Momento da reforma passou

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Maurenilson Freire

Coluna Brasília/DF, publicada em 15 de março de 2025, por Denise Rothenbug, com Eduarda Esposito

Aliados do presidente Lula são praticamente unânimes em afirmar que ele perdeu o “timing” de abertura da temporada de reforma ministerial para acomodar políticos de partidos de centro com pretensões eleitorais em 2026. Qualquer um que entre agora ficará menos de um ano no cargo, por causa do prazo de desincompatibilização para concorrer. Portanto, Lula, para mudar o ministério, terá de buscar um perfil mais técnico e que não tenha planos de disputar um mandato eletivo no ano que vem.

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Além da reforma…/ Tem muita gente tentando aconselhar o presidente Lula a deixar a primeira-dama Janja da Silva encarregada de algum programa importante do governo na área social. Seria a forma de tentar reduzir as especulações de que ela tem participação em tudo. Agora, se tem algo que os críticos de Janja não vão conseguir jamais é que Lula deixe de ouvi-la sobre os mais diversos assuntos.

Emendas em suspense

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, só analisará a regulamentação das emendas parlamentares quando for anexada ao processo em curso na Corte. Até lá, nada está garantido.

Kátia Abreu sobe o tom

A atitude desrespeitosa do deputado Gustavo Gayer (PL-GO) ainda reverbera na política. A ex-deputada, ex-senadora e ex-ministra da Agricultura Kátia Abreu deixou claro o pensamento sobre as afirmações de Gayer: “Sua atitude não pode ficar impune, faça um bem ao país, renuncie, respeite quem o elegeu. O senhor não merece o título de deputado”.

E os passaportes, hein?

Depois da revelação de que 352 parlamentares deram passaportes diplomáticos a seus familiares, o Ranking dos Políticos apresentou uma denúncia ao Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a “farra” desse tipo de documento e pediu a suspensão. O TCU agora vai analisar o pedido. Os partidos na Câmara dos Deputados que mais emitiram foram: PL, PT, PP, União e Republicanos. No Senado, MDB, PSD, PL e PT.

Histórias de Brasília

Em março de 1985, o então presidente eleito Tancredo Neves assinou a nomeação de todos os seus ministros, antes de ser internado. Do chamado primeiro escalão, deixou de nomear apenas o governador do Distrito Federal, que, à época, era escolhido pelo presidente da República. E não o fez dada uma dificuldade política e pessoal bem mineira: não havia consenso entre seus aliados, e era um cargo com grande significação pessoal, histórica e política, pois ele queria homenagear seu grande parceiro e amigo Juscelino Kubitschek, o fundador.

Política exige paciência

Uma corrente política forte queria o então presidente da OAB, Mauricio Corrêa. Dona Sarah queria o primo querido de JK, o ex-deputado Carlos Murilo Felicio dos Santos. E ainda havia outros nomes em jogo. O próprio Sarney tinha nomes em mente. Mas para não criar arestas, o resultado foi a continuidade do governador José Ornelas de Souza Filho, afastado posteriormente. Sarney, então, colocou o ministro do Interior, Ronaldo Costa Couto. Só em 3 de maio, o presidente Sarney bateu o martelo e indicou seu compadre e ministro da Cultura, José Aparecido de Oliveira, que tomou posse em 11 de maio de 1985.

CURTIDAS

Quatro homenagens/ Além da homenagem no seminário de hoje, da Fundação Astrogildo Pereira em parceria com o Correio Braziliense, José Sarney, do alto de seus 94 anos, receberá honrarias em mais três solenidades sobre os 40 anos da redemocratização. Uma no Senado, na próxima terça-feira; outro na Câmara, na quarta, e, ainda, na Câmara Legislativa do DF, em 25 de março, quando receberá o título de cidadão honorário da cidade.

Por falar em homenagens…/ Quem for ao Panteão da Liberdade neste sábado, terá o privilégio de assistir a um vídeo com fotos do jornalista fotográfico Orlando Brito, que registrou com maestria a transição política, em 1985.

… a história presente/ O visitante também poderá passear pelas páginas do Correio Braziliense, numa exposição sobre o Congresso Constituinte. Nesses 40 anos da posse de José Sarney, só podemos agradecer à grandeza de homens que tiveram espírito público e souberam reerguer o nosso processo democrático sem dar um tiro. Muito obrigada!

 

Preservem o setor produtivo e o diálogo

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Caio Gomez

Coluna Brasília/DF, publicada em 13 de março de 2025, por Denise Rothenbug, com Eduarda Esposito

Todo o esforço dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, junto aos líderes será no sentido de preservar um espaço à margem da polarização para fazer caminhar a agenda econômica no Legislativo e garantir a estabilidade fiscal. A contar pela exposição do próprio Hugo Motta e do líder do PSD, deputado Antonio Brito, no evento Brasil Summit Lide-Correio Braziliense, tudo será feito para assegurar uma melhor distribuição da carga tributária com a isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, projeto que deve chegar ao Congresso já na próxima semana. Porém não será aceito nada que represente aumento da carga de impostos ou maior desequilíbrio fiscal.

