda fosse chefe do Executivo. Com uma frequência bem menor que a do filho 02, publica mensagens sobre os feitos de seu governo, defendendo que promoveu investimentos externos e a redução da criminalidade.

Apoio e rejeição

Com o apoio do Brasil, o português António Vitorino está praticamente eleito para a chefia da Organização Internacional para as Migrações (OIM). O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, esperava ouvir de Lula, na reunião que terão hoje, apoio ao nome da norte-americana Amy Pope para o cargo. Mas o governo do petista tem horror à forma como os norte-americanos executam sua política de imigração.

Espaço para ex-presidente

Se confirmada para a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), instituição financeira controlada pelos países que formam o Brics, a ex-presidente Dilma Rousseff terá salário anual de cerca de US$ 500 mil. A pretensão do governo é que o atual comandante do banco, o bolsonarista Marcos Troyjo, que tem mandato até 2025, renuncie ao cargo o mais rapidamente possível. A petista, se nomeada, terá de passar boa parte do tempo na China, sede da instituição. A indicação da ex-presidente para a chefia do NBD tem a vantagem de não exigir sabatina e aprovação do Senado. Ela não quer ser inquirida na Casa que sacramentou o impeachment dela.

Liberdade, liberdade

O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) decidiu, ontem, substituir a prisão domiciliar de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, pelo uso de tornozeleira eletrônica e apreensão do passaporte. No entanto, ele só poderá sair de casa após a publicação dos ofícios que ratifiquem a decisão. Isso deve ocorrer apenas na próxima segunda-feira. O político foi preso em 2016, pela Operação Calicute, desdobramento da Lava-Jato.

Atos golpistas poderiam ter sido piores

Publicado em Política

O jantar de despedida do presidente Jair Bolsonaro na casa do então ministro das Comunicações Fábio Faria teve como objetivo dissuadir o então comandante em chefe das Forças Armadas a insistir em meios de permanecer no cargo, ou dar um golpe, que muitos calcularam ser o objetivo central da depredação do último domingo. Foi ali, naquele jantar, aconselhado por políticos e ministros do Supremo Tribunal Federal, que Bolsonaro decidiu ficar um tempo fora do país, a fim de descansar e voltar renovado, para liderar a oposição. O jantar se deu dias após os atos incendiários de 12 de dezembro, data da diplomação do presidente Lula. Agora, depois dos atos de 8 de janeiro, ele corre o risco de regressar para
ficar inelegível.

Os cálculos de muitos, hoje, é que estava tudo pronto para um movimento nos moldes de 8 de janeiro. A diferença é que, naqueles dias, Bolsonaro ainda era presidente e teria que entregar tudo nas mãos dos militares, e ainda haveria dúvidas se voltaria ao poder. Os militares também não aceitaram. Logo, não deu certo. Se tivesse funcionado nos moldes que os radicais queriam, talvez os responsáveis jamais
fossem punidos.

Sob a égide do interventor

O fato de o ex-ministro da Justiça Anderson Torres ter sido levado para as dependências da PM do Distrito Federal coloca o ex-secretário de Segurança Pública de Ibaneis Rocha sob a guarda do interventor, Ricardo Capelli. Sinal de que toda a omissão será castigada.

O recado que virá do STF

Os ministros do Supremo Tribunal Federal já começaram a alinhavar os discursos para a volta do recesso. A ordem é deixar claro aos congressistas que a democracia foi devolvida à política. Agora, caberá aos políticos cuidar dessa plantinha todos os dias.

Mirem-se em Ulysses…

… Guimarães. A política precisa voltar a resolver os problemas da política com a política. Recuperar a sabedoria de gerar consensos entre diferentes visões de mundo e parar de, a qualquer coisinha, recorrer ao STF. É preciso reaprender a arte de fazer política, que parece que as novas gerações não aprenderam.

A hora de buscar votos

Parlamentares aliados ao governo estão orientados a buscar nos partidos mais à direita, pelo menos mais 100 votos para a base governista, além dos 210 já contabilizados. A avaliação é que é preciso ampliar a base, se quiser governar em paz.

Espere sentado/ Com encontro marcado com o ministro da Agricultura, Carlos Favaro, para o próximo dia 6, a Frente Parlamentar de Agricultura vai cobrar dele a declaração em que deu a entender que só haveria conversa com a frente se seus integrantes descessem do palanque eleitoral. A avaliação de muitos na FPA é a de que político não desce do palanque nunca.

