Eleições jogam emendas parlamentares à luz do Sol

Dinheiro de emendas parlamentares
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Da Coluna Brasília-DF, por Denise Rothenburg

Os tribunais de Contas e Ministério Público terão muito trabalho nos próximos meses. É que a disputa eleitoral promete trazer uma série de denúncias, levantando suspeitas sobre desvio de recursos e/ou sobrepreço em várias áreas envolvendo emendas parlamentares. No Tocantins, por exemplo, está se desenhando uma denúncia da “bancada do LED”. São várias emendas destinadas à iluminação pública, que já consumiram mais de R$ 100 milhões em recursos públicos. Dezenas de prefeituras optaram pela adesão em ata de licitação de outro município, inclusive de outro estado, como a ata de São Felix do Xingu, no Pará, que tem o custo unitário de R$ 1,6 mil por ponto de luz.

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Dia desses, o jornalista e ex-vereador Gerônimo Cardoso divulgou um vídeo denunciando a compra e instalação de iluminação publica de LED, em Paraíso de Tocantins. Cardoso aponta que, em 2021, foram quase R$ 2,5 milhões. As luminárias compradas, diz ele, custaram quatro vezes mais do que a prefeitura de Paraíso pagou. Numa notícia publicada no site RR10, o prefeito Celso Morais agradece ao deputado federal Carlos Gaguim, do União Brasil, por investir na modernização da iluminação pública da cidade.

Os técnicos dos ministérios estão com dificuldades de agradar aos prefeitos do Rio Grande do Sul. É que, quando se fala em projetos para reconstrução ou mesmo emergência, a maioria dos gestores municipais resiste e pede um… Pix. Só tem um probleminha: dinheiro publico precisa de projeto, comprovação de despesa e por aí vai. Se eles querem Pix, o conselho tem sido fazer uma campanha de arrecadação junto a instituições privadas.

Por falar em recursos…

O governo está terminando a montagem da linha de crédito para reconstrução dos municípios. O pacote de R$ 5 bilhões promete alongar os prazos de pagamento de 10 anos para 12 anos e a carência sobe de um ano para dois anos. O Tesouro, inclusive, já colocou um escritório no Sul apenas para tratar da ajuda aos prefeitos.

Pressa para enfrentar mudanças climáticas

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Por Carlos Alexandre de Souza — Como resposta à tragédia no Rio Grande do Sul, o Congresso acelerou o passo na aprovação das regras para a fomulação de um plano de adaptação às mudanças climáticas. A proposta, de autoria da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), foi aprovado no plenário do Senado na noite de quarta-feira e enviado de volta à Câmara.

O texto estabelece o aprimoramento de um ponto crucial, que está sendo observado neste momento agudo da catástrofe gaúcha: a articulação entre União, estados e municípios para prevenir ou mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Uma emenda do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) prevê a participação do empresariado na elaboração do plano nacional de adaptação.

Mais de três décadas depois da Rio-92 e quase 10 anos após o Acordo de Paris, o Brasil corre para mitigar os efeitos cada vez mais intensos do desequilíbrio ambiental no planeta. Redução de gases estufa, combate ao desmatamento, planejamento urbano, sistemas defensivos contra catástrofes e envio de recursos para países vulneráveis a desastres precisam sair dos debates internacionais para se tornarem ações concretas de governos e da sociedade civil.

Alerta recorrente

Mais impressionante é observar que esses alertas já existiam há tempos. O documento “Brasil 2040: cenários e alternativas de adaptação à mudança do clima”, elaborado a pedido da Presidência da República em 2015, já alertava para as mudanças climáticas. O documento, de 62 páginas, descreve que esses fenômenos têm “causado impactos sobre os sistemas natural e humano, em todos os continentes e nos oceanos”, (…) afetando os recursos hídricos, em termos de quantidade e qualidade (cheias e secas)”.

Vulneráveis

A certa altura, o documento observa: “Essas mudanças impõem grandes desafios e oportunidades ao desenvolvimento econômico e social brasileiro e ao seu planejamento. Entre outras questões, pode-se perguntar: (i) Qual(is) cenário(s) social, econômico, ambiental e climático deve(m) ser considerado(s) nessa agenda?; (ii) O país está preparado para enfrentar esses novos cenários? e (iii) Como se dará a adaptação para esse(s) cenário(s)?”. Formuladas em 2015, essas perguntas aguardam respostas e providências.

