Os recados de Lula

Lula. Ilustração: Kleber Sales/Editoria de Arte/CB
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Lula. Ilustração: Kleber Sales/Editoria de Arte/CB
Lula. Ilustração: Kleber Sales/Editoria de Arte/CB

Da coluna Brasília-DF, por Denise Rothenburg

Muita gente no PT percebe um Luiz Inácio Lula da Silva bastante irritado ao falar do próprio partido nas solenidades de que participa e não foi diferente no ato de filiação de Marta Suplicy. É que o presidente já entendeu que, se o PT quiser permanecer no poder em 2026, terá que comer 2024 pelas bordas. E vários fatores levaram Lula a essa conclusão. Os petistas têm dificuldades de lançar candidatos de ponta nas capitais, terão momentos desafiadores no Congresso Nacional e já descobriram que o empresariado não fará tudo o que o presidente da República deseja, haja vista o “não” que recebeu ao tentar emplacar Guido Mantega na Vale. É hora, tem dito Lula,
de renovar a base, ou se aliar ao centro, para continuar por cima em 2026.

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Ocorre que, avaliam alguns petistas, muitos ali não entenderam que o Brasil mudou, e isso tem deixado Lula bastante irritado. Por exemplo, a decisão do ex-prefeito de Guarulhos Elói Pietá de deixar o partido por ter sido preterido na disputa interna para concorrer à prefeitura da cidade. O escolhido da legenda foi o deputado federal Alencar Santana, uma aposta do PT pela renovação no segundo maior colégio eleitoral paulista, considerado estratégico para o futuro do partido no estado. Pietá tem convite do Solidariedade e deve ser candidato a prefeito, contra o partido que ajudou a fundar. Esse era um dos nomes e endereço da irritação de Lula na filiação de Marta.

CURTIDAS

Resta um/ Dos três grandes colégios eleitorais de 2026, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, o PT só deve ter candidato na capital de um deles, Belo Horizonte. E o deputado Rogério Correia, pré-candidato do partido, já tenta relacionar a visita presidencial à sua candidatura, distribuindo, pelo WhatsApp, um aviso da visita de Lula, em que se apresenta como tal. Só tem um probleminha: os aliados que têm outros planos para a prefeitura também irão ao lançamento de projetos governamentais na cidade, diluindo essa junção.

Haddad & Padilha/ Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e o de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, são os nomes do Partido dos Trabalhadores para o governo de São Paulo, em 2026. Estavam lado a lado nas solenidades em São Paulo e, dentro do PT, a avaliação é a de que
“vença o melhor”.

Só tem um probleminha…/ A aproximação de Lula com Tarcísio de Freitas deixou a impressão de que o presidente vai incensar o governador de São Paulo para evitar que ele concorra ao Planalto. E, a preços de hoje, Tarcísio é visto como um nome que está reeleito.

A lista só cresce/ Incluído no rol de monitorados pela “Abin Paralela”, conforme mostrou o Jornal da Band, o ex-governador João Doria se junta aos que pedem punição rigorosa aos responsáveis: “Minha posição em defesa da vacina e das medidas protetivas contra a pandemia da covid me colocaram em posição oposta a do então presidente da República. Minha repulsa a este comportamento sórdido e condenável, não apenas no meu caso, mas de todos aqueles que estavam sendo ilegalmente espionados. A atitude transcende questões políticas e atinge a própria essência da democracia. É preciso aprofundar as investigações e responsabilizar energicamente todos os responsáveis por esta afronta. O país exige transparência, integridade e respeito à sua Constituição”. Esse tema vai ferver a partir de amanhã.

Fique na sua, Arthur: presidente da Câmara é aconselhado a não ter candidato na sucessão

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília/DF, publicada em 3 de novembro de 2023, por Denise Rothenburg

Na hipótese de haver muitos candidatos a sua sucessão, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já foi aconselhado por seus mais fiéis escudeiros a não fazer qualquer gesto em defesa de nenhum deles. Esses amigos de Lira recordam que, quando Lira foi candidato pela primeira vez, o então presidente da Casa, Rodrigo Maia, jogou seu peso na candidatura do emedebista Baleia Rossi (SP). Rossi obteve 145 votos. Lira, com 302, foi eleito em primeiro turno.

