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Da mesma forma que os partidos de centro que ficaram fora do governo buscam alguma brecha para ocupação de espaços no Executivo, os aliados históricos do PT começam a se sentir incomodados com o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter reservado todos os postos palacianos para integrantes do PT. Embora a Esplanada esteja loteada, na hora de definir estratégias e organizar o jogo palaciano, não há vozes a favor de outros partidos, uma vez que todos são do PT, inclusive os líderes do governo. (O único que não é petista, mas é como
se fosse, é Randolfe Rodrigues, da Rede).
Em tempo: no governo Lula 1, o Palácio do Planalto também começou como um clube exclusivo do PT. Porém, o líder do governo na Câmara era o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), com amplo trânsito nos demais partidos. Quando houve o escândalo do mensalão, a conversa mudou e Lula se viu obrigado a modificar essa configuração. No Congresso, nesse cenário de 100 dias e fim do “recreio”, há quem diga que, num futuro próximo, um novo rearranjo de forças terá que ser feito.
Os “filhos” de cada um
Os governistas já definiriam assim o esforço para aprovação das novas regras fiscais no Parlamento: a reforma tributária é um projeto em formação no Congresso e está em debate há anos. As novas regras fiscais, o tal “arcabouço” apresentado ontem, foram concebidas pelo Poder Executivo. Logo, é no arcabouço que o governo jogará primeiramente todas as fichas.
Governo ganhou tempo
Ao deixar a sessão do Congresso para a próxima semana, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), dá sete dias ao governo para tentar retirar assinaturas do pedido da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). Só tem um probleminha: quanto mais demora, mais cresce também a pressão para que haja a investigação.
Tudo é política
Ao levar até mesmo os oposicionistas para a reunião que tratou das ações necessárias para combater a violência nas escolas, o governo Lula mostra uma relação institucional e abre pontes, inclusive, para futuras votações na Câmara e no Senado. O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, por exemplo, é da ala conservadora e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro. E é considerado um dos nomes que pode ajudar na agenda econômica.
Lula e Getúlio/ Não são poucos os aliados do presidente que consideram que ele está certo ao criticar todos que participam da guerra da Ucrânia. Esses aliados lembram que quando o então presidente Getúlio Vargas ameaçou se aliar ao Eixo (Roma-Berlim) na Segunda Guerra Mundial e, depois, corrigiu a rota, obteve uma série de financiamentos dos Estados Unidos, inclusive a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Lula ajustou o discurso e condenou a invasão da Ucrânia. Pretende, com isso, voltar ao jogo no “grupo da paz”.
Ciro no comando/ O PP de Arthur Lira (AL) tem convenção marcada para a próxima terça-feira e a previsão é de reeleger o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI). Significa que a voz da legenda continuará sendo de oposição ao governo Lula.
Tal e qual/ O PP age mais ou menos como o governo em relação ao PT. Quando há projetos impopulares do Executivo, o PT reclama para continuar afinado com a sua base eleitoral. No caso dos progressistas, quando Lira se aproxima demais do governo, Ciro Nogueira critica algo para não perder as pontes com o conservadorismo.
Por falar em Arthur…/ O deputado Fausto Pinato (PP-SP) encontrou com o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL, foto), no plenário da Câmara, e saiu-se com esta: “Rapaz, vamos fazer um encontro. Você leva o Renan (Calheiros) e eu o Lira, e a gente se encontra na Ponte da Amizade. Se der errado, você segura um e eu seguro o outro”. Foi uma gargalhada geral.
19 de abril/ Dia dos Povos Indígenas e do Exército brasileiro. Marca a Batalha dos Guararapes, em 1648, quando os brasileiros (incluídos aí os indígenas) expulsaram os holandeses do Recife. Fica aqui ainda a homenagem a um dos maiores historiadores brasileiros, Boris Fausto, cuja morte foi anunciada ontem.
Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva roda o mundo, por aqui as falas da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), assustam os aliados que planejam um novo jogo para a próxima eleição. Ela afirmou, com todas as letras, que este governo precisará de mais quatro anos. Em outras palavras: joga a reeleição de Lula sobre a mesa, quando o próprio presidente, ao longo da campanha, havia descartado essa hipótese. Para bom entendedor no Congresso, se o presidente confirmar essa disposição, o jogo vai ter que mudar.
