A paralisação que os caminhoneiros bolsonaristas promovem em 14 estados é o maior desafio do governo nesta quinta-feira. Se não for contida nas próximas horas, os estragos na frágil economia brasileira serão incalculáveis e servirão de justificativa para forçar a abertura do impeachment de Bolsonaro. Politicamente, se os caminhoneiros continuarem fechando as estradas, reforçarão o discurso de que o presidente não tem condições de continuar no comando do país e arriscam ainda reduzir o apoio ao governo em setores que precisam das estradas livres para movimentarem seus negócios.
No início da manhã, a impressão era a de que o presidente havia perdido o controle dos gênios que tirou da garrafa. O áudio que o presidente gravou, pedindo aos caminhoneiros que cessassem o movimento foi recebido pela categoria como “fake news”, uma vez que o Bolsonaro que aparece na gravação pedindo aos caminhoneiros que “se possível, liberar (as estradas) se mostrava humilde e de voz mansa, muito diferente daquele que apareceu nos palanques do Sete de Setembro. O ministro dos Transportes, Tarcísio de Freitas, ir a campo e mostrar aos caminhoneiros que o áudio presidencial era autêntico.
Nesta manhã, alguns caminhoneiros começaram a deixar a Esplanada, depois de uma noite de negociação em que até o deputado Otoni de Paula (RJ) foi conversar com os líderes do movimento, com apelos para que acreditassem no presidente. Porém, nem todos se mostram dispostos a atender os apelos do presidente. Zé Trovão, o caminhoneiro que defendeu Bolsonaro, era a voz da desolação, em vários videos nesta madrugada: “está rodando nas redes sociais que o presidente da Republica fez um áudio. pode ser falso, verdadeiro o que for. Se o senhor quer que a gente volte, tenho duas coisas a dizer: Minha vida está destruída. Sou perseguido politicamente, com mandado de prisão e passando por tudo isso e nunca mais vou ver a minha família. não vou para a cadeia porque não sou bandido. Se é para abrir, que o senhor fale para o povo brasileiro isso. E que peça para nós abrirmos”.
Bolsonaro tem poucas horas para resolver esse problema, uma vez que em vários estados, há corrida aos postos de combustíveis, aos supermercados. Memória da greve de 2018, contra o governo do então presidente Michel Temer, uma paralisação que derrubou o PIB naquele ano. Agora, embora seja a favor do governo, a paralisação gera mais problemas do que solução para Bolsonaro.
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