Naquele período, Lira tinha o apoio do governo Bolsonaro. Baleia Rossi e Rodrigo Maia não tinham uma boa relação com o Planalto. Lira, à época, criou um sentimento de coesão na Casa, especialmente nos partidos do Centrão. Desta vez, embora Lira esteja na posição de ajudar o governo, o Centrão tende a se pulverizar em várias candidaturas. E, para completar, a parceria de Lira com o governo não é uma relação de amigos para sempre. Portanto, avaliam alguns, da mesma forma que o atual presidente da Câmara derrotou os adversários em sua eleição em 2021, agora, pode ser derrotado caso insista num candidato. Rodrigo Maia perdeu densidade política depois de presidir a Câmara. Lira, se jogar errado, pode ter o mesmo destino.

Melhor que nada

O governo não vai propor modificações na proposta de Reforma Tributária apresentada pelo relator, senador Eduardo Braga (MDB-AM). A ordem é não criar conflitos que possam comprometer a aprovação do texto. A reforma não é perfeita, mas é a possível para este momento, conforme Fernando Haddad já havia antecipado em entrevista ao Correio, na semana passada.

Recado ao Judiciário

Os senadores encerram, nesta semana, as sessões de debates da proposta de emenda à Constituição que limitará as decisões monocráticas dos ministros do Supremo Tribunal Federal. A expectativa é de aprovação por ampla maioria assim que for a voto.

Servidores sob tensão

A decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de suspender o envio do ofício da nomeação de Daniela Teixeira e dos outros dois desembargadores indicados para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e abrir uma investigação coloca os servidores do próprio Senado sob suspeita de favorecimento à advogada. Se Pacheco não tivesse agido rápido, Daniela seria nomeada antes dos dois outros aprovados para o STJ no mesmo dia. Pode ter sido apenas um mero esquecimento, mas ficou estranho. Muita gente passou o feriado preocupada.

Discurso & atitude

A fala do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em defesa de uma pausa humanitária nos bombardeios em Gaza, foi vista no Brasil como mais um gesto para tentar dar uma satisfação à opinião pública interna. Até porque ele fez essa menção depois de uma cobrança durante discurso. Se fosse para valer, avaliam alguns diplomatas brasileiros, os Estados Unidos teriam aprovado — ou proposto — alguma resolução nesse sentido ao Conselho de Segurança da ONU.

Alckmin passou no teste

Prestes a fechar o primeiro ano do governo Lula 3, o PT se mostra aliviado com o vice-presidente Geraldo Alckmin, do PSB paulista, que ocupa também o Ministério de Indústria e Comércio. Não houve um só conflito de grande proporção com o vice. Ao contrário. Só parceria e elogios por parte dos demais ministros e dos parlamentares.

Por falar em Geraldo…

Ontem, em suas redes sociais, ele postou que o Brasil fechará o ano com o maior saldo comercial desde 1980 e atribuiu ao presidente Lula a frase: “Foguete não tem ré, companheiro Geraldo”.

Quem avisa, amigo é

Tem muita gente aconselhando Ricardo Salles a permanecer no PL. Afinal, quando ele quis concorrer a uma vaga de deputado federal, o partido lhe deu legenda. Para completar, o cenário político é dinâmico. Se, até as eleições municipais, o radicalismo voltar a ganhar terreno, nada impede que ele emplaque uma candidatura pelo próprio partido mais à frente.

Castro em SP

O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, participa nesta segunda-feira de almoço-debate do grupo Líderes Empresariais (LIDE), em São Paulo, no hotel Palácio Tangará. Está prevista a presença de 300 empresários, ávidos por saber se há segurança para investir no balneário.

Governo terá que negociar arcabouço fiscal para que projeto não sofra alterações

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O périplo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em prol do arcabouço fiscal, antes de anunciar o texto, é justamente para tentar evitar que, lá na frente, o governo precise entrar num leilão do toma lá dá cá para garantir a aprovação. Só tem um probleminha: os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e os líderes não têm como garantir, em nome das bancadas, apoio integral ao projeto que vai nortear todas as ações e reformas futuras. A proposta, avisam os líderes, certamente será reformulada no Parlamento. E se o governo não quiser que sofra alterações, terá que negociar.

Até aqui, avaliam os líderes, o governo ainda bateu o martelo sobre o que vem por aí em termos de ajuste fiscal. O próprio Lula quer as verbas da área social fora dessas regras. Nesse sentido, se o próprio Poder Executivo começar a desidratar o arcabouço fiscal antes do envio ao Parlamento, na hora que o Congresso for mexer o arcabouço ficará ainda menor.