Até aqui, todos viam essa questão como em aberto. Porém, se a dirigente do PT apresenta Lula como candidato, os aliados vão querer dificultar a vida do governo e do próprio presidente. Só tem um probleminha: se a economia der resultado, outras candidaturas terminarão sufocadas. E na altura do campeonato em que o governo se encontra, apostar contra Lula pode ser um erro.
Um teste vem aí
A posição do governo em relação ao marco regulatório do saneamento caminha para ser a primeira votação em que o governo medirá forças com os conservadores e o Centrão. A ideia é rever as mudanças feitas pelo governo. Afinal, o texto antigo saiu do Congresso, depois de amplo acordo com o Centrão e o governo de Jair Bolsonaro.
As contas da oposição
Quem foi atrás de avaliar criteriosamente os votos do governo no Senado, fechou a seguinte conta: 16 estão para o que der e vier; outros 33 apoiarão as pautas econômicas. Ou seja, os temas ideológicos não terão espaço por lá. E quanto ao marco do saneamento, a ordem entre os senadores é retomar o texto.
Onde mora o perigo
Lula só indicará Cristiano Zanin à vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) depois que tiver certeza dos votos favoráveis no Senado. Um governo tão novo não pode correr o risco de perder sua primeira indicação.
Enquanto isso, na China…
A performance de Lula na China, com a visita à Huawei e a crítica ao dólar como moeda de negócios dos BRICS, levou os Estados Unidos a se colocarem em alerta quanto ao governo petista. Lula, porém, não deixará de fortalecer os laços com os chineses, de olho em investimentos no Brasil.
Veja bem I/ Ao colocar em seu twitter comentário sobre a taxação das compras de empresas estrangeiras, a primeira-dama Janja (foto) se esqueceu de que, fatalmente, essas grandes lojas virtuais vão repassar o valor do imposto a seus produtos. E quem acabará pagando a conta é o consumidor.
Veja bem II/ Em todos esses sites, está claro que eventuais impostos ficarão a cargo do comprador dos produtos. Os congressistas mais ligados à oposição já compilaram esses dados para mostrar que Janja está equivocada ao dizer que a conta será paga pelas empresas.
Gato escaldado/ A partir de agora, os deputados de oposição que quiserem fazer qualquer menção às colegas mais novas, farão à distância e nos microfones. Ninguém quer se expor a ser acusado de assédio, como Júlia Zanatta (PL-SC) fez com Márcio Jerry (PCdoB-MA).
Homenagem/ A família do ex-deputado Luís Eduardo Magalhães, tio do ex-prefeito ACM Neto, estará reunida, hoje, em uma missa em memória dos 25 anos da morte do ex-parlamentar — aos 43 anos, de infarto, em 21 de abril de 1998. Será na Catedral Basílica do Santíssimo Salvador, no Centro Histórico da capital baiana, às 18h. Era considerado um cumpridor de acordos, que fazia questão de manter as pontes com a oposição.
A Polícia de Segurança Pública, de Portugal, está cortando um dobrado para montar o esquema de proteção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desembarcará em Lisboa no próximo 21 de abril, onde participará da reunião de cúpula entre Brasil e Portugal. Ele está com a agenda cheia, inclusive com compromissos no norte do país. O deslocamento será intenso. Para complicar, o partido de extrema direita, o Chega, está convocando brasileiros bolsonaristas, especialmente os evangélicos, para uma megamanifestação contra o petista. O risco de tumulto é considerado altíssimo pelas autoridades portuguesas.
E o arcabouço?
O governo federal adiou para a próxima terça-feira a entrega do novo arcabouço fiscal ao Congresso. Segundo a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, a equipe econômica aproveitará o recesso da Semana Santa para fazer os ajustes finais no texto. O que chama a atenção é a viagem do presidente Lula, programada para a China no mesmo dia. Na comitiva oficial, devem estar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e outras autoridades. Por outro
lado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deve permanecer
no Brasil para articular a votação
da nova regra fiscal.