Enquanto isso, no Itamaraty … / Uma missão chefiada pelo futuro encarregado de negócios da Embaixada na Venezuela, André Flávio Macieira, está fazendo as malas para desembarcar em Caracas nesta semana, a fim de preparar as instalações brasileiras para a retomada das relações diplomáticas. São três prédios que o governo brasileiro tem por lá e que estão completamente abandonados, segundo relatos de diplomatas.

… as mudanças estão a mil/ O governo deve escolher, nos próximos dias, um embaixador para Cuba, que hoje só tem um encarregado de negócios. A decisão será pessoal do presidente Lula, como ocorreu em mandatos anteriores. O embaixador à época era o ex-deputado Tilden Santiago, que morreu de covid no ano passado.

Vem comigo/ Assim que assumiu o cargo de interventor na segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Capelli (foto) ouviu de uma servidora que ela havia feito postagens a favor do antigo chefe. Capelli, então, foi direto: “Não se preocupe. O que me interessa são atitudes”. Com ele, não tem essa de perseguição por uma postagem ou outra com elogios a A, B ou C. Quer é trabalhar em conjunto com todas as forças locais.

 

Lula quer virar a página da crise de segurança

Publicado em Política

Por mais surpreendentes que sejam as denúncias envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, seja na seara dos atos antidemocráticos/tentativa de golpe de Estado, seja nos gastos do cartão corporativo, o governo Lula terá que fazer uma escolha: gasta parte da energia nesses temas da segurança — entre eles o chamado pacote da democracia que vem por aí — ou acalma o país para garantir uma boa discussão da reforma econômica — na qual a tributária é considerada a mais importante. A partir daí, consolidaria os recursos para os programas sociais, especialmente a revolução que o presidente da República deseja fazer no sistema educacional.

Se depender exclusivamente de Lula, a ordem é virar a página. Deixar que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Judiciário cuidem de Bolsonaro e a Presidência da República fique fora dessa seara. Falta combinar com o PT, que, diante dos atos antidemocráticos, se apresenta com sangue nos olhos, pedindo a cabeça do ministro da Defesa, José Múcio, e reclamando internamente do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. O entorno de Lula espera que a fala inicial dele, ontem, no café da manhã com a imprensa, tenha sido a senha para o PT reajustar o foco para os programas sociais.

Um quebra-cabeças…

O mosaico que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), vem montando há anos dentro do inquérito dos atos antidemocráticos, tem agora uma peça-chave: o manuscrito de uma minuta de decreto encontrado na casa de Anderson Torres, ex-secretário de Segurança do DF e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, é visto como uma prova de que houve realmente vários desenhos para evitar a posse de Lula.

…que preocupa os bolsonaristas

A continuar nesse caminho, avaliam alguns, cresce o risco de que Bolsonaro seja encaminhado a prestar depoimento assim que pisar em Brasília. Se houver alguma prova mais incisiva de participação do ex-presidente, ele pode ser preso.

Uma ajuda a Ibaneis

A minuta de um decreto de intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) encontrada na casa de Torres ajudará o governador Ibaneis Rocha na própria defesa. É que quanto mais elementos houver de que o ex-ministro estava no grupo que tentou articular um golpe no país, mais chances de recair sobre ele toda a culpa pela desmobilização de 8 de janeiro.

E a economia, hein?

O setor produtivo não gostou nada dessa história do voto de qualidade no Carf. É que, a partir de agora, a mão sempre pesará a favor da Receita Federal. Há, no setor produtivo, quem considere que o governo quebrou o que disse Lula: previsibilidade, transparência e credibilidade. O da “previsibilidade”, dizem alguns, não foi cumprido com o anúncio das medidas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O mercado, porém, gostou.

Caligrafia/ O autor da minuta do decreto encontrado na casa de Anderson Torres ainda não é conhecido. Já tem gente no mundo jurídico desconfiada de que não foi o ex-ministro que escreveu.

TCU em festa…/ Para marcar os 130 anos do Tribunal de Contas da União, o atual presidente da Corte de contas, Bruno Dantas (foto), levantou três pontos prioritários com os quais pretende marcar sua gestão: transparência, responsabilidade fiscal e cultura de consensualismo.