O silêncio de Lira

A viagem à China está logo ali e deputados que perguntaram a Lira se ele iria integrar a comitiva de Lula na visita a Pequim e a Xangai, a resposta tem sido invariavelmente a mesma:
“Estou vendo”.

Veja bem

A ida de Lira é importante para Lula, sob o ponto de vista institucional e político. Ocorre que o presidente da Câmara, a preços de hoje, quer manter a posição de “independência” em relação ao atual governo. Alguns de seus aliados consideram importante que ele
fique por aqui.

Uma coisa e outra coisa

O fogo amigo entre ministros e o PT levou a turma de Lula a entrar em campo. À presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), foi dito que quando a comandante petista for falar mal de algum ministro, deve avisar ao Planalto. Só tem um probleminha: se Gleisi avisa, pode passar a ideia de que Lula apoia as críticas do partido a seus auxiliares. Partido e governo, vale lembrar, têm CNPJs diferentes.

Pressão com grife

Depois que o professor e Nobel de Economia Joseph Stiglitz, da Universidade de Columbia, criticou os juros no Brasil, chamando-os de “chocantes”, o governo Lula e o PT vão retomar a investida sobre o Banco Central (BC). Agora, avisam os deputados, ninguém poderá dizer que o partido usa os juros altos como “desculpa” para esconder os seus problemas em definir a política econômica.

Retorno/ Os parlamentares mais ligados ao governo Lula farão um movimento, amanhã, no Congresso, para marcar o lançamento da Frente de Reestatização da Eletrobras. O cavalo de pau nas decisões tomadas pelo governo Bolsonaro corre o risco de assustar investidores.

A estreia de Michelle/ O evento, hoje, para incensar a ex-primeira-dama terá a abertura do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, e de outros líderes do PL. A ideia, porém, é que eles participem só do início. Depois, saem e as discussões serão apenas delas.

Discrição/ Dentro do PL, a ideia é que se Michelle quiser mesmo concorrer a algum mandato eletivo no futuro, terá que fingir que não quer e andar de costas para o objetivo. É que a ciumeira no clã Bolsonaro está grande.

O recado de Sarney/ Convidado para o aniversário de Marta Suplicy, o ex-presidente José Sarney (foto) foi acometido de uma crise de coluna e não pôde comparecer à festa organizada pelo marido da ex-ministra, Márcio Toledo. Márcio reuniu o MDB, o PT e amigos das mais variadas áreas no último sábado, em São Paulo, para homenagear a secretária de Relações Internacionais da Prefeitura paulistana. A mensagem de Sarney, porém, será emoldurada: “Tenho tanto prazer em encontrá-la, em ouvir uma mulher encantadora e de rara inteligência. Vida longa, paz, saúde e felicidade”, diz uma parte do texto.

Atos golpistas poderiam ter sido piores

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O jantar de despedida do presidente Jair Bolsonaro na casa do então ministro das Comunicações Fábio Faria teve como objetivo dissuadir o então comandante em chefe das Forças Armadas a insistir em meios de permanecer no cargo, ou dar um golpe, que muitos calcularam ser o objetivo central da depredação do último domingo. Foi ali, naquele jantar, aconselhado por políticos e ministros do Supremo Tribunal Federal, que Bolsonaro decidiu ficar um tempo fora do país, a fim de descansar e voltar renovado, para liderar a oposição. O jantar se deu dias após os atos incendiários de 12 de dezembro, data da diplomação do presidente Lula. Agora, depois dos atos de 8 de janeiro, ele corre o risco de regressar para
ficar inelegível.

Os cálculos de muitos, hoje, é que estava tudo pronto para um movimento nos moldes de 8 de janeiro. A diferença é que, naqueles dias, Bolsonaro ainda era presidente e teria que entregar tudo nas mãos dos militares, e ainda haveria dúvidas se voltaria ao poder. Os militares também não aceitaram. Logo, não deu certo. Se tivesse funcionado nos moldes que os radicais queriam, talvez os responsáveis jamais
fossem punidos.

Sob a égide do interventor

O fato de o ex-ministro da Justiça Anderson Torres ter sido levado para as dependências da PM do Distrito Federal coloca o ex-secretário de Segurança Pública de Ibaneis Rocha sob a guarda do interventor, Ricardo Capelli. Sinal de que toda a omissão será castigada.

