COLUNA BRASÍLIA/DF – Por Carlos Alexandre Souza
A revoada de auditores fiscais dos cargos de chefia na Receita Federal é mais uma prova inequívoca dos conflitos internos que corroem as estruturas do governo de Jair Bolsonaro. O primeiro impacto do protesto organizado pelos auditores recai sobre o Ministério da Economia — o mensageiro da determinação do presidente da República de conceder reajuste salarial a policiais federais. A paralisação dos servidores compromete a fiscalização tributária e pode se espalhar para outras áreas estratégicas.
Há meses, em razão dos descaminhos promovidos na elaboração do Orçamento, a pasta comandada por Paulo Guedes sofre uma sangria de colaboradores. No final de outubro, o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, pediram demissão ao perceberem que o teto de gastos iria implodir no Congresso. Agora, o direcionamento de reajuste salarial a uma categoria específica do funcionalismo torna ainda mais difícil o discurso em favor da responsabilidade fiscal.
A debandada dos auditores na Receita Federal repete o terremoto que há semanas se abate na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Ontem, mais 24 pesquisadores abriram mão de suas funções. O mesmo problema aconteceu no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), com reflexos na elaboração do Enem.
Divergências internas ocorrem em qualquer governo. O que se vê, no entanto, são rebeliões a se espalhar na administração pública. Os frequentes desgastes com o funcionalismo público, aumentando o risco de greves, podem custar caro ao presidente Bolsonaro.
O aumento da violência doméstica em razão da pandemia de covid-19 desafiou as políticas de segurança pública. Em 2021, o Ministério da Justiça concentrou esforços para conter a ocorrência de crimes contra vulneráveis — crianças, adolescentes, idosos e mulheres. Esse trabalho ocorreu em todo o país, com a colaboração das Polícias Militares e Civis, além do Ministério Público e do Poder Judiciário.
As ações para combater crimes como o feminicídio são as que chamam mais a atenção. Este ano, mais de 127 mil mulheres foram atendidas, além de 14 mil pessoas presas. Houve quase 40 mil medidas protetivas de urgência acompanhadas por policiais civis.
Outro ponto a destacar, segundo o Ministério da Justiça, foi a atuação da Força Nacional, em auxílio a estados como o Amazonas. Durante 2021, a Força Nacional abordou mais de 245 mil pessoas, e prendeu mais de 450 pessoas. Entre os produtos apreendidos, estão 176,4 mil maços de cigarros; 11,5 mil produtos eletrônicos; 1.800kg de maconha; 1.120kg de pasta base de cocaína; e 560kg de cocaína.
“Os resultados de 2021 demonstram o empenho do Ministério nas suas diferentes frentes, seja na segurança pública, proteção e defesa do consumidor, descapitalização do crime, combate às drogas, ou políticas de justiça. No próximo ano, seguiremos trabalhando para que o Brasil tenha a Justiça e a Segurança Pública cada vez mais fortes”, ressalta o ministro Anderson Torres.
Na ação que questiona a aprovação do Fundo Eleitoral no valor de R$ 5,7 bilhões, o Novo alega que o valor, além de exorbitante, é inconstitucional. O partido argumenta que a proposta enviada pelo Executivo para o Fundão, de R$ 2,1 bilhões, foi aumentada em mais de 200% no Congresso Nacional, por meio de emenda parlamentar. Esse movimento representa, segundo o Novo, vício de iniciativa, pois cabe somente ao Executivo submeter a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) ao Legislativo.
O imbróglio do Fundo Eleitoral ficará sob análise do ministro André Mendonça, mais novo integrante do Supremo Tribunal Federal. O presidente da Corte, Luiz Fux, entendeu não haver urgência para uma manifestação imediata do Judiciário.
O ministro Marcelo Queiroga está tão ocupado em dificultar a vacinação infantil contra a covid, que perde a oportunidade de divulgar ações positivas de sua pasta. O governo federal vai destinar R$ 20 milhões para o Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF). O anúncio foi feito pela ministra da Secretaria de Governo da Presidência da República, Flávia Arruda, e o titular da Saúde. Arruda aproveitou a ocasião para agradecer o ICTDF, que atendeu o pai dela, acometido por um infarto.
Com mais de mil colaboradores e equipe especializada com 120 médicos, a unidade é responsável por mais de 60% dos atendimentos a pacientes com doença cardiovascular no Distrito Federal. Nos últimos cinco anos, o ICTDF respondeu por 85% das cirurgias cardíacas na capital. De 2009 a 2021, a instituição fez mais de 7 mil cirurgias adultas e 2,1 mil procedimentos pediátricos.
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