Ela topa/ O IR será o grande teste da capacidade de articulação da ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. No jantar com os líderes de centro na última terça-feira, com a presença de Hugo Motta, Gleisi deixou claro que concorda com a avaliação dos líderes e demonstrou todo o interesse num trabalho conjunto em prol das medidas econômicas. E com a blindagem da agenda econômica contra a polarização. Pelo menos até o fim deste ano, a ordem é tentar deixar os anseios eleitorais de lado e jogar a energia para baixar o preço dos alimentos e afrouxar o aperto tributário sobre os mais pobres. Se o governo conseguir esses feitos, alguns ministros apostam que a popularidade será retomada em breve.

E a Previdência, hein?

Ex-presidente do Banco Central, ex-ministro da Fazenda e secretário da Fazenda de São Paulo no governo João Doria, Henrique Meirelles disse à coluna que, diante do aumento da expectativa de vida da população, chegou a hora de uma nova reforma da Previdência. Falta combinar com o Congresso, que está mais dedicado à tributária e começa a falar da administrativa.

Gestos & desafios

A presença de Hugo Motta na festa de aniversário de 79 anos de José Dirceu foi vista como mais um sinal de diálogo com o PT por parte do presidente da Câmara. Hugo saiu de lá direto para o jantar com Gleisi Hoffmann. Ou seja, ele segue surfando entre o PT e o bolsonarismo. Até aqui, conseguiu se livrar dos icebergs. O grande teste será a definição da presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

Não se enganem!

O fato de Hugo Motta e outros representantes do centro marcarem presença no aniversário de Dirceu não tirou o ímpeto do aniversariante em deixar muito claro que o governo está “sitiado” pela direita, que cresce no mundo, e que a esquerda é minoria no Parlamento brasileiro. O principal conselho dele, neste início de ano, para seus companheiros de governo é “para vencer, temos que governar agora” e não perder de vista a conjuntura internacional.

Por falar em governar…

A tônica política do Brasil Summit Lide-Correio Braziliense foi dada logo na fala de boas-vindas do ex-governador de São Paulo João Doria, fundador do Lide. Foi incisivo ao defender o apoio ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que “leva tiro internamente”, e ao destacar a necessidade de quem governa conversar com todos os setores. O governador Ibaneis Rocha concordou: “Divisão política atrapalha e muito”.

CURTIDAS

Todos de volta/ Os eventos da semana na política marcaram o retorno de vários personagens do escândalo do petrolão ao cenário nacional. Na posse de Gleisi, compareceu, por exemplo, André Vargas (PT-PR). Na festa de Dirceu, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares contou à coluna que deseja concorrer a um mandato de deputado federal por Goiás, terra de um dos pré-candidatos à Presidência da República e um dos maiores opositores de Lula, o atual governador Ronaldo Caiado.

Enquanto isso, em Cannes…/ O Hotel Maricá, o complexo de resorts Samba, Futebol e Caipirinha, e o programa Mumbuca Verde — mercado de créditos ambientais que funciona com a comercialização de Unidades de Crédito de Sustentabilidade — são apostas de Maricá para atrair investidores internacionais. A cidade de 200 mil habitantes, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, é a única do continente americano com stand no Mipim 2025, maior feira de investidores do ramo imobiliário do mundo, realizada em Cannes, na França.

… é hora de apresentar o Brasil/ O prefeito Washington Quaquá (PT) e o ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), receberam convidados e visitantes, destacando o potencial turístico da cidade. “Quaquá quer transformar Maricá num destino turístico mundial e, com isso, trazer oportunidades e o pleno emprego às pessoas para ajudar a cidade a continuar no caminho do desenvolvimento”, definiu o ministro. “Viemos buscar investimentos e transformar Maricá numa indústria do turismo mundial, com as famílias empregadas e empreendendo”, ressaltou Quaquá.

Vai ter fila para um café/ A posse da presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Rocha, foi de longe a mais concorrida do STM. Alguns deputados não conseguiram lugar para se sentar na Sala Martins Pena, com 480 cadeiras. E olha que foram colocados mais 200 lugares no foyer, quase uma centena no palco e ainda ficou muita gente de pé. Na saída, disseram à coluna que vão marcar uma visita de cortesia nos próximos dias.