O recado que virá do STF

Os ministros do Supremo Tribunal Federal já começaram a alinhavar os discursos para a volta do recesso. A ordem é deixar claro aos congressistas que a democracia foi devolvida à política. Agora, caberá aos políticos cuidar dessa plantinha todos os dias.

Mirem-se em Ulysses…

… Guimarães. A política precisa voltar a resolver os problemas da política com a política. Recuperar a sabedoria de gerar consensos entre diferentes visões de mundo e parar de, a qualquer coisinha, recorrer ao STF. É preciso reaprender a arte de fazer política, que parece que as novas gerações não aprenderam.

A hora de buscar votos

Parlamentares aliados ao governo estão orientados a buscar nos partidos mais à direita, pelo menos mais 100 votos para a base governista, além dos 210 já contabilizados. A avaliação é que é preciso ampliar a base, se quiser governar em paz.

Espere sentado/ Com encontro marcado com o ministro da Agricultura, Carlos Favaro, para o próximo dia 6, a Frente Parlamentar de Agricultura vai cobrar dele a declaração em que deu a entender que só haveria conversa com a frente se seus integrantes descessem do palanque eleitoral. A avaliação de muitos na FPA é a de que político não desce do palanque nunca.

Enquanto isso, no Itamaraty … / Uma missão chefiada pelo futuro encarregado de negócios da Embaixada na Venezuela, André Flávio Macieira, está fazendo as malas para desembarcar em Caracas nesta semana, a fim de preparar as instalações brasileiras para a retomada das relações diplomáticas. São três prédios que o governo brasileiro tem por lá e que estão completamente abandonados, segundo relatos de diplomatas.

… as mudanças estão a mil/ O governo deve escolher, nos próximos dias, um embaixador para Cuba, que hoje só tem um encarregado de negócios. A decisão será pessoal do presidente Lula, como ocorreu em mandatos anteriores. O embaixador à época era o ex-deputado Tilden Santiago, que morreu de covid no ano passado.

Vem comigo/ Assim que assumiu o cargo de interventor na segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Capelli (foto) ouviu de uma servidora que ela havia feito postagens a favor do antigo chefe. Capelli, então, foi direto: “Não se preocupe. O que me interessa são atitudes”. Com ele, não tem essa de perseguição por uma postagem ou outra com elogios a A, B ou C. Quer é trabalhar em conjunto com todas as forças locais.

 

Lula vai conversar com Kassab por apoio no primeiro turno; SP é o entrave

Publicado em coluna Brasília-DF, ELEIÇÕES 2022, Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende ter uma nova conversa com Gilberto Kassab, nos próximos dias, para ver se consegue acertar os ponteiros para que Kassab anuncie apoio a ele no primeiro turno. Só tem um probleminha: em São Paulo, onde Kassab faz política, o PT nunca estendeu o tapete para o ex-prefeito.

Amarra lá

Em caso de segundo turno em São Paulo, entre Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), e entre Lula e Bolsonaro na disputa pelo Planalto, Kassab manterá a neutralidade do PSD na eleição presidencial. Mas as apostas de muitos no PT são de que quem estará contra Haddad será o governador Rodrigo Garcia.

Quem me chamou

Não por acaso, em São Paulo, o PSD optou pelo bolsonarismo, ao lado do ex-ministro Tarcísio de Freitas. Aliás, na convenção do PSD, Kassab fez questão de posar para fotos e entrevistas ao lado do ex-ministro da Infraestrutura.

Por Denise Rothenburg, notas publicadas na coluna Brasília/DF de 24 de julho de 2022.

Bolsonaristas insistem em defender ideias sem o respaldo da ciência

Publicado em coluna Brasília-DF, coronavírus, Covid-19

Coluna Brasília/DF – Por Carlos Alexandre Souza

Desinformação continua a ameaçar o combate contra a pandemia

Eles voltaram. Em mais uma controvérsia sobre a pandemia — a vacinação infantil contra a covid-19 —, bolsonaristas de carteirinha insistem em defender ideias que não encontram respaldo na ciência. Se antes preconizavam cloroquina para combater os sintomas da doença, neste momento colocam em dúvida a eficácia da imunização em crianças. Afirmam, por exemplo, que as vacinas são de caráter “experimental”, portanto, não seriam recomendadas para o público infantil. Trata-se de um argumento absurdo, porque desautoriza o entendimento de instituições reconhecidas pela seriedade, como a agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) e sua correspondente Anvisa.

