Presente em São Paulo e no Rio de Janeiro, o restaurante agora tem uma unidade na capital federal localizada na Asa Sul
Após meses de expectativa, o restaurante Nino está de portas abertas em Brasília e o chef Rodolfo Di Santis, que desembarcou quarta-feira (26) na capital, antes mesmo de ligar os fogões para a inauguração, da mais nova cozinha, instalada na esquina inferior da 403 Sul, comeu um steak tartare com o colega Marcelo Petrarca, no Bloco C, preparando-se para a árdua jornada que, segundo ele, vai durar um mês no acompanhamento direto do restaurante Nino, cuja abertura tem causado grande expectativa no circuito gastronômico local. “Brasília é a terceira cidade a receber o Nino, então é muito importante para nós entregar qualidade, valores e experiência”, declara o chef italiano, de 36 anos, dos quais quase 12 vividos em São Paulo, para onde veio da Puglia natal, apenas para fazer uma consultoria.
O jovem italiano acabou ficando e trabalhou em alguns restaurantes paulistanos até poder abrir o seu. A vida para ele não foi fácil. “Vim de uma família muito pobre”, conta Nino que lembra bem quando “na mesa faltava comida”. Isto foi num tempo distante da situação atual, na qual dirige um império de restaurantes que atendem cerca de 50 mil clientes por mês. Em 2015, abriu o Nino Cucina no Itaim Bibi (rua Jerônimo da Veiga 30) e ano passado levou a marca para o Rio de Janeiro. “Até o final do ano vamos inaugurar o Nino Goiânia e nos primeiros meses de 2024 lançaremos o Nino Belo Horizonte”, informou o chef, louro e tatuado, na primeira entrevista que concedeu sobre a grife na capital, antes de chegar à cidade.
“Sentir-se na Itália”
Ciente de que o brasiliense adora frutos do mar, De Santis criou um prato especial exclusivo para a capital, além de manter os clássicos no cardápio, como a Carbonara e o Cacio Pepe. “No Nino Brasília não será diferente, vamos seguir firmes a clássica gastronomia italiana, pois queremos que o público brasiliense se sinta na Itália”, proclamou o chef. Do cardápio ao ambiente arejado e com muito verde, tudo foi projetado para passar a experiência que se tem nos estabelecimentos italianos.
A casa foi aberta sem festa. “Fizemos isso com todas até o momento: chega o dia abrimos as portas e deixamos acontecer naturalmente, sem alarde, e com um número limitado de mesas para acertarmos os padrões e proporcionar a melhor experiência possível”, sinaliza o cozinheiro, dublé de empresário, super premiado que já foi eleito melhor chef, melhor restaurante e chef revelação por publicações paulistanas.
Numa cidade de cantinas tradicionais como São Paulo, Nino arrebatou o público ao “botar o carbonara na roda, o polvo no molho e a burrata sobre a mesa”, no dizer da CNN. Feito de ovo caipira, pancetta, pimenta-do-reino e pecorino, seu espaguete à carbonara não leva creme de leite (que sequer existe na cozinha), mas pode receber trufas negras se o cliente quiser. Se na infância e juventude Rodolfo De Santis não comia em restaurante porque não tinha dinheiro para pagar a conta, hoje em dia trabalha tanto que não tem tempo de comer a própria comida. O que ele gosta mesmo é ir depois do trabalho, de madrugada, traçar peixe cru em um japinha da Liberdade. Só fecha as 4h.
Investimento milionário
As tratativas para a vinda do Nino tiveram início há mais de três anos quando o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay (ex-dono do Piantella e do Piantas), cliente e amigo de Rodolfo De Santis, propôs a instalação da filial brasiliense do premiado restaurante paulistano justamente no imóvel que o Piantas ocupou até a pandemia: loja da esquina de baixo, número 34 do Bloco D da 403 Sul.
“Tivemos muitas reuniões e Rodolfo veio algumas vezes falar comigo no Fuego (112 Sul), mas o contato principal com vistas a montar o restaurante em conjunto era feito com o sócio dele, empresário Marcelo Guimarães, a alma comercial do Nino, enquanto Rodolfo é o artista”, recorda Kakay. Tudo ía muito bem até que o grupo de restaurantes de São Paulo, capitaneado pelo Nino, recebeu um aporte de R$ 100 milhões de um fundo de private equaty da corretora XP, que adquiriu participação societária.
“As coisas mudaram de rumo e eu respeito muito isso, acho que os negócios precisam crescer”, conforma-se Kakay, a quem Rodolfo De Santis considera “grande amigo pessoal”. Ele narra também a mesma versão: “Existia uma vontade de ambos de levar o Nino para Brasília, contudo, com a fusão com a XP eu não pude ter novos sócios locais”, afirma o chef italiano.
Além do Nino Cucina, o grupo que se chama Alife Nino possui mais de 40 marcas em diversos estados, entre elas, Ninetto, Suzette Bistrô, Peppino, Giuletta, Da Marino, Aquiles e outras.