Para aliados, erro de Bolsonaro foi não adiantar o Aliança pelo Brasil a tempo das eleições

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Coluna Brasília – DF
(colaborou Luiz Calcagno)

Time que não joga não tem torcida

Conhecidos os resultados das urnas, aliados do presidente Jair Bolsonaro consideram que ele errou ao não montar o Aliança pelo Brasil a tempo de concorrer às eleições municipais. Assim, se Bolsonaro não pode ser responsabilizado por derrotas, também não terá vitoriosos em dívida com ele. Portanto, em 2022, quem venceu não estará automaticamente atrelado à campanha reeleitoral dele.

Sem esse “time” fechado com o presidente na alegria e na tristeza, e diante de um eleitor cada vez mais pragmático, Bolsonaro terá de apresentar resultados, ou seja, uma economia equilibrada, recuperada e capaz de gerar empregos. Tem praticamente um ano para isso. Se não tiver nada a entregar, o Centrão, que hoje sai vitorioso das urnas, buscará outro nome para representá-lo na eleição.

Aliás, a partir de 31 de dezembro, um personagem já estará disponível para essa articulação política: o presidente do DEM, ACM Neto. Vitorioso e com o partido bem posicionado, virou peça-chave para essa construção longe do bolsonarismo.

PTB por Bolsonaro

O presidente do PTB, Roberto Jefferson, pretende incluir as pautas de costume do governo no estatuto de seu partido, como forma de atrair o presidente para a legenda. A ordem é estar com tudo pronto para o caso de fracassar o Aliança pelo Brasil.

A pacificadora

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, é vista como a única capaz de unir os partidos do Centrão ao centro comandado por Rodrigo Maia (DEM-RJ). Falta convencer o líder do PP, Arthur Lira (AL).

Seis por meia dúzia

A contar pelo que disse a deputada Bia Kicis (PSL-DF) ao CB.Poder, segunda-feira (16/11), essa operação só não será levada adiante se o PP se recusar a deixar a disputa. O Planalto considera que não dá para perder o PP.

Não move um músculo

Antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) dizer se os atuais presidentes da Câmara e do Senado podem ser candidatos, ou de uma resposta do PP, Tereza Cristina não fará qualquer movimento.

CURTIDAS

Tábuas de salvação/ Lula vai se agarrar às campanhas dos petistas Marília Arraes, em Recife, e de João Coser, em Vitória. Bolsonaro apostará em Marcelo Crivella, no Rio de Janeiro, e no Capitão Wagner, em Fortaleza. Ambos querem sair com, pelo menos, uma vitória para chamar de sua.

Voos programados/ Marcada a posse de Jorge Oliveira no Tribunal de Contas da União (TCU) para 31 de dezembro, às 11h, muitos ministros começaram a marcar seus voos para Brasília apenas para essa solenidade. Sinal de prestígio de quem assume e de quem se aposenta, o ministro José Múcio Monteiro, que por esses dias se recupera da covid-19.

Festa do RenovaBr/ O movimento Renova Br, que hoje é uma espécie de escola de formação de novos quadros para a política, saiu desta eleição com 147 de seus alunos eleitos, dez prefeitos, um vice-prefeito e 136 vereadores. Aos poucos, conforme calculou Eduardo Mufarej, idealizador do movimento, a política vai ganhando qualidade.

Quem não estudou…/… e se elegeu, ainda está em tempo de tentar aprender algo até a posse. Presidente do Centro de Liderança Pública (CLP), Luiz Felipe D’Ávila acaba de lançar a quarta edição do curso de formação para prefeitos eleitos, de 23 a 26 de novembro. O curso é gratuito e os interessados podem se inscrever em www.clp.org.br.

 

Bolsonaro cogita oferecer vaga de vice na chapa de reeleição à ministra Tereza Cristina

Tereza Cristina Bolsonaro
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Empenhado em buscar a reeleição em 2022, o presidente Jair Bolsonaro está dedicado a evitar uma união dos partidos de centro. Nesse sentido, entrou no radar oferecer a vaga de vice na chapa à ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Ela surgiria como o símbolo do setor econômico que segurou firme o país em plena pandemia.