… e na lida/ A ordem é dar segurança aos gestores de que eles podem tomar decisões para não haver um “apagão das canetas”, quando muitos não decidem para não serem processados mais à frente.

Quem diria…/ O governo está apenas na sua segunda semana, encarando hoje uma sexta-feira 13, e parece ter mais tempo, de tantas coisas que aconteceram. E ainda estamos apenas nas “flores do recesso”, aquele período em que o Congresso e Judiciário estão de férias. 2023, realmente, promete.

Mandado de prisão de Anderson Torres é recebido como recado por bolsonaristas

Publicado em Política

O mandado de prisão contra o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres foi recebido pelos bolsonaristas e por aliados do governador Ibaneis Rocha como um recado de que toda a omissão e/ou conivência será castigada. Nesse sentido, há quem veja que o afastamento do governador pode desaguar na saída definitiva. A resposta que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deu à deputada Bia Kicis, quando ela pediu a palavra na sessão de votação da intervenção no DF, por exemplo, foi entendida como um sinal de que a situação de Ibaneis se complicou. “Eu tentei falar com ele e não consegui”, disse o presidente da Câmara, repetindo o que já foi dito a esta coluna pelo presidente em exercício do Senado, no dia dos ataques. Ibaneis, avisam seus aliados, vive, a partir de agora, a cada dia a sua aflição.

Em tempo: Cordato e “da paz”, conforme definem seus amigos, Anderson Torres jamais esperou esse desfecho para suas férias. Porém quem conhece o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes garante que a prisão de Anderson é só o começo. A ordem é mostrar exemplarmente que atos de terror e/ou vandalismo não serão tolerados.

Te cuida, GDF

A caminhada de senadores, hoje, ao Planalto, para entregar o decreto de intervenção na segurança publica do DF ao presidente Lula é vista como o grande recado ao GDF: Ou protege as instituições, ou perderá a autonomia na área de segurança pública.

Sem trégua

A derrubada de torres de energia foi lida pelo governo como parte dessa grande onda de atos para gerar instabilidade no país. A investigação dirá se essa tese está correta, mas, politicamente, a gestão Lula 3, ao completar 10 dias, tem uma certeza: não haverá sossego. Daí, a necessidade de punição exemplar.

O “respiro” de Haddad

Os atos terroristas do último domingo deram uma guinada nas discussões em curso no governo federal e na pressão dos ministros sobre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por recursos para cumprimento de metas de curto prazo. A prioridade, agora, é reforçar a democracia contra a barbárie. E isso não tem preço.

Tese frágil

A ideia de que houve infiltrados na “manifestação pacífica” dos apoiadores do ex-presidente Bolsonaro é considerada inverossímil por parte de investigadores. Afinal, as redes bolsonaristas convocaram para invasão e tomada do poder. E alguns, nas redes sociais, trataram a quebradeira como efeito colateral. Infiltração é quando um movimento ordeiro há e, alguém, de maneira isolada, provoca um distúrbio. Ali, a invasão dos prédios públicos foi geral.

Governo Federal indicará novo secretário de segurança do DF

Publicado em Política

 

 

 

Enquanto o governo federal segue na busca de responsabilização pelos atos de vandalismo e terror que Brasilia viveu no último Domingo, no Governo do Distrito Federal a situação é se preparar para quando a governadora em exercício, Celina Leão, assumir novamente o controle da área de segurança pública, que segue sob intervenção até o final do mês. A ideia em curso, que vem sendo debatida, é permitir que o governo federal indique o secretário de segurança. Ou, pelo menos, haja uma escolha de comum acordo.

A ideia não é nova. Quando era governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque foi ao presidente Fernando Henrique Cardoso pedir uma indicação para a secretaria de segurança: “Já escolhi todos os meus secretários, mas quero que o senhor indique o secretário de Segurança. Cristovam era do PT e adversário do PSDB de Fernando Henrique. Fez isso justamente para evitar problemas nessa área.  A boa convivência entre governador e presidente da República permitiu à época que o general Cardozo, chefe da Casa Militar,  indicasse o general Gilberto Serra para a função. Agora, diante da crise instalada entre GDF e governo federal, a governadora em exercício, Celina Leão, já foi aconselhada a ouvir o governo federal, na hora de escolher o futuro secretário.