Meio ambiente na pauta
Co-presidente do International Resource Panel da ONU, Izabella Teixeira, ex-ministra de Meio Ambiente do Brasil, é mais um nome confirmado para a conferência do Lide, em Londres. Ela debate, com o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, o novo posicionamento do Brasil em relação ao meio ambiente. O evento, que deve reunir 300 empresários na capital inglesa, ocorre nos dias 20 e 21 deste mês.
Em debate, a inclusão
A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) realiza, na segunda-feira, uma audiência pública sobre os direitos das pessoas com deficiência. Membro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Mario Goulart Maia é um dos convidados. Ele vai debater sobre sistema de saúde pública e suplementar e destacar o impacto do rol taxativo para as pessoas autistas. Outros temas de destaque serão desafios ao acesso à educação inclusiva e especializada e à inclusão no mercado de trabalho. “Essa luta é muito sensível. Não querem enxergar, não querem discutir. As pessoas, os juízes, precisam tomar as iniciativas de saírem de suas bolhas. Precisam enxergar a realidade dessas pessoas. O que falta é a empatia”, disse o conselheiro à coluna.
CNJ decide sobre agressor
Pressionado a tomar uma posição sobre a situação do juiz Valmir Maurici Júnior, da 5ª Vara Cível de Guarulhos, São Paulo, acusado de agressão física, sexual e psicológica contra a ex-companheira, o CNJ marcou uma sessão extraordinária para terça-feira, com o objetivo de decidir o futuro do magistrado. Os conselheiros ouvidos pela coluna afirmaram que têm certeza do afastamento do juiz por unanimidade.
Disputa acirrada
O relator do PL das Fake News, deputado Orlando Silva (PCdoB), deve apresentar, na próxima semana, um novo documento com incorporação de sugestões enviadas pelo governo federal sobre o projeto. No entanto, o Congresso ainda está dividido em relação ao texto. Até mesmo parte da base aliada tem se mostrado contrária à proposta do relator, casos do PV e do PDT — que chegou a apresentar um requerimento pedindo a criação de uma comissão especial. O PSD também se mobilizou contra e pediu ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que a matéria seja discutida na Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação no prazo de 30 dias.
Segurança nas escolas
O deputado federal Victor Linhalis (Podemos-ES) apresentou requerimento de informações aos ministérios da Educação e da Justiça e Segurança Pública sobre ações desenvolvidas para combater eventos terroristas nas escolas. A razão é o ataque ocorrido ontem, em Blumenau (SC). Semana passada, uma professora foi morta por um aluno, dentro de um colégio em São Paulo.
Proteção para mulheres
O grupo Meta, que abriga o aplicativo de mensagens WhatsApp, anunciou o funcionamento do canal exclusivo de atendimento do Ligue 180 ou por meio de um link da plataforma para o encaminhamento de denúncias sobre violências contra as mulheres. A iniciativa faz parte de uma parceria com o Ministério das Mulheres. Além de auxiliar no envio de denúncias de violações, o novo canal pode ser usado para obter informações sobre a Lei Maria da Penha e encontrar os endereços de atendimento e serviços às mulheres.
*Colaborou Vicente Nunes
Parte do PT gostaria que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva repetisse apenas uma atitude de Jair Bolsonaro: não dar espaço, logo no início do governo, a quem não se mostra governista. Até aqui, reclamam os petistas, os ministros têm feito política própria, nem sempre combinada com o Planalto. Em conversas reservadas, alguns reclamam, por exemplo, que a Companhia Vale do São Francisco ficou com bolsonaristas e não haverá espaço para dar ao governo mais peso na Eletrobras. A depender do PT, logo terá que haver uma minirreforma ministerial para deixar o governo para quem for fiel. Esse é o único ponto da largada de Bolsonaro, em 2019, que causa uma certa inveja aos petistas.
Tudo junto e misturado
O governo quer aproveitar a boa aceitação das regras fiscais para, no embalo, taxar as apostas na internet. Na equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, isso é tratado como “justiça tributária”. E por grande parte dos congressistas também. A tendência é de aprovação.
Divergentes
Enquanto o ministro Fernando Haddad disse, em entrevista à GloboNews, que a arrecadação com essas apostas pode chegar a algo entre R$ 12 bilhões e R$ 15 bilhões, alguns técnicos falam de R$ 3 bilhões a R$ 6 bilhões. Ainda assim, é um bom dinheiro.