De quebra, o Planalto trava o jogo do DEM, partido que hoje se divide entre o governo e aqueles que preferem um certo distanciamento. Além de Tereza, os bolsonaristas olham com muita atenção para a Bahia, estado governado pelo PT e terra do presidente do partido, ACM Neto, atual prefeito e Salvador. Acreditam que, se apoiarem o DEM por lá, ganham mais um aliado para o futuro.

Obviamente, a esta altura do campeonato, nada está combinado e o cenário da eleição não está posto. É apenas o segundo passo possível para tentar evitar que o centro da política tenha força longe de Bolsonaro em 2022. O primeiro movimento já foi deflagrado, atrair uma boa parte do Centrão. Os bolsonaristas calculam que será difícil construir uma candidatura concorrente à do presidente sem o DEM, com o PSDB desgastado por denúncias de corrupção e Sergio Moro sem partido.

Melhor impossível

Deputados e senadores do chamado Centrão não escondem o sorrisinho maroto quando alguém pergunta sobre os depósitos de Fabrício Queiroz e sua esposa, Márcia, na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Significa que o presidente precisará ainda mais do grupo para tirar de campo pedidos de CPI e o que mais chegar. Foi exatamente esse suporte que o grupo deu ao PT, nos tempos do governo Lula.

O céu é o limite

Um dos sonhos é, por exemplo, conseguir mais espaço nas agências reguladoras, que ainda têm muita influência do MDB dos tempos de Michel Temer.

Olho neles

Além de tentar tirar o DEM de um palanque adversário, o governo pretende apostar numa aproximação maior com o Podemos. Assim, avaliam alguns, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro terá dificuldades em encontrar um partido. Os aliados do ex-ministro, porém, avaliam que Moro pode fazer como Bolsonaro, que saiu de um partido sem estrutura e chegou lá.

“Entre o PT e o Brasil, o PT sempre fica consigo, mesmo em momentos difíceis para o país”
Carlos Siqueira, presidente do PSB, referindo-se à decisão dos petistas de lançar candidatos próprios em todas as capitais

CURTIDAS

Apelido da ministra/ Tem bolsonarista tão empolgado com a ministra Tereza Cristina, que a chama de “Marco Maciel de saias”. Vice-presidente da República no governo de Fernando Henrique Cardoso, Maciel era leve, paciente e do diálogo.

Imagina na pandemia…/ Em 2016, ano do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) foi votada em 17 de dezembro. No ano passado, num cenário mais tranquilo, a votação da LDO foi em outubro. Agora, não há a menor previsão.

… com eleição no meio/ As apostas dos políticos são as de que tanto a LDO quanto o Orçamento só serão aprovados depois da eleição.

Anuário virtual/ A Editora ConJur lança, em 12 de agosto, a edição 2020 de seu Anuário da Justiça Brasil. O Judiciário, aliás, não parou nesse período, uma vez que os conflitos entre leis e a Constituição Federal aumentaram. No primeiro semestre de 2020, 161 Ações Diretas de Inconstitucionalidade foram julgadas no mérito.

Por falar em Justiça…/ Alguns adversários do presidente Jair Bolsonaro consideram que falta hoje um Sergio Moro para julgar e pedir que se investigue com mais agilidade as denúncias envolvendo o senador Flávio Bolsonaro e, agora, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Sem juízo de valor, consideram fundamental que tudo isso seja esclarecido logo.

Bolsonaro fará novas mudanças no segundo e terceiro escalões do governo

Bolsonaro
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O presidente Jair Bolsonaro aproveita a tragédia da pandemia para trocar tudo o que aceitou, meio a contragosto, no próprio governo e reforçar as bases de apoio, a fim de se preparar a hipótese de agravamento da crise política. Foi assim na Saúde, na Justiça e na Polícia Federal.

Até sexta-feira, avisam alguns aliados, novas mudanças de segundo e terceiro escalões virão. O novo tripé de apoio, reforçado pelos partidos do Centrão, mantém os evangélicos/ideológicos, e, por fim, os militares.