Integram essa frente negacionista deputados federais bolsonaristas e entidades que fizeram parte do “gabinete paralelo” que atuava nas sombras pelo Palácio do Planalto. O mais grave nesse movimento negacionista é que ele encontra respaldo no ministério da Saúde. A resistência à vacinação infantil é mais evidente quando se ouve o ministro Marcelo Queiroga, mas outros personagens atuam nos bastidores, como a capitã cloroquina Mayra Pinheiro, indiciada pela CPI da Covid pelos crimes de epidemia com resultado morte, prevaricação e crime contra a humanidade.

Em uma etapa crucial no combate à pandemia, no momento em que os brasileiros voltam a se aglomerar e as crianças estão a poucas semanas da volta às aulas, a desinformação volta a minar o combate à covid. Em um país com mais de 600 mil mortes da doença — entre as quais 300 crianças — é preciso, mais uma vez, que a ciência prevaleça sobre o obscurantismo.

Opinião não é ciência

As perguntas que constam na consulta pública do Ministério da Saúde têm caráter claramente plebiscitário, com pouco ou nenhum rigor científico. Há, por exemplo, perguntas como “Você concorda com a vacinação em crianças de 5 a 11 anos de forma não compulsória conforme propõe o Ministério da Saúde?”. Ora, as indagações referentes à vacinação infantil precisam ser respondidas por um corpo técnico. Trata-se de uma discussão entre especialistas, e não um debate sobre o melhor time de futebol ou a banda favorita.

O sol e a peneira

Sabe-se que a maioria esmagadora da classe médica, bem como as autoridades sanitárias, recomenda a vacinação infantil contra a covid. Trata-se de uma estratégia diversionista, a fim de confundir a população com questionamentos irrelevantes. Trata-se, em bom português, de uma tentativa de tapar o sol com a peneira.

Receita do atraso

A consulta pública do Ministério da Saúde pergunta, ainda, se a vacinação de crianças deve ser analisada “caso a caso”, “sendo importante a prescrição da vacina pelos pediatras ou médicos que acompanham as crianças”. A julgar as intenções da pasta comandada por Marcelo Queiroga, presume-se que os pais deveriam buscar prescrição médica para outras vacinas – contra tétano, poliomielite, sarampo, rubéola e outras enfermidades.

Queda de braço

Não é a primeira vez — nem será a última — que cientistas e burocratas promovem uma queda de braço em relação a políticas públicas de vacinação. É conhecido o atrito entre Albert Sabin e o Ministério da Saúde na ditadura militar. Ao final de muitas controvérsias, em 1980 instituiu-se o Dia Nacional da Vacinação.

História

O resultado foi imediato. Naquele ano, o Brasil registrou 1.290 casos de polio. Em 1981, o total de registros caiu para 122 ocorrências.

Reforço estendido

O Ministério da Justiça autorizou a prorrogação do emprego da Força Nacional de Segurança em apoio à Polícia Federal na Terra Indígena Nonoai, no Rio Grande do Sul. Os militares vão colaborar por mais 60 dias, de 25 de dezembro de 2021 a 22 de fevereiro de 2022. Em outro ato, também publicado nesta sexta-feira, a Justiça autoriza o emprego da Força Nacional de Segurança em apoio à PF na Terra Indígena Cana-Brava/Guajajara, no Maranhão. O apoio será dado por 30 dias, podendo ser prorrogado se houver solicitação.

Cooperação

A ação da Força Nacional reforça a política do Ministério da Justiça de reforçar a cooperação entre governo federal, estados e municípios no combate à criminalidade.

Giro pelo mundo

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, fará um giro internacional em janeiro para tratar de energia, sustentabilidade e energia. Em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, o ministro participa da 12ª Assembleia Ministerial da Agência Internacional de Energia Renováveis e de reuniões com autoridades governamentais dos setores de energia e infraestrutura. Em seguida, Albuquerque vai a Nova Délhi, na Índia, para fomentar parcerias em mobilidade sustentável.