Os primeiros acordes pós-liberação

Publicado em coluna Brasília-DF, Política

Coluna Brasília/DF, publicada em 12 de março de 2025, por Denise Rothenbug, com Eduarda Esposito

Com o sinal verde de Alexandre de Moraes para reuniões e conversas entre Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, a primeira atitude será se juntarem para combinar os atos de 16 de março. A ideia é que a estrutura do partido tenha foco na defesa do ex-presidente. Valdemar, conforme avaliam seus aliados, não quer nem longe que alguém possa dizer que o partido não ajudou na defesa de quem tem os votos. O que for possível fazer, será feito, avisaram os mais próximos do presidente do PL.

Enquanto isso, na ala esquerda…/ Coincidência, os atos em apoio a Bolsonaro ocorrerão justamente no dia do aniversário de 73 anos do ex-ministro José Dirceu, líder estudantil na época da ditadura militar e um dos maiores quadros políticos do PT quando Bolsonaro era deputado. Dirceu, aliás, comemorou antecipadamente num bar em Brasília, na noite desta terça-feira, com a presença de várias autoridades. Livre de processos judiciais, ele será candidato a deputado federal no ano que vem. A depender dos dois, a polarização continuará.

Jandira na lida

Vice-líder do governo, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) vai insistir que a Câmara dos Deputados faça uma concertação política com os demais partidos para que o PL indique um outro nome à Presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (Creden). Não se pode receber na Presidência da Creden alguém que tenha conspirado contra o governo brasileiro eleito democraticamente. E isso é capaz de pesar na avaliação dos partidos.

Só tem um probleminha

Os partidos são soberanos e o regimento interno dá as duas primeiras escolhas de comissões ao PL. Só com muita conversa e diálogo para acertar esse passo e evitar que a largada seja de confronto entre as legendas, antecipando uma briga que os partidos de centro só querem ver no final do ano.

Vai procurar

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) foi homenageada na Câmara dos Deputados e aproveitou o momento para lutar por duas pautas. A primeira, a liberação em supermercados da venda de remédios sem prescrição médica.

Tempos difíceis

A segunda pauta foi o pedido de adiantamento da isenção de impostos dos itens da cesta básica, prevista pela reforma tributária concedida no ano passado. A Abras quer que essa parte do texto comece a valer ainda este ano.

CURTIDAS

Outra Elizabeth faz história/ Ao tomar posse, hoje, na Presidência do Superior Tribunal Militar, a ministra Maria Elizabeth Rocha passa para os livros como a primeira mulher no topo desse braço do Poder Judiciário e a única que envolveu uma disputa apertada para ocupar o cargo.

E com direito a palco/ Para completar, será a primeira a fazer a posse fora da área externa do tribunal, onde, em todas as solenidades desse tipo, se alugavam toldos para compor o local. Agora, será no Teatro Nacional. Economizará e ainda proporcionará um momento musical, no meio da tarde. Para os ares carregados de Brasília, a solenidade vem em boa hora para desanuviar os olhos e os ouvidos.

Clima terrível/ Ao que parece, o novo traidor do clã Bolsonaro é o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). O estopim foi uma foto tirada com um influenciador que chamou o ex-presidente Bolsonaro de “Cadela do PT”. O deputado Mário Frias (PL-SP) criticou nas redes sociais, e vários bolsonaristas chamaram o deputado mineiro de traidor. Seu nome chegou aos sete assuntos mais comentados, com quase 40 mil tuítes na rede X.

Rio de luto/ A pedido do deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), o plenário da Câmara dos Deputados prestou um minuto de silêncio em memória do pastor Luiz Carlos de Figueiredo Kamp e do diácono Saulo Farias, assassinados em São Gonçalo (RJ) nesta semana. A polícia investiga se foi um assalto comum ou morte encomendada.

Por que Lula escolheu Gleisi para a SRI

Publicado em GOVERNO LULA

A opção do presidente Lula pelo presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, para ministra da Secretaria de Relações Institucionais está diretamente relacionada à necessidade de manter o ritmo da liberação das emendas parlamentares sob o comando do PT.  Esse é um setor que, conforme avaliação de alguns integrantes da cozinha de Lula, não dava para entregar nas mãos de aliados.

A lista de prioridades de liberação é um dos poucos instrumentos de poder de persuasão que o governo tem hoje. Esse “ativo”, entregue a outro partido, periga deslocar o eixo de poder, tal e qual deslocou quando do processo que antecedeu o impeachment da presidente Dilma Rousseff. As emendas, naquela época, estavam sob controle do MDB.

Além da questão relativa às emendas, houve ainda a vontade de nomear uma mulher. Lula já dispensou três mulheres do seu primeiro escalão, Ana Moser (Esportes), Daniela do Vaguinho (Turismo) e Nísia Trindade (Saúde), esta última com direito a uma fritura que constrangeu muita gente no governo. O presidente estava devendo um afago à bancada feminina. O presidente considerava ainda que estava em dívida com Gleisi por não ter colocado a deputada no primeiro escalão no início do governo. Em dezembro do ano passado, Gleisi esteve cotada justamente para a pasta que ocupará agora. Mas o PT de São Paulo queria o cargo. Resta saber agora como vão reagir os aliados de Lula, que esperavam ver um integrante de outro partido nesta função.