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Por essas e outras, os deputados do grupo ao qual Bolsonaro pertencia quando era deputado federal não tiram mais os olhos do Diário Oficial da União. Assim será até que todos se sintam atendidos. É a “parceria no governo”, dizem alguns, que dará ao presidente a base para enfrentar os desdobramentos dos inquéritos em curso, a pedido do Supremo Tribunal Federal.

Só tem um probleminha aí: acomodar todos os interesses do Centrão, e daqueles mais próximos, sempre foi um desafio para qualquer governo. No caso de Lula, resultou, primeiramente, no escândalo do mensalão.

Uma coisa de cada vez

Ministros do governo até cogitaram amarrar a presidência da Câmara, em 2021, ao pacote para atrair o Centrão, mas o próprio agrupamento resiste. Do jeito que está o Brasil em meio à pandemia da Covid-19, a crise econômica e a turbulência política, os deputados preferem amarrar logo a participação no governo e deixar a disputa pelo comando da Casa em banho-maria por alguns meses.

Soou insensibilidade

No dia em que o país registrou 600 mortes pela Covid-19, a parada obrigatória de Bolsonaro na porta do Alvorada tratou muito mais da troca de comando na Polícia Federal e do depoimento de Sérgio Moro, do que da calamidade pública causada pelo novo coronavírus. Atualmente, dizem aliados do presidente, ele está mais preocupado com essa situação do que com a pandemia. Aliás, Bolsonaro ainda disse que o número de casos estava diminuindo.

Discurso & prática

Ao mostrar as mensagens que trocou com o então ministro da Justiça, Sergio Moro, Bolsonaro termina por corroborar a tese de que queria influir na Polícia Federal no Rio de Janeiro, e no comando da direção-geral da PF por preocupação com os deputados federais ligados ao governo.

Siga o dinheiro

Uma das linhas de investigação sobre a produção de fake news e atos contra as instituições da República observa as bases desses deputados, que planejam seguir em bloco para compor o Aliança pelo Brasil. E é aí que o governo se preocupa, porque não atingirá o PSL, mas sim aqueles que estão de saída.

CURTIDAS

Presença de Nabhan/ Enquanto a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, trabalha incansavelmente para manter o setor do agronegócio produtivo e atendido nesse período de pandemia, o secretário de Assuntos Fundiários, Nabhan Garcia, não sai do Alvorada e do Planalto. As apostas são as de que está louco para ser ministro.

Fica aí, “taokey?”/ Bolsonaro não tem dado qualquer sinal de que quer trocar a ministra. Mas há pressões da parte do grupo de Nabhan e do PP ligado ao deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), outro que sonha com a Agricultura. Se escolher um, desagradará o outro. E, assim, a ministra segue no cargo.

O amigo de 02/ O governo tornou sem efeito a nomeação do maestro Dante Mantovani para a Funarte, mas manteve a de Luciano Querido, ex-assessor do vereador Carlos Bolsonaro, o 02, que vira uma espécie de número dois da Funarte.

Mãe sempre ajuda/ A deputada Carla Zambelli (PSL-SP, foto) recorreu ao telefone da mãe para poder consultar o que a ex-amiga Joice Hasselmann (PSL-SP) havia dito sobre ela em suas redes sociais e responder aos seus seguidores. A contar pela troca de tiros entre as duas, quando ficarem frente a frente, no plenário da Câmara, é bom os seguranças ficarem atentos: “Essa mulher é louca, fabrica fake news. Eu não tenho nada a esconder”, disse Zambelli, em sua live.

Produtores rurais cobram do governo equipamento de proteção e testes para detecção de coronavírus

Alerta do agro
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Produtores rurais fizeram uma série de reuniões, nos últimos dias, para cobrar do governo equipamento de proteção e testes para detecção de coronavírus. O setor continua trabalhando a pleno vapor e não há o desabastecimento, porém quer das autoridades sanitárias a garantia de máscaras para os trabalhadores e, de quebra, também os testes capazes de mapear quem está infectado, para poder separá-los daqueles que não estão, de forma a garantir a continuidade dos serviços. A ideia é fazer no agro o que foi feito com toda a população da Coreia do Sul.