Saúde mental

Em entrevista ao CB.Saúde, o secretário executivo do Ministério da Saúde, Swedenberger Barbosa, destacou a atenção que está sendo dada à saúde mental na tragédia gaúcha. Não apenas da população atingida, mas também dos profissionais de saúde. A experiência traumática da pandemia de covid-19, quando muitos trabalharam no limite das forças, tem reflexos até hoje.

Pela rastreabilidade

Em carta enviada à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, 24 organizações não governamentais protestam contra o possível adiamento da lei que proíbe, a partir de 2025, o comércio de produtos oriundos de áreas com desmatamento. Na carta, as entidades consideram que postergar a norma é “encomendar mais tragédias no futuro”, citando as enchente no Rio Grande do Sul, no Quênia e na Ásia Central. Assinam o documento instituições como Instituto Cerrados, WWF Brasil, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a Fundação SOS Mata Atlântica.

Sob protestos

Denominada de EUDR na sigla em inglês, a regra contra o desmatamento têm provocado protestos de diversos setores econômicos e de países — entre os quais o Brasil. A alegação comum é de que diversas cadeias produtivas não estão preparadas para atender às exigências de sustentabilidade até 2025. Além disso, a norma prejudicaria pequenos produtores. A indústria cafeeira, por exemplo, é um dos segmentos que defende uma revisão.

Preso

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou um novo pedido de soltura e manteve a prisão de Filipe Martins, assessor internacional da Presidência da República na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele está preso desde fevereiro deste ano, acusado de envolvimento nos atentados de 8 de janeiro.

Contra o preconceito

À frente da maior bancada feminina na história do Senado — a casa conta atualmente com 15 mulheres — Zenaide Silva (PSD-RN) comemorou 10 anos de atividade parlamentar. E saiu em defesa da comunidade LGBTIA , que denuncia ataques e fake news. “A gente vê o retrocesso não só no Brasil, mas no mundo. É por isso que nós que estamos na defesa de todos vocês”, disse a senadora.

 

“Lula voltou fora de sua época, precisamos de um novo JK”, diz Ciro

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Em debate no Brazil Forum Investment, um dos poucos que destoou do debate, puxando uma linha mais voltada à politica pura, foi o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI): “Estamos repetindo um fato histórico do que ocorreu no passado, quando do retorno de Getúlio Vargas ao poder. Tinha sido um grande presidente, mas voltou fora de sua época. O presidente Lula é meu amigo, eu o respeito, mas voltou fora da sua época”, disse o senador, ao tecer um rosário de críticas sobre as posições brasileiras em relação à política externa, por exemplo, a guerra da Ucrânia, “ficando ao lado do ocupador e não do ocupado”.

Ao final de sua exposição, o senador provocou os governadores presentes: “Depois de Getúlio, tivemos Juscelino Kubitschek. Está na hora da chegada de um novo JK. Vejo aqui Ronaldo Caiado, Ratinho Júnior e, Helder, se você vier um pouquinho para a direita, pode ser esse novo JK”, afirmou.

Al Gore cita tragédia no RS e convoca mobilização contra mudanças climáticas

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Por Denise Rothenburg — Em palestra para convidados do Banco Itaú no Hotel Lotte, em Nova York, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore reforçou os alertas que tem feito em todos os encontros de que participa: “Se não agirmos, podemos chegar a um bilhão de refugiados climáticos cruzando fronteiras”.

Gore é visto pelos conservadores norte-americanos como um “alarmista”, porém, para os brasileiros que acompanham de perto a tragédia no Rio Grande do Sul, ele está coberto de razão. O caso gaúcho foi, inclusive, citado pelo ex-vice-presidente em sua fala para a nata do empresariado e investidores convidados pelo Itaú, num evento restrito e no qual tudo o que foi dito não deveria vir a público.

