Na esteira da eleição de Arthur Lira (PP-AL) para presidente da Câmara, Jair Bolsonaro conseguiu dividir o DEM e o PSDB, enfraquecendo os partidos que, até aqui, são vistos como promessas para a construção de um adversário forte no campo eleitoral no qual o presidente nadou de braçada na eleição de 2018. No DEM, a briga continuará, pelo menos até o final deste ano, quando a ala ligada a Bolsonaro não descarta até mesmo tirar ACM Neto do comando da legenda. No PSDB, a briga entre o governador de São Paulo, João Doria, oposição a Bolsonaro, e o deputado Aécio Neves (MG), é outro fator que beneficia o presidente. O MDB, que tem dois líderes do governo, é o próximo alvo de Bolsonaro.
Doria, que de bobo não tem nada, chamou ACM Neto para conversar. Afinal, se a ala governista for majoritária no DEM e levar um pedaço do PSDB, a construção de uma candidatura contra Bolsonaro no campo do centro, em 2022, estará seriamente prejudicada. É lá que o presidente joga e jogará daqui para frente.
O vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, seguirão com o deputado Rodrigo Maia (RJ) para fora do DEM. E o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta também não ficará.
Recuo tático
O MDB, que tem no comando os maiores profissionais da política, se recolheu depois da disputa pela Presidência da Câmara. A ordem é ficar quieto para ver como os partidos vão se acomodar até meados deste ano e, aí, começar a pedir cartas. O partido é congressual e assim permanecerá.
Por falar em cartas…
Numa eleição em que não haverá coligação para as eleições proporcionais, o MDB acredita que sua maior cartada será a estrutura por todo o país. É assim que o partido pretende atrair deputados de outras legendas para 2022.
O capricho de Arthur Lira
A decisão do presidente da Câmara de tirar o comitê de imprensa do lugar requer uma ampla reforma no local, num momento em que o país passa por uma escassez de recursos. Não há dinheiro para pagar o auxílio emergencial, equipar hospitais, mas haverá para mudar a sala da Presidência da Casa. Será a primeira reforma de Arthur Lira no comando. Cada um com a sua prioridade.
Renan, o líder/ Por integrar o maior partido do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), virou líder da maioria. Só tem um probleminha: não é governo. Logo, prevalecerá ali a figura de um líder experiente e independente. Que não jogará ao sabor do governo.
Tumulto geral I/ A fila para acesso dos elevadores do Anexo IV da Câmara, esta semana, está tão grande, que chegou a ser confundida com candidatos a uma vaga de emprego. A fila terminava na calçada, do lado de fora do prédio.
Tumulto geral II/ A maioria era de prefeitos, vereadores e até lobistas de alguns setores, interessados nas emendas do Orçamento deste ano. Chegou a dar briga, porque a medida de segurança sanitária proíbe mais de quatro pessoas em cada elevador que, no período pré-pandemia, subiam lotados.
E o Mourão, hein?/ Jair Bolsonaro quer deixar o vice-presidente Hamilton Mourão cada vez mais decorativo. Dilma Rousseff fez isso inicialmente com Michel Temer. Deu no que deu. A diferença era que Dilma não tinha a Presidência da Câmara, comandada por Eduardo Cunha. O presidente acredita que tem, porque ajudou a eleger Arthur Lira –– que tem fama de cumprir os acordos que fecha.
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