Ela ainda não tem um nome para o cargo. Porém, Diane do afastamento de Ibaneis por 90 dias, caberá a Celina nomear o futuro secretário de segurança. A governadora, conforme o leitor da coluna Brasília-DF já sabe, busca uma boa convivência com o governo federal. É aliada do presidente da Câmara, Arthur Lira, que tem ajudado e muito nessa relação. Celina começou sua conversa com o governo federal no fatídico Domingo, em que, depois de várias tentativas do ministro da Justiça, Flávio Dino, de conversar com o governador Ibaneis, ela foi procurada.  E ouviu um grito ao telefone, pouco Anes de 16h, quando começou a invasão ao Congresso, ao Planalto e ao STF: “Ou a senhora resolve essa crise em uma hora, ou vou afasta a senhora e seu governador”. A irritação de Dino, relatada por pessoas que acompanharam a cena, era fruto da falta de uma resposta do GDF sobre a escalda da tensão naquela tarde. Os manifestantes começaram a invadir o Congresso e avançavam para o Supremo Tribunal Federal. E o governador Ibaneis Rocha não atendia o telefone dos ministros do governo federal. Atônita e sem poder de comando, Celina, àquela altura do papel de vice, contou que iria à casa do governador saber o que estava acontecendo e garantiu que a polícia iria agir.  Lá, o governador, que se preparava para sair de férias, a autorizou a seguir até o Ministério da Justiça, acompanhar de perto a crise e a retomada do controle dos palácios.

Àquela altura da tarde, diante da demora de ação das Forças de Segurança do Distrito Federal e de um “estou chegando” por parte do comandante-geral da Polícia Militar, Fábio vieira, a decisão e intervenção federal já estava desenhada. E quanto mais avançavam os manifestantes, mais os ministros do Supremo Tribunal Federal e do governo federal caminhavam para pedir a prisão do governador. “Foi por um triz”, comentou um dos integrantes do STF.

Ibaneis disse a integrantes do MDB que estava certo de que o esquema montado para a posse, no dia 1, se repetiria no Domingo. Mas não foi isso que ocorreu. O contingente de policiais em 8 de janeiro foi mínimo. Ibaneis, então, se sentiu traído por Anderson torres, que, segundo relatos de emedebistas, antes de viajar, simplesmente desmontou a estrutura. Diante do desfecho da situação, com os três palácios da Praça dos Três Poderes depredados, restou a Ibaneis um lacônico pedido de desculpas. O pedido, depois da porta arrombada e arrancada do local onde ficam as togas do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal, atenuou mas não resolveu. O estrago e a demora das forças de segurança em chegar ao STF, requeriam, na visão dos integrantes do Supremo, uma punição ao governador. Depois de muita conversa com advogados, como Antonio Carlos de Almeida Castro, veio o afastamento.

Com Ibaneis afastado, Celina ganhou mais autonomia, mas, segundo seus aliados, viverá um dia de cada vez. Ontem à noite, no Planalto, a governadora recebeu a solidariedade dos demais governadores, mas foi obrigada a ouvir que houve falhas na segurança do GDF. para que não se repita, melhor ouvir o governo federal sobre quem será seu futuro secretário pós-intervenção. O erro de Ibaneis, dizem alguns, foi ter confiado que Anderson Torres era mais leal a ele do que aos Bolsonaro. Agora, está pagando o preço. Está afastado e não há certeza de que voltará. Celina trabalha para que o GDF mantenha sua autonomia. E, para isso, se for preciso, terá que entregar a indicação do secretário de Segurança ao governo federal. Nessa área, não dá para o governo federal dizer “bola” e o local, “quadrado”. Tem que haver uma linguagem harmoniosa e de proteção de todos os Poderes constituídos.

 

Lula sofre pressão para separar Ministério da Justiça da Segurança Pública

Publicado em Política

Muito debatida na equipe de transição de Lula antes da posse, a criação do Ministério da Segurança Pública volta à baila no rastro dos atos de violência ocorridos nas sedes dos três Poderes da República. À época, ficou acertado que Flávio Dino, ex-governador, aliado histórico do presidente Lula ficaria também com a segurança pública. Agora, dentro do PT, há quem defenda o desmembramento. Não é para o curto prazo, mas está anotado no caderninho do partido, para assim que essa poeira do vandalismo baixar um pouco mais.

Em tempo: os militares foram cobrados na reunião com o presidente Lula, logo cedo. Deixaram os acampamentos dos bolsonaristas correrem frouxos e as invasões seguidas de vandalismo foram a “apoteose da tolerância”, como definiu o general da reserva e ex-ministro Santos Cruz.