Em tempo: em 2006, Gore fez o documentário A verdade inconveniente, alertando sobre a necessidade de o mundo prestar atenção às mudanças climáticas.

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Vire à direita

Nos bastidores dos eventos em Nova York, ecoava um recado ao governo federal: ou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue para o centro ou terá dificuldades no futuro. Três em cada três políticos presentes têm essa avaliação.

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Na Rainbow Room…

No alto do Rockefeller Plaza, o evento do Banco Master/ Esfera exibiu um vídeo sobre a situação do Rio Grande do Sul, pedindo à nata do empresariado e às autoridades presentes — muitos banqueiros — que enviassem doações ao Rio Grande do Sul. O locutor completava: “O Banco Master já fez sua parte”.

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Diferenças

Quem participou do evento em Nova York marcava as diferenças entre o governo atual e a pandemia no quesito recursos financeiros. Negacionismos à parte, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro vinha de uma reforma da Previdência e tinha feito um ajuste fiscal. O governo Lula vem de um período de lançamentos de obras e novos investimentos, que os mais conservadores chamam simplesmente
de “gastos”.

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Curtidas

Vai ter COP/ De Nova York, onde foi participar do Lide Brazil Investment Forum, o governador do Pará, Hélder Barbalho (foto), avisa que a COP30 já está consolidada em Belém e toda a infraestrutura ficará pronta a tempo de realizar o evento, em 2025. Ou seja, não tem essa de realizar a COP30 em Porto Alegre, como sugeriu o líder do Cidadania, deputado Alex Manente (SP).

Al Gore chamou/ O ambientalista e ex-vice-presidente dos Estados Unidos convidou o governador do Pará para um encontro, em Nova York, em 30 de maio, junto com Michael Bloomberg, ex-prefeito da cidade. Ele ficará 12 horas apenas para essa reunião.

Aliás…/ A COP30 é, também, a “Paris mais 10”, pois o presidente da França, Emmanuel Macron, fez questão de ir para o Pará, na visita que fez ao Brasil, em março. Belém entrou no circuito internacional.

Lide no Correio/ O site do Correio Braziliense transmitirá, hoje, o Lide Brazil Investment Forum. É um momento de reflexão e debates sobre o país.

Reforma tributária: dois pontos ainda geram desconfiança nos empresários

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DENISE ROTHENBURG — Empresários levantam dois pontos que prometem causar polêmica na discussão dos projetos de regulamentação da Reforma Tributária: o fundo de compensação dos benefícios fiscais do ICMS e os créditos tributários após implantação do novo modelo. As indústrias querem que tudo seja feito de forma célere e simples. Mas desconfiam que o texto, da forma como o governo mandou, ainda não dá essa garantia, especialmente no período de transição. As preocupações serão levadas, esta semana, às frentes parlamentares, que patrocinaram as propostas paralelas àquelas enviadas pelo Poder Executivo. São nelas que o empresariado aposta as fichas na hora de emplacar reivindicações.

Em tempo: quem produz e sustenta o PIB brasileiro não acredita que será possível resolver todas as dúvidas dos projetos antes das eleições. Apesar da vontade do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), o tempo é curto e não há consenso.

Agora é com Lula

Até aqui, o governo aprovou tudo o que era importante na área econômica. Porém, os próximos meses indicam uma pedreira pela frente. E se o Palácio do Planalto fracassar nas articulações, não vai adiantar colocar a culpa no ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Depois das conversas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o chefe do Executivo chamou o jogo para si.

Lira faz jogo quádruplo

As incertezas sobre as candidaturas para a Presidência da Câmara fizeram Lira buscar mais proximidade com todos os potenciais candidatos. Assim, além de manter ao seu lado o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), reforçou-se com Marcos Pereira (Republicanos-SP), Antonio Brito (PSD-BA) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL).

Novos fatores

O crescimento do PSD e a manutenção do MDB com grande número de prefeituras, na última janela partidária, coloca Brito e Bulhões com mais força no jogo. Se mantiverem essa força nas prefeituras no pós-eleição, chegam fortes ao grid de largada para a Presidência da Câmara. É que, com as emendas impositivas, os prefeitos têm influência e parceria direta com os parlamentares.

