Don-Romano Crédito: Infinito Comunicação/Divulgação

Don Romano volta às origens

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Em 2001, pizzaria com mais de 30 anos reabre na Asa Norte, onde começou

Quando janeiro vier, Brasília irá recuperar parte importante de sua história gastronômica, chamada Don Romano. É que a atual cantina, instalada desde 2000, na QI 11 do Lago Sul, se prepara para estender para a Asa Norte, onde tudo começou, há mais de 30 anos, com a abertura, na comercial da 203, de uma pizzaria tocada pelo casal Antonio e Sonia Cazzoli e cinco dos nove filhos. A nova casa de culinária italiana, em construção no Bloco D da 209 Norte, será a terceira da marca, que há um ano chegou a Águas Claras, no Shopping Águas de Tambaú, Rua Buriti, atualmente funcionando apenas para delivery.

“Apesar de todas as dificuldades advindas da pandemia, nós não demitimos ninguém e nosso quadro de 56 colaboradores está ocioso mesmo com a reabertura ocorrida em julho, então decidimos optar pela expansão da marca aumentando o atendimento justamente na Asa Norte, onde nossa presença terá um sabor de volta às origens”, explicou Wesley Moreira, administrador da Don Romano Cantina & Pizzaria. Ele também destacou o lado social do negócio, que preserva o emprego de toda a numerosa equipe.

Praticante de delivery há mais de 15 anos, a grife está focada no crescimento do serviço. “Com a nova unidade nós vamos poder atender não só a Asa Norte, mas também, Noroeste e Sobradinho”, calcula Wesley, que divide a administração da casa com a mulher, a arquiteta Mariana Miranda, sócia-proprietária da marca juntamente com o colega Arthur Mottus, no papel de investidor.

A sócia-proprietária Mariana Miranda, o marido Wesley Moreira e o chef Estevão Cazzoli. Crédito: Infinito Comunicação/Divulgação

Cardápio italiano

A alma do Don Romano é o chef Estevão Cazzoli, caçula dos fundadores e o único da família que ainda faz parte do negócio atuando no lugar que ele mais gosta: o comando das caçarolas. Além de deliciosas pizzas, a cantina oferece pratos de sofisticada elaboração, porém muito leves que são a preocupação do chef. Mesmo tendo herdado o talento culinário dos pais, Estevão buscou formação com ninguém menos que o chef francês Laurent Suaudeau, em São Paulo e chegou a ser distinguido pelo mestre, discípulo de Paul Bocuse, com um elogio que raramente acontece.

 

Massas frescas com recheios artesanais é o grande barato da grife. “Por enquanto elas continuarão a ser confeccionadas na QI 11”, informa o chef, às voltas com o cardápio da Asa Norte. Será muito semelhante ao do Lago Sul, completa Cazzoli, que planeja sugerir, cada semana, nova opção que poderá ficar no menu ou não.

Lançado há poucos dias, o menu do Don Romano reforça os laços com a gastronomia italiana em termos de leveza e sabor, como o risoto de abobrinha; a brusqueta de cogumelos frescos e o tortelloni verde de espinafre, damasco, queijo brie e nozes. Na opção de salada, a novidade é uma receita de quinoa com legumes no azeite e mix de cogumelos e para quem gosta de carne, há um novo prato de filé-mignon em crosta de ervas e mostarda Dijon, servido com batata ao forno.

Tortelloni verde de espinafre, damasco, queijo brie e nozes. Crédito: Infinito Comunicação/Divulgação.

Outra atração é quase um legítimo Varenike, espécie de ravióli feito de batata e ricota. Trata-se de um prato típico da cozinha judaica com origem na região entre Polônia e Rússia, que vem com a cebola em cima da batata. Na Itália, porém, houve uma interpretação diferente e colocaram a cebola caramelizada em creme de parmesão dentro do massa. Seguidor da receita da Bota, o chef chamou o prato de Verenique Sbagliato, que em italiano significa equivocado. Ficou muito bom!

A casa também pratica menu executivo, no qual você encontra por R$ 27 picadinho de filé-mignon, arroz, banana, ovo frito e legumes salteados na manteiga e filé de tilápia grelhada, creme de espinafre, legumes e arroz cremoso. Há sobrecoxa desossada por R$ 22; mix de folhas e frango grelhado por R$ 25 e picanha com molho gremolata, farofa de ovos e arroz com alho crocante por R$ 37.

Além da mudança no cardápio, a cantina está com ações especiais para as confraternizações de fim de ano, como descontos no happy hour e o Don Romano na Sua Casa, projeto no qual os clientes podem desfrutar da culinária oferecida no restaurante no conforto de casa. “Ainda estamos enfrentando uma pandemia, mas precisamos inovar, buscar alternativas e nós apostamos na atmosfera italiana”, justifica Mariana, garantindo que “a segurança devida aos nossos frequentadores neste novo normal é redobrada”. Don Romano funciona de segunda à quinta à sábado, das 11h30 às 23h e aos domingos, das 12h às 23h. Telefone: 3248-0078 (Lago Sul) e 3435-4030 (Águas Claras).

Ponto tradicional

Comparada a outras cidades, Brasília é jovem aos 60 anos. Mesmo assim, já tem tradições como na culinária. “Uma cidade precisa de histórias”, destacou o arquiteto Arthur Mottus, numa entrevista na qual justificava ao Correio a razão de ter investido no restaurante Don Romano de cozinha italiana. Para o empresário, que é gourmet, “todas as pessoas procuram experiências e locais marcantes que se tornem uma referência pessoal, porque há uma necessidade de momentos vividos em pontos tradicionais”. Foi com essa visão que ele e o irmão Alexandre Mottus decidiram se juntar à família Cazzoli em 2001.

A grife Don Romano nasceu no Pará, em 1984 na cidade de Tucuruí, que dá nome à hidrelétrica para onde o paulista, filho de italiano, Antonio Cazzoli, conhecido por Nico, foi transferido para trabalhar como empreiteiro na usina que estava sendo construída. Levou a mulher Sonia, nascida em Pernambuco, e a filharada. Dois anos mais tarde, todos retornaram à Jaú, interior de São Paulo, terra natal da descendência Cazzoli.

Crédito: Su Maestri/Divulgação. Chef Estevão Cazzoli

O restaurante chegou a Brasília em 1988 fixando-se na 203 Norte, onde a massa nunca recebeu aditivos ou conservantes se orgulhavam os fundadores, ambos já falecidos. A tradição foi mantida mesmo depois de reformar a cozinha toda em aço inox, além de câmera fria. Doze anos depois, a grife acrescentou outro endereço na 212 Sul, que fechou em 2004, depois que já estava funcionando no Lago Sul. Nessa época, as histórias de Arthur e Alexandre Mottus, que mantinham a boate Zero Bar na QI 11 se cruzaram com a da família Cazzoli. Apresentados ao chef Estevão, os irmãos que mantinham na QI 11 a boate Zero Bar, decidiram que seria bom unir as suas experiências à tradição da Don Romano. Foi aí que surgiu a cantina e pizzaria do Lago Sul.

Estevão Cazzoli nunca deixou de chefiar os fogões e era auxiliado pelo irmão Eduardo, chef -consultor. Outro irmão Antonio Marcos, conhecidíssimo por Toco, administrava a casa até passar a sua parte para Mariana Miranda, que com a ajuda do marido, assumiu a operação Don Romano em 2018.