Hierarquia
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres é visto hoje pelos bolsonaristas como um ator que, se quiser, enrosca o ex-presidente ou, no mínimo, o general da reserva Augusto Heleno. Se disser que o relatório de inteligência sobre o mapa de votação foi ordem superior, o primeiro nome da lista será o do militar que ocupou o Gabinete
de Segurança
Institucional (GSI).
Liberou geral
O vídeo em que o deputado Guilherme Boulos (PSol-SP), pré-candidato a prefeito de São Paulo, aparece com o apresentador José Luiz Datena sugerindo que os dois componham uma chapa, teve consequência. Dentro do PT, há quem se considere livre para conversar a respeito de alternativas à Prefeitura, que não o nome do PSol.
Nem tanto
O acordo para Boulos ter o apoio do PT foi fechado por Fernando Haddad, no ano passado, com o aval do próprio Lula e da presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR). E o partido reiterou esse respaldo. Porém, os filiados consideram que Boulos abriu a porteira ao admitir que convidou Datena para conversar.
CURTIDAS
Frente de batalha…/ Cinco dias depois do governo anunciar as linhas gerais do arcabouço fiscal, o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (foto), estará, hoje, no jantar de posse da nova diretoria da frente parlamentar Brasil Competitivo. A Frente passa a ser comandada pelo deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP).
… e de propostas/ Na agenda da Frente, estão 37 projetos, que incluem o crédito competitivo — em outras palavras, redução de juros para o setor produtivo, algo que soará como música para os ouvidos do governo. Além disso, consta também a simplificação tributária e a regulamentação do mercado de carbono.
Novos tempos/ O instituto Quaest e a Genial Investimentos divulgaram o Índice de Popularidade Digital dos congressistas, ou seja, o ranking daqueles que movimentam as redes. O fato de dois dos três políticos mais populares na internet serem de Minas Gerais — Nikolas Ferreira (PL) e André Janones (Avante) — é sinal de que a política mineira, hoje, tem muito espaço no mundo digital.
Elas dominam/ Na lista do “top 10” das redes da Câmara e do Senado, Brasília marca presença com a deputada Bia Kicis (PL) e a senadora Damares Alves (Republicanos).
O “pito” que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou em seus ministros está diretamente relacionado à vontade de não decepcionar os eleitores e evitar o destino de baixa popularidade de seus companheiros latino-americanos vitoriosos em eleições recentemente, com um viés à esquerda. Gabriel Boric, eleito no Chile por 55% dos votos, hoje tem rejeição na casa dos 60%, e apenas 35% aprovam seu governo. Gustavo Petro, da Colômbia, também amarga uma popularidade baixa. Alberto Fernández, da Argentina, não está deitado em berço esplêndido. O caso mais extremo foi o de Pedro Castillo, do Peru, que terminou sofrendo um processo de impeachment no ano passado. Lula quer o governo “azeitado”, para desviar dessa sina.
Em tempo: a intenção do governo é que todas as boas notícias sejam dadas no Planalto, pelo presidente da República. A avaliação é de que, até aqui, Lula foi salvo pelos problemas do adversário: o 8 de janeiro, as mazelas do povo Yanomami, o caso das joias das Arábias apreendidas, a carteira de vacinação de Jair Bolsonaro e, agora, o “monitoramento” de 10 mil pessoas, conforme denúncia apresentada esta semana pelo jornal O Globo. Esse estoque de confusões, que tem servido para dar tempo de o governo arrumar a casa, não vai durar para sempre.
Os cálculos do União
Os deputados do União Brasil listaram os temas que não terão respaldo da bancada, ou seja, aqueles que não adiantará o governo tentar mexer: aumento de impostos, direito de propriedade e controle da mídia.
E tem mais
Há fortes resistências em apreciar o voto de qualidade do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). A “prova dos nove” será em abril, quando a medida provisória deve chegar ao plenário.
Vão ter que engolir
No acordo prévio para as comissões técnicas, o PL confirmou a indicação da deputada Bia Kicis para a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. A turma do PL considera que, se o PT indicou para o Comissão de Constituição e Justiça o deputado Rui Falcão, o partido de Bolsonaro tem o direito de definir quem quiser para as comissões técnicas. Afinal, Falcão é da esquerda do PT, não aceitava nem Geraldo Alckmin na vice-presidência da República.