PAC replay

Quando lançou o Novo PAC, no ano passado, o governo anunciou R$ 15,3 bilhões de investimentos em prevenção a desastres naturais para retomada e conclusão de obras paralisadas. Do total de recursos, R$ 10,9 bilhões seriam aplicados de 2023 a 2026 — outros R$ 4,4 bilhões ficaram para depois de 2026. Ali, apenas duas obras no Rio Grande do Sul, uma em Porto Alegre e outra em Rio Grande. Agora, o governo pretende lançar um novo PAC encostas. E nem terminou o primeiro.

CURTIDAS

Inteligência artificial… /Ao participar do debate sobre o tema no Forum de Integração Brasil Europa, em Madri, a senadora Tereza Cristina (PP-MS) alertou para o perigo à democracia que a tecnologia mal gerida representa: “Um dos desafios mais presentes que enfrentamos é a influência dos algoritmos — e hoje ouvimos falar muito aqui sobre isso e sobre fake news, principalmente nos processos eleitorais”, disse a senadora.

… e as “bolhas”/ Tereza foi incisiva: “Os algoritmos que impulsionam as plataformas das mídias sociais e os mecanismos de busca têm poder de moldar a percepção pública, influenciando o que vemos e consumimos on-line. Quando esses algoritmos são projetados para maximizar o engajamento a todo o custo, corremos o risco de cair em bolhas de filtro, onde somos expostos apenas a informações que confirmam preconceitos e visões de mundo, criando divisões profundas na sociedade”, alertou. Tudo isso, somado às fake news, representa uma grave ameaça à integridade do processo democrático. É preciso que o Congresso se debruce sobre a nova realidade.

A tragédia da política/ É lamentável ver deputados reclamando de A ou de B, nas redes sociais, e não se dedicarem a ideias que possam resolver os problemas provocados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Triste ver essa turma se atacando com uma frase aqui, outra ali; um vídeo gravado cá, outro lá, enquanto tantos brasileiros precisam de ajuda. Por essas e outras, estão cada vez mais distantes da realidade.

Exemplos/ O centroavante do Grêmio, Diego Costa, pegou o jet ski e arrumou outros três emprestados para o resgate de pessoas ilhadas no Rio Grande do Sul. Rochet, o goleiro do Internacional, serviu refeições aos desabrigados. Enquanto houver atitudes assim, há esperança na humanidade.

Líderes partidários ainda não chegaram a decisão sobre vetos de Lula

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DENISE ROTHENBURG — Líderes partidários acertaram a derrubada do veto aos R$ 3,6 bilhões do Orçamento, mas ainda está longe de se conseguir um entendimento para os vetos das “saidinhas” de presos e o que fixa o calendário para liberação das emendas. O governo considera esses vetos inegociáveis, mas nem a avalanche de emendas liberadas nos últimos dias serviu para que as bancadas aceitassem mantê-los. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não tem mais argumentos para adiar essas votações. Afinal, a próxima semana será uma das poucas de muito movimento, antes das festas juninas e das campanhas.

Sintonia com o eleitor

A vontade do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em vincular parte das emendas para mitigar as consequências de desastres naturais não terá tanta dificuldade na Câmara. É que, diante das mudanças climáticas, a maioria dos estados brasileiros passou por catástrofes como a que assola, atualmente, o Rio Grande do Sul. Quem discordar, corre o risco de ser “cancelado” na base eleitoral

O pulo do gato

Há um outro “incentivo” para que deputados e senadores aceitem essa ideia: esses recursos emergenciais, geralmente, são liberados de forma automática, tipo “emendas Pix”.

Desgaste contido

Três horas antes de o governo anunciar o adiamento do concurso unificado, a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no sul pressionava, no sentido de se conectar com as pessoas: “Como que a gente não está sendo sensível o suficiente para entender que é um momento de calamidade? Isso fala muito do distanciamento de realidade que estamos tendo agora”, comentou a deputada Daiana Santos (PCdoB-RS), na reunião da bancada gaúcha.