 

Onde está o problema

Publicado em Política
Crédito: Caio Gomez

Coluna Brasília/DF, publicada em 26 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Muita gente na base aliada acompanhou com uma certa preocupação a longa fritura da ministra da Saúde, Nísia Trindade, até ela deixar o cargo. A avaliação de muitos no Parlamento e fora dele é a de que Nísia sai para que Lula não deixe à deriva um expoente do PT de São Paulo que se desgastou no cargo de coordenador político do governo. Pelo menos nove em cada 10 deputados aliados ao PT dizem, em conversas reservadas, que não podia ser considerado normal um ministro de Relações Institucionais, no caso, Alexandre Padilha, não ser recebido nem conversar com o presidente da Câmara durante quase dois anos. A saída de Padilha já estava acertada com o Centrão, a fim de melhorar a interlocução com os partidos mais ao centro.

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E onde está o perigo/ O PT continua resistindo a abrir o Planalto aos aliados. Por isso, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), subiu na bolsa de apostas. Só tem um probleminha: colocar um representante do PT de São Paulo na Saúde e outro na coordenação política pode levar os aliados do governo a se considerarem desprezados para a cozinha palaciana.

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Paralelamente às preferências do PT, o Planalto avalia o nome de Isnaldo Bulhões (MDB-AL), em um gesto de aproximação com o Centrão. Ocorre que a ala mais radical do partido não quer nem ouvir falar desse movimento.

Amigos, amigos…

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), estava todo sorridente e bem próximo ao presidente Lula na sessão de cinema do Alvorada na última segunda-feira. Porém, na hora de colocar o plenário para votar, sessão cancelada na terça-feira. As apostas de muitos são as de que a Casa só funcionará a pleno vapor quando a questão das emendas de comissão estiver resolvida.

… negócios à parte

A reunião de amanhã entre os presidentes das duas casas legislativas — Alcolumbre e o presidente da Câmara, Hugo Motta, — é vista como um “vai ou racha”. Se rachar, pior para o governo.

Por falar em amizade…

Entre os deputados não há dúvidas: se for para agradar o presidente da Câmara, Hugo Motta, o ministro de Relações Institucionais será o atual líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL).

Ainda sobre Sarney

Do alto de quem acompanhou de perto os primeiros anos do governo José Sarney como porta-voz e secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República, o jornalista Fernando Cesar Mesquita considera que o ex-presidente continua um “cavalheiro”, ao não falar das traições que sofreu. “Foram muitas e ele sempre reluta em esmiuçá-las”, diz Fernando César.

CURTIDAS

Virou vítima/ A saída de Nísia Trindade, uma cientista respeitada e séria, depois de meses de “fritura”, levou quase todo o PT à tribuna da Câmara em defesa da ministra.

Votou, mas não agradou/ O deputado Marco Feliciano (PL-SP) não gostou nada de haver eleições para a Frente Parlamentar Evangélica. “(A eleição) mostra um enfraquecimento da frente, nunca tivemos isso. Era para haver um acordo. Nem todos são evangélicos, mas vão votar”, declarou à coluna.

Antes de cobrar, pesquise / O deputado Charles Fernandes (PSD-BA) cobrou do ministro dos Transportes, Renan Filho, a autorização das construções de casas na Bahia pelo projeto Minha Casa, Minha Vida. Entretanto, a pasta responsável pela autorização é a de Cidades, de Jader Filho.

Telefonia morreu/ Internautas têm reclamado de ligações e SMS de golpes recebidos diariamente. Alguns contaram mais de 15 ao longo do dia. Um deles até perguntou se o Supremo Tribunal Federal (STF) não conseguia dar conta. Nas redes, consta, “o STF consegue fechar rede social e não consegue derrubar isso? SMS falsos, ligações telemarketings sem permissão”.

Aniversário do PT: uma festa com tempero de reforma

Publicado em Política

Coluna Brasília/DF, publicada em 22 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

O aniversário de 45 anos do PT começou ontem com cheiro de reforma ministerial e troca de comando no partido. A expectativa é de anúncio da atual presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, como futura ministra palaciana de Lula. Conforme avaliam integrantes do governo, o presidente não deve demorar a promover as trocas na equipe, de forma a tentar dar uma “oxigenada” que ajude a melhorar a popularidade. Até porque, se deixar para nomear políticos em meados deste ano, o titular que tiver planos de concorrer a um mandato eletivo em 2026 ficará menos de um ano no cargo.