Raquel nem “tchum”
O ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, reuniu a bancada de Pernambuco esta semana para anunciar a criação da Escola de Sargentos do Exército no estado, um investimento que pode chegar a R$ 1,7 bilhão e gerar 28 mil empregos diretos. A governadora Raquel Lyra, convidada, não compareceu e nem mandou representante.
CURTIDAS
Fraga na lida…/ O deputado Alberto Fraga (PL-DF) vai insistir em derrubar o decreto antiarmas do presidente Lula. “São quase 70 mil pessoas empregadas nesse setor, R$ 13 bilhões de faturamento e R$ 2,8 bilhões em impostos. Ou volta atrás ou derrubamos no plenário”, diz.
… e no risco de derrota/ O deputado considera, porém, que há o “perigo de a Câmara derrubar o decreto de Lula, e o Senado segurar”. Entre os senadores, a situação do governo é mais tranquila.
E os prefeitos, hein?/ Em Brasília, para a marcha da Frente Nacional de Prefeitos, alguns deles passaram constrangimento na Câmara dos Deputados com os novos parlamentares. Um deles foi apresentado por um deputado “esse é o prefeito Modesto”. Ao pé do ouvido da excelência, o prefeito corrigiu: “É Sebastião”. O parlamentar, meio sem graça, emendou: “Sebastião, você é muito modesto!”
Eliseu Padilha/ A morte do ex-deputado e ex-ministro Eliseu Padilha (foto), que será velado e cremado hoje em Porto Alegre, foi um baque para o MDB. Padilha era o estrategista do partido. A Câmara, de luto, não deve realizar sessão deliberativa nesta quarta-feira. A coluna deixa aqui suas condolências à família e aos amigos.
Coluna Brasília-DF, por Denise Rothenburg
Com Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República, a missão da cúpula do PT é resgatar o partido e seus quadros. Não por acaso, o centro do palco foi ocupado por outras duas pessoas, além de Lula e da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR): Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, que chegou a ser réu num dos processos da Operação Lava-Jato e, agora, assume a Fundação Perseu Abramo. E a ex-presidente Dilma Rousseff, uma das principais oradoras do ato de aniversário do partido.
Mais atrás, no palco, o ex-ministro e ex-presidente do partido, José Dirceu, que, aos poucos, retoma espaço na política interna. O PT, que sempre foi considerado menor do que o atual presidente, quer aproveitar a chance do terceiro governo Lula para burilar a própria biografia e deixar os escândalos de dirigentes presos num passado distante. Para isso, avaliam os petistas, será preciso ocupar todos os espaços de poder disponíveis. Falta combinar com os aliados que, até aqui, se mostram incomodados com a ânsia do PT por protagonismo do tamanho de Lula.
Devagar com o andor…
… porque o santo é de barro. Enquanto o PT, maior partido de esquerda do país, festejava seus 43 anos com gosto de “agora ninguém me segura”, em outras reuniões em Brasília líderes partidários analisavam o quadro partidário com a certeza de que Lula ainda não tem uma base aliada forte para chamar de sua.
A hora da verdade
Até aqui, a tal base aliada não tem forma, cheiro ou cor. Passada a semana do carnaval, os partidos supostamente aliados deverão ser chamados a se posicionar sobre o governo.
O que eles pensam
Alguns partidos, porém, não pretendem dizer amém a tudo que o governo Lula desejar. Preferem a independência, tal e qual a do Banco Central. A pressão sobre o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, não terá apoio de partidos como o União Brasil. Do PSD, Gilberto Kassab já deu o tom, ao defender a independência do BC.
Os vigias
Os dois diretores que Lula nomeará, em breve, para a autoridade monetária, terão a missão de ficar de olho nas ações de Campos Neto.
O jeitão dele/ Lula tem se emocionado em quase todos os discursos. Ele sempre foi emotivo, mas tem gente no PT que acha exagerado. O presidente, porém, não pretende mudar. Quando sentir vontade de chorar, ninguém segura.
