Categorias: Covid-19

Posição de Osmar Terra, alinhada com a de Bolsonaro, provoca mais um mal-estar no governo

Ex-ministro da Cidadania que quase virou líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso ao sair do governo, o deputado Osmar Terra (MDB-RS) foi o assunto da manhã de hoje nas reuniões virtuais da política, acusado de “irresponsável” e de trabalhar em conjunto com o presidente Jair Bolsonaro para desestabilizar a posição do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O presidente está irritado com o ministro desde a última entrevista, quando Mandetta calculou que o sistema e saúde entraria em colapso. O presidente não gostou da palavra usada pelo ministro.

Osmar Terra, assim como Bolsonaro questiona a posição dos governadores de decretar quarentena. “Não quero ser ministro, Mandetta está fazendo um excelente trabalho, mas não vou deixar minha opinião. Esse isolamento não terá efeito. A epidemia só passará quando 50% das pessoas estiverem contaminadas. O que está acontecendo hoje é um exagero de medidas com cunho político. Um competindo como outro para ver quem é mais radical”, disse ele ao blog. “O presidente não pegou carona no medo”, completou.

A posição de Osmar Terra contrasta com o que vem sendo feito no mundo todo. Em relação à Itália, que passa por uma tragédia e um colapso em seu serviço de saúde atribuído justamente à demora em fazer a quarentena, o deputado afirma que o Sul do país não ha quase casos e no Norte a propagação foi mais rápida devido ao frio. Ele considera que “a epidemia é irreversível, é uma força da natureza”. E alerta que, na sua opinião, deveriam ficar resguardados os grupos de risco, ou seja, idosos e pessoas com baixa imunidade e histórico de problemas respiratórios.

Quanto à preocupação com as favelas e áreas de risco, como as palafitas, onde as pessoas vivem amontoadas, Terra diz “conhecer bem a questão social e que não tem famílias sem água e sabão, que é melhor que álcool gel”. Ele calcula que o numero de casos de Covid-19 no Brasil será da ordem de 35 a 40 mil casos e dezenas de milhões de pessoas contaminadas. Porém, ele acredita que, a partir da sexta semana começa a cair. “Começa a regredir em final de abril e a mortalidade é inferior a 2%”, prevê. “Claro que toda a vida importa, mas numa epidemia, isso acontece. No Rio Grande do Sul, todo o inverno cerca de 950 morrem de influenza”, diz.

Muitas dessas declarações de Osmar Terra ao blog estão em áudios que começaram a circular entre os parlamentares, e, nos grupos, há quem diga que o ex-ministro ou enlouqueceu ou quer tomar o lugar de Mandetta. Deputados saíram em defesa do ministro: “Mandetta está sendo um grande ministro, responsável. Precisa ter tranquilidade para trabalhar. Deus gosta tanto do Brasil, que colocou pessoas boas à frente do país. Agora, querer caminhar na contramão do mundo não dá. Já busquei especialista de todos os lados e não há medida mais eficaz do que o distanciamento social. O Reino Unido hoje ampliou suas medidas, escolas estão fechadas. O Paraguai está seguindo os padrões internacionais. E nós vamos ficar à mercê da sorte?!! A chegada da epidemia aqui era previsível e daria para ter tomado medidas bem antes. Vai ser que é por isso que temos mais casos na América do Sul”, diz o presidente da Comissão de Agricultura, deputado Fausto Pinato (PP-SP), aliado do presidente Jair Bolsonaro.

Denise Rothenburg

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