A preocupação já foi levada à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e ao presidente da Comissão de Agricultura, o deputado Fausto Pinato (PP-SP), que fazem a ponte com o agro e a Saúde, a fim de tentar resolver esse gargalo. O problema é que os testes têm sido voltados para os profissionais de saúde e a uma parcela dos doentes que chegam aos hospitais. Quando o cobertor é curto, uma parte fica descoberta.

O provocador

Foi dessa forma que os parlamentares classificaram Jair Bolsonaro, depois de reunião com um grupo de médicos para discutir o uso da cloroquina, sem avisar a Luiz Henrique Mandetta. Além de expor mais uma vez o ministro da Saúde, o presidente tirou os médicos da sua função na linha de frente do combate ao coronavírus, demonstrou não confiar na sua equipe e reduziu o prazo de validade do pronunciamento à nação esta semana. Pior, impossível.

Onde pega

Bolsonaro está convencido de que, se conseguir liberar logo os recursos para atendimento da população sem emprego, e se a cloroquina der certo, recupera a popularidade perdida. O problema é que a substância é usada hoje em casos de UTI por causa dos efeitos colaterais. E, para completar, tem gente no entorno presidencial torcendo pela demora na liberação de recursos para que ele possa dizer, lá na frente, que tinha razão quanto à volta imediata ao trabalho.

Discurso versus prática

A classe política gostou da mudança de tom do pronunciamento de Bolsonaro, na última terça-feira. Porém, para o “vamos dar as mãos”, será preciso que ele converta o discurso em ações de união e, até aqui, essas atitudes de unidade não vieram.

Pronunciamento iogurte

Há um consenso até dentro do governo de que, se o presidente continuar a ouvir mais o gabinete do ódio e, em especial, Carlos Bolsonaro, sua fala entrará na classificação dos gêneros perecíveis. Hoje, o 02 tuíta muito mais sobre desemprego do que sobre como ajudar no controle da doença na cidade pela qual foi eleito vereador, o Rio de Janeiro. Ou seja, serviço que é bom, é só o zero. Sem o número dois.

Sinais

Aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), têm notado uma mudança nas redes sociais. Antes, qualquer postagem dele recebia uma chuva de milhares de interações negativas por parte dos bolsonaristas. Agora, essas interações caíram para menos de 400.

Lula na área…

Em entrevistas a blogs e sites alternativos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveita o momento de crise para tentar comparar a crise econômica, que chamou de “marolinha”, à atual, que Bolsonaro chamou na semana passada de “gripezinha”. “As duas crises levam à necessidade de ter governo, e agora não vejo. Não tem articulação”, disse, referindo-se a Bolsonaro.

… Quer o lugar de Dória

O objetivo do PT nesse momento é recuperar o espaço político de polarização com Bolsonaro, vaga que o governador de São Paulo, João Doria, está conquistando pelo país afora.

Curtidas

Família testada/ O presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Andrade, que compôs a comitiva de Bolsonaro aos Estados Unidos, em março, descobriu que terminou infectando a esposa, a filha e os netos, e todos foram testados. Estão todos bem.

Família no escuro/ Pelo país afora, há inúmeros exemplos de famílias que perderam entes queridos com quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave. Não sabem ainda se foi Covid-19, nem são levados a fazer o teste.

Quem pode pode/ O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, despachou 23 aviões para a China a fim de buscar equipamentos hospitalares e testes para detecção de coronavírus. No mundo, está assim: quem paga à vista, leva primeiro.

110 Sul, a quadra dividida/ Durante o pronunciamento de Bolsonaro, o som dos blocos de apartamentos funcionais em que residem os brigadeiros e altos oficiais da Aeronáutica era o do Hino Nacional. Uma estratégia inteligente para abafar o rufar das panelas nos blocos civis.