Postura correta

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, preferiu manter distância das críticas do PSDB ao governo Lula sobre a demora do presidente a ir ao estado. O governador comentou com amigos que está ocupado demais para entrar em briga política nesse momento. Lula idem. Os presidentes dos partidos que duelem nas redes.

CURTIDAS

O périplo de Vagner/ Um dos féis escudeiros de Lula, o presidente do Sesi, Vagner Freitas, percorre os estados para conhecer os projetos das prefeituras que podem ser apoiados pela instituição. Dia desses, esteve com o prefeito do Recife, João Campos. Foi a primeira reunião para conhecer programas que possam convergir em parcerias junto aos trabalhadores da cidade.

Reza forte/ Depois da presidente do banco do BRICS, Dilma Rousseff, foi a vez de o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, visitar o Papa Francisco, junto com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, para tratar justamente de mudanças climáticas e transição energética.

Só tem um probleminha/ Agenda com o Papa, marcada com antecedência, não se recusa, mas com milhares de pessoas sem energia no Rio Grande do Sul, Silveira correu o risco de ouvir um “Vada a bordo, cazzo” — tal como o comandante Francesco Schettino ouviu, em 13 de janeiro de 2002, quando o Costa Concordia adernou no mar Mediterrâneo. O governo federal montou uma força-tarefa para atendimento às pessoas e uma das áreas prioritárias é energia.

Antenado/ O ministro, apesar de distante fisicamente, estava atento aos problemas que afetam o Rio Grande do Sul. Hoje, com a tecnologia, ninguém fica alheio. De lá, coordenou, por exemplo, as conversas para garantir o fornecimento de energia do Uruguai para o Rio Grande do Sul.

Governo recebe os sinais do que precisa mudar na relação com o Congresso

Publicado em Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Congresso, GOVERNO LULA, Política

Coluna Brasília/DF, publicada em 21 de abril de 2024, por Denise Rothenburg

Nas conversas dos líderes com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será colocada com todas as letras que a relação enfrenta hoje o mesmo tipo de problema que exterminou a confiança política nos tempos do governo Dilma Rousseff: fechar acordos e não cumpri-los.

Os deputados consideram que foi assim no Programa Emergencial para recuperação do setor de eventos, o Perse, e ainda na liberação das emendas ao Orçamento, inclusive, a fatia das emendas impositivas. O governo, dizem alguns líderes, pretende voltar à velha fórmula de liberar mais para quem votar a favor das propostas governamentais e isso não voltará a ocorrer. Ou o governo respeita os acordos que forem fechados no parlamento, ou virá por aí uma nova derrubada de vetos.

Esta semana, aliás, já tem gente pedindo para que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, segure mais um pouco a análise dos vetos a fim de dar tempo de Lula conversar e o governo retomar algum controle sobre o plenário. É que, com a chegada das propostas de regulamentação da reforma tributária, não dá para discutir no clima que predominou nos últimos dias.

Vamos por partes

Com tantos problemas na sala, o presidente da Câmara, Arthur Lira, não colocará para votar nem tão cedo a proposta de emenda constitucional que limita as decisões monocráticas do Poder Judiciário. Primeiro, é preciso resolver os problemas da Câmara com o Executivo.

PL com Arthur

Interessado em levar o presidente da Câmara de volta ao grupo do governo anterior, o PL tem dito em suas reuniões mais reservadas que não lançará candidato a presidente da Câmara. A ideia é apoiar o nome que tiver o apoio de Arthur Lira.

Vai ter disputa

O sonho de Lira, que é também o do PT, era conseguir lançar um só nome para a Presidência da Câmara. Mas, a preços de hoje, com pré-candidatos na pista em busca de votos, a avaliação geral é a de que será difícil não ter uma guerra acirrada pelo comando da Casa.

Olha o foco!

Nas reuniões das Nações Unidas semana passada, diplomatas brasileiros detectaram que os países árabes de um modo geral não ficaram nada satisfeitos com o fato de o Irã atacar Israel. A prioridade hoje é saber o que será da Palestina e dos civis na Faixa de Gaza, em especial, Rafah, que corre o risco de ataques.