A estrela de Celina…

A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão, conseguiu, em menos de 24 horas, receber elogios de todos os ministros palacianos. E olha que, na tarde de domingo, ela ouviu de Flávio Dino: “Governadora, a senhora tem uma hora para desocupar os prédios ou afastarei a senhora e seu governador!”. Atônita, ela correu até a casa de Ibaneis, que a autorizou a ir até o Ministério da Justiça. Só saiu de lá quando os prédios estavam totalmente desocupados.

… sobe

Segundo relatos, ela agora trabalha para que a intervenção seja breve. Já está decidido que a escolha do futuro secretário de Segurança, depois da intervenção, será de comum acordo com o governo federal, o que foi pedido desde o início pelo presidente Lula.

… e seus apoiadores

Celina é muito ligada ao presidente da Câmara, Arthur Lira. Aliás, o desejo do governo federal em não admoestar o PP de Arthur e Celina ajudou a evitar que fosse pedida a prisão de Ibaneis. Explica-se: a prisão do governador não seria boa para o grupo que está no poder e beneficiaria apenas a oposição.

Se deu bem

A firmeza de Lira em aprovar de imediato e simbolicamente o decreto de intervenção no Distrito Federal foi considerada a pá de cal em candidaturas alternativas à Presidência da Casa.

Muita calma nessa hora/ Diante da incerteza pela frente, o presidente Lula não quer partir para a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A prioridade hoje é pacificar o país e pegar todos os diretamente envolvidos nas invasões de prédios públicos e seus financiadores.

Tempo verbal/ A coluna conversou com alguns integrantes a Suprema Corte para tentar tirar a temperatura a respeito do destino do afastamento do governador Ibaneis Rocha. A avaliação é a de que ele “era” muito benquisto por todos. O fato de o GDF ter demorado a proteger o prédio do STF abalou a relação, que, agora terá que ser reconstruída.

Por falar em Ibaneis…/ Seu adversário na campanha, o senador e líder do PSDB, Izalci Lucas (foto), foi direto ao dizer que é preciso muita calma nessa hora. Afinal, o governador foi eleito no primeiro turno. “Foi uma decisão monocrática e é preciso dar o direito de defesa. Ele foi eleito pela maioria dos votos no DF”, lembrou o tucano.

Por falar em maioria/ Lula terminou o dia após as invasões com uma união em torno de seu governo que ele jamais imaginou ser possível. Três Poderes, governadores e Frente Nacional dos Prefeitos. Para completar, ainda conseguiu tirar os bolsonarista. Até aqui, transformou esse limão em limonada bem docinha.

Um tema delicado na “janela”

Arte bolsoaristas acampados em QG. Caio Gomez/CB/D.A. Press
Publicado em Política
Arte bolsoaristas acampados em QG. Caio Gomez/CB/D.A. Press
Bolsonaristas acampados em QGs

Coluna Brasília-DF, por Denise Rothenburg

O desmonte do acampamento de bolsonaristas radicais em frente aos quartéis foi mencionado na reunião ministerial. O presidente Lula considera que esses espaços públicos precisam ser desocupados para deixar claro que as pessoas não podem fazer o que querem, que há lei no país. Há quem defenda aproveitar que o número de acampados diminuiu neste início de ano, inclusive no QG do Exército em Brasília. A avaliação é a de que, neste momento, muitos daqueles que pregaram um golpe no país estão decepcionados e sem líder, uma vez que Jair Bolsonaro foi para os Estados Unidos. Em Brasília, por exemplo, já foram mais de duas mil pessoas acampadas. Hoje são em torno de duzentas. Se deixar mais para frente, talvez o clima mude.

Ministros ouvidos pela coluna informaram que o ministro da Defesa, José Múcio, falou que, no começo, os acampamentos reuniram 40 mil pessoas e hoje não chegam a cinco mil em todo o país. Há a necessidade de manter o diálogo com esses manifestantes para não dar a eles o discurso de vítima de violência. Tudo o que o governo federal não quer é repetir a ocupação do Capitólio, que há dois anos deixou mortos e feridos. O assunto é hoje tão delicado quanto as respostas que o governo precisa dar ao país.