O olhar deles

Para o senador Dr. Hiran (PP-RR), líder do bloco Aliança — formado por PP e Republicanos —, a reforma ministerial pode “restaurar um pouco de governabilidade”. “Em relação a essa reforma ministerial, tem muita especulação. A gente sabe que vai acontecer. O governo precisa fazê-la para restaurar a boa relação com o parlamento e, também, a performance. Tem muita especulação, mas espero que o presidente escolha as melhores pessoas”.

O que quer Arthur Lira

Não é apenas em Alagoas que o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), concentra atenção. Ele também está dedicado a tentar consolidar a federação entre seu partido e o União Brasil — é cotado para presidi-la. Só tem um probleminha: o União Brasil ainda não definiu se aceita ceder o espaço de presidente ao PP.

Salvo pelo gongo

Os R$ 4 bilhões que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou para o atual Plano Safra, tendem a apagar uma fogueira. A senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura do governo Bolsonaro, ensaiava bater bumbo no plenário. “(Vem) no momento em que vamos começar a safra de inverno, quando plantamos o grosso da nossa produção de milho. Com as taxas do mercado, precisaremos de mais recursos do Tesouro Nacional para a equalização dos juros”, advertiu, em vídeo nas redes sociais.

E vem mais

A pressão para os financiamentos agrícolas tende a crescer, especialmente como forma de baixar o custo dos alimentos. Afinal, se o governo quer trabalhar para que os preços não subam, melhor ajudar os produtores — e não suspender
linhas de crédito.

Sem plano B

Mesmo com Jair Bolsonaro denunciado, deputados fiéis a ele, como Zé Trovão (PL-SC), afirmam que o candidato para 2026 será o ex-presidente até o fim. Entretanto, se for condenado por tramar um golpe de Estado, “o partido apoiará o nome que ele indicar. A não ser que haja alguma divergência grande”.

CURTIDAS

Ele tem razão/ Em conversas reservadas, muitos bolsonaristas dizem que o tenente-coronel do Exército Mauro Cid (foto), ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, está certo em pelo menos um ponto: foi ele quem mais perdeu. Jogou fora a carreira, precisou vender imóveis e não pode sair à rua.

Por falar em Mauro Cid…/ Ao mencionar o financiamento do golpe, ele inocentou o PL e jogou a bomba no colo do general Walter Braga Netto. Agora é saber de onde veio o dinheiro.

Censura?/ O que anda circulando pelos corredores da Câmara dos Deputados é que está dificultando o cadastramento de novos jornalistas, por acharem que “tem imprensa demais”. Até o momento, a Casa não tem data para retomar os credenciamentos.

Homenagem póstuma/ O Flamengo fará um minuto de silêncio antes do jogo de hoje contra o Maricá, no Maracanã, pelo Campeonato Carioca, em homenagem ao advogado e empresário Guilherme Cunha Costa, falecido terça-feira. A foto de Guilherme, rubro-negro fanático, será exibida no telão do estádio. A missa de Sétimo Dia será segunda-feira, às 20h, no Santuário Nossa Senhora da Saúde, em Brasília.

Endereço e CPF

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Maurenilson Freire

Coluna Brasília/DF, publicada em 18 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva viram na carta aberta do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, ao PT, uma crítica direta aos ministros palacianos e à primeiradama, Janja da Silva — hoje as pessoas mais próximas do presidente. O trecho do documento que incomodou o Palácio do Planalto foi o que tratou o presidente como alguém “isolado” e, em especial, o que traz a afirmação: “O Lula do terceiro mandato, por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é outro”. Isso foi visto como uma crítica à primeira-dama. A avaliação geral por ali é de que, quando um amigo quer ajudar, não expõe. Vai ao palácio e fala olhando nos olhos.

Alerta vermelho I

Deputados começam a semana sob o impacto da pesquisa Ipec do último sábado, que apresentou 62% da população contrária a uma candidatura de Lula à reeleição, o que mexerá com o humor do próprio governo em relação às medidas econômicas. Tem gente dentro da equipe presidencial querendo pisar no freio de qualquer ajuste fiscal que possa comprometer programas sociais, justamente por causa da popularidade.

Alerta vermelho II

Preocupada com os números do Ipec sobre os motivos que levam o eleitorado a não querer a reeleição de Lula, a deputada Sâmia Bomfim (PSol-SP) vai defender revisão de qualquer política de cortes de benefícios. “É preciso rever essa política porque, inclusive, na base histórica eleitoral do Lula, está havendo aumento da sua reprovação. Tem uma relação direta com a redução do BPC e do impacto no salário mínimo dos projetos aprovados no fim do ano passado”, disse ela à coluna.

