Os líderes partidários já fizeram chegar ao Palácio do Planalto que, se o presidente Jair Bolsonaro quiser a aprovação da reforma administrativa que passou na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, é bom começar a defendê-la em seus palanques pelo país. Não foram poucas as oportunidades em que o governo reivindicava um texto e, pressionado por seus apoiadores, terminava dizendo que “era coisa do Congresso”. Se isso se repetir nas reformas, os textos vão morrer na largada.
Além de não se opor aos textos, o governo precisa acelerar a liberação das emendas. Espera-se que seja destravada em breve, com a portaria assinada pela ministra Flávia Arruda, que ajudará a destravar R$ 9 bilhões do orçamento. É a forma de compensar o desgaste pela aprovação de temas antipáticos ao governo. Sem atendimento à base aliada, nem a tributária fatiada sairá do papel.
Bolsonaro pode espernear à vontade, mas a participação do general Eduardo Pazuello na manifestação política do último domingo (23/5), no Rio de Janeiro, será, sim, objeto de alguma punição. Entre generais, há quem diga que ou é isso, ou é preciso mudar o Estatuto Militar, que o presidente, como capitão reformado do Exército, deveria conhecer.
Por falar em Pazuello…
A reconvocação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e do ex-ministro e general será a forma de esticar a discussão do descaso da gestão Bolsonaro no início da pandemia.
Próximos passos
Com a convocação de governadores, a cúpula da CPI da Covid deseja enfraquecer os argumentos do governo de que não está olhando os recursos federais que terminaram desviados, conforme apuração da Polícia Federal, do Tribunal de Contas da União e da Controladoria Geral da União.
É uma maratona
Quando destampar a panela dos estados, será um desfile de governadores. E mesmo que eles tenham cuidado de afastar envolvidos em malfeitos em seus respectivos quadrados, o desgaste de depor numa CPI sempre existe. E às vésperas de ano eleitoral, fatalmente será explorado lá na frente.
Faça o que eu digo…/ O governo começou a espalhar banners na Esplanada dos Ministérios com uma família Zé Gotinha de máscara e a mensagem: “O cuidado é de cada um. O benefício é de todos”.
Enquanto isso, na Bahia…/ O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, trabalha desde já para que a campanha ao governo estadual seja desnacionalizada. A ideia é tentar ali uma carreira solo, com temas locais, descolada da eleição presidencial.
Milho, a primeira vítima/ A seca já provoca uma baixa na safra de milho. O governo corre, agora, para tentar proteger os produtores e, se for o caso, importar para evitar desabastecimento.
Tema da hora/ O Foro Inteligência tem debate marcado, hoje (26/5), às 19h, com o tema “Politização de Supremas Cortes”. O convidado é o advogado e mestre em direito pela Universidade de Harvard Conrado Hübner Mendes. Ele defende que se busque disciplinar o poder individual de obstrução de cada ministro. “Que um pedido de vista ou uma liminar monocrática possam demorar anos para voltar a Plenário, que ministros não se sintam constrangidos a prestar contas a ninguém sobre a demora, que ninguém saiba se um caso será decidido em um mês ou em 15 anos, faz apenas reduzir a isenção e a imparcialidade que um tribunal precisa ter”, afirma Hübner.
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