Categorias: Política

Chico Rodrigues “foi licenciado” para seus aliados ganharem tempo

O afastamento do senador Chico Rodrigues (DEM-RR) do mandato por 90 dias, anunciado há pouco, foi o acordo que ele aceitou para tentar evitar que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue o caso em plenário, o que daria mais peso à decisão do ministro Luís Roberto Barroso, que precisa ser referendada pelo Senado. No momento, ele não teria os votos para evitar a aprovação desse afastamento compulsório. Portanto, ante que os senadores o tirassem a força, pressionando ainda a análise do caso pelo Conselho de Ética da Casa, Chico decidiu seguir o conselho de seus aliados. A saída, avaliam alguns, deixa o ambiente mais leve e com espaço para que Chico Rodrigues faça um trabalho de bastidores no sentido de arregimentar votos para tentar salvar o mandato.

O fato de optar por 90 dias e não por 120, conforme sugerido por alguns senadores, tem o objetivo de evitar uma prisão. Tecnicamente, como o suplente não assumiu, ele continua “dono da vaga” de senador, embora esteja licenciado. Logo, um pedido de prisão teria que ser autorizado pelos senadores, ainda que ele esteja licenciado.

Com a volta na segunda quinzena de janeiro, ele retornará à Casa no período oficial de recesso, quando os senadores estarão dedicados a escolher o futuro presidente do Senado. Chico tem esperanças de tentar manter o mandato. Se até janeiro não conseguir ambiente para isso, terá, ao menos, o espaço para que o filho dele, seu suplente, assuma o mandato sem muito estardalhaço para que não seja logo de cara exposto a ter que defender o pai dia e noite na tribuna da Casa.

As perspectivas de Chico conseguir manter o mandato são mínimas. Mas, enquanto estiver com os presidentes do Conselho de Ética< Jayme Campos, e a do próprio Senado, Davi Alcolumbre, empenhadas em ajudá-lo, ele não perde as esperanças. Com a decisão de hoje, por exemplo, Campos ganha o discurso de que não precisa julgar o colega no Conselho, porque ele já se afastou.

Chico vai aproveitar o período para tentar ganhar fôlego. Só tem um probleminha: Se os investigadores conseguirem apresentar mais provas contra o senador, as chances, que hoje são mínimas, vão virar zero. Chico Rodrigues vive, a partir de agora, a cada dia a sua aflição.

Denise Rothenburg

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