Cautela com o tarifaço de Trump

A Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil) ouviu 775 empresas brasileiras em sua Pesquisa Plano de Voo 2025 e descobriu que 60% dos empresários consideram que o Brasil deve adotar uma postura proativa para ampliar o diálogo e fortalecer as relações econômicas com os Estados Unidos. Trinta e um por cento defendem uma abordagem mais moderada, mantendo a cooperação, mas evitando protagonismo excessivo. E apenas 9% consideram que o Brasil deveria adotar uma postura reativa ou indiferente diante do novo governo americano.

Incertezas além dos EUA

A pesquisa mostra que a transição política nos EUA (60%) não é o único fator externo no radar. Outros desafios são: disputas geopolíticas (58%), crescimento do protecionismo (48%), oscilação das commodities (48%) e desempenho da economia global (48%).

Nem tudo são flores

Os principais fatores de preocupação para 2025 são: incertezas econômicas (72%), incertezas políticas (45%), insegurança jurídica (36%), comportamento da demanda interna no Brasil (31%) e disponibilidade e custo da mão de obra (30%). Na economia, os riscos apontados foram: juros elevados (77%), desequilíbrio fiscal (64%), inflação elevada (63%), volatilidade cambial (59%) e instabilidade política (54%).

CURTIDAS

Crédito:Patrícia de Melo Moreira/AFP

Lira 100% Alagoas/ O ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), está dedicado às bases. A ordem é consolidar o caminho rumo a 2026. Ele tem desfilado com o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC, na maioria das solenidades.

Diplomacia/ O presidente da Câmara, Hugo Motta (RepublicanosPB), chamou os líderes partidários para receberem o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa (foto), e comitiva, às 15h30, no Salão Negro. A ideia é prestigiar o colegiado.

Por falar em Hugo Motta… / O presidente da Câmara está cada dia mais à vontade nas redes sociais. A postagem da vez foi um vídeo com seu filho, Huguinho, numa conversa sobre as responsabilidades de adotar um cachorro. “Estamos aqui debatendo esse tema”, disse o deputado. O filho, com uma cara de quem está refletindo sobre os cuidados com o animalzinho, ouviu do pai que a decisão não vai demorar. Afinal, Motta não disse, mas está mais fácil Huguinho cuidar do cachorro do que os partidos se acertarem sobre as comissões da Câmara.

Livro novo na área/ Será lançado, amanhã, o livro A jurisprudência da crise no enfrentamento da erosão democrática brasileira, de Evelyn Melo Silva, advogada que estudou a fundo todas as decisões sobre os atos antidemocráticos publicadas até agora. Ela autografa a obra no Sebinho da 406 Norte, a partir das 18h.

Ameaças de Trump fazem Congresso pisar no freio

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília/DF, publicada em 12 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Em conversas com aliados, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem dito com todas as letras que este terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não será o momento de realizar todos os sonhos, especialmente, a justiça social no país. Porém, conforme relato de senadores que participaram da conversa com o ministro, na residência oficial do Senado, não é o momento de apostar no “quanto pior, melhor”. A avaliação é de que, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bagunçando o tabuleiro do comércio internacional, é preciso que a classe política tenha juízo e ajude a economia. É por aí que o governo levará seu discurso daqui para frente.

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Paralelamente ao Senado, o que se ouve entre os deputados, não é muito diferente. Trump até aqui taxou o aço, o alumínio e, avaliam os senadores, é preciso ter cautela. Vale, a partir de agora, a máxima que muitas vezes os políticos usam em momentos de crise: com a economia mundial — e, por tabela, a brasileira — causando preocupação, o momento é da política não balançar tanto o barco.

Ambientação

Muita gente de olho na viagem do presidente Lula, amanhã e sextafeira, ao Pará. É que Lula estará ao lado do governador Hélder Barbalho, um dos nomes que o MDB defende para que seja o candidato a vice numa chapa reeleitoral de 2026. Lula vai entregar obras do Minha Casa Minha Vida ao lado de Hélder e do ministro de Cidades, Jáder Filho, irmão do governador e primogênito do senador Jáder Barbalho (MDB-PA).

Solução indigesta para o PT

Lula tem sido aconselhado a não prescindir do vice-presidente Geraldo Alckmin. A avaliação no Planalto é de que Alckmin só deve deixar de ser o candidato à reeleição se aceitar concorrer ao governo de São Paulo. Aí, quem não quer ouvir falar disso é o PT paulista.

Não agradou

O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências) denunciou a indicação de Larissa de Oliveira Rêgo para a diretoria colegiada da Agência Nacional de Saneamento Básico (ANA). De acordo com o Sinagências, “Larissa não cumpre os critérios técnicos exigidos para o cargo”. Por exemplo: o mínimo de 10 anos de experiência profissional em saneamento básico e recursos hídricos. O embasamento está da Lei 9.986/00.