Onde o povo está/ Muito criticado nos bastidores do próprio partido por causa dos convites de R$ 500 a R$ 20 mil, o jantar do PT não deve contar com a presença de Lula. A ideia é que ele durma em Salvador, onde vai inaugurar obras com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o governador Jerônimo Rodrigues. E de lá siga para Sergipe, a fim de inaugurar obras. Melhor estar com o eleitor do que num
convescote partidário.
Cadê Janja?/ Era a pergunta no Centro de Convenções, durante o ato de aniversário do PT. No discurso da presidente do partido, Gleisi Hoffmann, a citada foi dona Marisa Letícia, já falecida. “Nos anos 80”, disse Gleisi, “d. Marisa costurava as bandeiras do PT com retalhos de tecido”. Enquanto transcorria o evento, não havia informações oficiais sobre o motivo da ausência da mulher de Lula.
Antes da reunião ministerial desta sexta-feira, quando pretende fazer um alinhamento para as nomeações de segundo escalão, o presidente Lula terá um encontro com o PT nesta quinta-feira, 10h. Ali, deixará claro que a lógica de atender todas as tendências não poderá prevalecer. O partido se ressente da falta espaço para todos os seus no governo Lula 3. Há reclamações de que os petistas dos estados de São Paulo e da Bahia dominaram quase tudo. Não houve espaço nem para a Amazônia e nem para Minas Gerais, por exemplo.
Lula vai pedir aos petistas que tenham calma. Dirá que da mesma forma que resolveu o Ministério, resolverá as demais pendências. Foram chamados a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e os líderes do governo na Câmara, José Guimarães, e do Senado, Jaques Wagner, além do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Padilha já havia reunido esse mesmo grupo para ouvi-los sobre os pedidos de segundo escalão. Diante da insatisfação, Lula entrará no circuito. No final, caberá ao presidente arbitrar as disputas.
Os petistas já mapearam os partidos e descobriram que Lula caminha para ter uma “base móvel” — ou seja, ora fechada com o Palácio do Planalto, ora mais arredia. As conversas políticas que o presidente eleito manteve até aqui indicam que o futuro governo só conseguirá trabalhar projeto a projeto. Em algumas propostas — leia-se reforma tributária —, caminha para aprovar uma emenda constitucional. Mas, se quiser revogar a reforma trabalhista, por exemplo, não será fácil.
A conclusão é que todos os partidos de centro estão rachados, com uma parte afinada com o atual governo e outra com Lula. O PSD de Gilberto Kassab, por exemplo, com seus 42 deputados, tem 21 mais afeitos a Lula e 21 com um perfil mais à direita. Nos demais, a situação não é muito diferente. A conclusão é que, mesmo com todos os partidos participando do governo, não haverá uma base sólida para o que der e vier.
Chegou tarde, mas…
O União Brasil definiu, logo depois da eleição, que participaria do bloco do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no ano que vem e trata, inclusive para o futuro, um “casamento” entre as duas legendas. O União reconduziu Elmar Nascimento (BA) ao cargo de líder da bancada para seguir nessa direção. Assim, o PT terá dificuldades em levar o União a compor um bloco a fim de garantir aos petistas o comando da Comissão de Constituição e Justiça.
… tem jogo
No PT, porém, há quem diga que a participação no futuro governo estará condicionada a ajudar o PT a conquistar espaços no Parlamento. Ou seja, é algo que, de acordo com os petistas, ainda pode mudar.
Veja bem
Na bancada do União Brasil, a avaliação é outra. Ministério é um serviço para o comando da sigla e precisa ser indicado até 31 de dezembro para tomar posse em 1º de janeiro. O bloco parlamentar para o Congresso está a cargo exclusivamente da bancada e será fechado até o final de janeiro. Até aqui, estão certos PP, PL, Republicanos, PTB e União Brasil.
Um encontro, vários sinais
O encontro de Lula com Jake Sullivan, o conselheiro de Segurança de Joe Biden, vai além da geopolítica internacional e das relações comerciais. Simboliza, segundo diplomatas, que os Estados Unidos não apoiam e nem apoiarão medidas de exceção ou golpes de estado por parte de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Tarcísio e Lula/ O empresariado paulista que foi ouvir, ontem, o governador eleito Tarcísio de Freitas na Associação Comercial de São Paulo, não perdia a oportunidade de fazer comparações. Tarcísio até aqui indicou o secretariado mais importante e o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva não consegue fechar seu tabuleiro.