É para ontem

Conhecidos os textos das frentes parlamentares sobre a reforma tributária, o governo apresentará os projetos. E para não levar bola nas costas, já tem uma primeira reunião marcada com o secretário Bernard Appy nesta terça-feira, na Frente Parlamentar do Empreendedorismo.

Petrobras pacificada

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, segurou-se no cargo e, inclusive, com a liberação do pagamento de 50% dos dividendos aos acionistas, proposta que será debatida em reunião na próxima quinta-feira. Aliás, quando perguntado por amigos sobre a crise, Jean Paul responde: “Passou”.

O périplo do chanceler

Mauro Vieira tem tido uma agenda intensa nos últimos meses — Evaristo Sá/AFP

As guerras e reuniões não têm permitido ao ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, passar mais de três dias em Brasília. Há 10 dias, foram 35 horas de viagem de Hanói para o Brasil, depois Assunção, Colômbia e, de lá, Nova York, para as reuniões na ONU.

Parabéns, Brasília! Que siga com respeito, solidariedade, lealdade ao que é certo, alegria, amor, paz, enfim, as melhores escolhas.

Governo não consegue conter Congresso e rombo nas contas aumentam

Publicado em Política

Por Denise Rothenburg — Enquanto a equipe do Ministério da Fazenda calcula as medidas para ampliar a arrecadação em R$ 60 bilhões, para fechar as contas do ano que vem, a briga entre o governo e o Congresso aumenta o buraco. Nas últimas 48 horas, o Senado impôs uma derrota ao Poder Executivo nesta seara, ao aprovar, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o quinquênio para servidores do Judiciário e do Ministério Público fora do teto salarial do serviço público — e ainda estendeu a outros segmentos. A Câmara, por sua vez, prorrogou os benefícios fiscais a produtores de farelo e óleo de milho.

Os dois movimentos indicam que o governo vai mal na Câmara e no Senado, e não tem conseguido segurar iniciativas que vão, aos poucos, aumentando o rombo nas contas. Em tempo: não dá para culpar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por essas aprovações. Afinal, quem tem que ter os votos para segurar projetos que criam despesas é o governo, e não o comandante da Casa.

O olhar de Lira

A amigos, o presidente da Câmara tem dito o seguinte: “O Senado joga duas bolas nas costas do governo e, depois, eu é que sou ruim”. Referia-se às duas emendas constitucionais, a que proíbe porte de drogas em qualquer quantidade e a que fixa o quinquênio fora do teto para o Judiciário, Ministério Público e outros.

“Enquanto eles brigam, a gente ganha”

A frase do presidente da Frente Parlamentar do Agro, Pedro Lupion, a esta coluna, é um sinal claro de que o setor é um dos que vai aproveitar a crise entre Lira e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para emplacar as propostas que tem.

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Radiografia

Os deputados ligados ao agro fizeram as contas e descobriram que integrantes da direção do Movimento dos Sem Terra estão encrustados no governo. São mais de 10 espalhados pelas regionais do Incra, sem contar os que estão no Ministério do Desenvolvimento Agrário.

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Por falar em vitória…

O placar da votação que colocou em regime de urgência a proposta que criminaliza invasão de terras foi uma resposta direta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois que ele disse que o MST tem que continuar com as movimentações.

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Curtidas

Cada um por si/ Diante da crise do Planalto com o Congresso, os ministros estão se virando como podem. O da Defesa, José Múcio Monteiro, aproveitou a audiência na Câmara para pedir aumento do orçamento das Forças Armadas, que está previsto numa proposta de emenda constitucional.

Sobe e desce I/ Quem fecha esta semana política em alta para a Presidência da Câmara é o líder do PSD, Antonio Brito (BA, foto). Ele começou lá atrás e, discretamente, angaria votos nas duas pontas da polarização.

Sobe e desce II/ A preços de hoje, a disputa está entre ele e o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), que teve presença maciça de ministros do governo em seu aniversário, na semana passada.

Melhor de três/ O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), hoje citado na Casa como o candidato de Lira, está com dificuldades. Mas, como esta eleição é apenas em fevereiro de 2025, e ainda tem pela frente a eleição municipal, não lhe falta tempo para se recuperar.