Onde está pegando

O PSDB de Goiás tem dificuldades de se unir ao MDB de Daniel Vilela, da mesma forma que os tucanos de Minas Gerais têm resistências à união com o PSD de Rodrigo Pacheco e Alexandre Silveira. Enquanto não resolver esses dois casos mais “vistosos”, não vai.

CURTIDAS

Crédito: Eduarda Esposito

Discurso com propriedade/ Ao cortar o benefício de vale-alimentação retroativo a um juiz de Minas Gerais, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), procura demonstrar aos deputados e senadores que seu trabalho não se limita às emendas. A partir de agora, está claro, na avaliação de políticos ligados a Dino, que todo abuso será castigado.

Começou a campanha/ O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, criticou o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, por não defender o estado devido à taxação do aço pelos Estados Unidos. Zema foi um dos políticos brasileiros a parabenizar Donald Trump, em novembro passado, pela vitória sobre Kamala Harris.

Pelo teletrabalho/ Ainda sobre o impasse da Petrobras com seus funcionários, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) convocou manifestação para hoje, Dia Nacional de Luta pelo Teletrabalho. Os atos serão em Vitória, Natal, Salvador e Rio de Janeiro. A briga é grande. A turma que se acostumou a trabalhar de casa na pandemia não quer aumentar a quantidade de dias no presencial de jeito algum.

Representatividade/ Para prestigiar e dar mais visibilidade aos artistas brasileiros, o Planalto tem privilegiado o espaço para obras nacionais. A mais nova é o quadro A queda do céu e a mãe de todas as lutas (foto), da artista indígena Daia Tukano.

Dias do “fico”

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Caio Gomez

Coluna Brasília/DF, publicada em 11 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg 

Com dificuldades em fechar o compromisso dos partidos rumo a 2026, o presidente Lula tratou de reforçar alguns ministros nos respectivos cargos, a fim de baixar a bola das especulações sobre troca na equipe. Ele já colocou escoras no ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; e no ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. O próximo da lista é o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo.

Relax, babies/ Na verdade, Lula fará a reforma ministerial, mas, antes, precisa conversar com os presidentes dos partidos aliados. E, até aqui, a maioria desses dirigentes tem reclamado do chefe do Executivo, haja vista o vídeo que o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, publicou, no último sábado, em suas redes sociais, criticando Lula. Nesse ritmo, outros “ficos” virão.

O problema é a “partilha”

Republicanos e Progressistas vão voltar a conversar sobre federação e/ou fusão. Porém, até o desfecho dessa novela, ainda será preciso ajustar quem mandará em qual estado. Foi exatamente isso que levou a bancada do Republicanos a uma posição contrária à união.

Por falar em união…

O PP pensa duas vezes antes de fechar uma federação com o União Brasil. Primeiro, o partido de Antonio Rueda precisa resolver seus problemas internos e sair da linha de desgaste provocada pelo escândalo envolvendo o empresário Marcos Moura, o “Rei do Lixo”, alvo da Operação Overclean da PF, que investiga fraude em licitações.

Linha direta

Ainda que o Parlamento tenha o poder sobre o orçamento da União que segue para as prefeituras, o governo quer aproveitar o encontro dos prefeitos e prefeitas, desta semana, para reforçar o diálogo direto, de forma a prescindir da intermediação de deputados e senadores. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, coordena um braço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que tem esse contato direto com os prefeitos. A ideia é aprofundar essa política.

E a anistia, hein?

O presidente da Câmara, Hugo Motta, se deu conta de que mexeu num vespeiro ao mencionar a anistia aos envolvidos no quebra-quebra do 8 de Janeiro de 2023. Se leva o projeto adiante, briga com o governo; se engavetar, briga com a oposição. Agora, aos poucos, ele vai tentar tirar a Câmara desse tema explosivo, que pode ameaçar a boa convivência na sua gestão. Ele começou com a Casa pacificada e não deseja partir para o conflito logo nessas primeiras semanas.

CURTIDAS

Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press

Tereza e as emendas/ A líder do PP no Senado, Tereza Cristina (foto), apresentará um novo projeto de lei para reforçar a transparência na aplicação e dar mais luz ao caminho do dinheiro das emendas parlamentares ao Orçamento da União, inclusive, as emendas Pix, aquelas que vão direto para as prefeituras. A ex-ministra da Agricultura está à vontade para propor uma regra mais rígida. Até aqui, ela dispensou as emendas Pix.

Concorridíssimo/ Os prefeitos ficaram muito irritados com o evento que lançou o Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização. É que não havia lugares para que todos pudessem se acomodar. Foi uma brigalhada danada em busca de uma cadeira. E olha que o espaço era grande.