Cada um com seu cada qual/ O empresariado, que em sua maioria não engole o PT, compara até mesmo os coordenadores. Alguns empresários brincavam com os deputados da base de Tarcísio, dizendo que era melhor ter Gilberto Kassab e Guilherme Afif Domingos na coordenação do que Gleisi Hoffmann e Aloizio Mercadante.
Política e Copa/ No 10º episódio do podcast Drible de Corpo na Copa do Mundo Qatar 2022, o repórter Marcos Paulo Lima, enviado especial do Correio Braziliense, pergunta ao comentarista e ex-jogador Walter Casagrande Júnior sobre a situação do Brasil na política: “Tem que reconstruir o país. É preciso parar com essa bobagem de pedir intervenção militar na frente dos quartéis. O Brasil precisa andar para frente”, respondeu o Casão.
Por falar em quartéis… / Michel Winter, considerado pelos bolsonaristas o marqueteiro de Bolsonaro, tem levado recados do presidente aos manifestantes acampados nas portas dos quartéis. Esta semana, por exemplo, levou a seguinte mensagem: “Não vai entregar o nosso país ao corrupto”. E fez um apelo: “Aguardem o chamamento do lugar certo e das pessoas certas. Ouçam a voz do nosso presidente”. Até aqui, Bolsonaro tem se mantido calado, a transição caminha e Eduardo Bolsonaro torce pelo Brasil na Copa no Catar.
A onda em favor de Lula, protagonizada por parte de tucanos, intelectuais e economistas ligados a partidos de centro, vem acoplada de um aviso ao PT: o mesmo apoio que se precisa para vencer deve ser usado para administrar, especialmente no quesito programa de governo. Logo, os petistas, diante de uma possível vitória do ex-presidente, não poderão levar a ferro e fogo um projeto que não se sustente sob o ponto de vista econômico e financeiro.
A dois dias das eleições, porém, não há tempo e muito menos disposição por parte do PT para clarear o programa de governo. Nesse sentido, não são poucos os recém-chegados que, entre quatro paredes, dizem estar preocupados com a perspectiva de os petistas desprezarem itens do programa de governo dos aliados, em caso de vitória no primeiro turno.
O que preocupa o PT
Com os números do Datafolha que deram 50% dos votos válidos em favor de Lula, a euforia tomou conta dos militantes petistas. No caso de o ex-presidente não fechar a eleição no primeiro turno, o risco de o partido ir para o embate final com ares de derrota é grande.
Ibaneis faz pontes
Os petistas, porém, avisam alguns, não têm tantos motivos para se preocupar. Haja vista a movimentação dos adversários. Por exemplo: os elogios do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), a Lula durante a sabatina do Correio Braziliense/TV Brasília, foram lidos por muitos políticos como um sinal de que o partido já trabalha com a vitória do ex-presidente, seja em primeiro ou segundo turno. Até a semana passada, Ibaneis só tinha olhos para a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL).
A conta não fecha
Quem acompanha as pesquisas com uma lupa está intrigado com as diferenças entre as campanhas estaduais e a presidencial. Nos estados onde a eleição de governador pode fechar no primeiro turno, por exemplo, só dois têm partidos de esquerda na liderança.
Efeito Minas
Com Romeu Zema (Novo) na liderança, a esperança dos bolsonaristas é de que ocorra ali, na eleição presidencial, o que houve em 2018, quando o Datafolha divulgado a três dias da eleição indicava a vitória de Dilma Rousseff para o Senado, com 27%, e ela não foi eleita.
Tensão na Bahia I/ O caso da morte do subtenente da Polícia Militar Alberto Alves dos Santos, que trabalhava para a campanha de ACM Neto, vai parar no Ministério da Justiça e Segurança Pública. O pedido para que a Polícia Federal (PF) entre no caso, assinado pelos advogados de Neto, levanta a suspeita de que a PM da Bahia monitorava a campanha do principal adversário.
