O lançamento da bebida ocorreu durante a degustação de vinhos. Agora, será feita uma edição limitada de 1960 garrafas
Antes mesmo da inauguração da Vinícola Brasília, à margem da BR 251 (Brasília-Unaí) fruto da paixão de 10 produtores rurais, que se tornaram vitivinicultores há bem pouco tempo, o primeiro vinho produzido por eles foi lançado em grande estilo no último sábado na 31ª Avaliação Nacional do Vinho 2023, já consagrada como a maior degustação de vinhos de uma safra do mundo, realizada em Bento Gonçalves (RS), capital do vinho brasileiro.
O Syrah Monumental foi feito com um blend da uva proveniente de 10 vinhedos e teve a sua amostra analisada às cegas por 90 enólogos, que elegeram dentre 503 inscritas as 16 amostras mais representativas da safra 2023. Desde 2020 a avaliação, que ocorre anualmente há três décadas, pode ser vista on-line e este ano envolveu público em todos os estados, além do Distrito Federal.
Ibaneis já provou
O enólogo gaúcho Marcos Vian é o responsável pelo vinho do qual será feita uma edição limitada de somente 1960 garrafas numeradas em lote comemorativo ao ano de inauguração de Brasília. O valor do vinho, segundo seus produtores, é R$ 330 mas na pré-venda das 1960 garrafas, que já está em curso, sai por R$ 297. Contato: 99423-4854.
O governador Ibaneis Rocha teve o privilégio de experimentar o vinho ainda no barril durante visita à Vinícola Brasília, em maio. Ao saber do desempenho, ele disse à coluna: “Estou muito feliz com o trabalho desenvolvido pela Vinícola Brasília e tenho certeza que os vinhos do Distrito Federal, a exemplo do Sirah Monumental, estarão em breve dentre os melhores do Brasil”.
Colheita de inverno
Com mais de 15 rótulos (lançados e ainda por vinificar) Vian é o grande vencedor desse feito. “Depois de fazer parte muito tempo da diretoria da ABE (Associação Brasileira de Enologia), promotora da avaliação sempre defendi a inclusão de amostras produzidas fora do Rio Grande do Sul”, rememora o enólogo. A extensão começou por Santa Catarina e desde o ano passado abrangeu vinícolas da Bahia, Minas Gerais e São Paulo. Para que fosse possível inscrever amostras de vinhos do cerrado foi preciso adiar a realização do concurso que era feito no último fim de semana de setembro.
“Quando soube que seria em novembro deu tempo de correr e misturar o Sirah dos barris de todos os produtores da Vinícola de Brasília e enviar a amostra, que acabou sendo a primeira de vinho de inverno de dupla poda na história do concurso entre a lista avaliada”, festeja o enólogo, que se diz surpreso e feliz com o resultado.
Espaço livre
Assina o rótulo o arquiteto e designer Raffael Innecco, idealizador da grife BSB Memo, que desde abril deu início ao estudo de rótulos para os futuros vinhos brasilienses, depois de se reunir com todos os sócios da vinícola. Formado em arquitetura pela UnB, Raffa como é conhecido, foi colega de Renata Sucena, mulher do sommelier Rodrigo Sucena, e desde então tem acompanhado o desenvolvimento da vitivinicultura local. O casal é sócio proprietário da Ercoara, um dos 10 integrantes da Vinícola Brasília que reúne ainda Casa Vitor, Horus, Marchese, Miro, Monte Alvor, Oma Sena, Alto Cerrado, Vista da Mata e Villa Triacca.
Para o artista gráfico a inspiração veio justamente da amplidão dos espaços livres da capital. “Traços simples e formas sintéticas, em combinação com a generosidade dos espaços, criam uma percepção análoga à da estética de Brasília”, explica Raffa.
Divisor de águas
“A variedade Sirah ocupa o maior volume de área plantada da região”, informa o pioneiro Ronaldo Triacca, produtor do Seu Claudino, primeiro vinho brasiliense, feito 100% com a uva Sirah da Villa Triacca e vinificado pela Epamig, no sul de Minas, em julho de 2020.
Marcada para 21 de abril a inauguração da Vinícola Brasília faz parte das festividades do 64º aniversário da cidade. Para Triacca, ela será “um divisor de águas para a produção de Brasília. Teremos um espaço para comercialização dos rótulos dos produtores locais, será um complexo completo de enoturismo e da viticultura”. Que assim seja!