Por falar em concorrido…/ Os prefeitos puderam relaxar — e, de quebra, comemorar o aniversário do PT — com um churrasco antes do encontro com os ministros do governo federal nesta terça-feira. A ordem é deixar o partido próximo das administrações municipais.

Ministras do samba e do axé/ A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, já confirmou participação no desfile da Unidos de Padre Miguel, no Rio de Janeiro. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, não perde um carnaval em Salvador.

Colaborou Victor Correia

A vacina de Hugo Motta

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Caio Gomez

Blog da Denise publicado em 7 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Ao publicar em suas redes sociais que “aumentar impostos é empobrecer o país”, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deixa translúcido o que os parlamentares pensam a respeito de propostas que representem aumento de impostos. Os congressistas e o setor produtivo estão preocupados porque, até aqui, o governo disse que irá compensar a isenção para quem recebe até R$ 5 mil mensais, mas não detalhou o que será feito para garantir essa compensação. Há quem diga que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não poderá dispensar uma oportunidade sequer de explicar o que vem por aí, a fim de deixar claro, desde já, que não haverá aumento de carga tributária, nem de impostos.

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Em entrevista à Globo News, por exemplo, Haddad foi direto ao dizer à colunista Miriam Leitão que serão levadas em consideração situações de companhias que não estão pagando impostos, mas estão distribuindo dividendos. Alguns políticos ficaram de orelha em pé. Por isso, antes mesmo que o governo venha com ampliação de impostos, o presidente da Câmara menciona o empobrecimento do país. Nas conversas dos deputados, há um sentimento de que não dá para taxar quem gera e segura empregos dentro do Brasil.

Lula que se cuide

Sem maioria no Congresso, o governo Lula terá que passar por uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que institui o semipresidencialismo. O texto apresentado pelos deputados Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) e Luís Carlos Hauly (Podemos-PR), esta semana, é lido nos bastidores da mesma forma que, no passado, os políticos receberam a emenda do então deputado Mendonça Filho, que permitiu a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1998. A onda, à época, era “se for a voto, passa”.

Quem manda

A proposta dos dois deputados mantém o presidente eleito como chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas. Entre as atribuições do presidente, está a nomeação do primeiro-ministro, “após consulta aos partidos”. O premiê deve apresentar programa de governo ao presidente e à Câmara. Primeiroministro e Conselho de Ministros dependem da confiança da Câmara.

Vale lembrar

Antes de deixar a presidência da Casa, Arthur Lira (PP-AL) teve planos de votar o semipresidencialismo. Não houve consenso nem tempo para os partidos de centro avaliarem o tema.

Nada é por acaso

Lula tinha um leque de opções para sua primeira viagem, depois da liberação pelos médicos. Escolheu o Rio de Janeiro porque muitos aliados consideram que é um dos estados que a direita tem mais força junto ao eleitorado. Em 2022, Jair Bolsonaro obteve 56,53% dos votos válidos no segundo turno. Lula ficou com 43,47%. O ex-presidente venceu em 72 municípios e Lula, em 20.

CURTIDAS

Crédito: Rosinei Coutinho/STF

Assim que se faz I/ A bancada feminina está dando um show no Legislativo. O maior exemplo é a procuradora da Mulher, deputada Soraya Santos (PL-RJ, foto), ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) defender uma ação de inconstitucionalidade arguida pelo PSol. Soraya fez uma sustentação oral em defesa da ação, que busca Justiça para as Mães de Haia, mulheres que vêm para o Brasil em busca de proteção, muitas vezes, para fugir da violência doméstica em algum país estrangeiro — e acabam acusadas de sequestrar os filhos.

Assim que se faz II/ “A violência contra a mulher, o câncer e as mazelas do país, não têm partido. É isso que a bancada feminina tenta mostrar e muitos não entendem”, diz Soraya. Aliás, na Procuradoria da Mulher, Soraya e Benedita da Silva, do PT e ambas do Rio de Janeiro, são o maior exemplo de harmonia e boa convivência, quando o assunto é defesa da mulher. Raridade na política de hoje.

Me inclua fora dessa/ O deputado Marcel Van Hatten (Novo-RS) pediu voto a todos os deputados da direita. Quando chegou na deputada Bia Kicis (PL-DF), ela foi direta: “Meu compromisso é com o partido e com o presidente Jair Bolsonaro. Por isso, meu voto é Hugo Motta”, disse.

Por falar em Bolsonaro…/ As vaias ao ex-presidente, no Mané Garrincha, durante o jogo Vasco 1 x 2 Fluminense, foram consideradas, nos partidos de centro, a prova de que nem tudo será flores para os extremos da política em 2026. Os aliados dele, porém, consideraram “normal” — devia ser um grupo petista. Outros disseram que, em estádio de futebol, tudo se vaia.