Tensão na Bahia II/ Em caso de segundo turno entre ACM Neto (União Brasil) e Jerônimo Rodrigues (PT), esse caso pode balançar o coreto do PT, que já ganhou de virada na Bahia, em 2006, quando Jaques Wagner foi eleito.
Por falar em Bahia…/ O saldo do debate da Globo por lá indica que ACM Neto e João Roma (PL) queimaram todas as pontes para uma parceria na eleição.
Viva a democracia/ Aos 99 anos, Heloísa Freitas já está pronta para votar no domingo, em Belo Horizonte. Ela nasceu em Formiga (MG), em 23 de março de 1923, e acionou os filhos para levá-la à seção eleitoral, na capital mineira. Um exemplo de cidadania.
Coluna Brasília/DF, por Denise Rothenburg
Disposto a vencer no primeiro turno, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), retomou a estratégia de 2018 — de bater no PT, aliado do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), principal adversário ao governo estadual. Para os bolsonaristas, essa estratégia de Zema ajudará o presidente da República. Minas, aliás, é considerado um estado fundamental para todos os candidatos. Tanto é que, ali, há uma pressão dos petistas para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vá ao estado mais vezes ainda neste primeiro turno.
Por falar em pressão…
Da mesma forma que os mineiros querem Lula mais presente, de forma a tentar conquistar os indecisos, os petistas paulistas pregam mais andanças do ex-presidente pelo estado. O receio deles é que se deixar São Paulo para Geraldo Alckmin nessa reta final, os militantes podem perder espaço nas eleições proporcionais — e quem vai subir é o PSB, não o PT. Isso se Alckmin não terminar ajudando algum tucano, uma vez que o ex-governador ainda é muito identificado com o PSDB.
Paciência esgotada
Alguns institutos de pesquisa estão com problemas para conseguir realizar suas consultas. É que o eleitor está cansado de ter que responder todas as semanas aos levantamentos das mais diversas empresas. E para os próximos 15 dias, vai ficar pior.
Discrição é a palavra
As qualitativas de diversas campanhas detectaram que, hoje, o eleitor está mais quieto do que de costume. E num cenário assim, o 2 de outubro ficará muito mais difícil de captar.
Sem retorno
O interesse de uma parcela do PDT em apoiar Lula levou Ciro Gomes a aumentar o tom contra o candidato do PT. A cada dia ele amplia o fosso que o separa do ex-presidente. Se não estiver no segundo turno, o candidato do pedetista dificilmente apoiará um dos finalistas abertamente.
Desgaste à vista
Tão logo soube da reportagem do jornal O Estado de S.Paulo com os cortes no programa Farmácia Popular, o governo e a campanha de Bolsonaro se mobilizaram para tentar reverter a redução no Orçamento desse setor. Nas demais campanhas, estão todos prontos para adotar dois discursos: o primeiro é dizer que o governo não se preocupa com as pessoas e o segundo é colocar a culpa no Congresso, caso o valor de R$ 2 bilhões não seja recomposto.
Heleno em campanha
Não é só a turma de Lula que entra de cabeça na campanha pelo voto útil. Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), postou em suas redes sociais pedidos de voto útil para Bolsonaro. E escreveu com todas as letras que Ciro e Simone Tebet (MDB) não irão para o segundo turno. Afirma, ainda, que “votar neles é ajudar Lula”.
Sinais trocados, mesmo discurso
A campanha de Heleno não difere em quase nada daquela que o PT faz em seus grupos de WhatsApp em prol do voto útil. Os petistas têm dito que voto em Ciro ou Simone ajuda Bolsonaro.
Enquanto isso, no Senado…
Hoje tem sessão especial do Senado para homenagear a “constelação familiar”, conforme pedido do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), aprovado no final de agosto. Em tempos de tanta polarização e violência eleitoral, será também a oportunidade de refletir sobre a constelação política.
Santinhos trocados
O desembargador aposentado Carlos Rodrigues, que concorre ao Senado pelo PSD, informa que sua “colinha” eleitoral sem o nome do candidato ao GDF pelo PSD, Paulo Octávio, foi “um erro da produção vinculada ao comitê”. Depois que a coluna publicou, ele disse que o novo material, com o nome e número do candidato ao governo, e de quebra o do candidato a deputado federal André Kubitschek, foi impresso no mesmo dia.