Debandada de auditores fiscais como forma de protesto marca o governo

Publicado em coluna Brasília-DF

COLUNA BRASÍLIA/DF – Por Carlos Alexandre Souza

 

Debandada como forma de protesto marca o governo

A revoada de auditores fiscais dos cargos de chefia na Receita Federal é mais uma prova inequívoca dos conflitos internos que corroem as estruturas do governo de Jair Bolsonaro. O primeiro impacto do protesto organizado pelos auditores recai sobre o Ministério da Economia — o mensageiro da determinação do presidente da República de conceder reajuste salarial a policiais federais. A paralisação dos servidores compromete a fiscalização tributária e pode se espalhar para outras áreas estratégicas.

Há meses, em razão dos descaminhos promovidos na elaboração do Orçamento, a pasta comandada por Paulo Guedes sofre uma sangria de colaboradores. No final de outubro, o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, pediram demissão ao perceberem que o teto de gastos iria implodir no Congresso. Agora, o direcionamento de reajuste salarial a uma categoria específica do funcionalismo torna ainda mais difícil o discurso em favor da responsabilidade fiscal.

A debandada dos auditores na Receita Federal repete o terremoto que há semanas se abate na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Ontem, mais 24 pesquisadores abriram mão de suas funções. O mesmo problema aconteceu no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), com reflexos na elaboração do Enem.

Divergências internas ocorrem em qualquer governo. O que se vê, no entanto, são rebeliões a se espalhar na administração pública. Os frequentes desgastes com o funcionalismo público, aumentando o risco de greves, podem custar caro ao presidente Bolsonaro.

 

Contra o crime

O aumento da violência doméstica em razão da pandemia de covid-19 desafiou as políticas de segurança pública. Em 2021, o Ministério da Justiça concentrou esforços para conter a ocorrência de crimes contra vulneráveis — crianças, adolescentes, idosos e mulheres. Esse trabalho ocorreu em todo o país, com a colaboração das Polícias Militares e Civis, além do Ministério Público e do Poder Judiciário.

 

Antifeminicídio

As ações para combater crimes como o feminicídio são as que chamam mais a atenção. Este ano, mais de 127 mil mulheres foram atendidas, além de 14 mil pessoas presas. Houve quase 40 mil medidas protetivas de urgência acompanhadas por policiais civis.

 

Força Nacional

Outro ponto a destacar, segundo o Ministério da Justiça, foi a atuação da Força Nacional, em auxílio a estados como o Amazonas. Durante 2021, a Força Nacional abordou mais de 245 mil pessoas, e prendeu mais de 450 pessoas. Entre os produtos apreendidos, estão 176,4 mil maços de cigarros; 11,5 mil produtos eletrônicos; 1.800kg de maconha; 1.120kg de pasta base de cocaína; e 560kg de cocaína.

 

Diversas frentes

“Os resultados de 2021 demonstram o empenho do Ministério nas suas diferentes frentes, seja na segurança pública, proteção e defesa do consumidor, descapitalização do crime, combate às drogas, ou políticas de justiça. No próximo ano, seguiremos trabalhando para que o Brasil tenha a Justiça e a Segurança Pública cada vez mais fortes”, ressalta o ministro Anderson Torres.

 

Inconstitucional

Na ação que questiona a aprovação do Fundo Eleitoral no valor de R$ 5,7 bilhões, o Novo alega que o valor, além de exorbitante, é inconstitucional. O partido argumenta que a proposta enviada pelo Executivo para o Fundão, de R$ 2,1 bilhões, foi aumentada em mais de 200% no Congresso Nacional, por meio de emenda parlamentar. Esse movimento representa, segundo o Novo, vício de iniciativa, pois cabe somente ao Executivo submeter a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) ao Legislativo.

 

Sem urgência

O imbróglio do Fundo Eleitoral ficará sob análise do ministro André Mendonça, mais novo integrante do Supremo Tribunal Federal. O presidente da Corte, Luiz Fux, entendeu não haver urgência para uma manifestação imediata do Judiciário.

 

Ajuda a transplantes

O ministro Marcelo Queiroga está tão ocupado em dificultar a vacinação infantil contra a covid, que perde a oportunidade de divulgar ações positivas de sua pasta. O governo federal vai destinar R$ 20 milhões para o Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF). O anúncio foi feito pela ministra da Secretaria de Governo da Presidência da República, Flávia Arruda, e o titular da Saúde. Arruda aproveitou a ocasião para agradecer o ICTDF, que atendeu o pai dela, acometido por um infarto.

