Categorias: coluna Brasília-DF

Os efeitos da estratégia de Bolsonaro no Nordeste

Coluna Brasília-DF/ Por Leonardo Calvacanti (interino)

Por mais desastrosa que a declaração de Jair Bolsonaro sobre nordestinos possa ter sido, a ausência do governador da Bahia, Rui Costa (PT), na inauguração do aeroporto de Vitória da Conquista, levou estrategistas do Planalto a comemorarem.

A estratégia do pessoal que entrou em campo para gerenciar a crise aberta pelo próprio capitão reformado foi posta em prática na manhã de ontem e se limitava ao contraponto entre Bolsonaro e os chefes dos executivos regionais de oposição.

Como ficou ao lado de aliados e de uma claque de convidados, e sem a presença de Costa, o presidente tentou se defender. Ganhou espaço nas tevês e na internet.

Agora, é esperar as pesquisas de opinião para avaliar qual o tamanho do desgaste com a declaração de Bolsonaro.

A avaliação no núcleo do PT — incluindo aí o senador Jaques Wagner (BA) — é a de que Costa delimitou espaço e isolou o presidente.

A popularidade do petista está em alta no estado, a ponto de um vídeo postado por ele para explicar a ausência ter ganhado visibilidade nas redes.

Costa acusou o Planalto de ter selecionado os convidados, deixando a população de fora do evento. Também exaltou as administrações passadas, como a de Dilma Rousseff, responsáveis pela maior parte das obras.

Verificação I

Segundo monitoramento da Levels Inteligência em Relações Governamentais, nas redes sociais, as mensagens geradas por grupos favoráveis a Bolsonaro representaram 57% do monitoramento; em usuários únicos, esse número se manteve estável, 55%.

A narrativa de maior abrangência na rede traçou críticas genéricas aos grupos que estariam se opondo ao presidente, 35%.

Mensagens em defesa das críticas dele a governadores nordestinos ocuparam 10%, e repercutiram principalmente tuítes do próprio presidente e de sua equipe de governo, com destaque para o ministro Sérgio Moro.

Verificação II

As narrativas contrárias à declaração do presidente repercutiram em 43% da rede monitorada. Quando analisada em usuários únicos, a porcentagem desse grupo subiu para 45% da rede. A rede critica o chefe do Executivo por sua relação com o Nordeste.

Para 28%, ele apresenta um histórico de suposto descaso com a região, tendo em vista que sua primeira viagem oficial ao Nordeste ocorreu em maio, cinco meses após a posse.

As postagens enfatizaram o caráter preconceituoso das falas do capitão, 4%, e questionam se esta polêmica pode dificultar a aprovação da reforma da Previdência, que será votada em segundo turno em agosto.

Alertas

Segundo os analistas da Levels, a estratégia de comunicação do presidente é assertiva em mobilizar sua rede, mas perpetua a forte polarização que tem marcado o debate político, além de não fortalecer a narrativa de que governadores de oposição têm prejudicado o desenvolvimento do Nordeste.

“Nesse sentido, as visões regionalistas têm maior abrangência, destacando o caráter preconceituoso das falas do presidente, dificultando ainda mais a entrada de Bolsonaro na região.”

O problema… // Bolsonaro vai ter que se esforçar mais para ganhar o prestígio de lideranças do Nordeste do que os afagos dados na cerimônia de ontem, na Bahia.

A estratégia do presidente em construir apoio na região esbarra não apenas na resistência de parlamentares da oposição, mas, também, de partidos de centro.

Deputados da região dizem que o governo não vai ter suporte na base de agrados, que dirá no discurso de radicalização.

… é mais embaixo // O problema em construir apoio passa pelo Nordeste, mas vai além. Afinal, a construção da base governista no Parlamento está nos líderes.

Na Câmara, tirando a oposição, oito partidos são liderados por deputados nordestinos que, juntos, comandam 184 deputados.

São os casos do PSC, Cidadania, PP, PL, PSD, Solidariedade, DEM e PTB. E, por ora, é baixa a disposição para compor com o governo. O líder do Cidadania, Daniel Coelho (PE), por exemplo, garante que não há nenhuma pretensão do partido em “ser governo”.

Opções contra greve I //O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, tenta encontrar soluções adicionais para os problemas dos caminhoneiros.

Em contato com líderes da categoria, ele se dispôs a estudar o cumprimento da fiscalização da chamada Lei do Descanso.

Prometeu que pediria para a equipe técnica da pasta comandar estudos que apontem para a eficácia da proposta.

Opções contra a greve II // O governo atribui os problemas do baixo custo do frete à oferta muito maior de caminhões do que a demanda pelos serviços. Caminhoneiros trabalham em média 16h por dia, o dobro das 8h diárias previstas na Lei do Descanso.

Parte das lideranças da categoria sustenta que uma fiscalização dura o suficiente para punir quem descumpre a legislação pode, na ponta, equilibrar a oferta e demanda.

Denise Rothenburg

Posts recentes

Não mexam com quem está quieto

Da coluna Brasília-DF publicado em 21 de novembro de 2024, por Denise Rothenburg Revelado o…

24 horas atrás

Tentativa de golpe provoca racha entre partidos conservadores

Os líderes de partidos mais conservadores se dividiram em relação aos reflexos políticas relacionados à…

2 dias atrás

De legados e fracassos

Da coluna Brasília-DF publicado em 19 de novembro de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda…

3 dias atrás

Galípolo baixa expectativas de juros do PT

  Da coluna Brasília-DF publicado em 17 de novembro de 2024, por Denise Rothenburg com…

5 dias atrás

Anistia é problema de Lira e vai para o fim da fila

Da coluna Brasília-DF publicado em 15 de novembro de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda…

1 semana atrás

“Quem quiser nosso apoio, que coloque anistia em pauta”

  Por Denise Rothenburg - A deputada Bia Kicis (PL-DF) afirma que o seu…

1 semana atrás