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Governo não consegue conter Congresso e rombo nas contas aumentam

Publicado em Política

Por Denise Rothenburg — Enquanto a equipe do Ministério da Fazenda calcula as medidas para ampliar a arrecadação em R$ 60 bilhões, para fechar as contas do ano que vem, a briga entre o governo e o Congresso aumenta o buraco. Nas últimas 48 horas, o Senado impôs uma derrota ao Poder Executivo nesta seara, ao aprovar, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o quinquênio para servidores do Judiciário e do Ministério Público fora do teto salarial do serviço público — e ainda estendeu a outros segmentos. A Câmara, por sua vez, prorrogou os benefícios fiscais a produtores de farelo e óleo de milho.

Os dois movimentos indicam que o governo vai mal na Câmara e no Senado, e não tem conseguido segurar iniciativas que vão, aos poucos, aumentando o rombo nas contas. Em tempo: não dá para culpar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por essas aprovações. Afinal, quem tem que ter os votos para segurar projetos que criam despesas é o governo, e não o comandante da Casa.

O olhar de Lira

A amigos, o presidente da Câmara tem dito o seguinte: “O Senado joga duas bolas nas costas do governo e, depois, eu é que sou ruim”. Referia-se às duas emendas constitucionais, a que proíbe porte de drogas em qualquer quantidade e a que fixa o quinquênio fora do teto para o Judiciário, Ministério Público e outros.

“Enquanto eles brigam, a gente ganha”

A frase do presidente da Frente Parlamentar do Agro, Pedro Lupion, a esta coluna, é um sinal claro de que o setor é um dos que vai aproveitar a crise entre Lira e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para emplacar as propostas que tem.

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Radiografia

Os deputados ligados ao agro fizeram as contas e descobriram que integrantes da direção do Movimento dos Sem Terra estão encrustados no governo. São mais de 10 espalhados pelas regionais do Incra, sem contar os que estão no Ministério do Desenvolvimento Agrário.

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Por falar em vitória…

O placar da votação que colocou em regime de urgência a proposta que criminaliza invasão de terras foi uma resposta direta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois que ele disse que o MST tem que continuar com as movimentações.

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Curtidas

Cada um por si/ Diante da crise do Planalto com o Congresso, os ministros estão se virando como podem. O da Defesa, José Múcio Monteiro, aproveitou a audiência na Câmara para pedir aumento do orçamento das Forças Armadas, que está previsto numa proposta de emenda constitucional.

Sobe e desce I/ Quem fecha esta semana política em alta para a Presidência da Câmara é o líder do PSD, Antonio Brito (BA, foto). Ele começou lá atrás e, discretamente, angaria votos nas duas pontas da polarização.

Sobe e desce II/ A preços de hoje, a disputa está entre ele e o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), que teve presença maciça de ministros do governo em seu aniversário, na semana passada.

Melhor de três/ O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), hoje citado na Casa como o candidato de Lira, está com dificuldades. Mas, como esta eleição é apenas em fevereiro de 2025, e ainda tem pela frente a eleição municipal, não lhe falta tempo para se recuperar.