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Dura pouco no cargo quem assume a chefia da PF com a missão de agradar o presidente, alertam delegados

Coluna Brasília-DF

Em suas rodas de conversa, delegados da Polícia Federal citam a meteórica passagem de Fernando Segóvia pelo cargo de diretor-geral como o exemplo do que acontece com quem assume esse posto com a missão de agradar o presidente da República. Escolhido pelo presidente Michel Temer por indicação do MDB enroscado na Lava-Jato, Segóvia ficou apenas três meses no cargo e saiu sob suspeita de tentar favorecer o chefe do Executivo, ao dizer que a tendência era o arquivamento do inquérito contra o emedebista.

Na cerimônia de posse, Segóvia chegou, inclusive, a pôr em dúvida como prova de corrupção a mala de R$ 500 mil que Rodrigo Rocha Loures carregou por ruas de São Paulo. Segóvia ficou 99 dias na função. Uma troca de comando na PF por alguém da confiança do presidente da República que mover uma palha para inferir em investigações, a fim de tirar os aliados ou parentes presidenciais de alguma irregularidade, termina denunciado pelos próprios colegas delegados, e o exemplo de Segóvia mostra que a tendência é vida curta no cargo.

O novo Davi

Apontado por alguns como “governista demais”, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, prepara um discurso de abertura do processo legislativo voltado para a defesa da democracia e do papel do Congresso de fiel da balança e promotor do diálogo para o bom funcionamento das instituições do país. Ou seja, vai frisar a independência do Legislativo, de forma a não deixar dúvidas sobre a qual instituição ele pertence.

Justiça seja feita

A fala de Davi não representará um recado ao Planalto e, sim, aos próprios colegas. Afinal, até aqui, todo mundo sabe que o presidente Jair Bolsonaro não tentou nem conseguiu tutelar o Congresso. Tanto é que existe uma disputa velada pela paternidade da reforma previdenciária.

Estações separadas

Nas reuniões que manteve ao longo do recesso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tratou de alinhavar um acordo de procedimentos para fazer caminhar a reforma tributária na Casa. Um deles é manter em campos separados as reformas administrativa e tributária. Ainda que o governo mande as duas juntas e peça celeridade em tudo, não vai rolar.

Tá ok, mas…

… a novela do BNDES e sua auditoria milionária não terminou com a entrevista do presidente do banco, Gustavo Montezano, para dizer que não há irregularidades ali. No próprio Palácio do Planalto, há confiança no jovem presidente do BNDES, mas há quem prefira aguardar a manifestação dos tarimbados técnicos do Tribunal de Contas da União.

Aula liberal/ Deputados do partido Novo aproveitaram o recesso para um giro pelas instituições que ajudam a embasar o pensamento liberal norte-americano em Washington, como o Heritage Foundation. Estiveram ainda no Fundo Monetário Internacional (FMI).

Torcida liberal/ Em meio às conversas, os deputados Marcel Van Hatten, Vinícius Poit e Alexis Fonteyne captaram o otimismo dos norte-americanos pela continuidade do processo de reformas no Brasil e também da permanência do presidente Donald Trump no comando dos Estados Unidos.

“Perdi um amigo”/ Abalado com a morte de Antônio Martins, ex-presidente da Radiobrás durante seu governo, o ex-presidente José Sarney era uma das poucas pessoas a quem Martins visitava antes de a doença (esclerose lateral amiotrófica) lhe prender no hospital. “Ele me visitava todos os sábados. Mantivemos uma amizade muito estreita. Ele marcou a história do jornalismo, com programas políticos inovadores e informações precisas”, disse Sarney à coluna.

Medo de povo, eu?!!!/ A propósito da nota publicada, ontem, sobre a limitação de vagas e o segredo em torno da assinatura do contrato no Porto de Santos, o Ministério da Infraestrutura e a Santos Por Authority esclarecem que “a visita do ministro Tarcísio de Freitas foi amplamente divulgada e tornada pública por meio de sua agenda oficial, seguindo os protocolos oficiais”.

“A SPA desconhece áudios enviados às associações e esclarece, ainda, que a limitação de representantes por associação se deu por causa do espaço disponível, visto que havia uma coletiva convocada para o local após a assinatura do contrato com a Hidrovias do Brasil”, diz a nota. Pelo menos em Santos, a agenda só chegou ao conhecimento do público ontem pela manhã, e as associações de empresários garantem que houve pedido de sigilo, a fim de evitar manifestações.

Denise Rothenburg

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