 

Força médica

Com mais de mil colaboradores e equipe especializada com 120 médicos, a unidade é responsável por mais de 60% dos atendimentos a pacientes com doença cardiovascular no Distrito Federal. Nos últimos cinco anos, o ICTDF respondeu por 85% das cirurgias cardíacas na capital. De 2009 a 2021, a instituição fez mais de 7 mil cirurgias adultas e 2,1 mil procedimentos pediátricos.

Caseiro que derrubou Palocci receberá indenização de R$ 950 mil

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Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília-DF/ Por Denise Rothenburg

Saiu a decisão da 4ª Vara da Justiça Federal que homologou o acordo celebrado entre o caseiro Francenildo dos Santos Costa, estopim da demissão de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda, e a Caixa Econômica Federal. O alvará está pronto e se refere a um processo de danos morais, que corre desde 2006. Pelo acordo, Francenildo receberá R$ 950 mil.

A novela envolvendo o caseiro Francenildo começou em 2006, no governo Lula, quando ele teve seu sigilo bancário violado, depois de prestar depoimento na CPI dos Bingos. Ele havia afirmado, em depoimento, na comissão, ter visto o então ministro Antonio Palocci numa casa no Lago Sul, frequentada por lobistas, empresários e prostitutas, e palco da partilha de propinas.

A conta de Francenildo na CEF havia recebido, à época, R$ 38,6 mil. Aliados de Palocci se referiram a esse dinheiro como um pagamento para que ele incriminasse o ministro na CPI. Francenildo provou que o dinheiro vinha de seu suposto pai biológico, um empresário piauiense, que não queria assumir a paternidade. A mãe de Francenildo e o empresário apresentaram as provas da história. Assim, o presidente da CEF à época colocou o cargo à disposição e Lula não teve alternativa, senão demitir o ministro da Fazenda. Hoje, Palocci continua preso, por causa da condenação na Lava-Jato. E Francenildo, muito perto de receber uma bolada.

 

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Caio Gomez/CB/D.A Press

 

Queimou cartuchos…

Quem conhece a forma de pensar dos principais integrantes da equipe econômica já fez chegar ao Planalto que mais uma interferência do presidente Jair Bolsonaro em questões de mercado sem combinar antes, como fez em relação ao preço do diesel, pode ser fatal para a confiança no governo.

…E criou problema

Se continuar agindo dessa forma, o presidente Jair Bolsonaro pode ver escorrer pelos dedos a parte que realmente lhe garantiu a vitória nas eleições. Embora o presidente atribua ao vereador Carlos Bolsonaro, o mercado considera que a “trinca” — mercado, Lava-Jato e militares, três segmentos cansados do PT — buscou em Bolsonaro o porto mais seguro para evitar que os lulistas ou seus fiéis escudeiros continuassem mandando no país.

Pecado capital

Em conversas reservadas, os políticos têm dito que o maior erro da presidente Dilma Rousseff foi achar que vencera sozinha e poderia fazer o que bem entendesse. No caso do presidente Jair Bolsonaro, ainda está em tempo de não seguir por esse caminho e governar para todos os brasileiros, respeitando legislações e contratos.

 

O pai biológico/ A escolha de um relator da Nova Previdência ligado ao governador de São Paulo, João Doria, e do senador Tasso Jereissati, para avaliar a reforma no Senado, deixa a proposta nas mãos do PSDB, que sempre defendeu o ajuste fiscal e alertou para os perigos de não se reformar as regras para aposentadoria.

Por falar em reforma…/ Preocupados com os prazos da Nova Previdência, congressistas defensores da proposta estudam uma fórmula para garantir aprovação rápida do texto que sair da Câmara. A ideia é considerar eventuais emendas como “de redação” ou seja, “pequenos ajustes”, e, assim, enviar a emenda direto à promulgação, sem precisar voltar à Câmara.

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Minervino Junior/CB/D.A Press

PSL & PT/ O PT obteve sua primeira baixa quando partiu para a reforma da Previdência. No caso do PSL, ao que tudo indica, o problema será o laranjal. Especialmente agora, depois que a deputada estadual Janaína Pascoal, que quase foi vice de Bolsonaro, pediu a cabeça do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro.

Enquanto isso, no Rio de Janeiro…/ Diante das tragédias que se sucedem na cidade do Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella não conseguirá firmar a mesma parceria com o PR, em caso de concorrer à reeleição.