Categorias: coluna Brasília-DF

Temer e o Nordeste

Ciente das dificuldades dos aliados na região onde o ex-presidente Lula tem os maiores índices de aprovação, o presidente Michel Temer deflagra uma série de ações para tentar acelerar a percepção da melhora na economia pelos nordestinos. Uma das primeiras medidas foi subsidiar o milho, que, a partir de segunda-feira, chegará aos balcões da Conab pela metade do preço.

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A forma que o governo escolheu para anunciar essa medida foi um simples telefonema ao senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) para que ele faturasse a boa nova nos jornais e blogs da região. Afinal, o senador havia sido um dos primeiros a alertar o governo para a necessidade da medida. Agora, Bezerra vai poder passar o fim de semana no Nordeste dizendo que ajudou a baixar o preço do milho. Outras medidas virão.

A lista e o dim-dim I

No início do governo Lula, em 2003, o então deputado Aldo Rebelo foi acionado pelo presidente para ajudar a convencer o presidente do PSB, Miguel Arraes, a aceitar a lista fechada nas eleições — aquela em que os partidos elencam os candidatos e os primeiros têm mais chances de angariar o mandato. Arraes ouviu toda a exposição. Ao final, apenas perguntou: “Posso fazer uma pergunta: Quanto vai custar o lugar na lista?”

A lista e o dim-dim II

Nos bastidores da Câmara e do Senado, há quem tenha o seguinte raciocínio: se hoje os partidos negociam tempo de tevê em busca de alianças — essa foi inclusive uma das explicações para o caixa dois do mensalão —, imagine o que não fariam com o poder de indicar quem tem mais chances de ser eleito.

Sérgio Cabral e o TCU

Quem conhece bem os meandros do Tribunal de Contas da União (TCU) acredita que, se o Ministério Público e a Polícia Federal pesquisarem a fundo, vão encontrar relações políticas entre o ex-governador presidiário Sérgio Cabral e o advogado Tiago Cedraz, filho do ministro Aroldo Cedraz.

Só na primavera

Muito foi dito sobre os cenários para 2018 nos últimos dias, inclusive, por causa dos movimentos rebeldes do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Porém, dentro do governo, a ordem é só passar a considerar qualquer desenho para o ano que vem a partir de outubro. A expectativa no Planalto é a de que, até lá, a reforma da Previdência já terá sido aprovada e a gradual recuperação da economia estará mais nítida para a população.

Muito além da Odebrecht

Com tantos acordos de leniência na fila, alguns correm o risco de ficarem esquecidos, entre eles, o que envolve a Aceco TI, empresa de instalação de data-centers e salas-cofres. A Aceco é acusada de pagamento de propinas a autoridades federais e paulistas para obtenção de contratos. O deputado Hugo Leal (PSB-RJ) anda preocupado com a segurança de informações governamentais enquanto esse acordo não sai. A empresa tinha contrato inclusive com a Dataprev, guardiã dos dados previdenciários.

Renegociação em risco // Depois de fracassadas tentativas de votar a renegociação das dívidas dos estados, o tema volta à pauta amanhã à noite. Porém, a aposta geral é de que votação só ocorra mesmo na terça. E olhe lá. É a janela que tem antes da Semana Santa.

Nem vem // O PT começa a rechaçar a aproximação de políticos que eram aliados dos governo Lula-Dilma, apoiaram o impeachment e, agora, tentam fazer o caminho de volta. Em Pernambuco, por exemplo, o senador Humberto Costa já fez chegar a Lula que não há condições de reacomodar o senador Fernando Bezerra Coelho (foto), do PSB-PE.

Nem vou // O ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, não tem motivos para deixar a base do presidente Michel Temer. Aliás, no Planalto, não são poucos os elogios ao jovem ministro, filho do senador Fernando Bezerra Coelho. Entre os tucanos aliados de Geraldo Alckmin, há, inclusive, quem aposte que pode sair dali o candidato a vice em uma chapa presidencial. Sabe como é: a quase dois anos da eleição, todos os cenários estão na roda.

Orações & despedidas // A comunidade política e diplomática do Brasil tem encontro marcado nesta segunda-feira, às 19h30, na Catedral de Brasília. Missa pelo 7º dia do falecimento da eterna embaixatriz Lúcia Flecha de Lima.

Denise Rothenburg

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