 

O que moveu Arthur Lira

Crédito: Kleber Sales
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A ira do presidente da Câmara, Arthur Lira, em relação ao ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, passa pelo fato de o petista ter influência direta no Ministério da Saúde, que, inclusive, aprovou a indicação de Nísia Trindade para o cargo. O deputado ainda ouviu do ministro que Nísia não sairia do ministério. E, aos poucos, viu Padilha tomar espaço que era do PP naquela pasta. Agora, diante da guerra aberta por Lira ao criticar o ministro palaciano, Lula empoderou Padilha e Nísia. Se depender do presidente, ambos ficam no governo até quando desejarem.

Em tempo: Lula sabe que sua atitude terá um efeito colateral. E não será nos vetos do projeto das saidinhas de presos, que já estava no pacote de propostas que fatalmente seriam derrubadas pelo Legislativo. Os problemas virão nos projetos relacionados aos recursos públicos.

Vai sobrar para Haddad

Considerado um dos ministros mais pacientes do governo, Fernando Haddad pode se preparar para administrar essa crise entre Lira e Padilha. É que os temas escolhidos pelos aliados do deputado para impor derrotas ao governo virão da seara econômica.

Tributária em debate

Já está meio precificado entre os congressistas que a regulamentação da reforma tributária terá de ser feita sem aumento da carga de impostos.

Elmar que se cuide

Não são poucos os aliados de Lula que veem prejuízos para o líder do União Brasil, Elmar Nascimento, e sua pré-campanha para a Presidência da Câmara. Se ele, assim como Arthur Lira, brigar com ministros do governo, outros atores ganharão apoios no bloco governista.

Cálculos políticos

À primeira vista, quem sobe nessa bolsa de apostas é o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira, do Republicanos. Oriundo de um partido conservador, ele leva entre evangélicos e tem como atrair um grupo do PL de Jair Bolsonaro.

Sem X/ A Petrobras apresentou, ontem, sua nova campanha publicitária, com o tema “transição energética justa”. As peças estarão em todas as mídias, tevês, rádios, mídias digitais no Brasil e no exterior, exceto… no X, do bilionário Elon Musk, que desafiou a Justiça e as autoridades brasileiras.

Veja bem/ A empresa mostrará ao público todo o trabalho que vem desenvolvendo em plataformas 100% eletrificadas, energia eólica em alto-mar e produção de derivados sustentáveis. A ideia é mostrar como a Petrobras já atua na transição energética, de forma gradual e inclusiva.

A visão deles/ Do ângulo político, a nova campanha faz um contraponto aos críticos das pesquisas de petróleo na Margem Equatorial, assunto que colocou a área do meio ambiente e o setor de minas e energia em campos opostos dentro do governo.

Estreia/ Pela primeira vez, uma empresa pública vai desdobrar o slogan do governo federal: “Isso é bom pra todo mundo”. Alguns políticos disseram à coluna que isso é um sinal de que Jean Paul Prates (foto) continua alinhado com o governo.

“Transição energética justa”: Petrobras apresenta nova campanha publicitária

Prates - Crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil
Publicado em Política

Sem X/ A Petrobras apresentou, ontem, sua nova campanha publicitária, com o tema “transição energética justa”. As peças estarão em todas as mídias, tevês, rádios, mídias digitais no Brasil e no exterior, exceto… no X, do bilionário Elon Musk, que desafiou a Justiça e as autoridades brasileiras.

Veja bem/ A empresa mostrará ao público todo o trabalho que vem desenvolvendo em plataformas 100% eletrificadas, energia eólica em alto-mar e produção de derivados sustentáveis. A ideia é mostrar como a Petrobras já atua na transição energética, de forma gradual e inclusiva.

A visão deles/ Do ângulo político, a nova campanha faz um contraponto aos críticos das pesquisas de petróleo na Margem Equatorial, assunto que colocou a área do meio ambiente e o setor de minas e energia em campos opostos dentro do governo.

Estreia/ Pela primeira vez, uma empresa pública vai desdobrar o slogan do governo federal: “Isso é bom pra todo mundo”. Alguns políticos disseram à coluna que isso é um sinal de que Jean Paul Prates (foto) continua alinhado com o governo.