» » »

Vale lembrar: as manifestações convocadas na internet para este primeiro fim de semana de janeiro, segundo avaliação dos próprios bolsonaristas, darão o tom do que vem pela frente. Eles esperam 32 ônibus na Esplanada amanhã.

A boa notícia para Lira

O PT saiu da reunião ministerial desta primeira semana com uma mensagem incisiva e direta do presidente Lula: nada de se meter em aventuras que possam comprometer o bom relacionamento com Arthur Lira. Em outras palavras, nada de apoiar candidatos alternativos à reeleição de Arthur Lira para presidente da Câmara.

Impeachment ensinou

O discurso de toda a deferência ao Congresso que o presidente Lula fez na reunião mostrou aos ministros que ele entendeu o crescimento do poder dos parlamentares do governo Dilma Rousseff em diante. E esse diálogo é que garantirá o sucesso do governo.

E a economia, hein?

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi quem fez o discurso mais técnico da reunião, ao comentar as restrições orçamentárias que encontrou. Lula, porém, num dado momento da reunião, levantou o moral da turma que ficou sem orçamento: “Não desanimem. Vamos nos esforçar para garantir os recursos de que o país precisa”.

Os com orçamento

Algumas pastas, porém, não têm do que reclamar. Os ministérios da Educação, Saúde, Cidades e Transportes, por exemplo, foram contemplados na PEC da Transição.

CURTIDAS

Mudança de hábito/ Os ministros foram orientados a tirar a palavra “gasto” do vocabulário e substituir por investimento. Para o mercado, porém, se não houver um arcabouço fiscal forte, o dicionário não poderá resolver.

Será?/ Ao ouvir Lula dizer que não deixará seus ministros no meio da estrada, alguns se lembraram de José Dirceu, que ficou pelo caminho ainda no primeiro mandato. E era o superpoderoso ministro da Casa Civil.

Todos com Marina/ O repórter e jornalista fotográfico do Correio Braziliense Ed Alves flagrou o exato momento em que o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, beijava a mão da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Esta semana foi, realmente, de festa. Mas, como disse Lula na reunião, a hora agora é de se agarrar no serviço.

Lula fecha equipe, mas não leva partidos

Publicado em Política

A cessão de espaço de governo a partidos que se colocam como base aliada não garantirá a Lula uma maioria no Congresso para o der e vier. No União Brasil, por exemplo, as bancadas da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, as maiores do partido, são adversárias do PT nos estados. Ceará, Paraná e Rondônia, idem. O Acre, com três deputados, também não pretende se aliar ao petismo. Só aí já são 33 dos 59 deputados do partido.

O mesmo deve ocorrer com o PSD. O partido de Gilberto Kassab terá como ministro Alexandre Silveira, de Minas Gerais, cotado para Minas e Energia, e Pedro Paulo, do Rio de Janeiro, indicado para ministro do Turismo. O partido, porém, tem uma ala mais à direita que pretende adotar uma postura de independência em relação ao futuro governo.

Curtidas

Jogo de empurra I/ Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) correram às redes para atirar na esquerda a pecha de “terroristas”. Durante todo o dia, circularam vídeos de apoiadores de Bolsonaro ligando o empresário George Washington Santos a sindicatos com viés esquerdista. Não colou. Afinal, tumulto a esta altura do campeonato não interessa nem um pouco ao PT. Tudo o que a esquerda deseja agora é tranquilidade para assumir e governar.

Jogo de empurra II/ O futuro ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, dinamitou as pontes com a direita congressual ao atribuir a inspiração dos atos ao silêncio de Bolsonaro. Aliás, isso foi dito com todas as letras pelo próprio George Washington.

Nem vem/ Os petistas, aliás, são diretos a dizer que não tem essa, de querer colocar a tentativa de atentado como armação do PT contra Bolsonaro. Afinal, dizem integrantes do Partido dos Trabalhadores, a polícia que evitou a tragédia foi justamente a que será comandada pelo ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres.

Pais & padrinhos/ Até aqui, os ministros com a grife MDB serão indicados pelos senadores Renan Calheiros e Jader Barbalho. Simone virou cota pessoal de Lula.

Esqueceram de Minas!!!/ Os petistas mineiros, berço do líder do partido, Reginaldo Lopes (foto), estão frustrados. Eles estavam concorrendo ao Ministério da Educação, que ficou com o Ceará. Agora, estavam de olho no Planejamento, oferecido a Tebet. Difícil agradar a todos.